Benefícios do Laser de Baixa Potência no processo de cicatrização de queimaduras de segundo grau
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- Maria de Begonha de Abreu de Andrade
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1 1 Benefícios do Laser de Baixa Potência no processo de cicatrização de queimaduras de segundo grau Resumo Carlos Rogério Sampaio de Souza 1 linhosam@hotmail.com Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Fisioterapia em Dermato Funcional Faculdade Cambury As queimaduras de segundo grau são importantes causadoras do processo de limitação do paciente para suas atividades diária, pois se não tratadas adequadamente principalmente nas fases proliferativas, podem gerar cicatrizes hipertróficas e/ou aderida. O. Pensando nisso que este estudo foi desenvolvido, com o objetivo de identificar, conforme as propriedades fisiológicas do laser, como esse recurso terapêutico auxiliaria no processo de cicatrização de queimaduras de segundo grau. Além disso, iremos: descrever a fisiopatologia da queimadura, bem como seus diversos níveis e graus de comprometimento; Apontar as propriedades fisiológicas do laser na cicatrização; e Concluir se este seria um recurso terapêutico adequado no tratamento de queimaduras de grau elevado. A metodologia utilizada foi exclusivamente bibliográfica, através de livros e publicações científicas sobre o tema. Concluiu-se que o Laser de Baixa Potência pode ser um aliado importante no tratamento de queimaduras de segundo grau devido a sua ação anti-inflamatória e na ação na remodelagem cicatricial, prevenindo assim cicatrizes hipertróficas e aderidas limitantes. Palavras-Chave: Queimaduras; Cicatrização; Laser de Baixa Potência 1. Introdução Uma das maiores dificuldades encontradas pelos pacientes portadores de queimaduras de grande porte, mas especificamente, aquelas de grau elevado, é a cicatrização, pois uma lesão de grande profundidade e com perda considerável de tecido pode causar um processo cicatricial lento e com um resultado final não muito satisfatório para o indivíduo. Diante disso, e sabendo da existência de inúmeras técnicas fisioterapeuticas que se pode aplicar nessa situação, levantamos o seguinte questionamento: Qual a contribuição que o laser poderia dar para a melhoria desse processo? Nessa situação objetivamos Identificar, conforme as propriedades fisiológicas do laser, como esse recurso terapêutico auxiliaria no processo de cicatrização de queimaduras de segundo grau. Além disso, iremos: descrever a fisiopatologia da queimadura, bem como seus diversos níveis e graus de comprometimento; Apontar as propriedades fisiológicas do laser na cicatrização; e Concluir se este seria um recurso terapêutico adequado no tratamento de queimaduras de grau elevado. 1 Pós-graduando em Fisioterapia em Dermato Funcional 2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em metodologia do Ensino Superior, Mestrada em Bioética e Direito em saúde
2 2 A queimadura é um trauma de origem térmica capaz de ocasionar variadas lesões e dependendo do grau pode levar o indivíduo a óbito (Civili e finotti 2012). Gathas (2010) et al. afirma que além da temperatura, as queimaduras, podem também acontecer por causas químicas, físicas, radioativas ou elétricas. E conforme Albuquerque et. al. (2010) vem se tornando um problema de saúde pública, não só quando à gravidade de suas lesões e aos grandes números de complicações, mas também quanto às sequelas relevantes que marcam o Paciente queimado. Referente à epidemiologia de queimados, Ghatas (2010) et. al. revela ser muito dispersas em diversos países pela quantidade de causa em que ela pode ocorrer. Entretanto os públicos mais atingidos são: um número maior entre crianças de 1 a 5 anos, a maioria por acidentes domésticos, escaldamento é o mais comum; entre os adultos o grupo mais afetado é na faixa etária entre 20 e 39 anos, na maioria homens e decorrente a acidentes de trabalho; nas mulheres, a maior parte dos casos acontece dentro de casa mesmo; no que tange a queimaduras elétricas, os dados não são muito expressivos, entretanto suas sequelas são mais graves e geralmente são