7 a 9 de Outubro de 2015, Botucatu São Paulo,
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1 CASOS DE RAIVA EM HERBÍVOROS NA ZONA RURAL DE BOTUCATU/SP E A ATITUDE DOS PROPRIETÁRIOS DIANTE DO PROBLEMA - AÇÃO DA VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE DE BOTUCATU/SP Selene Daniela Babboni 1*, Emerson Legatti 1, Jônatas Carnieto Souza Santos 2, Valdinei Campanucci Moraes Silva 3, Luciana Lungo Devide 4, Maria Aparecida de Biasi Barreiro Dallaqua 5 1 Médico Veterinário, Fundação Uni/Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Botucatu/SP. * autor de correspondência:canilmunicipal@botucatu.sp.gov.br 2 Auxiliar de Controle Animal, Fundação Uni/Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Botucatu/SP 3 Supervisor de Serviços de Saúde Animal e Ambiental, Vigilância Ambiental em Saúde/Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Botucatu/SP 4 Supervisor Administrativa de Saúde Animal e Ambiental, Vigilância Ambiental em Saúde/Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Botucatu/SP 5 Atendente de Ambulância Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Botucatu/SP 1 INTRODUÇÃO Embora seja uma doença perfeitamente passível de prevenção, a Raiva continua sendo uma importante causa de mortalidade humana em muitas partes do mundo, representando, além disso, um grande desafio para as autoridades sanitárias (ACHA & SZYFRES, 2003). A Raiva é uma doença viral, comum em mamíferos, de ocorrência mundial. O vírus da Raiva pertence ao gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae. Na América Latina, os morcegos hematófagos, em especial o Desmodus rotundus, são os principais transmissores do vírus para herbívoros. São conhecidos 11 genótipos do Lyssavirus, sendo o tipo 1 o único genótipo circulante no. Ao Desmodus rotundus comumente se associa a variante antigênica 3 (KOBAYASHI et al., 2006 e CARNIELI et al, 2009). Os cães domésticos são os responsáveis pela transmissão do vírus da Raiva em cerca de 99% dos casos humanos (WHO, 2016). Em áreas onde as medidas de controle não atingem seu objetivo, a espécie de maior relevância epidemiológica para a transmissão do vírus é a canina, principal reservatório e fonte de infecção, seguida pelos quirópteros (DE MATTOS; DE MATTOS; RUPPRECHT, 2001; ACHA; SZYFRES, 2003). Segundo os dados apresentados no VIII Seminário do Dia Mundial contra a
2 Raiva em São Paulo, no mundo, uma pessoa morre com a Raiva a cada 15 minutos, 300 pessoas são expostas diariamente ao vírus e ocorrem 10 milhões de tratamentos pósexposição ao ano (BRASIL, 2015). No, de 2011 a 2016, foram registrados 15 casos de Raiva humana representando 13% dos casos nas Américas (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SAÚDE-OPS, 2016). Até o mês de maio de 2017, foram notificados no país dois casos de Raiva humana pela variante Agv3, um em Ponte Alta de Tocantins (TO) e outro em Parnamirim (BA). Também foram notificados dois casos de Raiva canina, um em Vicente Ferreira (MA) pela variante Agv3 e outro em Corumbá (MS) (BRASIL, 2017). Muitos serviços veterinários estaduais têm buscado a chamada previsibilidade da circulação do vírus da Raiva, pois há muito perceberam que o combate a enfermidade com base somente na atuação em focos e na vacinação de suscetíveis não elimina eficazmente o problema. Assim, os estados têm se organizado para melhorar seus sistemas de vigilância da Raiva em herbívoros, de modo a racionalizar os escassos recursos humanos e financeiros, com o objetivo de desencadear medidas de prevenção em áreas de maior risco. Essas medidas incluem, ainda que de forma localizada (e somente em alguns estados, entre eles o de São Paulo), o cadastramento e a tipificação de abrigos do transmissor, um intenso esforço para a vacinação de animais em áreas endêmicas (obrigatória em alguns Municípios no estado de São Paulo desde 2001) e o georreferenciamento das informações obtidas, com a criação de bancos de dados informatizados (DIAS et al.,2011). Neste contexto, as ações de vigilância para o controle da população de quirópteros e as campanhas de vacinação antirrábica em cães e gatos, nas áreas urbana e rural, tornamse muito importantes devido à circulação viral (variante 3) em colônias de morcegos no município, evidenciando um papel significativo dos quirópteros na cadeia de transmissão da Raiva para os animais e para o homem (LANGONI et al., 2007).
