AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR DE ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA.
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- Yan Bernardo Viveiros Imperial
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1 1 AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SOLAR DE ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA. ALVES, Helen Lucy Rodrigues*, BOAVENTURA, Cristina de Matos**, REZENDE, Silas Pereira de*** CARDOSO FILHO, Geraldo Magela***, MAGAZONI, Valéria Sachi *** *Acadêmica do curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Triângulo - UNITRI- MG, Brasil (helen_lucy2@hotmail.com) **Orientadora e professora de graduação no curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Triângulo UNITRI MG, Brasil (c_boaventura@hotmail.com) ***Co orientadores e professores no curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Triângulo UNITRI MG, Brasil (professorsilas2014@gmail.com) RESUMO Introdução: A pele é o maior órgão do corpo humano, formada por uma membrana dupla que reveste todo o corpo. Práticas de exposição sem segurança e conhecimento deficiente fazem parte dos fatores de riscos potenciais para o contínuo aumento no número de casos de câncer e outros danos. Objetivos: Conhecer as práticas de exposição e proteção solar e a prevalência dos fatores de risco para câncer de pele de acadêmicos do curso de Fisioterapia de uma instituição de ensino superior privada. Metodologia: O estudo contou com a participação voluntária de 185 universitários, com idade entre 18 e 40 anos. Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário com 10 questões objetivas. Conclusão: Conclui-se nesta pesquisa que grande parte dos alunos entrevistados se expõe ao sol no máximo até 2 horas, no entanto no horário de exposição onde as radiações ultravioletas incidem de forma mais intensa, ficando mais suscetível ao câncer de pele. E ainda foi constatado que os estudantes não fazem uso de filtro solar de forma adequada e poucos aderem ao uso de meios físicos para se proteger do sol embora a maioria saiba dos efeitos deletérios causados pela exposição aos raios solares. Palavras-chaves: Câncer de pele, exposição solar, fatores de risco, discentes. INTRODUÇÃO
2 2 A pele é o maior órgão do corpo humano, formada por uma membrana dupla que reveste todo o corpo; constitui aproximadamente 16% do peso corporal e possui diferentes tecidos que juntos realizam funções específicas, como a proteção do organismo contra substâncias nocivas líquidas, sólidas e gasosas, além de microrganismos, parasitas e insetos. (JUNQUEIRA et al., 2012). O câncer de pele é o tipo mais comum de câncer no mundo e também no Brasil, correspondendo a 25% de todos os tumores malignos registrados no país (INCA, 2014). O câncer de pele subdivide-se em tipo melanoma e não melanoma (neste grupo, temos ainda dois principais subtipos: o basocelular e o espinocelular) (BARDINI; LOURENÇO; FISSMER, 2012). O melanoma é derivado dos melanócitos, e é um tipo muito raro (representando apenas 4% dos tumores malignos em pele) e bastante agressivo, pois tem alto poder invasivo e metastático. O tipo não melanoma, por sua vez, apresenta uma alta incidência, mas uma baixa mortalidade, apresentando altos índices de cura, principalmente quando diagnosticado precocemente (INCA, 2014; POPIM et al., 2008). O carcinoma basocelular é o tumor maligno mais comum da pele, representando entre 70 a 80% dos diagnósticos e ocorrendo quase exclusivamente em áreas expostas continuamente à radiação solar; já o carcinoma espinocelular pode ocorrer em áreas do corpo expostas à radiação solar de forma intermitente, representando 25% dos casos. O carcinoma basocelular, apesar de mais incidente, é também o menos agressivo (CHINEM, MIOT, 2011; INCA, 2014). É muito relevante conhecer as práticas de exposição e proteção solar de jovens e o conhecimento que possuem sobre os riscos da radiação para a saúde. Práticas de exposição sem segurança e conhecimento deficiente fazem parte dos fatores de riscos potenciais para o contínuo aumento no número de casos de câncer e outros danos. Além disso, a falta de entendimento desses aspectos dificulta o desenho de intervenções efetivas para grupos sociais distintos (URASAKI, 2016). Diante da escassez de dados sobre os fatores de risco que os predispõem ao câncer de pele em acadêmicos que atuam na área da saúde, o presente
