SISTEMA ÓSSEO OU ESQUELÉTICO
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- Diego Cabreira Rocha
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1 SISTEMA ÓSSEO OU ESQUELÉTICO TERMINOLOGIA ÓSSEA ESQUELETO AXIAL ESQUELETO APENDICULAR Texto de apoio para a Unidade Curricular de Anatomia e Fisiologia Animais I. (Para uso exclusivo dos alunos) J.M. Martins CTA
2 Índice: SISTEMA ÓSSEO OU ESQUELÉTICO 1 1. TERMINOLOGIA ÓSSEA 2 2. ACIDENTES ÓSSEOS CAVIDADES OU DEPRESSÕES ÓSSEAS RELEVOS, PROJEÇÕES OU SALIÊNCIAS ÓSSEAS 6 3. ESQUELETO AXIAL PRINCIPAIS OSSOS DA CABEÇA Ossos craniais Ossos faciais OSSOS DA COLUNA VERTEBRAL OSSOS DA CAIXA TORÁCICA ESQUELETO APENDICULAR PRINCIPAIS OSSOS DA CINTURA E MEMBROS TORÁCICOS PRINCIPAIS OSSOS DA CINTURA E MEMBROS PÉLVICOS BIBLIOGRAFIA 37 CTA
3 SISTEMA ÓSSEO OU ESQUELÉTICO Os ossos são órgãos vivos, irrigados por vasos sanguíneos e vasos linfáticos e apresentando uma rede nervosa. Os ossos são constituídos por: 1/3 de matéria orgânica matriz orgânica ou osteóide - constituída por fibras de colagénio e células ósseas ou osteócitos; 2/3 de substância intercelular mineralizada contendo cerca de 85% de fosfato tricálcico, 10% de carbonato de cálcio e 2% de fosfato de magnésio. A porção orgânica do osso é responsável pela sua resistência e elasticidade e a porção mineralizada é responsável pela dureza e rigidez. Principais funções dos ossos e esqueleto: O esqueleto dá forma ao corpo animal Servem de suporte para músculos e outros tecidos (conjuntivo, adiposo e outros) Servem de proteção a determinados órgãos vitais Servem de depósito de minerais (principalmente cálcio e fósforo), que podem assim ser mobilizados ou armazenados pelo organismo Formação de células sanguíneas (função da medula óssea) Intervêm como auxiliares da locomoção. Para efeitos de sistematização do seu estudo, o esqueleto dos animais de interesse zootécnico foi dividido artificialmente em duas porções: o esqueleto axial e o esqueleto apendicular. CTA 1
4 1. TERMINOLOGIA ÓSSEA 1.1. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS QUANTO À SUA POSIÇÃO OSSOS ÍMPARES - Ossos situados sobre o plano mediano, sendo divididos em duas partes simétricas por este; OSSOS PARES - Ossos que se dispõem simetricamente à direita e à esquerda do plano mediano CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS OSSOS OSSOS LONGOS ou compridos - Ossos onde prevalece uma das dimensões sobre as outras duas. Atuam como alavancas e têm papel importante no movimento do corpo; Úmero, rádio, ulna, metacarpo, fémur,... OSSOS ALONGADOS - Ossos em que prevalece uma das dimensões sobre as outras duas, mas que se distingue dos anteriores por não apresentarem cavidade medular; Costelas, fíbula, clavícula dos primatas,... OSSOS PLANOS ou chatos - Ossos em que prevalecem duas das dimensões sobre a outra. Ossos planos e finos, com funções de proteção de órgãos vitais; Ossos do coxal, alguns ossos do crânio, escápula,... OSSOS CURTOS - Ossos onde não se identifica o predomínio de qualquer dimensão: comprimento, largura e espessura são idênticos. Têm como principal função a absorção de choques violentos; Estérnebras, ossos do carpo e do tarso,... OSSOS IRREGULARES - Ossos de forma irregular, exibindo diversas funções. Situados geralmente no plano médio; Vértebras e alguns ossos craniais,... OSSOS SESAMÓIDES - Forma semelhante à semente de sésamo. Patela (antiga rótula), ossos sesamóides da face palmar,... CTA 2
5 Figura 1. Principais estruturas anatómicas de um osso longo ou comprido típico. CTA 3
