CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS. CRECI 2ª Região
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- Yan Alcântara da Rocha
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1 DEFINE A OBRIGATORIEDADE DE INSCRIÇÃO NO CRECI DE JURÍDICA DE ADMINISTRAÇÃO DE BENS, MESMO SENDO NSCRITA NO CRA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA Nº 298/04 Rte: CRECI DA 2ª REGIÃO Rda: OMEC ADMINISTRAÇÃO S/C LTDA. DEPARTAMENTO JURÍDICO PARECER N 011.P.2005 Aprovado na 18ª Reunião Plenária aos Pela constatação de que a Requerida detinha a certificação PQE do SECOVI na área de locação (fls. 03), sem que os registros deste Conselho acusassem inscrição em seu nome (fls. 04) ou de sua responsável (fls. 05), fez-se pressupor estar ela se ativando em área reservada aos profissionais do ramo imobiliário, sem estar para isso credenciada, razão pela qual foi instaurada a presente Apuração Administrativa, objetivando completa apuração dos fatos. Devidamente notificada para apresentar cópia de seu estatuto social (fls. 08), se manifesta a Requerida, alegando ser administradora exclusivamente de bens próprios da família Lerario, composto de empresas e imóveis e que seu contrato social não faria referência a essa atividade, tão somente para fins de evitar alteração contratual, caso no futuro venha a deixar de administrá-los (fls. 10). Anexa cópia de seu estatuto social (fls. 11/14), de contratos de administração de imóveis (fls. 15/20), de administração de empresas (fls. 21/28) e de um documento ilegível (fls. 29). Tendo em vista que a análise pelo Jurídico de seu objetivo social e dos documentos por si juntados, informava da necessidade do registro de sua inscrição neste Conselho (fls. 30), foi ela notificada a promovê-lo (fls. 32), tendo novamente se manifestado, para alegar que desde o ano de 1971, estaria administrando apenas os bens da família Lerario, - portanto próprios -, além de já estar inscrita no Conselho Regional de Administração - em razão de sua atividade principal, administração de bens - e de não ter nenhum Corretor nela atuando, requerendo ao final, de forma alternativa ou subsidiária, que o registro de sua inscrição seja deferido de forma incondicional, pelo fato de já estar atuando no mercado em período anterior ao da vigência da Lei 6.530/78, gozando assim da garantia constitucional do direito adquirido (fls. 34). Junta em seu socorro jurisprudência (fls. 35) e cópia de alvará de licença outorgado pelo antigo Conselho Regional de Técnicos de Administração (fls. 36). É o relatório. Opinamos. 01
2 Ao contrário do entendimento esposado pela Requerida, a documentação por si apresentada (fls. 15/28) em cotejo com seu objetivo social, demonstra a obrigatoriedade do registro de sua inscrição neste Conselho. Com efeito, verifica-se na cláusula primeira de seu estatuto social (fls. 12), que seu objetivo social englobaria a atividade de administração de bens, extração de xerocópias e assessoria a empresas. Desconsideradas as atividades de extração de xerocópias (?) e de assessoria a empresas, por despiciendas no caso, concentramos nossa análise apenas na de administração de bens. E como a palavra bens inclui tudo aquilo que possa ser considerado como sendo a propriedade de alguém, móveis, imóveis e semoventes, a ausência de indicação da classe de bens abrangidos na administração, torna possível que sua atividade venha a ser direcionada para a administração de qualquer tipo de bens. E, a partir do momento em que sua atividade passasse a incluir também a administração imobiliária, indubitavelmente estaria ela exercendo funções reservadas ao profissional Corretor de Imóveis, tornando obrigatório, em tese, o registro de sua inscrição neste Conselho, nos exatos termos do artigo 3º e parágrafo único, da Lei 6.530/78. E a prova do exercício dessa atividade foi feita pela própria Requerida, através da juntada dos contratos de fls. 15/20, restando comprovado nos autos que, pelo menos a partir de 2004, estaria ela exercendo também a atividade de administração de imóveis de três empresas, Serra do Feital (fls. 15), Gesa Guararema (fls. 17) e Mambu Agro Pastoril (fls. 19). Entretanto, como a Requerida já é inscrita no Conselho Regional de Administração (CRA) desde os idos anos de 1971 (fls. 36) e como a Lei 6.839/80 estabelece que a obrigatoriedade do registro de empresas em Conselhos Profissionais decorre da atividade básica da empresa, no caso em debate necessário esclarecer se a atividade de administração imobiliária estaria ultrapassando ou não os limites da delegação legal atribuída ao CRA para a fiscalização de sua usual e rotineira atividade de administração de outros bens. Em caso afirmativo, o CRA seria preterido em face deste Conselho. Caso contrário permaneceria ela obrigada tão somente a manter o registro de sua inscrição no CRA, pela exclusividade conferida ao Administrador, nos termos da lei 4.769/65, alterada pela Lei 7.321/85. 02
