IrtnIi ESTADO DA PARMBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUARTA CÂMARA CIVEL

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1 t. - IrtnIi P ESTADO DA PARMBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUARTA CÂMARA CIVEL ACÓRDÃO Processo : N /001 Natureza : Apelação Cível Comarca : Capital - Quarta Vara Cível Apelante : Condomínio Residencial Manaim (Advs. João Brito Góis Filho e outros) Apelado : Banco ABN AMRO Real S/A (Adv. Adryana Carla Lima e outros) Relator : Desembargador Antônio de Pádua Lima Montenegro Revisor : Desembargador Luiz Sílvio Ramalho Júni& APELAÇÃO CÍVEL. Indenização por danos morais. Devolução de cheque. Divergência de assinatura e preenchimento. Constrangimento. Inexistência de desconforto ou vexame. Exercício regular de direito. Transtorno tolerável. Dano moral não configurado. Desprovimento do Recurso. Age no exercício regular de direito o Banco que devolve o cheque por divergência de assinatura, não caracter.- zando, desse modo, dano moral passível de indenização. Não é todo desconforto experimentado na vida cotidiana que enseja o reconhecimento de dano extrapatrimonial, inclusive, porque, se assim fosse, inviabilizado estaria o próprio convívio social, pois, qualquer fato que destoasse da vontade de seu agente, em tese, poderia legitimar pretensões indeniza tórias. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS estes autos, ACORDA a Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por votação unânime e em desarmonia com o Parecer da Procuradoria de Justiça, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na conformidade do relatório e voto do Relator, que passam a integrar o julgado. RELATÓRIO Adoto como relatório o constante da sentença de ff. 83/84, acrescentando que a Doutora Juíza de Direito julgou improcedente o pedido formulado na Ação de Indenização por Danos Morais, sob o entendimento de não ser devido dano moral, eis que "nenhuma conseqüência patrimonial ou extrapatrimonial desagradável decorreu da devolução dos cheques". Irresignado, o Promovente interpôs tempestiva Apelação Cível (ff. 86/89), alegando, em síntese, que houve danos morais, uma vez que as devoluções dos cheques causaram desconfiança dos fornecedores e questionamentos por parte dos membros do condomínio. Contra-Razões (ff. 95/100). A Procuradoria de Justiça emitiu parecer (ff. 108/111), opinando pelo provimento do recurso.

2 2 Relatados, foram os autos conclusos ao Revisor que, concordando com o relatório, pediu se designasse dia para julgamento. É o relatório. VOTO Trata-se de Ação de Indenização por Danos Morais, proposta por Condomínio Residencial Manaim, contra o Banco ABNAMRO Real S/A, com o objetivo de ser ressarcido civilmente, em razão de devoluções indevidas de cheques, sob o fundamento de divergências de assinatura e desacordo entre o valor escrito e o valor nominal. Alega que o Banco réu agiu de forma incompetente e negligente ao devolver os cheques, com o intuito de manchar a imagem do condomínio e de sua administração, daí cabendo a reparação por danos morais. O Magistrado julgou improcedente a ação, entendendo que o réu agiu com zelo e coerência ao deixar de compensar os cheques do condomínio, mormente por se tratar de valores expressivos e com dados divergentes. A sentença guerreada não merece reforma. Analisando-se os autos, verifica-se que o Apelante, não obstante dispor de provisão de fundos em sua conta bancária, teve seus cheques devo vidos, o que, iniludivelmente, e em tese, caracteriza ilícito civil, potencialmente indenizável. Contudo, as devoluções se deram por divergências de assinatura e de preenchimento nos campos de valor numérico e por escrito, apurados pelo Banco. Tal ato não deve penalizar a instituição financeira, mesmo porque agiu com observância das normas expressas que autorizam o procedimento. Inexiste por parte do Apelante direito à indenização. O Re- * corrido agiu de forma zelosa e diligente ao não proceder ao pagamento dos cheques porque divergentes as assinaturas e o preenchimento. Agiu, portanto, no exercício regular de direito. A propósito, a jurisprudência: "APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. DE- VOLUÇÃO DE CHEQUE POR DIVERGÊNCIA DE ASSINATURA. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO. ART. 188, I, CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. O réu, ao constatar divergência entre a assinatura inserta na cambial emitida pelo autor, e a assinatura constante no cartão de autógrafos e, por essa razão, devolver o cheque, agiu no exercício regular de seu direito, nos termos do art. 188, I, do CPC" (TJRS, Nona Câmara Cível, AC , Rel. Iris Helena Medeiros Nogueira, j. 30/08/2006). "APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CHEQUE. DEVOLUÇÃO. DIVERGÊNCIA DE ASSINATURA. NÃO EXTERIORIZAÇÃO DO FATO. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO DE ATO ILÍCITO. AGIU O BANCO DE ACORDO COM O ART. 160, I, DO

