Matéria: Geografia Assunto: O Equilíbrio de forças no oriente médio Prof. Luciano Teixeira
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- Judite Peixoto da Costa
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1 Matéria: Geografia Assunto: O Equilíbrio de forças no oriente médio Prof. Luciano Teixeira
2 Geografia O equilíbrio de forças no Oriente Médio As revoltas da Primavera Árabe, iniciadas em janeiro de 2011, trazem novos componentes ao panorama político e ao equilíbrio de forças na região. A instabilidade que a região enfrenta atualmente tem como principal fator a criação do Estado de Israel, em 1948, e a expulsão do povo palestino de seu território. Cerca de 4,8 milhões de palestinos estão refugiados, segundo a ONU. A forma como as nações da região se relacionam com Israel e o impasse na Palestina dividem o Oriente Médio em dois grupos: o daqueles que apoiam o Estado de Israel ou mantêm com ele acordos de interesses e o daqueles que se recusam a aceitar Israel ou mantêm disputas importantes com o país. PRÓ-ISRAEL E EUA No primeiro grupo estão Arábia Saudita e Jordânia, países árabes, com governos absolutistas e que são aliados dos EUA. Alinham-se a esse grupo o Fatah, corrente política da atual direção da Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia ocupada, e a coalizão 14 de Março, do atual governo do Líbano. Israel mantém relações pacíficas e acordos com essa facção. O Egito (república africana, mas geopoliticamente ligada ao Oriente Médio) também representa papel central nessa aliança. No entanto, a queda do regime ditatorial de Hosni Mubarak em 2011 e a ascensão de Mohamed Morsi da Irmandade Muçulmana, eleito em junho de 2012, podem alterar esse alinhamento. Israel teme que Morsi, abertamente favorável à causa palestina, quebre o acordo de paz de Camp David. Assinado pelos dois países em 1979, o tratado é um dos pilares para a contenção de conflitos na região. ALIADOS DO IRÃ Na outra ponta está o Irã, que conta com o apoio da Síria, país árabe e de Estado laico, e dos grupos Hezbollah (no Líbano) e Hamas (corrente que administra Gaza). Esses grupos recebem ajuda financeira do governo iraniano e se unem no discurso anti-israel. É um fator importante no quadro político da região a ascensão do Irã como república islâmica, constituída em uma revolução popular em A diretriz iraniana de difundir seu islamismo revolucionário e anticapitalista e sua negação pública à criação e à existência de Israel levam a uma contínua ofensiva ocidental. Atualmente, o Irã é pressionado a interromper seu programa de enriquecimento de urânio. As potências ocidentais temem que o país possa construir bombas atômicas capazes de ameaçar Israel. CONFLITOS NA SÍRIA Com os levantes populares da Primavera Árabe, novos fatos podem mudar as relações de força no Oriente Médio. Os conflitos na Síria vêm causando intensa mobilização dos principais atores da região. O país, que sofre sanções econômicas dos Estados Unidos sob a acusação de apoiar e armar o grupo Hezbollah no Líbano e ambiciona recuperar as Colinas de Golã, ocupadas ilegalmente por Israel, sofre forte pressão internacional devido à violenta repressão do governo de Bashar al-assad aos levantes populares. Desde o início da crise, o governo do Irã é um dos poucos países a apoiar veementemente o regime de Al-Assad, buscando manter a sustentação da aliança anti-israel. Por sua vez, países como Arábia Saudita e Catar são acusados de fornecer armas aos insurgentes sírios. Outro ator importante no Oriente Médio é a Turquia. Democracia parceira dos EUA na Otan, a aliança militar ocidental, ela amplia laços comerciais na região e, gradualmente, afasta-se de Israel. Os turcos também se envolvem na crise síria, oferecendo proteção aos rebeldes. A tensão se amplia em outubro de 2012, quando o Exército turco revida um ataque supostamente cometido pelas tropas de Al-Assad. 2
