Reação de Genótipos de Cafeeiro aos Fitonematoides de Importância Primária. Amelia dos Santos 1

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1 Reação de Genótipos de Cafeeiro aos Fitonematoides de Importância Primária Priscilla Cristina M. Melo* 1, Fernando Cezar Juliatti 1, Ednaldo C. Guimarães 2 e Maria Amelia dos Santos 1 1 Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Uberlândia, Campus Umuarama, Uberlândia (MG) Brasil. 2 Faculdade de Matemática, Universidade Federal de Uberlândia, Campus Santa Mônica, Uberlândia (MG) Brasil. * 1 Autora para correspondência: priibem_melo@hotmail.com Resumo Melo, P. C. M., F. C. Juliatti, E. C. Guimarães & M. A. dos Santos Reação de genótipos de cafeeiro aos fitonematoides de importância primária. Os nematoides proporcionam grandes prejuízos na agricultura devendo ser aplicadas medidas de controle para garantir a produção das culturas de importância econômica. O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade de hospedabilidade de genótipos de cafeeiro da espécie Coffea arabica L. aos nematoides Meloidogyne exigua, M. incognita raça 3, M. paranaensis, Pratylenchus brachyurus, P. coffeae e P. jaehni. O experimento foi conduzido no período de agosto de 2012 a maio de 2013 utilizando-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com 11 tratamentos e oito repetições para cada espécie de nematoide. Os tratamentos consistiram dos genótipos de cafeeiro Catuaí Vermelho IAC 144, Mundo Novo, Catuaí 1010, Tupi IAC (IBC 12), UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), UFV 7704, UFV 7723, H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), H638-5, H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) e H Mudas com 4-5 pares de folhas foram inoculadas. Para o gênero Meloidogyne, o inóculo foi constituído por ovos planta -1. Para P. brachyurus foram juvenis e ou adultos e para P. jaehni e P. coffeae, 500 juvenis e ou adultos planta -1. Após 130 dias da

2 inoculação, o sistema radicular foi lavado, pesado e processado pela técnica do liquidificador doméstico. O solo foi homogeneizado e uma alíquota de 150 cm 3 de solo foi processada pela técnica da flutuação centrífuga em solução de sacarose. As suspensões obtidas foram observadas na câmara de contagem de Peters sob microscopia ótica e determinou-se o fator de reprodução (FR), calculado pela razão entre população final e pela população inicial, em que FR 1 representou bom hospedeiro e < 1 foi mau hospedeiro. Para M. exigua, apenas Tupi IAC (IBC 12) foi mau hospedeiro e com esse mesmo comportamento para M. incognita. Os genótipos UFV 7704 e UFV 7723 foram maus hospedeiros de M. incognita e M. paranaensis. Para Pratylenchus, apenas P. coffeae apresentou genótipos maus hospedeiros: H638-5, H556-7 e UFV Palavras-chaves: Coffea arabica, hospedabilidade, Meloidogyne spp., Pratylenchus spp. Summary - Melo, P. C. M., F. C. Juliatti, E. C. Guimarães & M. A. dos Santos Reaction of coffee genotypes to primary importance nematodes. Nematodes provide great damage control measures should be implemented to ensure the production of economically important crops. The objective of this study was to assess the hospitability of coffee genotypes of Coffea arabica L. to nematode Meloidogyne exigua, M. incognita race 3, M. paranaensis, Pratylenchus brachyurus, P. coffeae and P. jaehni. The experiment was conducted from August 2012 to May 2013 using the completely randomized design with 11 treatments and eight replicates for each species of nematode. Treatments consisted of coffee genotypes Catuaí Vermelho IAC 144, Mundo Novo, Catuaí 1010, Tupi IAC (IBC 12), UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), UFV 7704, UFV 7723, H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), H638-5, H586-6

