A GESTÃO DOS PROCESSOS DE VACINAÇÃO PELA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE EM BOA VISTA A imunização através das vacinas gratuitas distribuídas pelo
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- Paula Quintão Cunha
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1 1 A GESTÃO DOS PROCESSOS DE VACINAÇÃO PELA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE EM BOA VISTA A imunização através das vacinas gratuitas distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tem o objetivo de controlar doenças imunopreveníveis que causam sérios prejuízos à saúde da população. Com a organização deste tipo de política pública de prevenção de doenças tem-se o desafio de se gerir uma cadeia de suprimentos capaz de fornecer de forma eficaz os insumos necessários nos postos de atendimento da rede de saúde, em especial no município de Boa Vista RR. A escolha da pesquisa neste município se deu devido a reinserção de diversas doenças que estavam erradicadas no Estado de Roraima, como pode-se destacar sarampo (primeiro caso confirmado em fevereiro de 2018), paralisia infantil entre outras. O método utilizado foi o qualitativo e tem o objetivo principal de apresentar a gestão dos processos de vacinação no município de Boa Vista RR no primeiro semestre de 2018, de forma a se iniciar uma discussão sobre o tema. No Brasil, sabe-se que o gerenciamento desta cadeia de suprimentos é especialmente complexo e entre outras dificuldades, podemos destacar a extensão territorial e o grande número populacional. Buscando-se literatura disponibilizada nos sítios eletrônicos oficiais do Governo Brasileiro poucos trabalhos tratam desta temática, de forma geral tem-se disponíveis manuais e diretrizes do Programa Nacional de Imunização (PNI) e da Organização Mundial de Saúde¹. A vacinação da população pode contribuir para a melhoria das condições de saúde de uma população, podendo prevenir e controlar doenças. Pensando nisto a ineficiência da gestão da cadeia de suprimentos pode romper o fluxo dos insumos ocasionando uma indisponibilidade nas salas de vacinação, e assim, limitar o acesso da população ao serviço, e isto, geraria prejuízos enormes como o retorno de doenças anteriormente erradicadas. No Brasil, em função dos aspectos geográficos e de sua densidade demográfica temse um desafio muito grande quanto trata-se de imunização. No caso em questão, o município de Boa Vista RR, está localizado no Estado do extremo norte brasileiro, isto aumenta a distância entre o laboratório produtor até chegar nos pontos de vacinação, o que torna ainda mais complexa as atividades de previsão e coordenação dos fluxos de distribuição dos insumos necessários. Tem-se uma dificuldade quando analisamos a infraestrutura de transporte desde o laboratório produtor até o município de Boa Vista, com rodovias não pavimentadas ou em
2 2 condições de má conservação e com poucos serviços de transporte aéreo, o que encarece o transporte e pode ocasionar uma distribuição ineficiente às salas de vacina. O administrador público tem o papel de fazer escolhas e tomar decisões sobre objetivos e recursos disponíveis para alcançá-los. Dentro de uma organização seja ela pública ou privada a administração detém de tarefas bastante importantes para que a empresa evolua gradativamente. E isto se torna ainda mais relevante quando tratamos de um município com poucos recursos financeiros, logística complicada e recebendo uma demanda de imigrantes diariamente. Este profissional precisa não só lidar com pessoas, mas também estar atento às mudanças que ocorrem no ambiente interno e externo de uma organização, pois o administrador é o responsável pela direção de outras pessoas, ele precisa estar atento aos eventos passados e presentes, bem como as previsões futuras, pois seu horizonte deve ser mais amplo já que ele é o responsável pela direção de outras pessoas que seguem suas ordens e orientações; precisa lidar com eventos internos e externos; precisa ver mais longe que os outros, pois deve estar ligado aos objetivos que a empresa pretende alcançar por meio da atividade conjunta de todos². Podemos citar como uma mudança relevante no município de Boa Vista RR a imigração venezuelana, feita sem nenhum controle sanitário. O que trouxe ao município e aos arredores a contaminação de doenças como sarampo e paralisia infantil (hoje 2018 já consideradas como um surto). Com o acesso economicamente viável a vacinas eficazes no combate a algumas doenças, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou em 1974 o Programa Ampliado de Imunização (PAI), objetivando o controle de enfermidades como sarampo, poliomielite, difteria, tétano, coqueluche e tuberculose. Que na época possuíam altas taxas de mortalidade, em especial em crianças dos países em desenvolvimento. Embora o Brasil seja um país em desenvolvimento tem-se de forma regular a oferta de vacinação nos postos de saúde, o que não tem ocorrido na Venezuela devido à crise política e econômica que este país está passando 2. No Brasil, em 1973, criou-se o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde (MS)¹, desde sua criação pode-se controlar e até erradicar muitas doenças. A experiência do Brasil já pode ajudar inclusive outros países, como por exemplo, o Timor Leste, Palestina e Cisjordânia.
