DIRETRIZES PARA PREVENÇÃO CONTRA QUEDA DE ALTURA EM ALVENARIA ESTRUTURAL DE EMPREENDIMENTOS DO MCMV
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- Carlos Eduardo Lopes de Vieira
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1 DIRETRIZES PARA PREVENÇÃO CONTRA QUEDA DE ALTURA EM ALVENARIA ESTRUTURAL DE EMPREENDIMENTOS DO MCMV Brito, Thácila Sousa 1,Oliveira, Maiara Araújo 2, Costa, Fernada Nepomuceno 3 UFRB/ CETEC, Campus de Cruz das Almas, Centro Cruz das Almas/BA. CEP: , 1 tharcilabrito@gmail.com 2 maiara.oaraujo@yahoo.com.br 3 ferengcivil@yahoo.com.br Resumo- Mesmo com recentes mudanças em algumas empresas de construção, os métodos atuais utilizados no processo construtivo para execução de alvenaria estrutural ainda são bastante artesanais, com deficiências na organização dos serviços e ausência de racionalização e boas práticas em segurança. Essa solução construtiva tem sido frequentemente adotada em obras do Programa Minha Casa Minha Vida - MCMV. Os procedimentos adotados nos canteiros de obra limitam-se a produção, havendo, com frequência, aumento de ocorrência de atos e condições inseguras que podem gerar acidentes do trabalho relacionados, principalmente, a queda de altura. Nesse sentido, o presente artigo baseia-se numa pesquisa realizada em dois canteiros de obras, situados no Recôncavo Baiano, onde em ambas as obras foi utilizada a alvenaria estrutural como solução construtiva. Para obtenção dos dados foram realizados dois estudos de caso através de um diagnóstico nos dois canteiros de obras para análise da execução de alvenaria e verificação do cumprimento da NR18 e registro de boas práticas em segurança. Notou-se que, em diferentes partes do canteiro, os requisitos de segurança na execução da alvenaria são descumpridos. Palavras-chave: segurança, construção, queda de altura, diretrizes Área do Conhecimento: Engenharia Civil Introdução Com a necessidade de diminuir o déficit habitacional no Brasil o governo tem buscado alternativas de construção com baixo custo e rapidez. Com o intuito de minimizar custos, prazos, otimizar e racionalizar o processo, o sistema construtivo de alvenaria estrutural vem sendo muito difundido no Brasil, principalmente nas obras de edificações populares, uma vez que o sistema, quando concebido de forma adequada, reduz significativamente os custos e o tempo de execução da obra (LISBOA, 2008). Segundo Leite (2012), na alvenaria estrutural as paredes são os elementos estruturais. Esses elementos capazes de resistir às cargas verticais devidas ao peso próprio da estrutura e ocupação e às cargas laterais como a ação do vento, diferente do sistema convencional, onde essas cargas são absorvidas por pilares e vigas. De acordo com Nascimento (2007), apesar do surgimento de novos sistemas construtivos capazes de acompanhar o progresso tecnológico, através da rapidez, facilidade de execução, racionalização de custos e a inovação de técnicas convencionais, como é o caso da alvenaria estrutural, tarefas como o manejo manual de cargas são responsáveis por um considerável número de lesões e acidentes de trabalho, devido ao fato de não haver uma padronização de procedimentos de segurança do trabalho para a alvenaria estrutural. Com os novos sistemas construtivos a segurança ainda é, muitas vezes, negligenciada, visto que o mercado da construção sofre com escassez de operários qualificados e com ritmos acelerados das obras para suprir as demandas do setor da construção. Além disso, são muitas as partes e etapas construtivas que acontecem durante a construção de uma edificação, o que faz com que o ambiente de trabalho tenha interferência de vários intervenientes no processo, com influência de diferentes recursos: máquinas, equipamentos, ferramentas e mão de obra. Mesmo com recentes mudanças em algumas empresas de construção, os métodos atuais 1
2 utilizados no processo construtivo para execução de alvenaria estrutural ainda são bastante artesanais, com deficiências na organização dos serviços e ausência de racionalização e boas práticas em segurança. Essa solução construtiva tem sido frequentemente adotada em obras do Programa Minha Casa Minha Vida. Os procedimentos adotados nos canteiros de obra limitam-se a produção, havendo, com frequência, aumento de ocorrência de atos e condições inseguras que podem gerar acidentes do trabalho relacionados, principalmente, a queda de altura. De forma isolada, parece não ser possível promover a melhoria nas condições em que o trabalho é realizado e o processo de produção permanece sendo executado de forma tradicional, não sendo o modelo ideal para acompanhar as mudanças ocorridas. Assim, devido ao