6 2. ACIDENTES ÓSSEOS 2.1. CAVIDADES OU DEPRESSÕES ÓSSEAS As cavidades ósseas são divididas em articulares, não articulares e numa classe particular, incluindo os forâmenes e canais. CAVIDADES ARTICULARES A maior parte destas cavidades está coberta por cartilagem, podendo assim participar na constituição de articulações móveis. Algumas destas cavidades podem formar-se através da soldadura de vários ossos vizinhos Exemplos mais importantes de tipos de cavidades articulares: Cavidade glenóide Concavidade esferóide, pouco profunda; Cavidade glenóide da escápula, Cavidade cotilóide Concavidade esferóide, mais profunda; Cavidade cotilóide do coxal (acetábulo), Cavidade troclear Depressão limitada por protuberâncias ósseas, formando uma espécie de vale; Cavidade troclear da epífise distal do úmero, Cavidade condilóide Concavidade de forma elipsoidal ou ovóide, pouco profunda; Cavidade condilóide da epífise distal do metacarpo, Cavidade sigmóide ou incisura troclear. CTA 4
7 Cavidades de receção Cavidades de inserção CAVIDADES NÃO ARTICULARES Cavidades geralmente desprovidas de cartilagem. Estas cavidades servem de inserção a músculos e permitem a passagem de tendões, vasos sanguíneos e nervos. Este tipo de cavidades encontra-se dividido em duas classes: as cavidades de inserção e as cavidades de receção. Fossa Grande depressão não articular que aloja massas musculares, massas essas que aí se ligam à base óssea, total ou parcialmente; Fossas situadas no atlas, fossas supra e infraespinhosas Fosseta Depressão não articular mais pequena que a anterior. Fosseta da epífise proximal do fémur, onde passa um ligamento Goteira Depressão não articular em forma de semi-canal; Sulco Depressão não articular não muito profunda, geralmente associada à passagem de nervos e vasos sanguíneos. FORÂMENS E CANAIS ÓSSEOS Atravessam as peças ósseas de um lado ao outro, dando geralmente passagem a vasos sanguíneos e nervos. Forâmen Atravessa geralmente uma peça óssea fina; Forâmen vertebral, Canal Canais mais ou menos apertados que têm como função importante proteger determinados órgãos ou estruturas. Resultam da ligação de 2 ou mais forâmenes. Canal vertebral, CTA 5
8 2.2. RELEVOS, PROJEÇÕES OU SALIÊNCIAS ÓSSEAS Os relevos ósseos são divididos em articulares e não articulares. RELEVOS ARTICULARES Relevos pelos quais determinados ossos entram em contacto uns com os outros. Em certos casos estes relevos soldam-se, formando as denominadas suturas ósseas. No entanto, os relevos mais importantes e a maior parte deles permanecem móveis. Os relevos articulares são revestidos por cartilagem, denominada cartilagem articular. Exemplos mais importantes de tipos de relevos articulares: Cabeça Eminência articular de forma mais ou menos esferóide; Cabeça do úmero, cabeça do fémur, Côndilo Eminência articular mais ou menos cilíndrica ou ovoide; Côndilos da epífise distal do úmero, Tróclea; Faceta. RELEVOS NÃO ARTICULARES Relevos geralmente desprovidos de revestimento cartilagíneo. Servem geralmente de ponto de ligação para tendões e/ou massas musculares. Processo ou apófise Relevo relativamente volumoso, distinguindo-se bem do resto da massa óssea; Apófises espinais e transversas das vértebras, Tuberosidade ou protuberância Projeções ósseas menos volumosas que a anterior, mas mais largas; Tuberosidade da espinha da escápula, Tubérculo Projeções menos volumosas que as tuberosidades; Tubérculos maior e menor da epífise proximal do úmero, Espinha Saliência óssea mais ou menos afilada e alongada. Espinha da escápula e espinha da epífise proximal da tíbia CTA 6
9 3. ESQUELETO AXIAL O esqueleto axial inclui os ossos da cabeça, da coluna vertebral e da caixa torácica PRINCIPAIS OSSOS DA CABEÇA Os ossos da cabeça são a parte do esqueleto responsável pela proteção do encéfalo, pela sustentação dos órgãos sensoriais (visão, audição, gosto e olfacto) e pela abertura das vias por onde se iniciam os aparelhos digestivo e respiratório. Constituição da cabeça (óssea) a) Crânio Parte óssea que rodeia o encéfalo e os principais órgãos auditivos; b) Face Restante estrutura óssea, responsável pelas principais diferenças morfológicas apresentadas pelos crânios das diferentes espécies animais Ossos craniais Na sua maioria são ossos chatos, constituídos por um núcleo de osso esponjoso rodeado por superfícies internas e externas de osso compacto. Os ossos craniais mais evidentes são: OCCIPITAL PARIETAIS FRONTAIS Núcleos dos cornos TEMPORAIS Esfenóide Etmóide Paredes posterior e dorsal do crânio Paredes lateral e ventral do crânio Parede anterior do crânio CTA 7