3 (CatufuEpa1 Supremo) and H Seedlings with 4-5 pairs of leaves were inoculated. For the genus Meloidogyne, the inoculum consisted of eggs plant -1. For the nematode P. brachyurus were juvenile and or adult and P. coffeae and P. jaehni, 500 juveniles and adults or plant - 1. After 130 days of inoculation, the root system was washed, weighed and processed by the technique of household blender. The soil was homogenized and an aliquot of 150 cm 3 of soil was processed by the technique of centrifugal flotation in sucrose solution. The suspensions obtained were seen in counting Peters under light microscopy chamber and determined the reproduction factor (FR), calculated as the ratio between the initial and final population sample, where FR 1 represented good host and < 1 was bad host. For nematode M. exigua, only Tupi IAC (IBC 12) and was a poor host for M. incognita same behavior. The UFV 7704 and UFV 7723 genotypes were poor hosts for M. incognita and M. paranaensis. To Pratylenchus, only P. coffeae had bad genotypes hosts: H638-5, H556-7 and UFV Key words: Coffea arabica, hospitability, Meloidogyne spp., Pratylenchus spp. Introdução A produção mundial de café, na safra 2013/2014, foi de 146 milhões de sacas beneficiadas de 60 kg, apresentando assim um decréscimo de 4,4 milhões de sacas em relação ao período anterior (USDA, 2013). O Brasil é o maior produtor mundial de café, e a estimativa da safra em 2014/2015 é de 46,53 a 50,15 milhões de sacas beneficiadas, sendo a safra anterior de 49,15 milhões de sacas (CONAB, 2014). O plantio de café apresenta importância tanto econômica quanto social, contribuindo para geração de riquezas, para o desenvolvimento do país, com exportação e geração de empregos diretamente e indiretamente, além de ser considerado um alimento nutracêutico (Encarnação e Lima, 2003).

4 O cafeeiro é uma planta perene, contribuindo com o desenvolvimento do nematoide durante o ano todo. Dependendo das condições, uma pequena infestação na lavoura torna-se prejudicial, podendo atingir o nível de dano econômico e comprometendo a vida da planta em um curto período de tempo (Lordello et al.,1987). Dentre vários fatores que afetam a produção de café, destacam-se os nematoides. Eles atacam o sistema radicular das plantas causando diversos problemas, como dificuldade de absorção de água e nutrientes, tornando as plantas fracas e improdutivas, desenvolvimento das plantas é retardado, morte das raízes, queda das folhas, diminuição da produção e até mesmo a morte das plantas. Além disso, podem interferir no controle do bicho mineiro e da ferrugem quando se utiliza produtos (inseticida + fungicida) via solo, visto que este nematoides danificam as raízes das plantas, diminuindo a eficiência de absorção do produto (Souza, 2007). Em relação ao gênero Meloidogyne, as espécies de maior destaque no cafeeiro são: M. incognita, M. exigua, M. paranaensis e M. coffeicola. (Campos et al., 1990; Gonçalves, 1995; Santos, 1997). No gênero Pratylenchus, as espécies que apresentam grande importância no cafeeiro, são P. coffeae, P. brachyurus e P. jaehni (Souza, 2007). Segundo Fonseca et al. (2008), mesmo que haja defensivos para o controle, a aplicação pode não ser eficiente e o uso de cultivares resistentes é o método de controle mais eficiente e de menor custo, além de evitar a contaminação do ambiente e de trabalhadores rurais. Existem várias instituições de ensino e pesquisa que desenvolvem trabalhos de pesquisa em relação ao melhoramento genético do cafeeiro, entre elas: Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em Campinas-SP, Embrapa Café, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Universidade Federal de Lavras