3 3 estudo contribuiu fornecendo informações acerca desse assunto a fim de que sejam elaboradas medidas de prevenção desta doença. Portanto, o objetivo do presente estudo foi conhecer as práticas de exposição e proteção solar e a prevalência dos fatores de risco para câncer de pele de acadêmicos do curso de Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior Privada. METODOLOGIA CASUÍSTICA Atualmente a instituição de ensino superior privada onde a pesquisa foi realizada oferece os seguintes cursos de graduação na área da saúde (Fisioterapia, Odontologia, Psicologia, Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Educação Física), o curso selecionado para avaliação, foi o curso de Fisioterapia (com intuito de avaliar a preocupação de indivíduos da área da saúde em relação ao sol). A população alvo foi composta por 336 acadêmicos, matriculados no curso de Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior Privada, no 1º semestre de O intuito do presente trabalho foi avaliar os discentes do curso de Fisioterapia, de ambos os sexos, por tanto, após a aplicação do cálculo para tamanho da amostra com nível de confiança de 95%, e margem de erro de 5% dos 336 discentes do Curso de Fisioterapia foram avaliados 185 voluntários. Os pesquisadores consideraram como amostra mínima a pesquisa de 168 voluntários do Curso de Fisioterapia que corresponde a 50% da população. Os critérios de inclusão foram discentes dos cursos de Fisioterapia, de ambos os sexos, entre 18 e 40 anos (a escolha da idade foi de 18 anos devido maior idade e 40 anos um limite estabelecido acreditando que a maior parte dos discentes se encontram dentro desta faixa etária) e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão foram os discentes que não devolveram o questionário ou não preencheram completamente e acadêmicos que não foram encontrados na instituição no período da coleta de dados.
4 4 MATERIAL E MÉTODO O presente estudo tratou-se de uma pesquisa empírica aplicada em campo, de objetivo descritivo e abordagem quantitativa, onde o pesquisador coletou os dados de cada sujeito num único momento. A pesquisa foi realizada em duas fases: 1) Esclarecimentos sobre a pesquisa, os procedimentos de coleta de dados, bem como explicação de todos os fatores associados à participação no presente estudo; 2) Aplicação dos questionários, individualmente, em todos os voluntários selecionados. Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), nº foi aplicado ao participante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual consta do objetivo do estudo, dos procedimentos da avaliação, dos riscos e benefícios, do caráter de voluntariedade da participação do sujeito e da responsabilidade por parte do avaliador, sendo respeitada a privacidade e a total confiabilidade dos dados e não acarrete danos e constrangimentos aos participantes. A aplicação do questionário ocorreu no período de março e abril de Os dados foram coletados nas salas de aula, em que os voluntários estudam na própria instituição de ensino. Os discentes foram instruídos a participar de um questionário sociodemográfico contendo os itens para avaliação de fatores de risco para câncer de pele tais como: horas diárias de exposição aos raios solares, a prática de bronzeamento, horário de exposição solar durante o verão, uso de protetor solar, fator de proteção solar do produto utilizado, uso de protetor solar durante a prática de esporte ao ar livre, utilização de meios físicos para se proteger, conhecimento da relação entre raios ultravioletas e câncer de pele, conhecimento dos estudantes a respeito das afecções de pele que a radiação solar excessiva e desprotegida pode causar e utilização de protetor solar durante o inverno. Durante a coleta de dados os voluntários responderam ao questionário e a pesquisadora permaneceu no local para eventuais dúvidas.
5 5 Os discentes foram abordados na sala de aula, com o prévio consentimento dos diretores, gestores e professores, onde foram convidados a participar da pesquisa. RESULTADOS Participaram desta pesquisa, 185 alunos do Curso de Fisioterapia, sendo 28 (15,14%) do gênero masculino e 157 (84,86%), do gênero feminino. A média de idade dos discentes foi de aproximadamente 23 anos variando acima e abaixo desta faixa etária, dentro dos limites estabelecidos na pesquisa. Em relação a raça, 68,65% branca, 18,92% amarela e 12,43% negra. Na tabela 1 estão demonstrados as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão aproximadamente, quantas horas diárias você fica exposto aos raios solares?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 1 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão aproximadamente, quantas horas diárias você fica exposto aos raios solares?, de acordo com o gênero e resultados totais. Até 2 horas 19 67, , ,65 De 2 a 6 horas 08 28, , ,19 Mais de 6 horas 01 3, , ,16 Total , , ,00 Como observado na tabela 1, (68,65%) responderam que se expõe ao sol diariamente até 2 horas e 29,19% de 2 a 6 horas. Na tabela 2, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão nos finais de semana é comum você se expor ao sol para se bronzear?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 2 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão nos finais de semana é comum você se expor ao sol para se bronzear?, de acordo com o gênero e resultados totais.