tidas como acidentes de trabalho. Para se identificar a gravidade de uma queimadura deve-se levar em consideração dois fatores importantes: a profundidade e a extensão da lesão. Quanto a profundidade a queimadura se subdivide em três graus. O primeiro é mais superficial e atinge a epiderme e pode ser ocasionada por lesão solar. Quando a queimadura ultrapassa a epiderme e atinge parte da derme, já se pode considerar uma queimadura grau dois e acontece geralmente quando a pele é submetida a líquidos quentes. Ao atingir tecidos subcutâneos, dentre eles músculos, e até osso, esse lesão é a mais grave de todas e considerada o grau máximo de uma queimadura ou nível três. O tratamento de um paciente queimado é complexo e exige uma equipe multidisciplinar e dentre eles o fisioterapeuta exerce um papel importante na sua recuperação. Para isso esse profissional lança mão de uma série de técnicas utilizadas para melhoria de sua qualidade de vida tanto no ambiente hospitalar como ambulatorial. Dentre os diversos recursos fisioterapeuticos a serem considerados Andrade & Cunha (2010) destacam: a cinesioterapia, a massoterapia, a dessensibilização e a eletroterapia, como relevantes na evolução positiva do quadro do paciente. A eletroterapia inclui vários aparelhos nos quais alguns podem ser utilizados em fases distintas da evolução de um queimado, portanto é importante destacar que o foco pricipal deste trabalho será a utilização do laser durante o processo de cicatrização, e neste contexto, Andrade e cunha revelam que o laser (AsGa), se mostra eficaz para a cura de feridas, podendo, portanto ser utilizado para a regeneração tecidual das feridas causadas pelas queimaduras. Para dizermos que o laser tem eficácia no tratamento de um queimado precisamos ter em mente qual sua função no tecido lesionado e, de acordo com Henriques (2010), o uso do tratamento do laser está baseado na sua ação anti-inflamatória e no processo de cicatrização. 2. Anatomia da Pele A pele por ser o maior órgão do corpo humano possui inúmeras funções que podem ser atingidas quando um indivíduo é acometido por uma queimadura de grandes proporções ou
3 3 profundidades. De acordo com Blanes (2004) a pele é um dos mais importantes órgãos de proteção contra traumas físicos e perda de eletólitos, sendo que a queimadura um trauma que está bastante relacionada com a pele, a perda eletrolítica também é comprometida, pois está diretamente proporcional ao grau de acometimento desse sistema podendo intervir na homeostase e causar a morte. Outras funções importantes da pele descritas em Moraes et al (2012) diz respeito a sua capacidade de percepções táteis, dolorosas e térmicas, além de proteção contra patógenos, tais como agentes bacterianos. Guirro & Girro (2002) relatam sobre sua capacidade de regeneração, sendo este um fator importante para esta pesquisa, haja vista que ao utilizar os métodos fisioterapêuticos adequados, estes servirão como facilitadores no processo de cicatrização e regeneração dérmica. Sendo a pele o maior órgão do corpo humano Blanes (2004) revela que esta pode ter uma variação de tamanho importante desde que o indivíduo nasce até se tornar um homem adulto. Esta variação pode chegar de cm 2 no nascimento e chegar de a na idade adulta, além disso, pode pesar de 2 a 4 kg, o que constitui cerca de 16% do peso corporal. O sistema tegumentar divide-se em duas camadas: a epiderme (camada mais superficial) e a derme (camada mais profunda). A hipoderme é uma camada que fica abaixo da derme e não faz mais parte da pele, apenas lhe serve de suporte (JUNQUEIRA E CARNEIRO 1995). Guirro e Guirro (2002) além de relatarem as divisões da pele, revelam também que cada subdivisão possui também subdivisões. A epiderme se divide em: Camada basal ou germinativa, camada espinhosa ou Malpigui, camada granulosa, camada lúcida e camada córnea. A derme encontra-se dividida em: camada papilar e camada reticular. I. Camada basal ou germinativa: é a camada mais interna e profunda da epiderme, faz sua separação da derme e por possuir uma imensa capacidade mitótica é a principal responsável por sua regerneração. II. Camada espinhosa ou de