10 Ossos faciais Estes ossos distribuem-se por três grandes regiões: os ossos da região orbital, os da região nasal e os da região bucal. Os ossos faciais mais evidentes são: Porções dos FRONTAIS Porções dos LACRIMAIS Porções dos ZIGOMÁTICOS ou malares NASAIS MAXILARES INCISIVOS ou pré-maxilares Palatinos MAXILARES INCISIVOS ou pré-maxilares Palatinos MANDÍBULA Ossos que formam a órbita Ossos que rodeiam dorsal, lateral e ventralmente as vias aéreas da região nasal (*) Ossos que constituem a região bucal (*) A cavidade nasal encontra-se em comunicação com várias cavidades nos ossos frontais, maxilares, nasais, esfenóide e palatinos, conhecidas como seios. CTA 8
11 Figura 2. Visão frontal dos ossos da cabeça de bovinos e equinos (Adaptado de Barone, 1985) CTA 9
12 Figura 3. Visão lateral dos ossos da cabeça de bovinos e equinos (Adaptado de Barone, 1985) CTA 10
13 Figura 4. Visão lateral dos ossos da cabeça de ovinos e suínos (Adaptado de Barone, 1985) CTA 11
14 3.2. OSSOS DA COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral é formada por um conjunto de ossos irregulares e ímpares chamados vértebras. Uma vértebra tipo apresenta várias estruturas importantes, representadas na Figura 5. Cada espécie animal tem uma fórmula vertebral típica. Isto quer dizer que cada espécie apresenta um número específico de vértebras cervicais (C), torácicas ou dorsais (T), lombares (L), sacras ou sagradas (S) e coccígeas ou caudais (Co). Homem: C7; T12; L5; S5; Co4 Equino: C7; T18; L6; S5; Co17-21 Bovino: C7; T13; L6; S5; Co18-21 Caprino: C7; T13; L6; S4-5; Co11-14 Ovino: C7; T13; L6-7; S4; Co16-22 Suíno: C7; T14-15; L6-7; S4; Co20-23 Frango: C14; T7; LS14; Co6 CTA 12
15 Processo ou apófise espinhosa Arco vertebral Vista caudal Arco vertebral Processo ou apófise espinhosa Processo ou apófise articular Processo ou apófise articular caudal Processo ou apófise transversa Forâmen vertebral Corpo da vértebra (com fossa vertebral) Processo ou apófise transversa Processo ou apófise articular cranial Processo ou apófise transversa Processo ou apófise espinhosa Forâmen vertebral Forâmen vertebral Corpo da vértebra Canal vertebral Vista lateral Processo ou apófise articular caudal Corpo da vértebra Figura 5. Principais estruturas de uma vértebra tipo (Adaptado de Wynsberghe et al., 1995). CTA 13
16 VÉRTEBRAS CERVICAIS Vértebras que apresentam processos ou apófises articulares bem desenvolvidas e processos ou apófises espinhosas e transversas pouco desenvolvidas, o que permite os movimentos amplos, típicos da região cervical (Figura 6). Figura 6. Vértebra cervical de equino (Adaptado de Barone, 1985) As duas primeiras cervicais são o Atlas e o Áxis, apresentando características particulares. Atlas: primeira vértebra cervical, com a apófise espinhosa atrofiada. Apresenta 2 cavidades articulares que lhe permitem a articulação com o occipital Áxis: segunda vértebra cervical, com uma apófise espinhosa volumosa, mas pouco proeminente. Apresenta uma estrutura óssea denominada dente do áxis ou processo odontóide, a qual lhe permite efetuar movimentos de rotação com o conjunto cabeça/atlas. CTA 14
17 VÉRTEBRAS TORÁCICAS Distinguem-se dos outros tipos de vértebras por apresentarem processos ou apófises espinhosas bem desenvolvidas (Figura 7). Estas vértebras articulam-se também com as costelas, através de superfícies articulares denominadas facetas articulares. Facetas articulares Zonas articulares existentes nos corpos de vértebras torácicas adjacentes, onde se dá a articulação com a cabeça da costela Facetas costais transversas Zonas de articulação entre a vértebra torácica e o tubérculo da costela correspondente. Figura 7. Vértebra torácica de equino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 15