6 6 Nunca 13 46, , ,41 Raramente 10 35, , ,38 Às vezes 05 17, , ,59 Sempre 00 0, , ,62 Total , , ,00 Ao observar a tabela 2, conclui-se que 38,38% dos discentes raramente se expõe ao sol para se bronzear aos fins de semana, enquanto que 34,59% responderam que às vezes se bronzeiam. Na tabela 3, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão horário de exposição solar durante o verão, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 3 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão horário de exposição solar durante o verão, de acordo com o gênero e resultados totais. Até às 10 da manhã 07 25, , ,42 Entre 10 e 15 da tarde 11 39, , ,89 Após 15 da tarde 10 35, , ,69 Total , , ,00 Com relação ao horário de exposição solar durante o verão, 53,89% dos discentes responderam que se expõe ao sol entre 10 e 15 horas da tarde. Observou-se nessa questão que muitos dos universitários entrevistados emitiram mais de uma resposta à questão. Na tabela 4, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão você faz uso de protetor solar?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 4 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão você faz uso de protetor solar?, de acordo com o gênero e resultados totais. Sim 17 60, , ,62 Não 11 39, , ,62
7 7 Às vezes 00 0, , ,76 Total , , ,00 Quanto ao uso de protetor solar 41,62% dos discentes responderam que sim, fazem uso de protetor solar, 36,76% às vezes usam protetor solar, e 21,62% afirmaram não usar. Na tabela 5, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão qual é o fator de proteção solar que você usa?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 5 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão qual é o fator de proteção solar que você usa?, de acordo com o gênero e resultados totais. Até , , ,32 Entre 8 e , , ,05 Mais do que , , ,93 Nenhum 11 39, , ,70 Total , , ,00 Relacionado ao fator de proteção solar que utilizam, 58,93% dos discentes responderam que usam fator FPS maior que 15, enquanto que 22,70% não usam nenhum fator de proteção solar. Na tabela 6, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão durante a prática de esporte ao ar livre, você faz uso de protetor solar?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 6 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão durante a prática de esporte ao ar livre, você faz uso de protetor solar?, de acordo com o gênero e resultados totais. Sim 09 32, , ,40 Não 19 67, , ,60 Total , , ,00 Quando questionados se fazem uso de proteção solar durante a prática de esporte ao ar livre, 54,60% dos discentes responderam não, ou seja, ficam
8 8 completamente expostos sem nenhuma proteção se submetendo aos raios ultravioletas diretamente sobre a pele. Na tabela 7, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão quando você está em contato com o sol, utiliza meios físicos para se proteger?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 7 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão quando você está em contato com o sol, utiliza meios físicos para se proteger?, de acordo com o gênero e resultados totais. Sim 18 64, , ,35 Não 10 35, , ,65 Total , , ,00 Ao serem questionados quanto a utilização de meios físicos para se proteger do sol, 71,35% dos discentes responderam que sim, o que significa que fazem uso de meios físicos como forma de proteção. Na tabela 8, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão quais são os meios físicos que utiliza, para se proteger?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 8 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão quais são os meios físicos que utiliza para se proteger?, de acordo com o gênero e resultados totais. Chapéu/boné 09 28, , ,33 Camiseta 09 28, , ,54 Guarda-sol 03 9, , ,37 Óculos 11 34, , ,29 Outros 00 0, , ,47 Total , , ,00 Quando questionados quais os meios físicos utilizam para se proteger do sol, 49,29% responderam que fazem uso de óculos e 21,33% utilizam chapéu e/ou boné. Observou-se que muitos alunos emitiram mais de uma resposta à questão.