3 CCB/1916. PRECEDENTE NO TJRS. AÇÃO IMPROCEDENTE. APELAÇÃO IMPROVIDA" (TJRS, Nona Câmara Cível, AC , Rel. Luís Augusto Coelho Braga, j. 02/06/2004). "DANOS MORAIS. ÔNUS DA PROVA. DEVOLU- ÇÃO DE CHEQUE. DIVERGÊNCIA DE ASSINATURAS. OBRIGAÇÃO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA CONFERIR A ASSINATURA DO EMITENTE. EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS EXIGIDOS PELO ART. 159 CCB Age em regular exercício do direito o banco sacado que confere a autenticidade da assinatura do emitente do cheque, sob pena de responder pelo pagamento do cheque falso, falsificado ou alterado, nos termos do parágrafo único do artigo 39 da Lei de Cheques (LC 7.357/1985). Inexistindo provas de efetivo dano ao patrimônio subjetivo da parte, consubstanciado na ofensa à sua imagem, à expectativa de um direito ou de um ato, ao seu nome, não há que se falar em indenização por danos morais, ante a ausência de culpa do agente, ou seja, de ato comissivo ou omissivo, do dano e do nexo causal entre os anteriores" (TJMG, Terceira Câmara Cível, AC /000, Rel. Albergaria Costa, j. 08/10/2003). INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL. Devolução indevida de cheque por divergência de a sinatura. Laudo grafotécnico que confirmou a autenticidade da assinatura aposta no título. Dano moral. I- nocorrência. Mero aborrecimento que não enseja reparação" (TJRJ, Décima Quinta Câmara Cível, AC Rel. Des. Celso Ferreira Filho, j. 19/07/2006). Esse Tribunal de Justiça decidiu, em processo semelhante: 3 "AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. Danos morais. Cheque. Devolução. Conta corrente. Provisão de fundos. Devolução por divergência de assinatura. Recusa legítima. Sentença. Improcedência. Apelo desprovido. Não deve a instituição financeira ser penalizada por ter observado normas vigentes à compensação de cheques de valores expressivos" (Segunda Câmara Cível, AC /001, Rel. Des. Antônio Elias de Queiroga, j. 13/5/2003). Com estas considerações, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. É o meu voto. Presidi o julgamento, dele também participando, além de mim Relator, o Desembargador Luiz Sílvio Ramalho Júnior e o Doutor Carlos Antônio Sarmento, Juiz Convocado para substituir o Desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos. Presente, a Doutora Maria Salete de Araújo Melo Porto, Promotora de Justiça Convocada.

4 4 Sala de Sessões da Quarta Câmara Cível, reunida no "Auditório Ministro Alcides Vieira Carneiro", no Palácio da Justiça, em João Pessoa, 31 de outubro de 2006 (data do julgamento). or ANTÔNI PÁ ir A IM ONTENEGRO G. Desemb. gachr - Rei tor

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