18 VÉRTEBRAS LOMBARES Vértebras que apresentam processos ou apófises transversas planas e bem desenvolvidas, projetadas lateralmente (Figura 8). Os processos ou apófises transversas vão aumentando de tamanho até à LIII ou LIV, diminuindo depois até à última lombar. Os processos ou apófises espinhosas são semelhantes em dimensão às das últimas vértebras torácicas. Figura 8. Vértebra lombar de equino (Adaptado de Barone, 1985) Última vértebra lombar O seu corpo e as suas apófises articulares articulam-se com o sacro. CTA 16
19 VÉRTEBRAS SACRAS OU SAGRADAS Vértebras fundidas num osso único, o sacro (Sacrum), que se articula com a última vértebra lombar e a primeira coccígea, além de se articular lateralmente com a asa do ílion. À medida que se caminha para a última vértebra sagrada, os processos ou apófises vão diminuindo de tamanho (Figura 9), assim como o arco vertebral e consequentemente o forâmen vertebral. Figura 9. Vértebras sacras de equino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 17
20 VÉRTEBRAS COCCÍGEAS OU CAUDAIS Formam a estrutura óssea da cauda. O seu número varia de espécie para espécie e até dentro da mesma espécie. O tamanho destas vértebras decresce rapidamente (Figura 10), sendo as últimas diminutas peças ósseas cilíndricas, sem forâmen vertebral. Figura 10. Exemplos de vértebras coccígeas de equino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 18
21 3.3. OSSOS DA CAIXA TORÁCICA A caixa torácica é formada por um conjunto de ossos pares, alongados denominados costelas, e outro de ossos ímpares, curtos (as estérnebras) reunidos no esterno. As costelas, delimitando lateralmente a cavidade torácica, têm uma parte dorsal óssea (costela óssea) e uma parte ventral cartilagínea (Figura 11). Cada costela óssea é constituída por: - Uma extremidade dorsal ou vertebral, onde se localizam uma cabeça articular e uma tuberosidade; - Um corpo, formado pela parte média da costela, com uma face externa (convexa) e outra interna (côncava), bem como dois bordos, um cranial (côncavo) e outro caudal (convexo); e - Uma extremidade ventral, a qual vai articular com a cartilagem costal. Figura 11. Oitava costela e cartilagem costal direita de um equino CTA 19
22 Apesar de todas as costelas se articularem dorsalmente com a coluna vertebral, na sua porção ventral elas podem: - ligar-se diretamente ao esterno via cartilagem costal (costelas esternais ou verdadeiras); - ligar-se indiretamente ao esterno através de uma ponte de tecido cartilagíneo (costelas asternais ou falsas); e - não se ligarem ao esterno, apresentando a sua porção ventral livre (costelas flutuantes). Estas são pouco comuns nos animais domésticos de interesse zootécnico. Costela flutuante Cartilagem costal Esterno Figura 12. Visão lateral direita da caixa torácica de um bovino O esterno (Figura 13) é subdividido em três estruturas: - Ponta ou manúbrio, a extremidade cranial do esterno; - Corpo, a porção média, e - Apêndice xifóide, a extremidade caudal do esterno, que é um prolongamento cartilagíneo. Figura 13. Visão ventral do esterno. CTA 20
23 4. ESQUELETO APENDICULAR O esqueleto apendicular inclui os ossos que formam as cinturas torácica e pélvica, bem como os que formam os membros torácico ou anterior e pélvico ou posterior PRINCIPAIS OSSOS DA CINTURA E MEMBROS TORÁCICOS A cintura torácica é constituída pelas escápulas (ou omoplatas) ossos planos que quanto à posição são classificados como pares. Cada escápula apresenta um relevo não articular disposto longitudinalmente na sua face lateral, a espinha escapular. Esta estrutura limita duas depressões: a fossa supraespinhosa e a fossa infraespinhosa (Figuras 14 e 15). A face medial da escápula é constituída pela fossa subescapular (ver Figura 15). Figura 14. Escápula esquerda de equino (visão lateral) (Adaptado de Barone, 1985) CTA 21
24 Figura 15. Escápula esquerda de bovino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 22