5 (UFLA), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Na literatura, são vários os trabalhos realizados mostrando variações no comportamento de genótipos de cafeeiro quanto às diferentes espécies de nematoides. Dias et al. (2009), avaliaram o desenvolvimento vegetativo de muda de quatro genótipos de café em pés francos ou enxertadas sobre IAC Apoatã 2258, infestados ou não por M. exigua. IAC Obatã em pé-franco e Iapar 59 enxertado apresentaram bom desenvolvimento vegetativo. IAC Obatã, IAC Catuaí Vermelho 144 e IAC Tupi foram suscetíveis à população fluminense de M. exigua, enquanto IAC Apoatã 2258 e Iapar 59 comportaram-se como resistentes. No trabalho realizado por Lordello e Lordello (1987), foi avaliada a resistência de linhagens de cafeeiro 'Mundo Novo': CP388-17, CP379-19, CP501 e MP376-4; 'Catuaí Amarelo', H , 'Catuaí Vermelho' H , 'Caturra Amarelo', 110 'Guarini' col. 10 e 'Kouillon' col a quatro raças de Meloidogyne incognita. Os cafeeiros avaliados mostraram maior resistência às raças 3 e 4. As cultivares de Catuaí apresentaram menor suscetibilidade às raças de M. incognita que as linhagens de Mundo Novo. Carneiro et al. (2008), avaliaram a resistência da cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 e da progênie H aos nematoides Meloidogyne exigua, M. paranaensis, M. incognita, M. arabicida, M. izalcoensis e M. mayanguensis. O genótipo Catuaí Vermelho IAC 144 foi suscetível a todas as espécies de Meloidogyne, exceto a M. mayanguensis. A progênie H foi resistente a M. exigua e M. mayanguensis e suscetível a M. paranaensis, M. incognita, M. arabicida e M. izalcoensis.

6 Em trabalho realizado por Oliveira et al. (1999), observaram o efeito de densidades populacionais de Pratylenchus brachyurus no crescimento de plântulas de Coffea arabica L. cv. Mundo Novo e C. canephora Pierre cv. Apoatã, em que ambas foram intolerantes ao nematoide, considerando o nível de tolerância igual a zero. Trabalhando com Pratylenchus coffeae, Bessi e Inomoto (2009), avaliaram a penetração e a reprodução do nematoide em cultivares de C. canephora (IAC 4810, IAC 4765 e IAC Apoatã), além de C. arabica (Mundo Novo), utilizada como controle positivo. Confirmou-se a elevada resistência de IAC 4765 à P. coffeae. Bessi e Inomoto (2011), analisaram a resistência de Coffea arabica (Mundo Novo) e C. canephora (Robusta IAC 4810, Kouillou IAC 4765 e IAC Apoatã) à Pratylenchus jaehni, por meio de experimentos de casa de vegetação. Segundo os autores, a variação observada nos genótipos de C. canephora quanto à resistência a P. jaehni pode ser explorada para o desenvolvimento de porta-enxertos em áreas infestadas pelo nematoide e o genótipo IAC 4765 foi recomendado como porta-enxerto para áreas infestadas por P. jaehni. Diante do exposto verifica-se a necessidade de desenvolver outros trabalhos de pesquisa visando identificar e selecionar genótipos de cafeeiros resistentes à espécies de nematoides tendo em vista que existe diferença entre genótipos de cafeeiro. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a resistência de genótipos de cafeeiro da espécie Coffea arabica, melhoradas geneticamente, aos fitonematoides dos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus. Material e Métodos Local, delineamento experimental e características dos tratamentos. O experimento foi instalado na casa de vegetação do Instituto de Ciências Agrárias da