alto índice de acidentes de queda de altura registrados na construção civil, o presente artigo buscou diretrizes para elaboração de medidas de prevenção contra essas ocorrências, focando o estudo nos canteiros de obra do programa Minha Casa Minha Vida. Metodologia Esse artigo foi produzido com o intuito de propor diretrizes para reduzir a quantidade de ocorrências de acidentes do trabalho, apresentando dois estudos de casos feitos em canteiros de obras de empreendimentos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida. Foi realizado um estudo do não cumprimento da NR 18 na etapa de vedação vertical, sendo que neste artigo o foco está relacionado à segurança na obra durante as etapas construtivas com riscos de queda de altura. Foram utilizados registros fotográficos, observações diretas e entrevistas com gestores das obras, com domínio sobre a organização e estratégia de trabalho empregada a fim de se ter uma ideia global sobre o processo de produção adotado pela empresa e para conhecer as principais dificuldades enfrentadas pela equipe técnica da empresa em relação à segurança do trabalho. Após a realização das entrevistas, foi feito o diagnóstico em dois canteiros de obras. Na busca de se obter diretrizes para elaboração de medidas de prevenção contra queda de altura e de melhoria das condições de trabalho foram aplicadas listas de verificação de boas práticas, adaptadas de Saurin (1997), para verificação do cumprimento da NR 18 e registro de boas práticas em segurança, contemplando vários meses de execução em diversos momentos da obra. A ferramenta utilizada contempla diretrizes adotadas por Saurin (1997), onde cada item apresenta três alternativas a serem assinaladas: SIM, NÃO e Não se aplica. As respostas SIM representam as boas práticas do canteiro, referentes ao cumprimento da NR 18, as respostas NÃO representam itens que estão sendo descumpridos no canteiro, ou seja, as oportunidades de melhorias, enquanto que Não se aplica indica itens cujo cumprimento não é necessário pelo fato de que não é aplicável a etapa em que a obra se encontra. Através da ferramenta é possível obter uma análise qualitativa do canteiro, sendo seu resultado exposto como uma nota que varia de 0 a 10 e através dessa nota é possível verificar quais os pontos que são necessários melhorar ou manter, identificando problemas frequentes, analisando o canteiro de obras de uma maneira geral (instalações) ou em suas etapas. A avaliação em questão englobou a análise dos itens referentes à queda de altura em atividades ligadas à produção de edificação residencial cuja tecnologia construtiva é a alvenaria estrutural. Resultados Para se garantir a segurança nos canteiros de obra é necessário buscar técnicas capazes de prevenir os acidentes de trabalho. Essas técnicas devem ser incorporadas ao processo de produção das empresas, sendo que o convencimento da direção e da gerência da obra são peças primordiais no processo de implementação de sistemas de prevenção de acidentes (MARTINS, 2004). A seguir são listadas algumas diretrizes para elaboração de medidas contra queda de altura na produção de edificação residencial em alvenaria estrutural, incluindo a cobertura e os revestimentos de paredes e tetos, de forma que seja possível a aplicação dessas soluções sem necessidade de grandes investimentos, promovendo a segurança dos trabalhadores. Sistemas de proteção de periferia na alvenaria estrutural Durante a execução da vedação vertical a NR 18 indica um sistema de proteção no perímetro da 2
3 edificação com guarda-corpo, quando em trabalhos em altura. O guarda-corpo deve ser constituído de uma proteção sólida, de material rígido e resistente, convenientemente fixada e instalada nos pontos de plataformas, áreas de trabalho e de circulação onde haja risco de queda de pessoas e materiais. Este guarda-corpo deve possuir travessão superior com altura de 1,20m, travessão intermediário de 0,70m e rodapé de 0,20m. Além disso, os vãos devem ser fechados com telas metálicas ou material equivalente, como indicado na figura 1, retirada da RTP Medidas de Proteção Contra Quedas de Altura (MTE, 2001). Figura 2: Modelo de guarda-corpo oferecido pelo mercado Fonte: PROTEÇÃO, 2013 Figura 1: Modelo de guarda-corpo Fonte: RTP Medidas de Proteção Contra Quedas de Altura (MTE, 2001) Um dos modelos de guarda-corpos mais utilizados nos canteiros de obras é confeccionado em madeira e fechamento com tela. Um caso diferenciado, e que já vem sendo utilizado por algumas empresas, é um sistema de proteção para alvenaria estrutural que funciona com telas telescopáveis que permitem ajuste ao perímetro da obra. Elas são encaixadas em