Malpigui: é a responsável pela manutenção das células da epiderme lhes conferindo resistência ao atrito, formada por células um pouco mais achatadas, os queratinócitos, e está acima da camada basal. III. Camada granulosa: suas células têm aspecto de polígonos, também são ligeiramente achatadas e sua principal função pode estar relacionada a queratinização da pele, pois em seu citoplasma são encontrados grânulos de querato hialina. Também está relacionada com a produção de ácido hialurônico. IV. Camada lúcida: é uma camada extremamente achatada e com células intimamente interligadas o que faz com que suas organelas e seu núcleo desapareçam. Essa camada, assim como a granulosa tem a função de queratinização do epitélio logo que entra em contato com a camada córnea. Não é de fácil vizualização. V. Camada córnea: camada mais superficial, com células achatadas, mortas e sem núcleos. Seu citoplasma é cheio de queratina o que a responsabiliza contra agressões físicas e químicas da pele. A diferenciação dérmica é feita em derme papilar e derme reticular. A papilar e mais superficial está em contato direto com a epiderme, ou com a camada basal da mesma. O que é importante salientar da derme em si, é que nela estão localizados os anexos da pele, vasos sanguineos, vasos linfáticos, nervos e diferentes tipos de células como: melanócitos, fibroblastos, macrófagos, leucócitos dentre outros. Além de servir como suporte para a
4 4 epiderme e para os anexos da pele, a derme quando auxiliada pelas fibras colágenas, conferem força de tensão ao tecido cutâneo e quando auxiliada pelas fibras elásticas se encarregam pela flexibilidade do mesmo (ARNOLD 1994). 3. Queimaduras A queimadura é uma lesão tecidual, multifatorial é que pode causar lesões irreversíveis no local afetado. As principais causas de queimaduras são por alterações excessivas de temperaturas (calor ou frio), eletricidade, radioatividade ou por produtos químicos corrosivos que podem desnaturar as proteínas das células da pele, como afirma Andrade (2011). Como já foi descrito, a lesão cutânea pode ocasionar a perda importante do mecanismo de homeostase do indivíduo, uma vez que a termorregulação, o controle de saída de eletrólitos e componentes vasculares podem ser acometidos. De acordo com Civile e Finotti (2012) dependendo do grau de comprometimento do paciente queimado, a grande preocupação é que as complicações como hiperemia restrita a área queimada, alterações celulares e imunológicas decorrente do insulto, envolvimento das vias respiratórias e traumas associados podem levar o indivíduo a óbito. A Pesquisa de Albuquerque et al(2010) aponta que as queimaduras podem acontecer em um público variado, entretanto a classe masculina é a mais acometida atingindo 60% da população pesquisada. O autor ainda revela que esta não é uma condição prioritária dos países em desenvolvimento, tendo em vista que pesquisas realizadas no EUA, cerca de 1,25 milhões de pessoas sofrem queimaduras todos os anos. A causa mais comum de queimadura é a de efeito térmico e dentre os muitos fatores desencadeante desse tipo de queimadura podemos destacar as causadas por álcool, pois atingem cerca de 20% de todas relacionadas a altas temperaturas. Poder-se-ia incluir também qualquer queimadura ocasionada por chamas de fogo, contatos com água fervente ou outros líquidos quentes e contatos com objetos aquecidos como fatores comuns de queimaduras. As menos freqüentes são as ocasionadas por correntes elétricas ou fatores químicos, sendo a primeira considerada muito grave e geralmente letal (JUNIOR et al 2010). As queimaduras são classificadas de acordo com sua extensão e profundidade e segundo oliveira et al (2009) divide-se em: primeiro grau, a pele fica hiperemiada, dolorosa, edemaciada, mas não ocorre presença de bolhas; segundo grau, quando causam lesões mais profundas na pele levando ao aparecimento de bolhas, com base vermelhas ou brancas, contendo líquido claro, especo e dolorosa ao tato, e; terceiro grau, quando a lesão é mais profunda, atingindo tecidos subcutâneos, é um tipo de queimadura indolor, pois as terminações nervosas dolorosa geralmente são