3 Geografia Prof. Luciano Teixeira Toda essa agitação no Oriente Médio é acompanhada com atenção pelas potências ocidentais, que temem perder influência e tentam defender seus interesses políticos e econômicos na conturbada região. Primavera Árabe Os protestos no mundo árabe em , também conhecidos como a Primavera Árabe, são uma onda revolucionária de manifestações e protestos que vêm ocorrendo no Oriente Médio e no Norte da África desde 18 de dezembro de2010. Até a data, tem havido revoluções na Tunísia e no Egito, uma guerra civil na Líbia; grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Síria, Omã eiémen e protestos menores no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental. Os protestos têm compartilhado técnicas de resistência civil em campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações, passeatas e comícios, bem como o uso das mídias sociais, como Facebook, Twitter e Youtube, para organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional em face de tentativas de repressão e censura na Internet por partes dos Estados. Zine El Abidine Ben Ali, o primeiro chefe de estado a ser deposto em janeiro de Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato desesperado, que terminou com a própria morte, seria o pontapé inicial do que viria a ser chamado mais tarde de Primavera Árabe. Protestos se espalharam pela Tunísia, levando o presidente Zine el-abdine Ben Ali a fugir para a Arábia Saudita apenas dez dias depois. Ben Ali estava no poder desde novembro de Evolução. A Primavera Árabe, como o evento se tornou conhecido, apesar de várias nações afetadas não serem parte do Mundo árabe, foi provocado pelos primeiros protestos que ocorreram na Tunísia em 18 de Dezembro de 2010, após a auto-imolação de Mohamed Bouazizi, em uma forma protesto contra a corrupção policial e maus tratos. Com o sucesso dos protestos na Tunísia, uma onda de instabilidade atingiu a Argélia, Jordânia, Egito e o Iêmen, com os maiores, mais organizadas manifestações que ocorrem em um dia de fúria. Os protestos também têm provocado distúrbios semelhantes fora da região. Até à data, as manifestações resultaram na derrubada de três chefes de Estado: o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, fugiu para a Arábia Saudita em 14 de janeiro, na sequência dos protestos da Revolução de Jasmim; no Egito, o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de Fevereiro de 2011, após 18 dias de protestos em massa, terminando seu mandato de 30 anos; e na Líbia, o presidente Muammar al-gaddafi, morto em tiroteio após ser capturado no dia 20 de outubro e torturado por rebeldes, arrastado por uma carreta em público, morrendo com um tiro na cabeça. Durante este período de instabilidade regional, vários líderes anunciaram sua intenção de renunciar: o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou que não iria tentar se reeleger em 2013, terminando seu mandato de 35 anos. O presidente do Sudão, Omar al-bashir também anunciou que não iria tentar a reeleição em 2015, assim como o premiê iraquiano, Nouri al-maliki, cujo mandato termina em 2014, embora tenha havido manifestações cada vez mais violentas exigindo a sua demissão imediata. Protestos na Jordânia 3
4 também causaram a renúncia do governo, resultando na indicação do ex-primeiro-ministro e embaixador de Israel, Marouf Bakhit, como novo primeiro-ministro pelo rei Abdullah. A volatilidade dos protestos e as suas implicações geopolíticas têm chamado a atenção global com a possibilidade de que alguns manifestantes possam ser nomeados para o Prêmio Nobel da Paz de Situação por país. País Data de início Data de término Tipo de protesto Consequências Tunísia 18 de dezembro de 2010 Auto-imolação de Mohamed Bouazizi e grandes manifestações públicas Deposição de Ben Ali Argélia 28 de dezembro de 2010 Grandes manifestações públicas O presidente Abdelaziz Bouteflika promete o fim do estado de emergência Líbia 13 de janeiro Protestos por habitação e grandes manifestações públicas, segundo ONG, mais de 200 pessoas já foram mortas nestes protestos. Guerra civil, intervenção internacional e deposição do regime. Morte do ditador Muammar al- Gaddafi. 4
