Recessão econômica se intensifica e quantidade de empregadores diminui
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- Carlos Eduardo Mangueira Marques
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1 Boletim 972/2016 Ano VIII 04/05/2016 Recessão econômica se intensifica e quantidade de empregadores diminui Número de empreendimentos cai no começo do ano: além dos fechamentos causados pela crise, empresários encerram seus negócios e migram para o trabalho autônomo, sem funcionários São Paulo - O número de empregadores diminuiu 8,6% em um ano no Brasil: 351 mil pessoas tiveram que fechar ou reduzir seus empreendimentos, estimulando ainda mais o aumento do desemprego no País. No primeiro trimestre de 2016, a quantidade de empregadores caiu para 3,725 milhões, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diminuição do número de pequenas e médias empresas é uma das causas desse fenômeno, disse Denise Delboni, professora de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). "Os negócios de menor porte são maioria e foram muito afetados pela crise", afirmou. 1
2 A especialista analisa que muitos empreendedores podem ter trocado empresas pequenas, "como um escritório que contrate três ou quatro funcionários", pelo trabalho autônomo. A medida seria uma forma de "escapar" do pagamento de tributos, como encargos sociais para os funcionários da firma. Exemplo disso, é que, neste ano, cresceu o número de empreendedores que trabalha como conta-própria, sem empregados assalariados. Na comparação entre o primeiro trimestre do ano passado e igual período de 2016, houve incremento de 6,5% (1,413 milhão de pessoas) no grupo, que conta, agora, com 23,187 milhões de integrantes. O avanço dos autônomos também é intensificado pelo crescimento do desemprego. "Muita gente perde o trabalho e decide abrir empresas, em grande parte como conta-própria. Acaba sendo a única saída em um mercado ruim", acrescentou Ricardo Balistiero, coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia. Já Delboni afirmou que os atuais deslocamentos no mercado de trabalho têm efeitos negativos para a economia. Algumas das consequências seriam a ampliação do desemprego, a piora da arrecadação pública, o incentivo à criação de "formas alternativas" de contratação, a precarização do trabalho e o recuo dos salários. De acordo com os entrevistados, o movimento deve continuar nos próximos meses: diminuição do número de empregadores e aumento na quantidade de autônomos. "Dependendo do que acontecer no âmbito político, a piora no mercado de trabalho pode perder força no segundo semestre", ponderou Balistiero. Ganhos em queda A trajetória dos rendimentos, por outro lado, é igual para empregadores e autônomos. Na comparação entre os primeiros trimestres de 2015 e 2016, houve queda nos ganhos de 4,4% para o primeiro grupo e de 3,9% para o segundo, segundo a PNAD. O motivo, mais uma vez, é a crise econômica. "Com a recessão e a inflação, nós vamos retomar o nosso nível de renda de dez anos atrás só em E, para que isso aconteça, o Brasil precisa crescer 2% ao ano até lá", apontou Balistiero. O rendimento médio do empregador no Brasil, em 2016, é de R$ Para as pessoas que trabalham como conta-própria, os ganhos mensais ficam em R$ Desemprego em alta A consequência principal da diminuição de empregadores é o recuo do número de empregados. Segundo a PNAD, 90,639 milhões de pessoas tinham trabalho no primeiro 2
3 trimestre, queda de 1,5% (1,384 milhão de brasileiros) ante igual período do ano passado. O recuo no número de ocupados, aliado ao aumento da procura por postos de trabalho, levou a taxa de desemprego, medida pela PNAD, a 10,9% nos primeiros três meses deste ano. Entre janeiro e março de 2015, o índice estava em 7,9%. A quantidade de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada caiu 4,0% na comparação com igual trimestre do ano passado. O recuo para trabalhadores não registrados foi de 3,3%. No setor público, a diminuição no contingente também foi de 3,3%. Por outro lado, foi registrado aumento (+3,4%) no número de trabalhadores domésticos no País. Já a separação for setores da economia mostra quedas na indústria geral (-11,5%, ou 1,5 milhão de pessoas) e na área de informação e comunicação (-6,3%, ou 656 mil pessoas). A alta mais expressiva foi registrada no setor de transporte, armazenagem e correio (+4,3%, ou 184 mil pessoas). Renato Ghelfi Apenas produção de remédio, fumo e celulose cresce no 1º tri, aponta IBGE Exportações e base de comparação fraca puxaram alta nos segmentos, mas a atividade industrial continua registrando queda na comparação anual e não tem sinal de melhora no curto prazo São Paulo - A produção industrial caiu 11,7% no primeiro trimestre sobre um ano antes, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A exceção, no período, ficou por conta da atividade de fabricação de fumo, papel e celulose e medicamentos. De acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, o avanço na categoria de produtos do fumo (+31,3%), que inclui cigarros e fumo processado, é reflexo 3