atingidas. Quanto aos graus de queimadura, Pereira et al (2010) acrescenta que nas de primeiro grau não se apresenta alterações hemodinâmica, tampouco é acompanhada de alterações clínicas significantes, por isso não é incluída nos cálculos de reposição hídrica, sua melhora se dá entre cinco e sete dias e é causada geralmente por exposição aos raios solares. Para o autor, as lesões de segundo grau, que é o enfoque deste trabalho, se divide em duas fases, a superficial que também são chamadas de queimaduras superficiais, entretanto atinge toda a epiderme e uma camada superficial da derme conservando uma razoável quantidade de folículo piloso e glândulas sudoríparas, clinicamente caracterizam-se pela formação de
5 5 bolhas, eritema e dor acentuada e quando essas bolhas são rompidas deixam expostas uma superfície rosa e úmida, geralmente causadas por contato com líquidos quentes. As queimaduras de segundo grau de espessura profunda envolvem a destruição de quase toda a derme e tem um comportamento parecido com as de terceiro grau, apresentando coloração mais pálida e menos dolorosa, acarretando maior repercussão sistêmica, embora, se não tiver nenhuma intercorrência, possam evoluir para a reparação em três semanas, por conta da reparação por tecido desorganizado, esta pode apresentar ulcerações recorrentes com forte tendência a cicatrização hipertrófica e contraturas. As lesões de terceiro grau acometem totalmente as camadas da pele e normalmente as estruturas subjacentes como tecidos subcutâneos, músculos e ossos; apresentam aspectos esbranquiçados ou marmóreos, com redução significativa da elasticidade tecidual tornando-a rígida. É a mais grave das queimaduras e é causada, geralmente, por traumas de origem elétrica (figura 1). Fonte: Moraes et al (2012) Figura 1: Graus de Queimadura Para diagnosticar um paciente como um grande queimado é preciso fazer um cálculo específico das áreas atingidas pela queimadura e de acordo com LEÃO et al (2011) o tórax anterior equivale a 60,2% da superfície corporal, os membros superiores 53,8% e a cabeça 51% (figura 2). Fonte: LEÃO et al (2011) Figura 2: Frequência de acometimentos nas regiões do corpo dos grandes queimados
6 6 Logo que o paciente é admitido numa unidade hospitalar, é necessária a realização de um cálculo rápido e imediato da área acometida para que sejam realizados os procedimentos imediatos. Para que isso seja feito criou-se um consenso que Pereira (2012) destaca como a regra dos nove, técnica desenvolvida por Polask e Tennison em Tal técnica divide o corpo em múltiplos de 9 onde a cabeça e os membros superiores valem 9% cada um, o tórax e os membros inferiores equivalem a 18%, e o períneo 1%. Nas crianças esse cálculo é diferenciado, uma vez que sua área corporal é menor (Figura 3). Fonte: Pereira (2011) Figura 3: Regra dos nove para determinação imediata da extensão da queimadura em adultos e crianças
7 7 Antes de falarmos diretamente do laser é importante destacarmos a reparação tecidual, pois é aí que nosso agente terapêutico vai atuar como facilitador desse processo, atuando diretamente nos agentes e até prevenindo complicações de cicatrizes para até melhorar sua qualidade de vida pós-trauma. Sobre esse aspecto Salles (2002) destaca o constante crescimento sobre a compreensão desse processo, pois é no controle da reparação tecidual que evitaremos os fatores complicadores futuros. A respeito disso o autor ainda destaca as três fases do processo de cicatrização tecidual: a inflamatória ou inicial, a proliferativa ou fibroblástica, e a maturação ou remodelação. Estas fases são separadas apenas didaticamente, ocorrendo a superposição e transição gradual de uma fase pra outra. A fase inflamatória é a reparação da ferida para cicatrização, ela inicia-se imediatamente após a lesão e pode durar por cerca de sete dias. Nessa fase há uma agregação de plaquetas e de fibrina formando um coágulo sobre o trauma. Junto nesse processo há uma migração de células inflamatórias (células de defesas) para o local onde há formação de edemas. A fibrina forma uma rede onde as células podem subir e infiltrar na área que está cicatrizando. Os