5 Geografia Prof. Luciano Teixeira País Data de início Data de término Tipo de protesto Consequências Jordânia 14 de janeiro Pequenos protestos Mudança de Governo e apelo do rei Abdullah II a rápidas e eficazes reformas democráticas. Mauritânia 17 de janeiro 17 de janeiro Auto-imolação Omã 17 de janeiro 17 de janeiro Pequenos protestos O sultão Qaboos bin Said Al Said anuncia aumento do salário mínimo aos empregados do setor privado Iêmen 18 de janeiro Grandes manifestações públicas O Presidente Saleh anuncia que não concorrerá nas próximas eleições Arábia Saudita 21 de janeiro 29 de janeiro Auto-imolação Líbano 24 de janeiro Pequenos protestos Egito 25 de janeiro 11 de fevereiro Grandes manifestações públicas Renúncia de Hosni Mubarak Síria 26 de janeiro Auto-imolação, grandes protestos O presidente Bashar al- Assad prometeu reformas no governo. Escalada da violência e substancial número de mortes. Palestina 28 de janeiro Pequenos protestos Marrocos 30 de janeiro Auto-imolação O rei Mohammed VI organizou um referendo que permitiu a mudança da Constituição no sentido da Monarquia Constituicional e da Democracia. Djibuti 1 de fevereiro de de fevereiro Pequenos protestos Iraque 10 de fevereiro de 2011 Autoimolação, protestos em várias cidades por todo o país O premier Nouri al- Maliki anuncia que não concorrerá a um terceiro mandato 5
6 País Data de início Data de término Tipo de protesto Consequências Barein 14 de fevereiro de 2011 Grandes manifestações públicas O rei Hamad doará dinheiro para cada família e ordena a soltura de presos políticos [35] Kuwait 18 de fevereiro de 2011 Grandes manifestações públicas Motivações: A revolução democrática árabe é considerada a primeira grande onda de protestos laicistas e democráticos do mundo árabe no século XXI. Os protestos, de índole social e, no caso de Túnis, apoiada pelo exército, foram causados por fatores demográficos estruturais, condições de vida duras promovidas pelo desemprego, ao que se aderem os regimes corruptos e autoritários revelados pelo vazamento de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos divulgados pelo Wikileaks. Estes regimes, nascidos dos nacionalismos árabes dentre as décadas de 1950 e 1970, foram se convertendo em governos repressores que impediam a oposição política credível que deu lugar a um vazio preenchido por movimentos islamistas de diversas índoles. Uma charge política de Carlos Latuff representando Hosni Mubarak em frente ao efeito dominó desencadeado pelos protestos na Tunísia. Outras causas das más condições de vida, além do desemprego e da injustiça política e social de seus governos, estão na falta de liberdades, na alta militarização dos países e na falta de infraestruturas em lugares onde todo o beneficio de economias em crescimento fica nas mãos de poucos e corruptos. Estas revoluções não puderam ocorrer antes, pois, até a Guerra Fria, os países árabes submetiam seus interesses nacionais aos do capitalismo estadunidense e do comunismo russo. Com poucas exceções, até a Guerra Fria, maiores liberdades políticas não eram permitidas nesses países. Diferentemente da atualidade, a coincidência com o amplo processo da globalização, que difundiu as ideias do Ocidente e que, no final da primeira década do terceiro milênio, 6
7 Geografia Prof. Luciano Teixeira terminaram tendo grande presença as redes sociais, que em2008 se impuseram na internet. Esta, por sua vez, se fez presente na década de 2000, devido aos planos de desenvolvimento da União Europeia. A maioria dos protestantes são jovens (não em vão, os protestos no Egito receberam o nome Revolução da Juventude ), com acesso a Internet e, ao contrário das gerações antecessoras, possuem estudos básicos e, até mesmo, graduação superior. O mais curioso dos eventos com início na Tunísia foi sua rápida difusão por outras partes do mundo árabe. Por último, a profunda crise do subprime de 2008 na qual foi muito sentida pelos países norteafricanos, piorando os níveis de pobreza, foi um detonador para a elevação do preço dos alimentos e outros produtos básicos. A estas causas compartilhadas pelos países da região somam-se a outros particulares. No caso da Tunísia, a quantidade de turistas internacionais e, em especial, os europeus que recebia, promoveu maior penetração das ideias ocidentais; ademais, o governo da Tunísia é um dos menos restritivos. Rebelião da Al-Qaeda no Iémen Parte da Guerra ao Terror Divisão do Iémen em 11 de março de 2012 Data 14 de janeiro de 2010 Local Iémen/Iêmen Resultado Conflito em andamento. A Rebelião da Al-Qaeda no Iémen refere-se às operações militares lideradas pelos governos do Iémen e dos Estados Unidos contra a Al-Qaeda e seus grupos afiliados no país, como parte da Guerra ao Terror. [1] A repressão teve início em 2001 e intensificou-se em 14 de janeiro de 2010, quando o governo do Iémen declarou uma guerra aberta contra a organização fundamentalista islâmica. Além de combater os militantes da Al-Qaeda em várias províncias, o governo também enfrenta uma 7