7 Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG, em agosto de Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado, com oito repetições. As parcelas foram constituídas por um recipiente contendo uma planta. Os tratamentos consistiram dos genótipos de cafeeiro da espécie Coffea arabica: Catuaí Vermelho IAC 144, Mundo Novo, Catuaí 1010, Tupi IAC (IBC 12), UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), UFV 7704, UFV 7723, H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), H638-5, H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) e H556-7, os quais foram submetidos às espécies de nematoides: Meloidogyne exigua, Meloidogyne incognita raça 3, Meloidogyne paranaensis, Pratylenchus brachyurus, Pratylenchus coffeae e Pratylenchus jaehni. As novas linhagens, UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), UFV 7704, UFV 7723, H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), H638-5, H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) e H556-7, são resultados de quase meio século de pesquisa, em instituições como a Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal de Viçosa e a Empresa Mineira de Pesquisa Agropecuária EPAMIG. As sementes dos materiais avançados chegaram à Uberlândia (UFU) há 15 anos, e a pesquisa foi intensificada em condições de sequeiro (sem irrigação suplementar, por mais de 6 meses durante 15 anos). Foram selecionados, os materiais que apresentaram maior estabilidade genotípica e estabilidade na produção, além da resistência à ferrugem do cafeeiro. Foram selecionadas para às condições de cerrado, as seguintes progênies com seleção contínua ano a ano para as melhores plantas: a) H586-6, com o nome CATUFUEPA1 (Supremo), referente ao cruzamento entre UFV T16-PN (Catimor) X UFV T9-PN (Catimor); H567-6, nomeada de CATUFUEPA2 (Sem Rival), linhagem selecionada a partir do cruzamento UFV T9-PN (Catimor) X UFV T15-PN (Catimor);

8 H556-7, oriundo do cruzamento entre UFV T15-PN (Catimor) X UFV T9-PN (Catimor) e H638-5, material proveniente do cruzamento entre UFV EL8 (Mundo Novo) X CIFC 832/1 (Híbrido de Timor). Estas sementes foram recebidas em 1999 na geração F2. Foram realizados três ciclos de seleção para manter a uniformidade do material em relação a frutos vermelhos, peneira média e plantas com no máximo 2 m de altura, no espaçamento 2,0 x 1,0 m. Apresenta alta resistência a Hemileia vastatrix, além da tolerância à seca. b) UFV 7664, denominada de CATUFU-EPA 3 (Vencedor); UFV 7723 e UFV Estes materiais foram recebidos na geração F7 de Catimor em 1999 e mostraram-se com alta resistência à ferrugem, além da sua estabilidade e tolerância à seca. Dado a estabilidade e por apresentarem frutos vermelhos foram selecionados para multiplicação de sementes no cerrado mineiro. A cultivar Mundo Novo, apesar de seus vários atributos agronômicos, é altamente susceptível às várias espécies de Meloidogyne, sendo muito utilizada como padrão de susceptibilidade na maioria dos trabalhos para avaliação de resistência aos nematoides de galhas em cafeeiros, tanto nos critérios de avaliação do número de galhas e massas de ovos por grama de raiz ou pelo fator de reprodução (Sera et al., 2005; Tomazine et al., 2005; Sera et al., 2007; Ito et al., 2008; Kanayama et al., 2009; Shigueoka et al., 2011). As cultivares de Catuaí, também, são susceptíveis a Meloidogyne spp., principalmente M. exigua, M. incognita e M. paranaensis (Gonçalves et al., 2004). Instalação e condução do experimento. As mudas de cafeeiro foram obtidas em agosto de 2012, do Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro desenvolvido no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia, sob a