neutrófilos, linfócitos e magrófagos migram sobre a rede de fibrina com objetivo de remoção dos tecidos revitalizados. (PEREIRA, 2010; SALLES, 2002). A fibroplasia é caracterizada pela formação do tecido de granulação e pela contração tecidual, nesta fase ocorre a proliferação de fibroblastos que produzem o colágeno extracelular. Existe um tipo de colágeno em especial que é abundante no tecido de granulação, o colágeno tipo V, ele apresenta relação proporcional a vascularização e as células endoteliais, entretanto é encontrado com abundância nas cicatrizes hipertróficas (PEREIRA, 2010; SALLES 2002). A fase de maturação é a fase de força tênsil da cicatriz, é nela em que a contração tecidual realmente acontece e por consequência disso as contraturas cicatricias estão diretamente relacionadas a esse momento da reparação (PEREIRA, 2010; SALLES 2002). 4. Laserterapia Por definição Andrade (2010) diz que, Laser é uma amplificação da luz por emissão estimulada da radiação. Embora Albert Einstein tenha sido o primeiro a desenvolver essa teoria, ela só foi aplicada pela primeira vez em 1960, quando foi produzido o primeiro emissor de laser. Por ser uma luz, o laser possui um comprimento de onda que pode ser refletido, absorvido ou transmitido e pode sofrer ou não espalhamento, no entanto é um tipo de luz com algumas características especiais: Unidirecionalidade (única direção), coerência (mesmo sentido, direção e amplitude) e monocromaticidade (uma cor). A luz pode ser explicada como um pacote de fótons em uma trajetória ondulatória (SILVA, 2009). O laser de baixa potência de acordo com Sousa (2006) atua pode atuar na mitocôndria, os visíveis e na membrana celular, infravermelho e é aí que sua atuação anti-inflamatória acontece, pois desencadeia uma série de reações metabólicas e funcionais(figura 4). Por isso Silva (2009) enfatizou que para haver a ação anti-inflamatória com o laser de baixa potência dependerá do comprimento de ondas, dosimetria e intensidade da luz irradiada.
8 8 Fonte: Damante 2007 Figura 4: Níveis de alcance do laser vermelho e infravermelho Os Laser de Baixa Potência tem comprimentos de ondas que variam de 632,5 a 904nm (nanômetros), e que estes estão intimamente relacionado a região que se quer alcançar no tecido. Quanto menor seu comprimento, mais superficial, e no caso do de 632,5 nm, a região a ser trabalhada é a epiderme, é chamado de Laser vermelho. Já o de 904nm, por ter um comprimento maior, obviamente é mais profundo, atingindo níveis dérmicos, justamente a região que este trabalho visa trabalhar, este é o laser infravermelho (PIVA, 2010). Laser com comprimentos de ondas superiores a 904 nm, ou o de alta potência, são de uso exclusivo médico, por isso não serão abordados aqui. A potência é o valor dado pelo fabricante em watt (w). A densidade de potência é a potência de saída de luz por unidade de área medida em watt por centímetro quadrado (w/cm 2 ). A densidade de energia, também chamada de dose, é a grandeza que avalia a possibilidade de estímulo ou inibição dos efeitos do laser. É a quantidade de energia por unidade de área transferida ao tecido, geralmente é medida em Joules por centímetros quadrados (J/cm 2 ), sendo este o parâmetro mais importante que avalia a possibilidade de estímulo, inibição ou não manifestação dos efeitos terapêuticos (DAMANTE, 2007). Para alcançarmos o efeito terapêutico desejado, é importante termos em mente a dosimetria em Joules por centímetros quadrados (J/cm 2 ) devemos usar, por exemplo, se quisermos bioestimular, ou seja, aumentar a atividade metabólica do tecido, geralmente nas cicatrizes crônicas ou hipotrófica, a quantidade de J/cm² é de no máximo 2 Joules. Quando o objetivo é a bioinibição, ou seja, retardar o processo inflamatório em atividade intensa, a quantidade aplicada é de 18 J/cm². Agora, se quisermos biomodular o processo de cicatrização, ou seja, evitar que este evolua para uma cicatriz desorganizada, a dose apalicada é de 4 Joules (PIVA, 2010). Diante disto, podemos entender que dependendo da fase em que se encontra o paciente queimado, a dose de laser tem que ser modificada para não agravar seu quadro.