9 9 Na tabela 9, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão você sabia que os raios ultravioletas são prejudiciais à pele, podendo causar câncer?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 9 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão você sabia que os raios ultravioletas são prejudiciais à pele, podendo causar câncer?, de acordo com o gênero e resultados totais. Sim , , ,92 Não 00 0, , ,08 Total , , ,00 Questionados quanto ao conhecimento dos prejuízos causados pelos raios solares a pele, 98,92% confirmam saber dos riscos da incidência dos raios solares para câncer de pele, sendo então a maioria dos voluntários desta pesquisa. Na tabela 10, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão quais outras afecções de pele, além do câncer, você acredita que podem ocorrer, devido à exposição solar excessiva e desprotegida?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 10 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão quais outras afecções de pele, além do câncer, você acredita que podem ocorrer, devido à exposição solar excessiva e desprotegida?, de acordo com o gênero e resultados totais. Envelhecimento 25 22, , ,35 Estrias 01 0, , ,42 Rugas 14 12, , ,00 Manchas 21 19, , ,64 Acne (cravos) 04 3, , ,54 Ressecamento 21 19, , ,54 Queimaduras 23 21, , ,51 Total , , ,00
10 10 Além do câncer de pele, a incidência dos raios solares pode causar outras afecções na pele, ao serem questionados sobre essas afecções 23,35% dos discentes responderam que os raios solares podem provocar envelhecimento, 21,64% responderam manchas e 20,51% responderam queimaduras, o que significa que grande parte dos universitários tem conhecimento das consequências correspondentes a exposição solar. Na tabela 11, estão demonstradas as frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão durante o inverno você se protege dos raios solares, fazendo uso de protetores solares e meios físicos?, de acordo com o gênero e resultados totais. Tabela 11 Distribuição de frequências e porcentagens de respostas dos alunos, com relação à questão durante o inverno você se protege dos raios solares, fazendo uso de protetores solares e meios físicos?, de acordo com o gênero e resultados totais. Sim 08 28, , ,43 Não 20 71, , ,57 Total , , ,00 Relacionado ao uso de protetores solares e meios físicos durante o inverno, 67,57% dos discentes responderam que não utilizam destas formas como proteção contra os raios solares neste período. Com o objetivo de verificar a existência ou não de correlações significantes entre os fatores de risco para câncer de pele, encontradas entre os alunos, foram analisadas as variáveis: idade, horas diárias de exposição ao sol, horário de exposição solar no verão. Para esta análise foi aplicado o Coeficiente de Correlação por Postos de Spearman (SIEGEL, 1975), aos dados em questão. O nível de significância foi estabelecido em 0,05, em um teste bilateral. Os resultados estão demonstrados na tabela 12. Tabela 12 Valores de rs e probabilidades a eles associadas, obtidos quando da aplicação do Coeficiente de Correlação por Postos de Spearman às frequências de fatores de risco para câncer de pele, encontradas entre os alunos, e as variáveis: idade, horas diárias de exposição ao sol, horário de exposição solar no verão. Variáveis Analisadas Valores de r s Probabilidades Fatores de risco x Idade -0,0823 0,265
11 11 Fatores de risco x Horas de exposição ao sol 0,2631 0,000* Fatores de risco x Exposição ao sol no verão -0,0535 0,469 (*) p < 0,05 De acordo com os resultados demonstrados na tabela 12, foram encontradas correlações positivas somente entre os valores das variáveis: frequência de fatores de risco para câncer de pele e horas de exposição ao sol. Isto indica que, à medida em que os valores de uma das variáveis aumentam, os valores da outra variável aumentam também; à medida em que os valores de uma das variáveis diminuem, os valores da outra variável diminuem também, ou seja, o fator de risco aumenta quanto maior for as horas de exposição ao sol. Com interesse em verificar a existência ou não de diferenças significantes entre as frequências de fatores de risco para câncer de pele, encontrados entre os alunos do gênero masculino e os do gênero feminino, foi aplicado o teste de Wilcoxon (SIEGEL, 1975), aos dados em questão. O nível de significância foi estabelecido em 0,05, em um teste bilateral. O valor de p = 0,7794 indicando que não houve diferenças significantes entre as frequências de fatores de risco para câncer de pele encontrados entre os alunos do gênero masculino e os do gênero feminino. Com o intuito de verificar a existência ou não de diferenças significantes, entre as frequências de fatores de risco para câncer de pele, encontradas nos alunos de raça amarela, branca e negra, foi aplicado o teste do Qui-Quadrado (SIEGEL, 1975). O nível de significância foi estabelecido em 0,05, em um teste bilateral. Para que o valor do X2 encontrado seja significante, deve ser superior ao valor crítico do X2 = 5,99. O valor encontrado foi X 2 = 51,61*, indicando que foram encontradas diferenças entre as frequências de fatores de risco para câncer de pele, entre os alunos de raça amarela, branca e negra, sendo que as frequências mais elevadas foram obtidas com os alunos da raça branca. DISCUSSÃO
