NOTA TÉCNICA UCCI Nº. 04/2017

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1 NOTA TÉCNICA UCCI Nº. 04/2017 Data: 06 de Outubro de EMENTA: Orientação sobre os reflexos da instituição do Turno Único para o funcionamento do expediente das repartições públicas municipais, nos termos do Decreto nº /2017, sob a égide do Tribunal de Contas do Estado TCE/RS. Considerações quanto a Jornada de Trabalho, Carga Horária Diária e seu cumprimento, e horário extraordinário e seus reflexos na carga horária dos servidores públicos municipais. A presente Nota Técnica tem por escopo esclarecer e orientar o setor de Recursos Humanos e aos gestores do Poder Executivo e Legislativo, quanto aos procedimentos administrativos a serem adotados no tocante às questões relacionadas a Jornada de Trabalho, Carga Horária Diária e Horas Extras, no curso do Turno Único para o funcionamento do expediente das repartições públicas municipais. Assim, a competência desta Unidade Central de Controle Interno em emitir a presente Nota Técnica está contida no art. 12, I, II, V e VI do Decreto Municipal nº /2014 de 16 de outubro de Como substrato fático e conceitual da presente Nota Técnica, foi usada as Informações Técnicas e Boletins Técnicos emitidas pela DPM Delegações de Prefeituras Municipais empresa de Consultoria Técnica e Jurídica prestadora de serviços ao Poder Executivo Municipal e, jurisprudências do Tribunal de Contas do Estado TCE/RS e Tribunal de Justiças - TJRS. 1. A matéria envolve, exclusivamente, servidores municipais dos dois poderes, submetidos ao expediente de trabalho denominado de Turno Único contínuo de 06 (seis) horas diárias no serviço público municipal, instituído através do Decreto nº /2017, válido durante o período de 1º de setembro a 31 de dezembro de 2017, no horário das 7h00min. às 13h00min., de segunda a sexta-feira, restando excepcionada as atividades essenciais, tais como: abastecimento de água, serviço de vigilância, Normativo de reestruturação: Lei nº /2014 e Decreto nº /2014 1

2 atendimento à saúde pública e serviço de transporte escolar, ensino público da rede municipal, que permanecerão com suas atividades em seus horários normais. 2. A princípio, a adoção do expediente denominado de Turno Único é contumaz no serviço público municipal, há mais de 20 (anos). Nestes termos, esta Unidade de Controle vem reiterada orientando que a definição do horário e fim do atendimento à população, ou seja, o horário de funcionamento das repartições públicas, poderia decorrer de ato administrativo (Decreto, no caso do Poder Executivo, e Resolução de Mesa, no caso do Poder Legislativo). 3. Segundo entendimento exarado pela Corte de Contas, o ato administrativo (Decreto ou Resolução) se insere entre aquelas ações de organização e funcionamento indicados pelo art. 84, VI, a, da Constituição Federal, pois a medida não implica, em regra, em aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos. Também encontra fundamento na possibilidade de dispor sobre sua própria organização e funcionamento que é assegurada à Câmara dos Deputados (art. 51, IV, da CR), ao Senado Federal (art. 52, XIII, da CR) e aos Tribunais do Poder Judiciário (art. 96, I, a, da CR), em homenagem ao Princípio da Separação dos Poderes. 4. Nesta seara, o que o Tribunal de Contas vem reafirmando (Parecer nº. 103/93), é a vedação a extensão do Turno Único a todos os serviços e categorias funcionais, notadamente os essenciais como na área da saúde. Assim, tem-se que atendidas às finalidades do serviço público, o qual deve ser prestado sempre de maneira otimizada, com eficiência, presteza e de forma adequada, tem lugar o Poder Discricionário do Administrador de modo que lhe é permitido alterar o horário de funcionamento das repartições, desde que que tal ato não implicasse na redução direta da carga horária dos servidores, já que a carga horária está prevista em Lei Municipal. Assim, para alterar a carga horária dos servidores, somente através de Lei Municipal específica. 5. De regra, o que justifica a implantação de Turno Único é a redução de despesas, requisito que atende tanto ao Princípio da Moralidade como da Economicidade. Do contrário, poderia restar ausente o interesse público da medida. Ainda, como o Turno Único tem por objetivo o interesse público, a redução de carga horária dele decorrente afetará somente a parcela dos servidores que possuem 40 Normativo de reestruturação: Lei nº /2014 e Decreto nº /2014 2