9 9 A aplicação do laser pode ser feita por varredura ou pontual. A varredura nesse caso não é indicada, pois como o paciente estará com a pele sensível e/ ou com feridas abertas, não se pode encostar o espectro do laser e arrastar, pois dessa forma aumentará ainda mais a lesão e o desconforto do paciente. A aplicação pontual é descrita por Cury (2010) como: Nas áreas fora da ferida aberta se pode encostar o laser e fazer a aplicação do laser no Joule préprogramado e a cada dois centímetros, faz-se nova aplicação em todo o contorno da ferida. A aplicação pode também ser feita dentro do tecido lesado sempre de fora pra dentro, pois esse é o sentido da cicatrização, e da mesma forma como é feita a aplicação externa, dentro do ferimento também é feito, ou seja, deixar sempre um espaço de dois centrímetros para cada aplicação, lembrando que da borda da lesão para fora, a distância deve ser de apenas um centímetro e da borda para dentro também deve seguir essa regra (Figura 5). Fonte: Cury 2010 Figura 5: Forma pontual de aplicação do laser 5. Discussão A queimadura é um trauma tecidual ocasionado de uma origem térmica, elétrica ou química e sua principal preocupação, além de manter a vida do paciente, são as seqüelas que esta pode acarretar. Ainda hoje se discute muito as terapias que podem evoluir com um paciente para um quadro positivo no seu processo de cicatrização tecidual, por isso este artigo vem mostrar que o Laser de Baixa Potencia pode ser um aliado importante nesse processo, objetivando evitar complicações futuras. Damante (2007) revelou em sua pesquisa que diversos autores seguem um padrão na utilização do laser em animais e que essas pesquisas embasam sua aplicação em seres humanos, e que essas pesquisas revelaram melhoras significativas na aceleração da cicatrização de feridas utilizando o Laser de Baixa Potência.
10 10 A mesma conclusão chegou Piva (2010) quando realizou pesquisas tanto bibliográficas como in vitro. Nesta é afirmado que o Laser de Baixa Potência exerce efeitos anti-inflamatórios nos processos iniciais da cicatrização. Redução de mediadores químicos, de citocinas, do edema, diminuição da migração de células inflamatórias e incremento de fatores de crescimento, contribuindo diretamente para o processo de reabilitação tecidual. O Trabalho de Souza (2007) foi realizado em pacientes odontológico, visando trabalhar o processo de cicatrização gengival utilizando o laser, embora não esteja diretamente relacionado com o assunto, tal pesquisa é de suma importância na compreensão dos efeitos fisiológicos ocasionados pelo Laser de Baixa potencia, haja vista que o autor obteve resultados significativos em sua pesquisa, o que mostra mais uma vez a eficácia do laser na reparação tecidual. A grande questão levantada pela maioria dos autores diz respeito a padronização das técnicas e a quantidade de trabalhos realizados com laser, pois alguns que fizeram seus trabalhos bibliográficos associados a estudos de casos, sentiram dificuldade na interpretação de resultados. 6. Metodologia A metodologia utiliza foi puramente bibliográfica, utilizando livros, artigos científicos e outras publicações referentes ao assunto explanado. Foi realizada uma comparação direta entre publicações de diversos autores as quais serviram de embasamento para a conclusão desta pesquisa. A pesquisa foi realizada entre os meses de Setembro de 2013 e Fevereiro de 2014, sendo a referência bibliográfica mais antiga datada do ano de 1994, escrita por Arnod e. al., e a mais recente datada em 2012, escrita por Civili & Fonotti e Moraes & Mejia. 