12 12 O câncer de pele é provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele, devido à exposição cumulativa à radiação solar ultravioleta ao longo do tempo, que também é responsável pelo desencadeamento do envelhecimento cutâneo (INCA, 2016). É de amplo conhecimento que o câncer, de um modo geral, se caracteriza por uma longa latência e para o seu desenvolvimento é necessária a ação multifatorial, aliada à questão que um mesmo fator pode estar associado a múltiplas condições (SILVA et al.,2010). De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), alguns outros fatores de risco podem estar envolvidos no aparecimento do câncer de pele, além da radiação ultravioleta, a exemplo da exposição às substâncias químicas e raios ionizantes, consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo e má alimentação, alterações genéticas e fatores fenotípicos (INCA, 2016). Além disso, fatores associados ao aquecimento global e ao aumento da intensidade da radiação solar em decorrência da redução da camada de ozônio são relatados (PURIM, FRANZOI, 2014). No presente estudo, de 185 indivíduos observou-se que a maior parte dos estudantes (68,68%) ficavam expostos a radiação solar por até de 2 horas diárias. Dados semelhantes foram observados em estudo realizado na cidade de Teresina por DIDIER et al. (2014), onde foi identificado que a maioria dos universitários entrevistados referiu exposição ao sol por menos de 2 horas/dia durante os dias da semana. No estudo realizado em Curitiba por BISINELLA e SIMÕES (2010), obteve-se também resultado semelhante, pois 70% dos estudantes permanecem até 2 horas expostos ao sol. MONTEIRO (2012) sintetiza que o bronzeamento nada mais é que a produção e oxidação da melanina num processo lento, que ocorre após várias exposições solares. Grande parte dos discentes (38,38%) relataram que raramente ou as vezes (34,59%) se expõe ao sol aos fins de semana para se bronzear. Diante desses resultados, observa-se que os estudantes têm consciência de que pele bronzeada não condiz com pele saudável, mas ainda que pouco frequente a pele bronzeada representa um padrão estético de beleza para alguns estudantes.
13 13 Segundo GREINERT et al. (2015), os indivíduos submetidos à incidência da radiação solar diariamente, sempre nos horários de pico de irradiação, podem promover uma aceleração do processo de fotoenvelhecimento da pele e dos processos neoplásicos. Quanto ao horário do dia de exposição solar, a maior parte dos estudantes (53,89%) relataram ficar expostos a radiação solar entre 10 e 15H. Em estudo realizado por DIDIER et al. (2014) a maioria dos estudantes (66,8%) preferia expor-se ao sol em horários de menor intensidade de radiação solar: antes das 10 horas e depois das 15 horas, tal resultado é semelhante aos resultados encontrados na presente pesquisa. URASAKI et al. (2016) em estudo realizado em universitários, também mostrou maior incidência de exposição solar nesse mesmo horário, onde os dados demonstram que a exposição solar, ocorre num intervalo de tempo ao qual a incidência da radiação está em maior intensidade, o que segundo os estudos é prejudicial à saúde. Segundo NASCIMENTO et al. (2014), o protetor solar é visto por especialistas como a primeira linha de defesa contra os efeitos nocivos da radiação. É um elemento profilático e também terapêutico por conter moléculas ou complexos moleculares que podem absorver, refletir ou dispersar a radiação UV. Em relação ao uso de protetor solar, 41,62% dos universitários responderam que utilizam o protetor solar e 36,76% responderam às vezes. Quando associado a prática de esporte ao ar livre, 54,60% dos voluntários confirmaram o uso do protetor solar. Estes dados corroboram com os resultados encontrados por DIDIER et al. (2014) onde 45,2% dos acadêmicos fazem uso de protetor solar e discordam dos resultados em estudo realizado por ROCHA et al. (2016) em que 58,7% dos estudantes entrevistados não fazem uso do protetor solar, tornandose um fato alarmante visto vários estudos comprovando os prejuízos causados pelas irradiações solares. Quando analisado o fator de proteção solar (FPS) dos protetores solares pelo questionário onde, o menor FPS era até 8 e o maior superior a 15, a maioria dos estudantes responderam que fazem uso maior do que 15. Tal resultado também pode ser observado nas amostras dos estudos realizados por DIDIER et al. (2014) e SANTOS (2013), alegando que os fatores de proteção solar mais utilizados são os mais altos, indicando maior cuidado de fotoproteção.