9 responsabilidade do Prof. Dr. Fernando Cezar Juliatti. As mudas foram formadas em tubetes com capacidade volumétrica de 120 ml. Quando as mesmas apresentaram 4-5 pares de folhas, procedeu-se o transplantio para recipiente de sacos plásticos com capacidade volumétrica de 700 cm 3, com furos para a drenagem da água. Para o enchimento dos sacos plásticos foi utilizado o substrato constituído de areia e terra, na proporção de 2:1. A rega foi realizada diariamente, duas vezes ao dia, procurando manter o substrato sempre úmido. De 15 em 15 dias, ocorreu a aplicação de 50 ml por planta, de solução nutritiva constituída com os seguintes nutrientes: EDTA férrico, KH 2 PO 4, micronutrientes (Bo, Zn, Cu, Mn e Mo), MgSO 4. 7H 2 O, KNO 3 e Ca(NO 3 ) 2. 4H 2 O. Obtenção do inóculo e inoculação. Os inóculos foram obtidos em outubro de Meloidogyne exigua foi proveniente do Laboratório de Nematologia do Instituto de Ciências Agrárias (ICIAG) da Universidade Federal de Uberlândia, enquanto que Meloidogyne incognita raça 3 e Meloidogyne paranaensis foram fornecidos pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), em Londrina-PR. Pratylenchus brachyurus, Pratylenchus coffeae e Pratylenchus jaehni foram oriundos do Instituto Biológico Centro Experimental em Campinas-SP. As raízes das plantas foram processadas pela técnica de Boneti e Ferraz (1981) e as suspensões foram calibradas para inoculação. Meloidogyne incognita raça 3, Meloidogyne paranaensis e Meloidogyne exigua contendo ovos.ml -1 ; Pratylenchus brachyurus com 100 juvenis e/ou adultos.ml -1 e para Pratylenchus jaehni e Pratylenchus coffeae foi de 50 juvenis e/ou adultos.ml -1. Quando as plantas apresentaram 20 cm de altura foi feita inoculação realizando-se três orifícios no substrato e adicionando-se, com o auxílio de uma pipeta, 10 ml da suspensão calibrada por planta.

10 As médias das temperaturas mínima e máxima na casa de vegetação foram de 22,2 C e 35,4 C, respectivamente. Avaliação. As avaliações foram feitas 130 dias após a inoculação, em que a parte aérea foi cortada rente ao solo e descartada. O método utilizado para processamento das amostras de solo foi o da flutuação centrífuga em solução de sacarose proposta por Jenkins (1964). A quantificação de nematoides foi feita em microscópio ótico, em que a suspensão era homogeneizada e colocada em câmara de contagem de nematoides. As amostras de raízes foram processadas pela técnica do liquidificador doméstico proposta por Boneti e Ferraz (1981). A quantificação, também, foi feita em microscópio ótico, na câmara de Peters. Caracterizou-se o fator de reprodução (FR= Pf/Pi) das espécies de nematoides. O FR foi a razão entre a população final (Pf) e a população inicial (Pi), determinando assim a resistência ou suscetibilidade dos genótipos avaliados (Cook e Evans, 1987). Os genótipos que apresentaram FR <1 foram considerados como resistentes (R), os que apresentaram FR 1 foram considerados suscetíveis (S) ao nematoide (Oostenbrink, 1966). Análise estatística. O FR foi verificado quanto ao atendimento das pressuposições básicas da ANOVA, ou seja, normalidade dos resíduos e homogeneidade de variância, respectivamente, pelo teste de Anderson-Darling e Levene. Para os casos de não atendimento das suposições os dados foram transformados para ln (x). O procedimento estatístico adotado foi a ANOVA em delineamento estatístico ao acaso, utilizando-se o programa estatístico Sistema de Análise de Variância Para Dados Balanceados SISVAR (Ferreira, 2000). Constatado efeito

11 significativo para genótipos de cafeeiro aplicou-se o teste de médias Scott-Knott, ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão O teste de normalidade de resíduos indicaram distribuição não normal, portanto, transformou-se os dados originais em ln (x) obtendo-se normalidade de resíduos e homogeneidade de variâncias. Na Tabela 1, observa-se o fator de reprodução (FR) das espécies Meloidogyne exigua, M. incognita raça 3 e M. paranaensis para diferentes genótipos de cafeeiro. Tabela 1. Fator de reprodução (FR) das espécies Meloidogyne exigua, M. incognita raça 3 e M. paranaensis para diferentes genótipos de cafeeiro. UFU, Uberlândia, maio de Tratamentos Meloidogyne exigua Meloidogyne incognita raça 3 Meloidogyne paranaenses Tupi IAC (IBC 12) 0,73* a** 0,95* a** 1,11* a** UFV ,13 a 0,78 a 0,48 a H ,40 a 1,53 a 1,46 a UFV ,29 a 0,85 a 0,90 a UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor) 5,65 a 1,69 a 1,44 a H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) 5,92 a 1,72 b 1,39 a H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival) 10,41 b 2,59 b 2,58 a Catuaí ,12 b 3,91 c 5,22 b H ,43 b 2,07 b 1,80 a Catuaí Vermelho IAC ,76 b 5,00c 5,68 b Mundo Novo 16,13 b 4,12 c 4,39 b Coeficiente de variação (%) 74,64 148, ,75 * Dados originais. Para análise estatística, os dados foram transformados para ln de x. ** Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância. Para Meloidogyne exigua, os genótipos foram classificados em dois grupos de FR. Os genótipos Tupi IAC (IBC 12), UFV 7704, H556-7, UFV 7723, UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor) e H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) constituíram os que apresentaram FR variando de 5,92 para o genótipo H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) a 0,73 para o genótipo Tupi IAC (IBC 12), sem diferença estatística