3 (quarenta) horas semanais de trabalho, não havendo que se cogitar a aplicação de uma proporcionalidade àqueles que possuem carga horária menor, como 20 (vinte) ou 30 (trinta) horas semanais, pois desta forma estar-se-ia prestigiando o interesse individual dos servidores em detrimento do público. Assim, com a dispensa dos servidores do cumprimento parcial e temporário da carga horária dos cargos de 40 (quarenta) horas semanais, o Administrador deve ser cauteloso quando da convocação desses servidores para eventual prática de horário extraordinário (Horas Extras), o que pode ser visto pelo TCE/RS como despesa adicional desnecessária ao ente público 1 : No que diz respeito ao prejuízo decorrente do pagamento de horas extras na vigência de turno único, conforme apontado no item , verifico que a realização de serviço extraordinário, com remuneração de horas extras a partir da sexta hora acabou gerando uma despesa adicional desnecessária ao ente público. (...) Além disso, para a instituição do turno único, com redução da jornada de trabalho, imprescindível que o Administrador fizesse a devida análise e o planejamento prévio a fim de verificar se tal redução observaria os princípios da eficácia e da economicidade, medida que não vendo observada pelo Executivo Municipal de Fortaleza dos Valos, uma vez que essa falha já fora objeto de apontamento de decisão pela imposição de glosa nos exercícios de 2010 (processo nº /10-8) e 2011 (processo nº /11-7), já com trânsito em julgado. Assim, além do descumprimento da carga horária fixada legalmente para os cargos públicos, o Município efetuou o pagamento de horas extras a partir da 6ª hora trabalhada, em inobservância ao interesse público e ao princípio da economicidade. Diante do exposto, mantenho o débito. 6. Em face do exposto, é de concluir que a instituição do turno único não afasta, automaticamente, a possibilidade de convocação de servidores para realização de serviço extraordinário, uma vez atendidos os requisitos legais. Porém, eventuais horas extras realizadas além da oitava hora diária e/ou da carga horária semanal 1 RECURSO DE EMBARGOS nº /15-0. Exercício Data: 30/03/2016. Publicação: 24/05/2016. Órgão julgador: TRIBUNAL PLENO. Relator Conselheiro ALEXANDRE MARIOTTI. Gabinete ALGIR LORENZON. Origem EXECUTIVO MUNICIPAL DE FORTALEZA DOS VALOS. Normativo de reestruturação: Lei nº /2014 e Decreto nº /2014 3

4 prevista em lei para o cargo. Tal disposição está expressa no art. 2º do Decreto nº /2017, que instituiu o Turno Único em comento, a saber: (...) Art. 2º. Na vigência do Turno Único fica vedado o pagamento de horas extras, exceto aquelas que ultrapassarem a carga horária da jornada diária (oito horas) de trabalho de cada servidor conforme determina a legislação ou em situações de urgência ou emergência com a autorização e justificativa da autoridade competente. 7. Além disso, ALERTAMOS os gestores dos dois poderes, que a reiterada convocação de servidores para serviço extraordinário pode ser vista pelos órgãos de controle externo como incompatível com a própria natureza do instituto, bem como pode demonstrar que a sistemática de atendimento reduzido à população prejudica a demanda e a alegada economia que sustenta a medida, conduzindo à possibilidade de restar configurada ofensa ao interesse público. Portanto, no curso do expediente em Turno Único, o pagamento de horas extras é a exceção das exceções. 8. Diante do exposto, esta Unidade Central de Controle Interno conclui pela seguinte uniformização de procedimentos aos gestores públicos do poder Executivo e Legislativo: a) O funcionamento do expediente nas repartições públicas municipais em turno único válido durante o período de 1º de setembro a 31 de dezembro de 2017, no horário das 7h00min. às 13h00min., de segunda a sexta-feira, resta excepcionada as atividades essenciais, tais como: abastecimento de água, serviço de vigilância, atendimento à saúde pública e serviço de transporte escolar, ensino público da rede municipal, que permanecerão com suas atividades em seus horários normais. b) Segundo entendimento Tribunal de Contas, é vedada a extensão do Turno Único a todos os serviços e categorias funcionais, notadamente os essenciais como na área da saúde. Assim, tem-se que o serviço público deve ser prestado sempre de maneira otimizada, com eficiência, presteza e de forma adequada. c) A adoção do expediente em Turno Único não implica na redução direta da carga horária dos servidores durante a sua validade, já que a carga horária está prevista em Lei Municipal e somente por Lei específica poderá ser alterada. Normativo de reestruturação: Lei nº /2014 e Decreto nº /2014 4

5 d) O Turno Único tem por objetivo o interesse público, e o que justifica a sua implantação é a redução de despesas, requisito que atende tanto ao Princípio da Moralidade como da Economicidade. e) O Administrador deve ser cauteloso quando da convocação de servidores para eventual prática de horário extraordinário (Horas Extras), o que pode ser visto pelo TCE/RS como despesa adicional desnecessária ao ente público, podendo gerar imposição de multa ou glosa de valores pagos a este título. f) não se deve cogitar a hipótese de aplicação de uma proporcionalidade àqueles que possuem carga horária menor a 40 (quarenta) horas semanais, como 20 (vinte) ou 30 (trinta) horas semanais, pois desta forma estar-se-ia prestigiando o interesse individual dos servidores em detrimento do público Limitado ao exposto, é o que se tem a esclarecer e orientar acerca do tema. À consideração da autoridade superior e demais interessados. Sala da Unidade Central de Controle Interno, em 06 de outubro de Marlon Valmir Voltz Coordenador da UCCI. GABINETE DO SENHOR PREFEITO MUNICIPAL 1. Aprovo a Nota Técnica UCCI nº. 03/2016 por seus próprios fundamentos. 2. Após manifestação da Assessoria Jurídica, providencie-se a divulgação e publicação. Jaime Dionir Zweigle Prefeito Municipal. Normativo de reestruturação: Lei nº /2014 e Decreto nº /2014 5

6 SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO 1. Ciente e de acordo. Gelso Augusto Pinheiro Secretário de Administração. 1. Ciente. ÓRGÃO DE RECURSOS HUMANOS Eneiva K. Rodrigues Responsável do RH. ÓRGÃO DE ASSESSORIA JURÍDICA 1. Ciente e de acordo. 2. Ratifico os esclarecimentos e orientações contidas na presente Nota Técnica UCCI nº. 04/2017, pelos seus próprios fundamentos jurídicos. Luana Rocha Porto Cavalheiro OAB/RS: Normativo de reestruturação: Lei nº /2014 e Decreto nº /2014 6