14 14 De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a fotoproteção é o conjunto de medidas direcionadas a reduzir a exposição ao sol e prevenir o desenvolvimento do eritema, câncer de pele não melanoma, melanoma cutâneo, fotoenvelhecimento e doenças decorrentes ou agravadas pela exposição ao sol (fotodermatoses). Essas medidas são profiláticas e terapêuticas e abrangem: fotoeducação, proteção através de coberturas e vidros, proteção através do uso de roupas e acessórios, fotoprotetores tópicos e orais. Na presente pesquisa 71,35% dos universitários relataram utilizar meios físicos para se proteger dos raios solares, dentre eles os mais citados foram, óculos (49,29%) e chapéu e/ou boné (21,33%). Em estudo realizado por MORÉGULA et al. (2015) 43,1% dos estudantes fazem uso de óculos escuros sempre que se expõem ao sol, concordando com a presente pesquisa, porém em relação ao uso de chapéu e/ou boné apenas 2,8% relataram usar, dados esses que foram diferentes dos apresentados na presente pesquisa. Segundo GRETHER-BECK (2014), a inclusão de ações de proteção ao sol pode contribuir de modo significativo para minimizar os níveis cumulativos de exposição à radiação e sua relação com os diferentes tipos de câncer e outros agravos. O INCA (2014), afirmou que entre as alterações que podem se desenvolver a partir da radiação ultravioleta (R-UV) está o câncer de pele. Esta neoplasia tem se tornado um problema de saúde pública no Brasil em função de seu alto índice de casos anuais. Dos universitários entrevistados apenas 1,08% encontra-se desinformado, pois responderam que não sabem que o efeito cumulativo do sol sobre a pele desprotegida pode futuramente desencadear câncer de pele, enquanto que 98,92% responderam sim, que possuem conhecimento sobre a possibilidade de câncer devido a radiação ultravioleta. Dado semelhante também foi observado no estudo de CORTEZ et al. (2015) que comprova que os profissionais possuem conhecimento básico da importância do filtro solar para a prevenção de alterações cutâneas e dos malefícios que podem causar uma exposição prolongada ao sol. Quando questionados a respeito de afecções de pele, além do câncer de pele, os discentes acreditam ocorrer devido a exposição solar excessiva e desprotegida o envelhecimento, machas e queimaduras. Em estudo realizado
15 15 por CORTEZ et al. (2015) o efeito causado pela exposição solar excessiva mais relatado pela amostra foi o envelhecimento precoce. No estudo de BISINELLA e SIMÕES (2010), 21% dos voluntários responderam que pode causar envelhecimento, 22% responderam que pode ocorrer manchas e grande parte dos estudantes (24%) acreditam que o sol pode fazer queimaduras na pele, mostrando que ambos estudos corroboram com os resultados encontrados na presente pesquisa. Segundo o Instituto Melanoma Brasil (2014) mesmo quando o sol está encoberto, os raios UV estão presentes e ativos, oferecendo risco para a pele. Ao serem questionados se durante o inverno se protegem dos raios solares, fazendo uso de protetores solares e meios físicos: 32,43% dos discentes afirmaram que sim, mas a grande maioria respondeu não, sendo 67,57% que estão susceptíveis ao sol sem qualquer tipo de proteção. Dados semelhantes também foram observados no estudo de COSTA e WEBER (2004) onde apenas 17,9% dos estudantes usam filtro solar durante todas as estações do ano, e no estudo de BISINELLA e SIMÕES (2010) onde 81% afirmaram não usar medidas protetivas no inverno. Quando analisados fatores de risco para câncer de pele (não utilização de protetor solar, horário impróprio de exposição ao sol e não utilização de meios físicos de proteção solar) em relação a idade dos estudantes entrevistados, os resultados demonstraram que quanto menor a idade dos universitários, maiores são os fatores de risco que eles apresentam. Não foi encontrado na literatura estudos que analisaram estas variáveis, mas supõe-se que este fato possa ocorrer porque pessoas jovens, embora tenham informações, são menos preocupadas com a prevenção em saúde. Quando verificado os fatores de risco para câncer de pele com relação as horas de exposição solar, os resultados demonstraram que quanto maior tempo de exposição as radiações solares, maior será o risco para o câncer de pele. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017) a exposição cumulativa aos raios ultravioleta durante os vinte primeiros anos de vida determina o risco de câncer de pele, e a adoção de práticas que minimizem a intensidade da exposição solar, como o conhecimento dos horários de maior