3 2 MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi realizado no município de Botucatu/SP localizado na região centro-sul do Estado, a 240 km da Capital na latitude e longitude (IBGE, 2014). Devido às notificações para diagnóstico de Raiva em herbívoros no município de Botucatu/SP, o serviço da Vigilância Ambiental em Saúde (V.A.S) optou por antecipar a campanha rural de vacinação anual contra a Raiva de cães e gatos, que normalmente é realizada no mês de setembro, para o mês de julho de Como metodologia do estudo, um inquérito foi realizado através de levantamento de informações relacionadas aos animais de produção durante a campanha rural de vacinação anual contra a Raiva de cães e gatos de Os dados referentes ao diagnóstico de Raiva dos animais de produção, no período de janeiro a julho de 2017, foram fornecidos pelo Laboratório de Diagnóstico de Zoonoses da FMVZ (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia)/UNESP/Botucatu. O inquérito realizado durante a campanha antirrábica, buscou informações referentes ao mesmo período citado acima. Os proprietários foram questionados, em relação aos animais de produção, quanto a: vacinação antirrábica, óbito, abrigo de quirópteros, utilização de pasta vampiricida e assistência médico veterinário. Os dados foram digitados em planilha do excel para posterior análise. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Das 464 (100%) propriedades visitadas, 432 (93%) possuíam animais de produção. Destas, 319 (69%) realizam a vacinação antirrábica periódica em seus animais. Trinta e duas (7%) propriedades relataram óbito de animais de produção de diferentes espécies no período compreendido entre janeiro e julho de 2017 sendo as espécies bovina e equina as mais acometidas. Em 56 (12%) propriedades ou próximo a elas há relatos de abrigo de morcegos e em 11 (2%) delas os proprietários utilizam pasta vampiricida como medida
4 de extermínio da colônia e consequentemente prevenção de novos ataques. Somente em 53 (11%) propriedades, os criadores solicitam atendimento médico veterinário para seus animais. Destes acionamentos, 5 (1%) foram realizados para a Defesa Agropecuária e 48 (10%) para médico veterinário particular. Quanto ao diagnóstico de Raiva em animais de produção, de janeiro a julho de 2017 foram encaminhadas ao Laboratório de Zoonoses da UNESP/Botucatu apenas 43 amostras sendo 17 positivas. A Raiva animal é uma enfermidade 100% letal, porém negligenciada em áreas rurais tanto pelos proprietários como veterinários de animais de produção. Geralmente, apenas quando há grande perda econômica é que os proprietários de animais de produção se preocupam com a Raiva, mesmo a prevenção sendo através de simples vacinação e de baixo custo. Os resultados revelaram uma baixa prevalência em relação ao acionamento do serviço médico veterinário particular e uma prevalência ainda menor na comunicação do caso à Defesa Agropecuária. A primeira opção pode ter baixa adesão devido ao custo, mas a segunda é gratuita o que não justifica a falta de comunicação do caso suspeito ao órgão responsável. O uso da pasta vampiricida é comum, mas realizado sem a orientação médica veterinária, sendo assim, seu custo benefício é inversamente proporcional e esta ação pouco eficiente. Em todas as propriedades visitadas foram vacinados cães e gatos contra a Raiva gratuitamente, o que mostra que os proprietários são conscientes quanto a vacinação de animais de companhia. Foram vacinados durante a campanha animais. Destes, eram cães, (1.676 machos e fêmeas) e 669 eram gatos, (318 machos e 351 fêmeas) 4 CONCLUSÕES As campanhas anuais de vacinação contra a Raiva de cães e gatos na área rural
5 são uma das medidas de profilaxia humana mais relevantes e expressivas devido a circulação do vírus rábico no ciclo aéreo Sendo assim, é de extrema importância a vacinação tanto dos animais de companhia como dos animais de produção, sendo necessário intensificar a divulgação dos serviços oficiais de apoio ao produtor rural e ampliar as ações de educação voltadas para prevenção e importância do diagnóstico da Raiva nos animais de produção. 5 REFERÊNCIAS ACHA, P. N.; SZYFRES, B. Clamidiosis, rickettsiosis y virosis. In:. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales. 3. ed. Washington, DC: Organización Panamericana de la Salud, v. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Mapas da raiva no Brasília, Disponível em: < >. Acesso em: 10 Jul BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. VIII Seminário do Dia Mundial Contra a Raiva. Brasília, Disponível em: < >. Acesso em: 1 ago CARNIELI Jr P, CASTILHO JG, FAHL WO, VÉRAS NMC, TIMENETSKY MCST. Genetic characterization of rabies virus isolated from cattle between 1997 and 2002 in an epizootic area in the state of São Paulo, Brazil. Virus Res. 2009;144(1 2):
6 De MATTOS, C. A.; De MATTOS, C. C.; RUPPRECHT, C. E. Rhabdoviruses. In: KNIPE, D. M.; HOWLEY, P. M. Fields virology. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, p DIAS et al. Modelo de risco para circulação do vírus da raiva em herbívoros no Estado de São Paulo, Rev Panam Salud Publica 30(4), KOBAYASHI Y, OGAWA A, SATO G, SATO T, ITOU T, SAMARa SI, et al. Geographical distribution of vampire bat-related cattle rabies in Brazil. Virology. 2006;68(10): LANGONI, H.; HOFFMANN, J. L.; MENOZZI, B. D.; SILVA, R. C. Morcegos nãohematófagos na cadeia epidemiológica de transmissão da Raiva. Vet. Zootec., v. 14, n. 1, p , Disponível em: < Acesso em: 1 jul ORGANIZACION PAMAMERICANA DE LA SALUD. Sistema de Informação Epidemiológica. Panaftosa Disponível em: < Acesso em: 14 fev 2017 TAKAOKA, N. I. Alteração do perfil da Raiva no estado de São Paulo. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE RAIVA. São Paulo: Instituto Pasteur, p , 2000.
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