3 3 Vale ressaltar, que a relação de custo-benefício da imunização é algo concreto, além de trazer benefícios sociais para a população. A vacinação gera uma diminuição dos custos no Sistema Único de Saúde com internações e outros gastos hospitalares e, ainda ajuda na diminuição da ausência na escola e no trabalho 3. Devido à falta de controle no país vizinho é visível o aumento dos gastos públicos relacionados a saúde no município de Boa Vista- RR, onde grande parte dos atendimentos tem sido realizados a venezuelanos, que já chegam ao Brasil com contaminação de doenças e baixo nível de imunidade. A vacinação, ao lado das demais ações de vigilância epidemiológica, vem ao longo do tempo perdendo o caráter verticalizado e se incorporando ao conjunto de ações da atenção primária em saúde. As campanhas, as intensificações e as atividades são operacionalizadas por equipes da atenção primária, com apoio dos níveis distrital, regional, estadual e federal, sendo fundamental o fortalecimento da esfera municipal. Embora o município esteja constantemente com ações e campanhas de vacinação (estando inclusive vacinando nas residências nos bairros com maior incidência) percebe-se urgente a realização de um controle sanitário na fronteira ou até mesmo uma ação de parceria no país vizinho. Constituem competências da esfera municipal, entre outras: a coordenação e a execução das ações de vacinação integrantes do PNI, incluindo a vacinação de rotina, as estratégias especiais (como campanhas e vacinações de bloqueio) e a notificação e investigação de eventos adversos e óbitos temporalmente associados à vacinação; a gerência do estoque municipal de vacinas e outros insumos, incluindo o armazenamento e o transporte para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes; o descarte e a destinação final de frascos, seringas e agulhas utilizados, conforme as normas técnicas vigentes 2. A gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a coleta, o processamento, a consolidação e a avaliação da qualidade dos dados provenientes das unidades notificantes, bem como a transferência dos dados em conformidade com os prazos e fluxos estabelecidos nos âmbitos nacional e estadual e a retroalimentação das informações às unidades notificadoras também se incluem nas competências municipais 2. A Prefeitura de Boa Vista disponibiliza em todas as 28 unidades básicas de saúde, de forma gratuita a vacinação. A população precisa apenas apresentar um documento com foto, o cartão do SUS e o cartão de vacina para ser imunizada. São ofertados mais de 15 tipos de vacinas para o combate de doenças como a meningite C, tétano e as hepatites A e B.