16 16 intensidade de radiação solar (10-15h), reduz em até 50% a chance de desenvolver um câncer da pele. Quando comparado fator de risco para o câncer de pele entre os sexos feminino e masculino, não houve diferença, ou seja, ambos os sexos possuem o mesmo risco. Não foi encontrado estudos na literatura correlacionando câncer de pele entre os sexos feminino e masculino, porém de acordo com estimativa realizada pelo Inca - Instituto Nacional de Câncer (2016), é que sejam diagnosticados 2670 casos de câncer de pele em mulheres e 3000 casos em homens entre 2016 e Nas correlações estatísticas no que se refere a raça dos estudantes da amostra e os fatores de risco que apresentam para câncer de pele, os resultados indicaram que, entre os alunos de raça amarela, branca e negra, os estudantes de raça branca são os que apresentaram maiores fatores de risco para a câncer de pele. O mesmo resultado foi encontrado na amostra de um estudo realizado por PURIM e WROBLEVSKI (2014) e também por FABRIS et al. (2012). Os resultados se explicam devido a pele branca ser mais suscetível à ação mutagênica pela radiação ultravioleta porque possui menor proteção da melanina. A presente pesquisa foi de grande importância, pois a mesma proporcionou maior conhecimento sobre o câncer de pele, servindo de alertar para a importância da prevenção e proteção contra os raios solares principalmente no público jovem, através do uso de fator de proteção e meios físicos de forma adequada. CONCLUSÃO Conclui-se nesta pesquisa que grande parte dos alunos entrevistados se expõe ao sol no máximo até 2 horas, porém no horário de exposição onde as radiações ultravioletas incidem de forma mais intensa, ficando mais suscetível ao câncer de pele. E ainda foi constatado que os estudantes não fazem uso de filtro solar de forma adequada e poucos aderem ao uso de meios físicos para se proteger do sol, embora a maioria saiba dos efeitos deletérios causados pela exposição aos raios solares.
17 17 REFERÊNCIAS 1. BARDINI, G.; LOURENÇO, D.; FISSMER, M.C. Avaliação do conhecimento e hábitos de pacientes dermatológicos em relação ao câncer da pele. Arq. Catarin. Med, v.41, n.2, p.56-63, CHINEM, V.P.; MIOT, H.A. Epidemiology of basal cell carcinoma. An Bras Dermatol, v.86, n.2, p , CORTEZ, Diógenes Aparício Garcia; MACHADO, Érica Simionato; VERMELHO, Sonia Cristina Soares Dias; TEIXEIRA, Jorge Juarez Vieira; CORTEZ, Lucia Elaine Ranieri. O conhecimento e a utilização de filtro solar por profissionais da beleza. Ciência e saúde coletiva [online], Curitiba, v. 21, n. 7, p , ago COSTA, Francine Batista; WEBER, Magda Blessman. Avaliação dos hábitos de exposição ao sol e de fotoproteção dos universitários da Região Metropolitana de Porto Alegre, RS. An. Bras. Dermatol. 2004; 79(2): Disponível em: 5. DIDIER, Flávia Barreto Campello Walter; BRUM, Lucimar Filot da Silva; AERTS, Denise Rangel Ganzo de Castro. Hábitos de exposição ao sol e uso de fotoproteção entre estudantes universitários de Teresina, Piauí. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 23(3): , jul-set FABRIS, R. M.; DURÂES, E. S. M.; MARTIGNAGO, B. C. F.; BLANCO, L. F. O.; FABRIS, T. R. Avaliação do conhecimento quanto à prevenção do câncer de pele e sua relação com os hábitos da exposição solar e fotoproteção em praticantes de academia de ginástica do sul de Santa Catarina, Brasil. Anais Brasileiros de Dermatologia.2012;87(1): GREINERT, de Vries; ERDMANN, F. et al. European Code against Cancer 4th edition: Ultraviolet radiation and cancer. Cancer Epidemiol. 2015; 39 Suppl 1: S7583. Disponível em: 8. GRETHER-BECK, Susanne; MARINI, Alessandra.; JAENICKE, Thomas.; KRUTMANN, Jean. Photoprotection of human skin beyond ultraviolet radiation. Photodermatol. Photoimunnol. Photomed., v. 30, p , feb 2014.
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