12 comportando como menos multiplicadores. Segundo a metodologia de Oostenbrink (1966), o genótipo Tupi IAC (IBC 12) foi o único que apresentou FR < 1, sendo considerado como resistente. Os demais genótipos H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), Catuaí 1010, H638-5, Catuaí Vermelho IAC 144 e Mundo Novo constituíram o outro grupo, com FR variando de 16,13 para Mundo Novo a 10,41 para H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival). Resultados semelhantes foram encontrados para Catuaí Vermelho IAC 144 por Carneiro et al. (2008) e Dias et al. (2009), mostrando a intolerância deste genótipo à esta espécie de nematoide. Para Meloidogyne incognita raça 3, os genótipos foram classificados em três grupos, como pode ser observado na Tabela 1. Os genótipos Tupi IAC (IBC 12), UFV 7704, H556-7, UFV 7723 e UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor) não apresentaram diferença estatística entre si e o FR variou de 0,78 a 1,53, sendo que somente os genótipos, Tupi IAC (IBC 12), UFV 7704 e UFV 7723 apresentaram FR < 1, sendo considerados como resistentes. Os genótipos H586-6 (CatufuEpa1 Supremo), H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival) e H638-5 formaram um grupo intermediário variando de 1,72 a 2,59, enquanto que Catuaí 1010, Catuaí Vermelho IAC 144 e Mundo Novo apresentaram os maiores FR, com 5,00; 4,12 e 3,91, respectivamente. Quanto à espécie Meloidogyne paranaensis (Tabela 1), os genótipos Tupi IAC (IBC 12), UFV 7704, H556-7, UFV 7723, UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), H586-6 (CatufuEpa1 Supremo), H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival) e H638-5 apresentaram FR variando de 2,58 para o genótipo H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival) a 0,48 para o UFV 7704, porém obteve-se FR < 1 somente para os genótipos UFV 7704 e UFV Para Catuaí 1010, Catuaí Vermelho IAC 144, e Mundo Novo,

13 os FR foram de 5,68; 5,22 e 4,39, respectivamente. Carneiro et al. (2008), também observaram resultados semelhantes, em que Catuaí Vermelho IAC 144, foi suscetível à esta espécie de nematoide, com FR de 19,8. Na Tabela 2, observa-se o fator de reprodução (FR) das espécies Pratylenchus brachyurus, P. coffeae e P. jaehni para os genótipos de cafeeiro testados. Tabela 2. Fator de reprodução (FR) das espécies Pratylenchus brachyurus, P. coffeae e P. jaehni para diferentes genótipos de cafeeiro. UFU, Uberlândia, maio de Tratamentos Pratylenchus brachyurus Pratylenchus coffeae Pratylenchus jaehni UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor) 1,24 *a** 1,35 *a** 1,19 *a** H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival) 1,37 a 1,51 b 1,51 a UFV ,71 a 1,47 a 1,66 b UFV ,72 a 0,92 a 1,80 b H ,92 a 0,92 a 1,25 a H ,98 a 0,91 a 1,19 a H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) 2,41 a 1,56 b 1,75 b Catuaí Vermelho IAC 144 2,55 b 2,71 b 2,16 b Catuaí ,56 b 1,04 a 1,45 a Tupi IAC (IBC 12) 3,48 b 1,79 b 2,22 b Mundo Novo 4,15 b 2,72 b 3,52 b Coeficiente de variação (%) 114,09 389,71 158,75 * Dados originais. Para análise estatística, os dados foram transformados para ln de x. ** Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância. Em relação à espécie Pratylenchus brachyurus, os genótipos foram classificados em dois grupos. Os genótipos UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), UFV 7704, UFV 7723, H638-5, H556-7 e H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) não apresentaram diferença estatística, com o FR variando de 2,41 para o genótipo H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) a 1,24 para o UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor). Para o segundo grupo, os genótipos Catuaí Vermelho IAC 144, Catuaí 1010, Tupi IAC (IBC 12) e Mundo Novo apresentaram FR variando de 4,15 para Mundo Novo a 2,55 para Catuaí Vermelho IAC 144. Porém,