4 da base de comparação mais fraca e ao incremento nas exportações no período de janeiro a março. "Já a categoria de produtos farmoquímicos e farmacêuticos assinalou a segunda alta consecutiva na comparação anual, mas vem apresentando comportamento predominantemente negativo nos últimos meses. Embora no acumulado do ano a atividade apresente alta também em função da menor base de comparação, a leitura continua negativa ", disse o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo. O levantamento mostrou alta de 0,9% na produção de farmacêuticos no acumulado dos três primeiros meses frente a Macedo explicou que a atividade, assim como toda a indústria de bens de consumo, continua pressionada pela conjuntura negativa da economia doméstica - diminuição da renda das famílias, alta da inflação e da inadimplência. A atividade em celulose, papel e produtos de papel teve expansão de 1,7% no trimestre, mesmo com cenário mais difícil para esse mercado. As principais companhias do setor relataram dificuldades na exportação de celulose para o mercado asiático, um dos principais destinos dos embarques, nos primeiros meses do ano. No entanto, em abril as empresas disseram ter retomado o ritmo de vendas e esperam números melhores nos meses seguintes. As maiores quedas no trimestre, segundo o IBGE, foram registradas em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-34,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-27,8%) e máquinas e equipamentos (-23,7%), mantendo a tendência dos últimos trimestres. "Os números da indústria continuaram ruins nos meses seguintes, tomando como base o que vemos agora. Os indicadores de emprego e confiança, que são mais imediatos, não mostram uma mudança no cenário que possa ter impacto na demanda", observou o economista-chefe da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira. Na comparação com igual mês do ano passado, a produção industrial apresentou recuo de 11,4% em março. Perspectiva Todas as grandes categorias econômicas - bens de capital (-28,9%), bens intermediários (- 10,3%) e bens de consumo (-9,8%) - apresentaram queda no trimestre, destacou o IBGE. "Para confrontos que envolvem 2015, todo o perfil da atividade permanece com recuo no início de 2016, mantendo a característica de queda disseminada. Em magnitude, o 4
5 destaque negativo das grandes categorias continua sendo bens de capital e duráveis", lembrou André Macedo. Para o economista do IBGE, a leva melhora vista na passagem de fevereiro para março em todas as grandes categorias é pontual e não significa uma melhora efetiva na atividade. Na comparação com o mês imediatamente anterior, a produção de bens de capital cresceu 2,2%, acima da média geral da indústria (+1,4%). "O desempenho positivo de março ficou concentrado na indústria de transformação, com alta de 1,7% ante fevereiro. A indústria extrativa, por sua vez, voltou a recuar em março (- 0,9%) e, com isso, acumula contração relevante de 14% nos últimos cinco meses, influenciada, especialmente, pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Mariana (MG). O desempenho positivo disseminado entre os setores da indústria em março, no entanto, foi pouco representativo frente à queda de produção acumulada em todos os segmentos da indústria", detalhou a equipe do economista chefe do banco Safra, Carlos Kawall, em relatório. Na avaliação de Silveira, da Nova Futura Corretora, a melhora nos indicadores na base mensal da PIM é um ponto fora da curva de tendência observada no setor industrial. "Acredito que em algum momento deste ano possamos bater o mínimo [da atividade da indústria], mas é difícil estabelecer o gatilho para isso acontecer e em qual mês esse ponto será atingido", afirmou ele. O economista projeta queda de 0,20% no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2016, refletindo o comportamento da indústria. Já no último trimestre do ano, o PIB pode ter alta de 0,30%, com a indústria atingindo o mínimo entre esse período. Mas Silveira disse não apostar que a interrupção das quedas leve a uma retomada consistente da atividade produtiva no País. "A indústria acumula contração de 9,7% em doze meses até março deste ano. O resultado é o pior desde outubro de O panorama segue muito ruim e tudo indica que o PIB no período registrará quedas semelhantes ao observado no último trimestre de 2015", destacaram os economistas do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves e Julia Araújo, em relatório sobre a PIM. Jéssica Kruckenfellner 5
6 TST: shopping deve oferecer crèche São Paulo - Um shopping paranaense foi obrigado pela Justiça a instalar creche para favorecer os lojistas. O empreendimento teve recurso negado pela Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A decisão atende a uma ação do Ministério Público do Trabalho (MPT), que pedia o cumprimento do artigo 389 da CLT, que prevê esse direito das mães e dos filhos em fase de aleitamento. De acordo com nota do TST, o shopping de Curitiba (PR) foi condenado a oferecer ambiente apropriado, durante o período de amamentação, para a guarda e assistência dos filhos das mulheres que trabalham nas lojas do estabelecimento. Apesar de não empregar diretamente a maioria das beneficiadas, a obrigação da empresa se deve ao fato de ser proprietária de local