4 4 Nas salas de vacina faz-se necessário computador com acesso à internet, para que possa ser utilizado dois sítios eletrônicos, sendo um para o pedido de materiais e o outro de lançamento de vacinas. Tem-se relatos por parte das vacinadoras que com a informatização a vacinação se tornou um processo bem mais demorado devido a todos os lançamentos necessários e devido a precária internet existente no município de Boa Vista-RR. Tem-se hoje a notificação oficial de 279 (duzentos e setenta e nove) casos de Sarampo no Estado de Roraima, tendo registrados dois obtidos em virtude desta doença. A Venezuela enfrenta desde julho de 2017 um surto de sarampo, sendo a maioria dos casos provenientes do estado de Bolívar. A atual situação sociopolítico econômica enfrentada pelo país ocasiona um intenso movimento migratório que contribuiu para a propagação do vírus para outras áreas geográficas 5:1. Até o dia 16/07/18, foram notificados 414 casos suspeitos de sarampo, sendo 245 no município de Boa Vista, 66 em Amajari, 67 em Pacaraima, 13 em Cantá, 09 em Rorainópolis, 06 em Caracaraí, 03 em Alto Alegre, 02 em Iracema, e em Caroebe, São João da Baliza e Uiramutã, um caso notificado em cada município. Além dos 414 casos notificados entre residentes do Brasil, 12 casos suspeitos com atendimento no Brasil, mas residentes da Venezuela, dos municípios de Gran Sabana (09 casos), Ciudad Bolivar (01 caso), Maracaibo (01 caso) e Sinfotes (01 caso), foram registrados 6. Percebe-se com a pesquisa que tão importante como a gestão interna no munícipio é também urgente a ampliação da vacinação àqueles que adentram o Estado de Roraima, uma vez que doenças como o Sarampo estavam erradicadas desde e foram reinseridas após intenso movimento migratório da população venezuelana. Pesquisadores chegaram à conclusão que para prevenção de doenças a população deve estar bem informada quanto aos benefícios da vacinação e os profissionais da saúde devem assumir o papel de divulgar informações verídicas e com respaldo científico sobre o tema, como compromisso ético e profissional junto à sociedade 7. O controle das doenças imunopreveníveis por meio dos programas de imunização constitui uma das medidas mais eficazes para a promoção da saúde das pessoas, fazendo-se necessário um preparo obrigatório dos profissionais das salas de vacinas, o que vem deixando muito a desejar 8. No que tange aos profissionais de saúde que atuam nas sala de vacina faz-se necessário que consigam definir as ações que são de sua responsabilidade nesse contexto, contribuindo para o controle e/ou erradicação de agravos evitáveis por imunizantes com execução correta de toda a política no que diz respeito à conservação dos imunobiológicos,
5 5 correta administração e preparo da vacina, conduta frente aos efeitos adversos, preenchimento correto dos impressos e educação continuada para profissionais. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações: 30 anos. Brasília; Ministério da Saúde. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasília; Who. Department of Immunization, vaccines and biologicals. Effective Vaccine Store Management Initiative Store. Mod 1-4. Geneva; Verani, JFS. Crítica Metodológica sobre avaliação do Programa de Imunização: Contribuições para a construção de um novo modelo. [Tese de Doutorado]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde. Situação dos Casos de Sarampo nos Estados de Roraima e Amazonas: Boletim Informativo [Acesso em 22 set 2018]. Disponível em: 6. Ministério da Saúde. Situação do Sarampo no Brasil 2018: Boletim Informativo. Brasília [Acesso em 22 set 2018]. Disponível em: Sarampo142.pdf. 7. Aps LRMM. Piantola MAF. Pereira AS. Castro JT. Santos FAO. Ferreira LCS. Eventos adversos de vacinas e as consequências da não vacinação: uma análise crítica. Revista Saude Publica. 2018; 52: Marinelli NP. Carvalho KM. Araújo TME. Conhecimento dos profissionais de enfermagem em sala de vacina: análise da produção científica. Revista Univap. São José dos Campos. 2015; 21(38): Autores: Fernanda Gouvêa Luiz Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia pela Universidade Federal de Roraima. Possui especialização em Gestão de RH (2010) e graduação em Administração pela Universidade Federal de Roraima (2007). Professora da Universidade Estadual de Roraima. nanda.ufrr@gmail.com Antônio Augusto de Freitas Peregrino Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor titular da Universidade Veiga de Almeida. Pesquisador da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). antonio.peregrino@gmail.com Como citar este post (Vancouver adaptado): Luiz FG. Peregrino AAF. A gestão dos processos de vacinação pela secretaria municipal de saúde em Boa. [internet]. Rio de Janeiro (br); 2018 [Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: (completar com os dados do site).
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