3 De pronto, a segunda hipótese é descartada, pois os demais contratos acostados pela Requerida - que pretendem demonstrar suas atividades na administração de outros bens (fls. 21/27) não se reportam a nenhuma função específica de um profissional de administração, a ensejar obrigatoriedade de inscrição no CRA. Com efeito, segundo dados extraídos da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o administrador tem como descrição sumária de suas atividades a de planejar, organizar, controlar e assessorar as organizações nas áreas de recursos humanos, patrimônio, materiais, informações, financeira, tecnológica, entre outras; implementar programas e projetos; elaborar planejamento organizacional; promover estudos de racionalização e controlar o desempenho organizacional. Prestar consultoria administrativa a organizações e pessoas (doc. 01). E simples leitura da tabela de atividades de um administrador (doc. 02), nos dá uma idéia da complexidade de seu trabalho. Entretanto, a cláusula V de cada um dos contratos antes mencionados (fls. 21/27), estabelece de forma expressa, que a contratação da Requerida para a prestação de assessoria na administração de cada uma das empresas contratantes, se limita a: 01. adequar os salários dos empregados à legislação vigente; 02. elaborar folha de pagamento, guias de INSS, FGTS, Imposto Sindical, férias, 13º salário e demais obrigações trabalhistas relativas ao salário dos empregados; 03. proceder anotações gerais em carteiras de trabalho dos empregados; 04. acompanhar todas as exigências do Ministério do Trabalho no que diz respeito aos empregados; 05. administrar o setor de compras a pagar e a receber; 06. acompanhar o seguro de veículos e 07. assessoria geral no tocante à compra de produtos diversos. Com a devida vênia, caso não estejamos incorrendo em erro, tal tipo de administração em verdade se limita a simples prestação de serviços contábeis, de alçada do técnico em contabilidade, tendo em vista o que dispõe sobre o assunto a mesma CBO, conforme descrição sumária da atividade desse profissional, a saber: Realizam atividades inerentes à contabilidade em empresas, órgãos governamentais e outras instituições públicas e privadas. Para tanto, constituem e regularizam empresas, identificam documentos e informações, atendem à fiscalização e procedem consultoria empresarial. Executam a contabilidade geral, operacionalizam a contabilidade de custos e efetuam a contabilidade gerencial. Administram o departamento pessoal e realizam controle patrimonial (doc. 03). E, assim também, a leitura da tabela de atividades do técnico em contabilidade, confirma essa assertiva (doc. 04). 03
4 A toda evidência, pois, que a atividade básica da Requerida e única capaz de ensejar a obrigatoriedade do registro de sua inscrição neste Conselho, - pelo menos no quadro informado pelos autos -, seria aquela decorrente da administração dos imóveis que os contratos de fls.15/20 informam, pressupondo-se assim que a sua inscrição no CRA, existente desde tempos idos, tenha sido decorrência de atividades que agora não mais exerce. Melhor sorte não assiste à Requerida, no que diz respeito ao pedido de registro de sua inscrição neste Conselho de forma incondicional, pois essa condição faz pressupor a desnecessidade do atendimento dos requisito estabelecido no parágrafo único, do artigo 6º, da Lei 6.530/78, qual seja, o de que o sócio-gerente seja profissional individualmente inscrito, condição que a Requerida não ostenta. Em nada lhe socorre a jurisprudência acostada a fls. 35, visto que naquela hipótese, teria sido feita a comprovação do exercício profissional em período anterior ao da vigência da Lei 6.530/78, o que não é o caso dos autos, pois pela documentação acostada, a Requerida comprovou que a atividade de administração imobiliária passou a ser por si exercida tão somente a partir de 02.janeiro.2004, data da assinatura dos respectivos contratos com as empresas Serra do Feital S/A Agro Pastoril (fls. 15/16), Gesa Guararema Empreendimentos S.A. (fls. 17/18) e MAMBU S.A. Agro Pastoril (fls. 19/20). Mesmo que tal prova tivesse sido feita, - e isso se faz necessário ressaltar -, eventual direito da Requerida já teria resvalado para o limbo da prescrição. Com efeito, como a Lei 6.530/78 passou a exigir o título de Técnico em Transações Imobiliárias para a inscrição dos profissionais neste Conselho, e como esse requisito não era exigido pela anterior lei revogada (Lei 4.116/62), com sua promulgação a maioria das pessoas que já se encontravam inscritas com base na lei revogada, não teriam condições de se inscrever, sem antes realizar o curso técnico que passou a ser exigido, o mesmo acontecendo com aqueles que já vinham exercendo a atividade de forma regular, sem estarem, entretanto, inscritos. Tratando-se de direito adquirido (expressão usada pela Requerida em sua manifestação de fls. 34), tratou o Órgão Federal (COFECI) de regular a matéria, utilizando-se da prerrogativa a si conferida pelo artigo 16, inciso XVII, da Lei 6.530/78, combinado com o artigo 4, do mesmo diploma legal. 04
