Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Gabinete do Desembargador José Ricardo Porto

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1 Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Gabinete do Desembargador José Ricardo Porto DECISÃO MONOCRÁTICA APELAÇÃO CÍVEL N CAPITAL RELATOR :Des. José Ricardo Porto. APELANTE :Ladislave Vajay. ADVOGADO :lanco Cordeiro e outros. APELADA :A Justiça Pública. ALVARÁ JUDICIAL. LEVANTAMENTO DE VALOR SUPERIOR AO ESTABELECIDO NA LEI N /80. IMPOSSIBILIDADE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. IRRESIGNAÇÃO. ALEGADA NECESSIDADE FINANCEIRA. IRRELEVÁNCIA. EXTINÇÃO DA OTN, SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO ÍNDICE. PRESERVAÇÃO DA PARIDADE. PRECEDENTES DO STJ. NEGATIVA DE SEGUIMENTO AO RECURSO. - O levantamento dos valores existentes em conta bancária, através de alvará, sujeita-se ao imperativo da lei n /80, a qual estabelece o respeito ao limite de 500 OTNs, bem como a inexistência de bens a inventariar. A Lei n /80 pretendeu desburocratizar o levantamento de pequenos valores (até quinhentas OTNs), não recebidos pelos seus titulares em vida, valendo-se, para tanto, de critério objetivo, qual seja, a condição de dependente inscrito junto à 1

2 Previdência Social e a inexistência de outros bens a serem inventariados. (REsp n SP) -"Essa Corte consolidou o sentido de que "com a extinção da ORTN, o valor de alçada deve ser encontrado a partir da interpretação, da norma que extinguiu um índice e o substituiu por outro, mantendo-se a paridade das unidades de referência, sem efetuar a conversão para moeda corrente, para evitar a perda do valor aquisitivo ", de sorte que "50 ORTN = 50 OTN = 308,50 BTN = 308,50 UFIR = R$ 328,27 (trezentos e vinte e oito reais e vinte e sete centavos) a partir de janeiro/2001, quando foi extinta a.ufir e desindexada a economia "( REsp MG) VISTOS. Trata-se de recurso apelatório, interposto por Ladislave Vajay, desafiando sentença lançado pelo Juízo de Direito da Vara dos Feitos Especiais da Capital que, nos autos da Ação de Alvará, extinguiu o feito sem julgamento de mérito, por ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, sob o fundamento de que o valor perseguido ultrapassa o previsto na Lei n /80. O recorrente arguiu, em síntese, que vem passando por dificuldades financeiras, após a morte de seus pais, razão porque pleiteia o levantamento da importância depositada em conta bancária em nome do de cujos. Ressalta que a Lei n /80, que condicionava a liberação de alvarás ao patamar de 500 (quinhentas) OTNS, teria sido revogada pela Lei Federal n /89. Clama pela aplicação da moderna sociologia jurídica para, ao final, requerer a concessão in limine do alvará em nome do autor e, posteriormente a sua confirmação, quando do julgamento do mérito. 2

3 provimento do recurso. A Procuradoria de Justiça, às fls. 97/101, emitiu parecer pelo É o relatório DECIDO. A sentença não merece reparo. Com efeito, a Lei n , de 24 de novembro de 1980 dispõe "sobre o Pagamento, aos Dependentes ou Sucessores, de Valores Não Recebidos em Vida pelos Respectivos Titulares", nos seguintes termos: Art. 1 Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS- PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação especifica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento. 1 As quotas atribuídas a menores ficarão depositadas em caderneta de poupança, rendendo juros e correção monetária, e só serão disponíveis após o menor completar 18 (dezoito) anos, salvo autorização do Juiz para aquisição de imóvel destinado à residência do menor e de sua família ou para dispêndio necessário à subsistência e educação do menor. 2 Inexistindo dependentes ou sucessores, os valores de que trata este artigo reverterão em favor, respectivamente, do Fundo de Previdência e Assistência Social, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou do Fundo de Participação PIS-PASEP, conforme se tratar de quantias devidas pelo empregador ou de contas de F.G,T.S. e do Fundo PIS- PASEP. Art. 2 O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativas ao imposto de renda e outros tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo outros bens sujeitos a inventário, aos saldos bancários e de contas de cadernetas de poupança e fundos de investimento de valor até 500 (quinhentas) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional." (destaquei) 3