14 nenhum genótipo apresentou FR<1. Inomoto et al. (1998) e Oliveira et al. (1999), observaram resultados semelhantes em relação ao genótipo Mundo Novo, que não foi resistente a este nematoide. Quanto à espécie Pratylenchus coffeae (Tabela 2), os genótipos UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), UFV 7704, UFV 7723, H638-5, H556-7 e Catuaí 1010 apresentaram FR variando de 1,47 para o genótipo UFV 7704 a 0,91 para o H556-7 e não apresentaram diferença estatística, sendo menos multiplicadores. Sendo que os genótipos UFV 7723, H638-5 e H556-7 apresentaram o FR < 1, sendo considerados 310 como resistentes. Enquanto que os genótipos H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), H586-6 (CatufuEpa1 Supremo), Catuaí Vermelho IAC 144, Tupi IAC (IBC 12) e Mundo Novo apresentaram FR de 2,72 para o genótipo Mundo Novo a 1,51 para o H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival). Inomoto et al. (2007) observaram que Mundo Novo e Catuaí, são intolerantes à população desde nematoide. Resultados semelhantes, também, foram obtidos por Bessi et al. (2009), mostrando a intolerância da cultivar Mundo Novo. Para Pratylenchus jaehni, os genótipos UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), H638-5, H556-7 e Catuaí 1010 apresentaram o FR variando de 1,51 para o genótipo H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival) a 1,19 para os H556-7 e UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor). Os genótipos UFV 7704, UFV 7723, H586-6 (CatufuEpa1 Supremo), Catuaí Vermelho IAC 144, Tupi IAC (IBC 12) e Mundo Novo apresentaram FR variando de 3,52 para o genótipo Mundo Novo a 1,66 para o UFV 7704 (Tabela 2). Tomazini et al. (2005) e Bessi et al. (2011), trabalharam com genótipos de C. arabica (Mundo Novo) e C. canephora (IAC 4810) e

15 verificaram aumento populacional de P. jaehni, devido à suscetibilidade de ambos os cafeeiros. Inomoto et al. (2007) mostraram a intolerância de C. arabica ao nematoide. Conclui-se que segundo a metodologia proposta por Oostenbrink (1966), para M. exigua apenas Tupi IAC (IBC 12) foi resistente e com mesmo 329 comportamento para M. incognita. Os genótipos UFV 7704 e UFV 7723 foram resistentes aos nematoides M. incognita e M. paranaensis. Quanto aos nematoides das lesões apenas para P. coffeae, observaram-se genótipos resistentes, a saber, H638-5, H556-7 e UFV Segundo a análise estatística, os genótipos Tupi IAC (IBC 12), UFV 7704, H556-7, UFV 7723, UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor) e H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) formaram o grupo de má hospedabilidade ao M. exigua. Para M. incognita raça 3, os genótipos Tupi IAC (IBC 12), UFV 7704, H556-7, UFV 7723 e UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor) e para M. paranaensis, os genótipos Tupi IAC (IBC 12), UFV 7704, H556-7, UFV 7723, UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), H586-6 (CatufuEpa1 Supremo), H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival) e H638-5 foram considerados como maus hospedeiros. Enquanto que para P. brachyurus, os genótipos UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), UFV 7704, UFV 7723, H638-5, H556-7 e H586-6 (CatufuEpa1 Supremo) formaram o grupo de má hospedabilidade. Os genótipos UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), UFV 7704, UFV 7723, H638-5, H556-7 e Catuaí 1010 foram maus hospedeiros de P. coffeae. Os genótipos UFV 7664 (CatufuEpa3 Vencedor), H567-6 (CatufuEpa2 Sem Rival), H638-5, H556-7 e Catuaí 1010 foram maus hospedeiros para P. jaehni. 348