8 insurgência xiita no norte e tenta conter grupos separatistas no sul. Os combates contra a al- Qaeda aumentaram durante o decorrer da revolução iemenita em 2011, onde os islamitas tomaram o controle de boa parte da província de Abyan e a declararam um emirado islâmico. Durante os primeiros meses de 2012, os militantes conseguiram o controle de mais cidades em todo o sudoeste do país, em meio às pesadas batalhas com as Forças Armadas do Iémen. Situada no coração do Oriente Médio, a Síria foi ocupada por diversos povos, que deixaram marcas em todo o território. Há antigas ruínas romanas na cidade de Palmyra, castelos medievais da época das Cruzadas no litoral e monumentos islâmicos em Damasco. A agricultura, o turismo e a extração de petróleo movem a economia. O país mergulha na guerra civil em 2012, depois que o ditador Bashar al-assad reprime com violência os protestos democráticos da Primavera Árabe. A crise síria é considerada uma ameaça à segurança do Oriente Médio porque o país é protagonista das tensões geopolíticas na região, e nações vizinhas envolvem-se no conflito. O regime sírio forma com os xiitas do Irã e do Hezbollah libanês uma frente hostil às monarquias sunitas e a Israel. Socialismo Árabe O primeiro governo sírio é deposto por um golpe militar, em Novo golpe restabelece o regime constitucional em Cresce a influência do Partido Baath, fusão do Partido Socialista Sírio com o Partido da Ressurreição Árabe. Com a aproximação entre Israel e EUA, a Síria alinhase à União Soviética (URSS). Em 1958, um plebiscito aprova a fusão de Síria e Egito na República Árabe Unida. Um golpe militar na Síria os separa em Outro golpe, em 1963, conduz ao poder o Baath. Em 1967, a Síria perde as Colinas de Golã para Israel, na Guerra dos Seis Dias. O ministro da Defesa, o general Hafiz al-assad, muçulmano alauita, dá um golpe em novembro de Em 6 de outubro de 1973, dia do feriado judaico do Yom Kipur, a Síria, com o Egito, ataca Israel, mas não recupera as Colinas de Golã. A Síria lidera o bloco de países hostis às negociações de paz entre Israel e Egito, que levariam aos acordos de Camp David ( ). Intervenção no Líbano A partir de 1976, os sírios intervêm na guerra civil do Líbano. Em 1982, Hafiz al-assad esmaga um levante sunita liderado pela Irmandade Muçulmana em Hamah, matando mais de 20 mil pes soas. Após o colapso da URSS, Hafiz al-assad apoia a investida dos Estados Unidos contra o Iraque, na Guerra do Golfo (1991). Em outubro de 1990, a Síria estabelece um governo aliado no Líbano e desarma a maioria das milícias. O Hezbollah continua a atacar Israel, com o apoio da Síria, que mantém 30 mil soldados no Líbano. O presidente Hafiz morre em 2000, e é sucedido por seu filho, Bashar al-assad. 8
9 Geografia Prof. Luciano Teixeira Retirada Militar Em 2005, o governo sírio é o principal suspeito do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik al-hariri, que se opunha à presença militar síria no país. Sob pressão, Damasco retira suas tropas do Líbano. Em 2008, as duas nações estabelecem relações diplomáticas pela primeira vez. Em 2007, a coligação liderada pelo Baath vence a eleição para o Parlamento. Um referendo concede segundo mandato a Bashar. Em 2010, os EUA nomeiam um embaixador para a Síria, posto vago desde Fatos recentes As revoltas no mundo árabe chegam à Síria em março de Forças de segurança abrem fogo contra manifestações pró-democracia em Deraa, no sul. Bashar alega que a Síria é alvo de uma conspiração externa, reluta em promover reformas e envia tanques e tropas para dispersar os protestos que se espalham pelo país pedindo sua renúncia. Em agosto, as Forças Armadas sufocam a maior mobilização