7. Conclusão É sabido que a pele, sendo o maior órgão do corpo humano, é detentora de inúmeras funções importante para o homem, e que estas funções quando são comprometidas de alguma forma, nesse caso por queimaduras, a homeostase também pode ser atingida e dependendo do grau de acometimento, a morte pode ser inevitável. É sabido também que em casos de queimaduras, principalmente aquelas a partir das de segundo grau, o processo cicatricial se não for modulado de forma correta poderá, além de ser demorado, o que implica um maior sofrimento para o paciente, também pode deixar seqüelas motoras importantes que implicarão diretamente nas atividades de vida diária desse indivíduo. Para isso este artigo mostrou a técnica de Laser de Baixa Potência como interventor nessa fase de cicatrização, mostrando-se altamente eficaz, tanto na aceleração do processo cicatricial, por ser um anti-inflamatório potente, como no processo de reorganização do colágeno, significando uma cicatriz mais organizada e menos probabilidade de se tornar uma hipertrófica Diante do exposto, concluímos que, sim, o Laser de Baixa Potencia, especificamente o infravermelho de 904 nanometro, é um método muito importante no auxílio de pacientes queimados grau 2, pois, como esse tipo de queimadura não precisa de enxertia, a técnica irá
11 11 atuar diretamente no processo cicatricial, auxiliando assim a um paciente com qualidade de vida melhor e uma futura reinserção social com menos limitações. Embora algumas pesquisas com a utilização do laser no processo inflamatório tenha sido eficaz, ainda assim acreditamos que para sua aplicação em queimados tenha que haver mais e mais pesquisas sobre o tema, uma vez que as referências bibliográficas direcionados a esse assunto ainda são muito pobres o que dificulta a clareza dos resultados nesses pacientes. Como este estudo objetivou mostrar dentro de referências bibliográficas a real eficácia do Laser de Baixa Potência nas lesões de queimadura, esbarrou na falta de conteúdo direcionado para sua realização. Entretanto, como o conhecimento dos princípios fisiológicos do laser, e a fisiopatologia das queimaduras entende-se que a utilização dessa técnica é inegavelmente benéfica para o paciente, uma vez que a ação inibitória irá retardar o processo inflamatório intenso e inicial da ferida e sua ação modulatória permitirá uma melhor cicatrização desta, o que acarretará na melhor funcionalidade deste indivíduo. 8. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, Monique L. L. et. al. Análise dos pacientes queimados com seuqelas motoras em um hospital de referência na cidade de Fortaleza- CE. Fortaleza, Rev Bras Queimaduras. 2010;9(3): ANDRADE, Alexsandra G. et. al. Efeitos do laser terapêutico no processo de cicatrização das queimaduras: uma revisão bibliográfica. Olinda, Rev Bras Queimaduras. 2010;9(1): ANDRADE, Cristiane C. O. & CUNHA, Soraya L. F. Abordagem fisioterapêuticada pele no indivíduo queimado. Manaus, Faculdade Ávila, ARNOLD Jr HL, ODOM RB, JAMES WD. A pele: estrutura básica e função. Doenças básicas da pele de Andrews: Dermatologia clínica; 1994 BLANES, L. Tratamento de feridas. Baptista-Silva JCC, editor. Cirurgia vascular: guia ilustrado. São Paulo: Disponível em: URL: CIVILI, Vinícius t. & FINOTTI, Camila S. Abordagem fisioterapêutica precoce em pacientes críticos queimados. São Paulo, Ver Bras Queimaduras. 2012; 11(2): CURY, Vívian. Laser vermelho e infravermelho em diferentes fluências na viabilidade do retalho cutâneo randômico em ratos. São Carlos, Universidade Federal de São Carlos e Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, DAMANTE, Carla A. Efeito da terapia com laser em baixa intensidade (LILT) na expressão de fatores de crescimento da família FGF por fibroblastos gengivais humanos. São Paulo, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, GATHAS, A. Z. Atendimento do Enfermeiro ao paciente queimado. Macapá, Centro Universitário Amapaense, GUIRRO, Elaine & GUIRRO, Rinaldo. Fisioterapia Dermato-Funcional, 3ed, São Paulo, Manole, HENRIQUES, Àguida Cristina G. et. al. Ação da laserterapia no porcesso de proliferação e diferenciação celular: Revisão da literatura. Natal, Rev. Col. Bras. Cir. 2010; 37(4): JUNIOR, Gilson F. P. et. al. Avaliação da qualidade de vida de indivíduos queimados pós alta hospitalar. Maceió, Rev Bras Queimaduras. 2010;9(4): JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
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