montantes que possuem dispositivos de encaixe para telas que são fixados nos blocos da alvenaria. Assim, o sistema protege o trabalhador durante toda a elevação da alvenaria e a concretagem da laje. Caracterizam-se pela facilidade de montagem, desmontagem e possibilidade de diversas reutilizações em outras obras (figura 2). Sistemas de proteção durante a execução do revestimento das paredes na alvenaria estrutural Durante o revestimento externo da alvenaria de empreendimentos do PMCMV de dois pavimentos (village), geralmente, são utilizados andaimes fachadeiros. Os andaimes devem dispor de guarda-corpo e rodapé, exceto na face de trabalho e contar com tela de arame galvanizado ou equivalente desde a primeira plataforma de trabalho até por volta de 2m acima da última plataforma de trabalho (figura 3). Figura 3: Modelo de andaime fachadeiro Fonte: NR 18 ILUSTRADA, 2013 São necessários cuidados ao montar e desmontar os andaimes e ao trabalhar próximo a 3
4 redes elétricas. Além disso, é obrigatório o uso do cinto de segurança por todos os trabalhadores responsáveis pelo serviço. Um modelo de fixação do cinto de segurança fixo a estrutura da edificação é o suporte metálico encaixado no vão de dois blocos de concreto grauteados, onde a argamassa ainda não foi aplicada, deixando um espaço livre para a fixação do suporte de maneira segura (figura 4). Sistemas de proteção na execução da cobertura em edificação de alvenaria estrutural Para proteção dos trabalhadores em serviços executados na cobertura em telhado, foi verificado em uma das obras estudadas o uso do cabo guia para fixação do cinto de segurança e movimentação dos trabalhadores, como mostra a figura 6. O cabo guia permite que os operários executem a atividade de maneira segura, podendo movimentar-se sobre o telhado e evitando quedas de altura. Figura 4: Modelo de cinto de segurança fixo a estrutura Fonte: CONSTRUTORA, 2013 Em uma das obras estudadas foi possível notar que o cinto de segurança estava amarrado à estrutura do telhado, uma medida prática. No entanto, para a movimentação e execução da atividade na cobertura, ao se deslocar, os trabalhadores necessitavam desamarrar e amarrar novamente o cinto a cada deslocamento realizado, o que fazia com que alguns deles não usassem o cinto (figura 5). Figura 6: Instalação do cabo guia na cobertura Fonte: Autoras Outra solução é a instalação de escadas metálicas ou tábuas sobre o telhado para deslocamento de operários, evitando-se concentração de cargas, quebras de telhas e possíveis acidentes (figura 7). Figura 5: Fixação do cinto em estrutura do telhado durante execução do revestimento Fonte: Autoras Figura 7: Medidas de proteção na execução do telhado Fonte: Gulin (2003) apud Martins (2004) Legenda: 1) Cabo-guia fixado através de esticador nos dispositivos de ancoragem concretados na 4
5 estrutura 2) Corda de segurança para fixação do cinto de segurança 3) Escadas metálicas para telhado ou tábuas de madeiras 4) Passarelas metálicas para telhado 5) Ancoragem com parafusos em aço inox Discussão A seguir será apresentado um resumo da avaliação da segurança nas duas obras estudadas em Alvenaria Estrutural. Resumo da Avaliação nas duas obras em Alvenaria Estrutural A avaliação da segurança na execução da alvenaria foi realizada abordando as considerações relacionadas à alvenaria estrutural em duas obras. A obra A é uma construção de um conjunto residencial contendo 300 unidades habitacionais do tipo village com térreo e pavimento superior, cada unidade é composta de cozinha, banheiro e sala no pavimento térreo e dois quartos no pavimento superior. A área destinada ao empreendimento é de ,69 m². A obra B trata-se da construção de conjunto residencial contendo 297 unidades habitacionais do tipo village, com térreo e pavimento superior. Cada unidade é composta de cozinha, banheiro e sala no pavimento térreo e dois quartos no pavimento superior. A área destinada ao empreendimento é de ,70 m². A figura 8 apresenta um trecho da ferramenta utilizado para avaliação da segurança na execução desta etapa. Figura 8: Trecho da ferramenta que avalia a etapa de Alvenaria A figura 9 mostra o resumo da avaliação com a lista de verificação. É possível perceber que a Obra B obteve melhor desempenho em segurança na execução da alvenaria estrutural quando comparada a Obra A. A nota da Obra A não chegou a 4,0, numa escala de 0 a 10. Figura 9: Desempenho de obras na execução da Alvenaria Estrutural A partir do desempenho dos dois estudos de caso é possível perceber que nenhuma das duas obras obteve se quer nota superior a 6,0, o que mostra pouca consideração aos requisitos de segurança em trabalhos