16 Literatura Citada BESSI, R. & M.M. INOMOTO Avaliação da resistência de Coffea canephora a Pratylenchus jaehni. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, VII, Araxá, MG. Anais, p. 5. BESSI, R. & M.M. INOMOTO Avaliação da resistência de porta-enxertos de café à população K5 de Pratylenchus coffeae. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, VI, Vitória, ES. Anais, p. 6. BONETTI, J.I.S. & S. FERRAZ Modificações do método de Hussey & Barker para extração de ovos de Meloidogyne exigua em raízes de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, 6: 553. CAMPOS, V.P., P. SIVAPALAN & N.C. GNANAP RAGASAM Nematodes parasites of coffee, cocoa and tea. In: LUC, M., R.A. SIKORA & J. BRIDGE (eds.). C.A.B. International, London, p CARNEIRO, R.M.D.G., L.F.G. DE MESQUITA, W.GONCALVES & A.A. PEREIRA Pathogenicity of Meloidogyne spp. (Tylenchida: Meloidogynidae) from Brazil and Central America on two genotypes of Coffea arabica. Tropical Plant Pathology, 33 (4): CONAB Companhia Nacional de Abastecimento Cafeeiro. < acesso em 19 de março de COOK, R. & K. EVANS Resistance and tolerande. In: BROWN, R.H. & B.R. KERRY (ed.). Principles and Practice of Nematode Control in Crops. Marrickville (Australia), Academic Press, p DIAS, P.P, H.D. VIEIRA, D.H.S.G. BARBOSA, A.P. VIANA, W. GONÇALVES & W.E.B. ANDRADES Avaliação do desenvolvimento vegetativo e do

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19 SERA, G.H., T. SERA, D.S. ITO, J.S. da MATA, D.S. DOI, J.A. de AZEVEDO & C. RIBEIRO FILHO Progênies de Coffea arabica cv. IPR-100 resistentes ao nematoide Meloidogyne paranaensis. Bragantia, 66: SERA, T., J.S. da MATA, G.H. SERA, D.S. DOI, D.S. ITO, J.S. de AZEVEDO & C. RIBEIRO FILHO Identificação de porta-enxertos de café Robusta resistentes aos 92 nematoides Meloidogyne paranaensis e M. incognita raças 2 e 1. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, IV, Londrina. Anais. SHIGUEOKA, L.H., T. SERA, D.S. ITO, E. ANDREAZI, V.P.C. ROCHA, F.G. CARVALHO, C.G. GARDIANO & J.S. da MATA Avaliação de linhagens de café arábica resistentes ao nematoide Meloidogyne paranaensis em Londrina, Paraná. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, VII, Araxá - MG. SOUZA, A. F Nematoides parasitas do cafeeiro. < acesso em 16 de fevereiro de TOMAZINI, M.D., R.A. SILVA, C.M.G. OLIVEIRA, W. GONÇALVES, L.C.C.B. FERRAZ & M.M. INOMOTO Resistência de genótipos de cafeeiros a Pratylenchus coffeae e Meloidogyne incognita. Nematologia Brasileira, 29: USDA - United States Department of Agriculture. < acesso em 20 de março de 2014.