onde trabalham pelo menos 30 mulheres maiores de 16 anos. Em sua contestação, a empreendedora alegou não ter esse número de funcionárias e se eximiu de qualquer responsabilidade sobre as relações de emprego mantidas pelos lojistas que são locatários dos espaços no shopping. No entanto, o juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (Paraná) julgaram procedente o pedido do Ministério Público. Segundo o TRT, a obrigação cabe a quem explora o estabelecimento, o que afasta a responsabilidade dos lojistas e até do estado. Para o TRT, a multiplicidade de empregadores é irrelevante: o que importa é a quantidade de trabalhadoras. Em caso de descumprimento da decisão, foi fixada multa em favor do Fundo Estadual para a Criança e o Adolescente. A administradora do shopping recorreu ao TST a fim de questionar, entre outros pontos, a competência da Justiça do Trabalho para julgar o caso, alegando que se trata de relação civil de contrato de locação. Contudo, a relatora, ministra Maria de Assis Calsing, negou o recurso. "Providenciar local apropriado para manter os filhos das empregadas que trabalhem no shopping center, durante o período de amamentação, decorre de uma relação de emprego existente, porque, sem ela, por óbvio, não haveria tal necessidade." Da redação (FONTE: DCI dia 04/05/2016) 6
7 (FONTE: Valor Econômico dia 04/05/2016) 7
8 Produção industrial cai 11,7% e tem pior primeiro trimestre desde 2009 Somente em março, a produção subiu 1,4% em relação a fevereiro, mas para o IBGE, a melhora ainda não indica uma reversão da tendência de queda no setor DANIELA AMORIM - O ESTADO DE S.PAULO RIO - A produção industrial acumulou queda de 11,7% no primeiro trimestre do ano, o pior resultado para o período desde 2009, quando recuou 14,2%. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o recuo é de 9,7%. Somente em março, a produção subiu 1,4% em relação a fevereiro, na série com ajuste sazonal, mas caiu 11,4% na comparação com o mesmo mês de Segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, o avanço de 1,4% na produção industrial em março ante fevereiro não muda o cenário nem a tendência de queda no setor. Mesmo com a alta recente, a indústria ainda opera 20,5% abaixo do seu pico de produção, registrado em junho de "Claro que esse resultado é melhor do que mais uma taxa negativa. Mas não reverte a tendência de queda que essa produção industrial vem nos mostrando", afirmou Macedo. A média móvel trimestral permanece em território negativo há 17 meses consecutivos, ressaltou o pesquisador. "Embora tenha reduzido a magnitude de perda (-0,3% em março ante -1,1% no mês anterior), ainda assim indicador de tendência permanece nesse cenário negativo", declarou. Embora a alta na produção em março tenha sido a mais acentuada desde janeiro de 2014 (1,8%), o avanço não elimina as perdas registradas em meses anteriores. Em fevereiro ante janeiro, a indústria teve retração de 2,7%. "O crescimento da indústria na margem não suplanta as perdas passadas, não suplanta nem a perda de fevereiro", apontou Macedo. 8
9 Segmentos. A produção da indústria de bens de capital subiu 2,2% em março ante fevereiro. Na comparação com março de 2015, o indicador mostra queda de 24,5%. No acumulado de 2016, houve queda de 28,9% na produção de bens de capital. Em 12 meses, o resultado é de retração de 28,3%. Segundo André Macedo, o crescimento na produção de bens de capital na comparação mensal ainda não significa uma mudança na intenção de investimentos de empresários. "A categoria cresce sobre uma base de comparação muito deprimida", justificou Macedo. Na passagem de fevereiro para março, houve elevação na produção de bens de capital para o setor agrícola, energia elétrica e máquinas e equipamentos para o setor industrial. Macedo considera que possa ter ocorrido também uma influência da retomada gradual de parques industriais que estavam em regime de férias coletivas. Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou alta de 3,2% na passagem de fevereiro para março. Na comparação com março de 2015, houve recuo de 8,7%. No acumulado do ano, a queda é de 9,8%, enquanto a taxa em 12 meses é de recuo de 10,0%. Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de março foi de alta de 0,9% ante fevereiro, e queda de 3,8% em relação a março de Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve aumento na produção de 1,4% em março ante fevereiro, e recuo de 11,4% na comparação com março do ano passado. Para os bens intermediários, o IBGE informou que o indicador teve ligeira alta de 0,1% em março ante fevereiro. Em relação a março do ano passado, houve redução de 10,9%. No acumulado do ano, houve queda de 10,3%, enquanto a taxa em 12 meses ficou em 7,0%. O índice de Média Móvel Trimestral da indústria geral ficou negativo em 0,3% em março. Revisões. O IBGE revisou o dado da produção industrial do mês de fevereiro ante janeiro, de -2,5% para -2,7%. A produção de bens de capital também foi revista, de 0,3% para 0,5% em fevereiro ante janeiro. Já a fabricação de bens intermediários no período saiu de -2,0% para -1,9%. (FONTE: Estado de SP dia 04/05/2016) 9
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