em altura nas obras avaliadas. Considerando as exigências da NR 18 e que todos os seus itens devem ser cumpridos, ambas as obras apresentaram uma falta de entendimento por parte dos gestores de medidas capazes de diminuir os riscos de acidentes de queda de altura, visto que estas atividades são responsáveis por uma frequência elevada de acidentes graves na construção civil. Considerações finais Os estudos realizados e as diretrizes aqui apresentadas demonstram medidas simples capazes de resolver esforços imediatos em partes deficientes do canteiro de obras de edificações populares de dois pavimentos, priorizando as de maior risco de queda de altura. A utilização das proteções contra quedas de altura influenciará no comportamento dos operários favorecendo o ritmo de produção da obra, visto que ao se sentirem seguros os operários trabalham melhor. Notou-se que, na grande parte das atividades realizadas na execução da alvenaria com risco de queda de altura, os requisitos de segurança não são considerados, seja por parte dos operários, seja por parte dos gestores da obra, sendo observadas apenas as ações favorecem a produtividade e cumprimento dos prazos. Dessa forma, fica claro que apesar da NR 18 ser 5
6 obrigatória, muitas das causas de acidentes na construção civil são, ainda, motivadas pelo não cumprimento adequado da norma, além da falta de qualificação e conscientização dos trabalhadores. Com base nos resultados explicitados, é possível perceber que apesar da segurança gerar benefícios como a satisfação e a produtividade do serviço, empresas deixam de aplicar medidas de prevenção capazes de assegurar a vida dos trabalhadores. As medidas aqui apresentadas podem ser reaproveitadas em diversas obras, diminuindo o custo com a compra do equipamento. Além disso, é possível desenvolver produtos de acordo com as necessidades específicas das empresas e com os tipos de edificações. A falta de segurança gera acidentes ocasionando grandes prejuízos à vida social, psíquica e econômica do trabalhador, que algumas vezes precisa se afastar do ambiente de trabalho, sentindo-se incapacitado de sustentar sua família e de praticar suas atividades laborais ou sociais, causando uma desestruturação familiar. Referências - BRITO, T. S., ARAÚJO, M. O., COSTA, F. N. In: Encontro Latino Americano de Iniciação Científica Júnior, 6, 2012, São José dos Campos. Diretrizes para melhoria das condições de trabalho nos canteiros de obra de empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida. São José dos Campos: UNIVAP Construtora. Disponível em: < materiais/seguranca asp#.t0jlx28kbhc.blogger>. Acesso em: 03 jun COSTELLA, M. F. Método de avaliação de sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho (MASST) com enfoque na engenharia da resiliência. Porto Alegre, Dissertação (Doutorado). Curso de Pós- Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. - LEITE, R. C. S. Racionalização do processo construtivo em alvenaria estrutural com bloco de concreto. Feira de Santana, Monografia. Departamento de tecnologia curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Feira de Santana. - LISBOA, R. Q. Análise comparativa entre prédios com estrutura convencional em concreto armado e alvenaria estrutural. Belém, Monografia. Curso em Engenharia Civil, Universidade da Amazônia. - MALLMANN, B S. Avaliação do atendimento aos requisitos da NR 18 em canteiros de obra. Porto Alegre, Dissertação (Diplomação). Curso de Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. - MARTINS, M. S. Diretrizes para elaboração de medidas de prevenção contra quedas de altura em edificações. São Carlos, Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Construção Civil, Universidade Federal de São Carlos. - MTE. Ministério do Trabalho e Emprego. Recomendação Técnica de Procedimentos RTP 01 Medidas de Proteção Contra Quedas de Altura NASCIMENTO, A. M. do. A segurança do trabalho nas edificações em alvenaria estrutural: um estudo comparativo. Santa Maria, Dissertação (Mestrado). Programa de Pós- Graduação em Construção Civil, Universidade Federal De Santa Maria. - NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. - NR 18 ILUSTRADA. Andaimes. Disponível em: < Acesso em: 03 jun PROTEÇÃO. Alvenaria estrutural. Disponível em: < Acesso em: 03 jun SAURIN, Tarcísio Abreu. Método para diagnóstico e diretrizes para planejamento de canteiros de obras de edificações. Porto Alegre, Dissertação (Mestrado). Curso de Pósgraduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. - YIN, R.K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. São Paulo: Bookman, 2.ed,
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