5 Para tanto, editou inicialmente a Resolução COFECI 12/78 regulando o exercício da profissão de Corretor de Imóveis e sua inscrição nos Conselhos Regionais, seguida da Resolução 090/80, para regular a inscrição, nos Conselhos Regionais, de pessoas que já vinham exercendo, com habitualidade, a profissão de Corretor de Imóveis, durante a vigência da Lei 4.116/62, embora não estivessem inscritas no Conselho Regional. Pela primeira, havia apenas duas possibilidades para que alguém viesse a se habilitar para exercer a profissão de Corretor de Imóveis, segundo informa o seu artigo 1, quais sejam, Ao possuidor de título de Técnico em Transações Imobiliárias, inscrito em Conselho Regional, na jurisdição (inciso I), ou Ao profissional inscrito nos termos da Lei 4.116/62, que tenha requerido a revalidação de sua inscrição em tempo hábil (inciso II). Já pela segunda, outras duas possibilidades foram acrescidas, a saber: a todos que, comprovadamente, exerciam a profissão de Corretores de Imóveis, quer como pessoa física, quer como pessoa jurídica, empregado, ou na direção de empresa imobiliária na vigência da Lei n 4.116, de , mas não inscrito em Conselho Regional da jurisdição (inciso III), ou ao concluinte de curso de formação profissional para Corretor de Imóveis ministrado por Sindicato de Corretores de Imóveis em convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC e outros, durante a vigência da Lei n 4.116, de (inciso IV). Por relevante, necessário ressaltar que essa Resolução acresce ainda àquela que altera, mais dois parágrafos ao seu artigo 1, nos seguintes termos: 1 - A comprovação da situação mencionada nos itens III e IV deste artigo se fará mediante a apresentação de originais de documentos que insofismavelmente demonstrem ter o interessado exercido a profissão de Corretor de Imóveis, vedada a comprovação através de atestados, declarações ou qualquer tipo de prova testemunhal, permitida a justificação judicial. 2 - A inscrição com base nos itens III e IV deste artigo poderá ser requerida pelos interessados até 20 de dezembro de Por fim, cumpre informar que a partir de 10.agosto.1982, o processo de inscrição passou a ser regulado pela Resolução COFECI 148/82, que expressamente revogou, entre outras, as Resoluções 012/78 e 090/80, ora em comento, substituindo os quatro incisos da última, por apenas duas hipóteses autorizadoras de inscrição em Conselhos Regionais, a saber: 05
6 I aos Técnicos em Transações Imobiliárias, formados por estabelecimentos de ensino reconhecidos pelos órgãos educacionais competentes; II às pessoas jurídicas legalmente constituídas para os objetivos de intermediação imobiliária, inclusive para os fins previstos no art. 1 desta Resolução. E a mencionada Resolução permaneceu em vigência até a data de 13.agosto.1992, quando foi publicada a atual Resolução 327/92, que se encontra em vigor até a presente data, sem qualquer alteração nos dispositivos colacionados. Pelo ora exposto, fácil de se concluir que o COFECI, por ocasião da promulgação da Lei 6.530/78, procurou assegurar aos que já eram possuidores de inscrição pela lei anterior revogada (4.116/62), o direito de continuar exercendo a profissão, mediante simples requerimento de revalidação da inscrição original. E mais, concedeu àqueles que já vinham exercendo essa atividade, - muito embora não inscritos em Conselhos Regionais -, a oportunidade de obterem a sua inscrição, - já na vigência da nova lei -, mediante simples comprovação do efetivo exercício da profissão, a ser feita, ou através de apresentação de documentos que pudessem demonstrar ter o interessado efetivamente tê-la exercido, ou através de justificação judicial. Mas o prazo para o exercício desse direito, vigeu até a data de 20.dezembro.1980, sendo de todo inviável venha a Requerida pretender exercê-lo agora, quando decorridos quase vinte e cinco anos daquela data. Por derradeiro, melhor sorte não assiste a Requerida, quanto a sua alegação de que os imóveis administrados seriam próprios, pois os contratos acostados aos autos (fls. 15/20), demonstram, em clarividência solar, pertencerem a outras empresas. Diante do exposto, não há como levar em consideração a pretensão da Requerida, pois a obrigatoriedade de sua inscrição neste Conselho, em detrimento daquela já existente no Conselho Regional de Administração, mostra-se flagrante, devendo tomar as necessárias providências para promovê-la, em prazo razoável e mediante o preenchimento dos requisitos exigidos em Lei. É o nosso parecer. São Paulo, 30.março.2005 Dr. Paulo Hugo Scherer Dpto. Jurídico - CRECI 2ª Região Encarregado
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