25 O osso mais dorsal do membro torácico ou anterior é o úmero. Proximalmente, o úmero articula-se com a escápula. O úmero é um osso comprido e par. Este osso apresenta na sua extremidade proximal uma cabeça articular e dois relevos não articulares, o tubérculo maior e o tubérculo menor (Figura 16). Distalmente, o úmero articula-se com o rádio e a ulna (ou cúbito). O rádio e a ulna apresentam-se soldados em várias espécies animais (suínos, coelhos, equinos, bovinos) (Figuras 17 e 18). O rádio é um osso comprido e par. Nos animais domésticos de interesse zootécnico, está mais desenvolvido que a ulna. A exceção são os suínos, que apresentam uma ulna bastante desenvolvida (ver Figura 18). A ulna apresenta uma protuberância na sua extremidade proximal chamada de olecrânio. Figura 16. Úmero do membro esquerdo de equino (Adaptado de Barone, 1985) Figura 17. Rádio e ulna dos membros esquerdos de bovino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 23
26 Figura 18. Rádio e ulna dos membros esquerdos de várias espécies de interesse zootécnico (Adaptado de Barone, 1985) CTA 24
27 Através da sua epífise distal, o rádio articula-se com os ossos da fileira proximal do carpo. A região do carpo é constituída por duas fileiras (proximal e distal) de ossos curtos e pares. Os ossos da fileira proximal designam-se por pisiforme, piramidal, semilunar e escafoide (latero-medialmente). Os da fileira distal são o unciforme, o capitato, o trapezoide e o trapézio, havendo em algumas espécies fusão de alguns deles ou ausência de outros (trapézio nos equinos). Os ossos do carpo articulam-se entre si e a extremidade proximal dos ossos da fileira proximal articula-se com o rádio, ao passo que a extremidade distal dos ossos da fileira distal se articula com os ossos do metacarpo (Figuras 19 e 20). O metacarpo apresenta um número variável de ossos, de acordo com a espécie animal: os bovinos e ovinos têm 2 ossos metacarpianos fundidos, os equinos têm 3 metacarpianos (dos quais o central é o mais desenvolvido) e os suínos 4 (os 2 centrais são os mais desenvolvidos) (Figuras 19 e 20). São ossos compridos e pares. Através da sua epífise distal, o(s) osso(s) do metacarpo articula(m)- se com as falanges proximais. Estas articulam-se com as falanges médias e estas com as distais. Consoante a espécie em estudo, assim varia o número de dedos: um (solípedes) dois (ruminantes) e quatro (suínos). Figura 19. Região carpo-metacárpica do membro esquerdo de bovinos (topo) e equinos (Adaptado de Barone, 1985) CTA 25
28 Figura 20. Região carpo-metacárpica do membro esquerdo de suíno (Adaptado de Barone, 1985) Entre o metacarpo e a falange proximal, na face palmar, existem os grandes sesamóides, ossos vestigiais pares (ver Figuras 19 e 20). Entre a falange média e a distal, também na face palmar, existem outros ossos sesamóides, os pequenos sesamóides (ver Figuras 19 e 20). CTA 26
29 Figura 21. Cintura torácica e membro anterior esquerdo de equino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 27
30 4.2. PRINCIPAIS OSSOS DA CINTURA E MEMBROS PÉLVICOS A cintura pélvica é constituída pelos coxais (ou osso do quadril) ossos planos que quanto à posição são classificados como pares (Figura 22). Figura 22. Visão dorsal da cintura pélvica de um equino (Adaptado de Barone, 1985) Cada coxal é constituído por três peças ósseas: o ílio, o ísquio e o púbis. Com o avançar da idade dos animais, estas peças ósseas fundem-se (Figuras 22 e 23). O coxal esquerdo e o direito unem-se através da sínfise pélvica ou púbica (Figura 22) ao longo de toda a extensão do bordo mediano dos ossos ísquio e púbis. CTA 28
31 O ílio é o maior osso do coxal, dispõe-se mais dorsalmente e articula-se com as vértebras sagradas ou sacro e com os restantes ossos do coxal. Apresenta lateralmente uma saliência óssea não articular, a tuberosidade coxal ou ilíaca. Medialmente apresenta também a tuberosidade sacral. A zona óssea que une estas duas tuberosidades chama-se asa do ílio. Na sua porção mais caudal, o ílio articula-se com os restantes ossos do coxal, formando uma cavidade articular esférica, o acetábulo (Figura 23). Figura 23. Visão lateral de um coxal esquerdo de bovino (Adaptado de Barone, 1985) O ísquio tem uma disposição caudal, sendo o segundo osso mais volumoso do coxal. Apresenta caudo-lateralmente uma saliência óssea não articular, a tuberosidade isquiática. O púbis dispõe-se ventralmente e é o osso menos volumoso do coxal. CTA 29