4 Deduz-se, da leitura dos dispositivos citados, que os valores não recebidos em vida pelo titular, como os saldos bancários, podem ser liberados através de pedido de alvará diga-se, procedimento de jurisdição voluntária, sem contencioso -, se inexistirem outros bens sujeitos a inventário. Com efeito, a lei de regência estabeleceu que a liberação dos saldos deve observar critérios objetivos, quais sejam, a condição de dependente inscrito junto à Previdência Social e a inexistência de outros bens a serem inventariados, respeitando-se ainda o limite de 500 OTNs (quinhentas obrigações do tesouro nacional). Compulsando os autos, verifica-se, através das certidões de óbito (fls. 06 e 07), que os genitores do apelante deixaram bens. Além disso, o documento de fls. 38, do Banco do Brasil, informa que o saldo existente na conta poupança n. 9613, cujos titulares são os pais do requerente, é de R$ ,22 (vinte e um mil duzentos é sete reais e vinte e dois centavos), valor esse que supera o de alçada. Assim, não preenchendo os critérios estabelecidos na lei n /80, deve ser confirmada a decisão que extinguiu o processo sem julgamento de mérito, com fulcro no inc. IV, do art. 267, do CPC. Nesse sentido: DIREITO DAS SUCESSÕES E ADMINISTRATIVO. RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. NÃO RECEBIMENTO PELO FALECIDO EM VIDA. ALVARÁ JUDICIAL. LEIS N /80 E 7.713/88. EXIGÊNCIA DE INSCRIÇÃO COMO DEPENDENTE NA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CABIMENTO. 1. A Lei n /80 pretendeu desburocratizar o levantamento de pequenos valores (até quinhentas OTNs), não recebidos pelos seus titulares em vida, valendo-se, para tanto, de critério objetivo, qual seja, a condição de dependente inscrito junto à Previdência Social e a inexistência de outros bens a serem inventariados. 2. Assim, os valores relativos a restituições de imposto de renda não recebidos pelo falecido em vida, observado o teto legal, devem ser levantados pelos dependentes habilitados junto a Previdência Social, nos termos dos arts. 1 e 2 da Lei n

5 3. Recurso especial não provido.' Saliente-se que além de o promovente não preencher os requisitos impostos na lei de regência, também não comprovou que vem passando por dificuldades financeiras, como argumentou em seu arrazoado. Por outro lado, a alegação de que a OTN teria sido revogada não tem o condão de afastar o valor de alçada fixado na lei n /80, eis este deve ser encontrado a partir da interpretação da norma que extinguiu um índice e o substituiu por outro, mantendo-se a paridade das unidades de referência, como bem assentou o Superior Tribunal de Justiça, em' recente aresto, a seguir reproduzido: PROCESSUAL 6/VIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. VALOR DE ALÇADA. CABIMENTO DE APELAÇÃO NOS CASOS EM QUE O VALOR DA CAUSA EXCEDE 50 ORTN'S. ART. 34 DA LEI N /80 (LEF). 50 ORTN = 50 OTN = 308,50 BTN = 308,50 UFIR = R$ 328,27, EM DEZ/2000. PRECEDENTES. CORREÇÃO PELO IPCA-E A PARTIR DE JAN/ O recurso de apelação é cabível nas execuções fiscais nas hipóteses em que o seu valor excede, na data da propositura da ação, 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, à luz do disposto no artigo 34, da Lei n , de 22 de setembro de A ratio essendi da norma é promover uma tramitação mais célere nas ações de execução fiscal com valores menos expressivos, admitindo-se apenas embargos infringentes e de declaração a serem conhecidos e julgados pelo juízo prolator da sentença, e vedando-se a interposição de recurso ordinário. 3. Essa Corte consolidou o sentido de que "com a extinção da ORTN, o valor de alçada deve ser encontrado a partir da Interpretação da norma que extinguiu um índice e o substituiu por outro, mantendo-se a paridade das unidades de referência, sem efetuar a conversão para moeda corrente, para evitar a perda do valor aquisitivo ", de sorte que "50 ORTN = 50 OTN = 308,50 BTN = 308,50 UFIR = R$ 328,27 (trezentos e vinte e oito reais e vinte e sete centavos) a partir de janeiro/2001, quando foi extinta a UFIR e desindexada a economia ". (destaque nosso) (REsp /DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 06/04/2004, DJ 17/05/2004 p. 206) 4. Precedentes jurisprudenciais: AgRg no Ag /PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado 'REsp / SP, Rel.: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, T4- Quarta Turma, D.J.: 07/06/

6 em 02/10/2008, DJe 06/11/2008; AgRg no Ag /PR, Rel. Ministra Elian Calmon, Segunda Turma, julgado em 19/02/2008, DJ 28/02/2008 p. 1; REsp /SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 07/03/2006, DJ 27/03/2006 p Outrossim, há de se considerar que a jurisprudência do Egrégio STJ manifestou-se no sentido de que "extinta a UF1R pela Medida Provisória n 1.973/67, de , convertida na Lei /2002, o índice substitutivo utilizado para a atualização monetária dos créditos do contribuinte para com a Fazenda passa a ser o IPCA-E, divulgado Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 1 de 16 pelo IBGE, na forma da resolução 242/2001 do Conselho da Justiça Federal ". (REsp /RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 07/03/2006, DJ 20/03/2006 p. 208) 6. A doutrina do tema corrobora esse entendimento, assentando que "tem-se utilizado o IPCA-E a partir de então pois servia de parâmetro para a fixação da UFIR. Não há como aplicar a SELIC, pois' esta abrange tanto correção como juros". (PAUSEN, Leandro. ÁVILA René Bergmann. SLIWKA, Ingrid Schroder. Direito Processual Tributário. 5.a ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado editora, 2009, p. 404) 7. Dessa sorte, mutatis mutandis, adota-se como valor de alçada para o cabimento de apelação em sede de execução fiscal o valor de R$ 328,27 (trezentos e vinte e oito reais e vinte e sete centavos), corrigido pelo IPCA-E a partir de janeiro de 2001, valor esse que deve ser observado à data da propositura da execução. 8. In casu, a demanda executiva fiscal, objetivando a cobrança de R$ 720,80 (setecentos e vinte reais e oitenta centavos), foi ajuizada em dezembro de O Novo Manual de Cálculos da Justiça Federal, (disponível em < indica que o índice de correção, pelo IPCA-E, a ser adotado no período entre jan/2001 e dez/2005 é de 1, Assim, R$ 328,27 (trezentos e vinte e oito reais e vinte e sete centavos), com a aplicação do referido índice de atualização, conclui-se que o valor de alçada para as execuções fiscais ajuizadas em dezembro/2005 era de R$ 522,24 (quinhentos e vinte e dois reais e vinte a quatro centavos), de sorte que o valor da execução ultrapassa o valor de alçada disposto no artigo 34, da Lei n /80, sendo cabível, a fortion, a interposição da apelação. 9. Recurso especial conhecido e provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/ REsp MG, Rel.: MINISTRO LUIZ FUX, 1.a Seção, D.J.: 09/06/

7 Finalmente, a matéria pertinente a aplicação da moderna sociologia jurídica não comporta análise nesse momento processual, uma vez que se trata de inovação recursal. Por essas razões, nego seguimento ao apelo, mantendo-se a sentença em todos os seus termos, à luz das prescrições do art. 557, capta do CPC. Intimações necessárias. Cumpra-se. João Pessoa, 06 ejdqzebro de Des. Jose Rei Porto J/07 - R/J06. 7

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