32 O osso mais dorsal do membro pélvico ou posterior é o fémur. Proximalmente, o fémur articula-se com o coxal, através do acetábulo. O fémur é um osso comprido e par. Este osso apresenta na sua epífise proximal uma cabeça articular que se articula com o acetábulo. Apresenta também uma saliência não articular disposta lateralmente, o trocânter (Figura 24). Distalmente, o fémur apresenta acidentes ósseos articulares que lhe permitem articular-se com a tíbia e a patela (ou rótula). A tíbia é um osso comprido e par. Nos animais domésticos de interesse zootécnico, é um osso volumoso, que na sua epífise proximal se articula com a epífise distal do fémur e com a patela. Apresenta na porção proximal do bordo cranial um relevo ósseo longitudinal, não articular, chamado crista tibial ou crista da tíbia. Por fim, na sua epífise distal, a tíbia articula-se com a região társica, através do astrágalo. A fíbula (ou perónio) é um osso comprido e par. Localiza-se lateralmente em relação à tíbia e articula-se a esta na sua epífise proximal. Esta peça óssea é bem desenvolvida em alguns animais (p.ex. suínos) e não noutros (p.ex. equinos e ruminantes) podendo não acompanhar a tíbia até à sua epífise distal (Figuras 25 e 26). Figura 24. Fémur do membro esquerdo de bovino (Adaptado de Barone, 1985) Figura 25. Tíbia e fíbula do membro esquerdo de equino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 30
33 Figura 26. Tíbia e fíbula dos membros esquerdos de várias espécies de interesse zootécnico(adaptado de Barone, 1985) CTA 31
34 A região do tarso é constituída por duas fileiras (proximal e distal) de ossos curtos e pares. Os dois ossos da fileira proximal mais volumosos designam-se por astrágalo (talus) e calcâneo. O astrágalo articula-se com a tíbia e com o calcâneo. Na fileira distal encontram-se o osso central (ou navicular ou escafoide) e os ossos tarsais I a IV. Em algumas espécies alguns deles estão soldados entre si. Os ossos do tarso articulam-se entre si e a extremidade distal dos ossos da fileira distal articula-se com os ossos do metatarso (Figuras 27 e 28). O metatarso apresenta um número variável de ossos, de acordo com a espécie animal: os bovinos e ovinos têm 2 ossos metatarsianos fundidos, os equinos têm 3 metatarsianos (dos quais o central é o mais desenvolvido) e os suínos 4 (os 2 centrais são os mais desenvolvidos) (Figuras 27 e 28). São ossos compridos e pares. Através da sua epífise distal, o(s) osso(s) do metatarso articula(m)-se com as falanges proximais. Estas articulam-se com as falanges médias, as quais se articulam com as distais. Tal como acontece na mão, consoante a espécie em estudo assim varia o número de dedos: um (solípedes) dois (ruminantes) e quatro (suínos). Figura 27. Região tarso-metatársica do membro esquerdo de bovinos (topo) e equinos (Adaptado de Barone, 1985) CTA 32
35 Figura 28. Região tarso-metatársica do membro esquerdo de suíno (Adaptado de Barone, 1985) CTA 33
36 Figura 29. Cintura pélvica e membro posterior esquerdo de equino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 34
37 Figura 30. Esqueleto de um equino (Adaptado de Barone, 1985) CTA 35
38 Figura 31. Esqueleto de um suíno (Adaptado de Barone, 1985) CTA 36
39 4. BIBLIOGRAFIA Barone, R. (1985). Anatomie comparée des mammifères domestiques. Tome 1: Ostéologie. Vigot Frères Editeurs (3éme edition), Paris. Frandson, R.D.; T.L. Spurgeon (1995). Anatomia y Fisiologia de los Animales Domesticos. 4. Sistema esquelético. Interamericana, McGraw-Hill (quinta edición), Mexico, Wynsberghe, D.; C.R. Noback; R. Carola (1995). Human Anatomy and Physiology. McGraw-Hill, Inc. (3rd edition), New York. CTA 37
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