antirregime, em Hamah. Impasse na ONU A Liga Árabe condena a repressão no país. EUA e União Europeia (UE) exigem a saída de Bashar e decretam um bloqueio ao petróleo sírio. Mas o Conselho de Segurança (CS) não aprova resolução que ameaça impor sanções internacionais. A China e a Rússia afirmam que o texto abre precedentes para uma ação militar externa. Moscou continua a for necer armas a Damasco, que também po de vender petróleo a países amigos na Ásia. LUTA ARMADA Um ex-coronel do Exército funda, em agosto, o Exército Livre da Síria (ELS), o principal braço armado da oposição. A Turquia rompe com Damasco e oferece abrigo ao ELS e aos refugiados na área próxima à fronteira. Nos meses seguintes, ocorrem os primeiros choques com as forças do regime. A deserção de soldados aumenta, e manifestantes aderem à luta armada. Em outubro, Ancara patrocina a criação do Conselho Nacional Sírio (CSN), na tentativa de unificar a oposição política. Liga Árabe A Liga Árabe propõe um plano de retirada das tropas sírias das áreas residenciais sob monitoramento internacional. Bashar recusa e, no fim de novembro, a Síria é expulsa da organização, que também impõe sanções econômicas. O regime volta atrás, e os observadores chegam ao país em dezembro. A violência se agrava, e a Liga Árabe suspende a missão em janeiro de
10 Cerco a Homs No início de fevereiro, a Rússia e a China vetam nova resolução de condenação à Síria no CS da ONU. Fortalecido, Bashar tenta impor a solução militar para a crise. As Forças Armadas lançam grande ataque contra Homs, bastião da oposição, matando centenas de civis até a retirada do ELS, em março. A ofensiva do regime desloca-se para Idlib (norte) e Dayr az Zawr (leste). Catar e Arábia Saudita passam a armar os rebeldes. No mesmo mês, Bashar submete a referendo emendas à Constituição que estipulam o fim do monopólio do Baath e um limite de dois mandatos presidenciais. A oposição boicota e 89% vota a favor. Plano de cessar-fogo No fim de março, o CS da ONU aprova o plano de cessar- fogo do enviado especial para a Síria, Kofi Annan. Uma missão de observadores (UNSMIS) desembarca no país, em abril, para testemunhar dois grandes massacres contra civis sunitas Houla, em maio, com 108 mortos; e Qubair, em junho, com 78 mortos. A oposição acusa os paramilitares (shabiha) pró-governo (veja o boxe abaixo). Guerra civil Em maio, o Partido Baath vence a eleição parlamentar. A UNSMIS, vista como a última chance de resolver a crise pela via diplomática, é suspensa em meados de junho. Um alto oficial da ONU afirma que a Síria está em guerra civil. Os EUA acusam a Rússia de fornecer helicópteros de ataque que o regime começa a usar contra os rebeldes. Damasco e Aleppo No fim de junho, o ELS entra em choque com a Guarda Republicana perto do palácio presidencial, na primeira ofensiva ao coração do poder, em Damasco. Em julho, a cúpula do regime sofre um duro golpe: um atentado em Damasco mata o ministro da Defesa e o cunhado de Bashar. Vários oficiais do alto escalão desertam. Rússia e China vetam nova resolução de condenação à Síria no CS. No fim do mês, começa a batalha pelo controle de Aleppo, reduto de Bashar e centro comercial. O Irã amplia a ajuda a Damasco, que recebe armamentos em aviões que cruzam o espaço aéreo iraquiano. Avanço rebelde Em setembro, o ELS transfere o quartel-general da Turquia para o norte da Síria. O governo intensifica os bombardeios aéreos contra a oposição, causando grande número de mortos. Relatório da ONU alerta para o aumento de militantes islâmicos estrangeiros infiltrados na insurgência que promovem atentados suicidas em Damasco e Aleppo no decorrer de Cresce a pressão para que os EUA e as potências europeias armem os rebeldes, mas o ELS está fragmentado em milícias autônomas, e há o temor de desvio de armas para radicais islâmicos. 10
11 Geografia Prof. Luciano Teixeira Entenda a crise na SÍRIA: O conflito na Síria continua causando sofrimento humano e destruição imensuráveis. Estima-se que mais de 100 mil pessoas foram mortas desde março de 2011, quando começou o levante contra o presidente Bashar al-assad Calcula-se que 9,3 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária urgente incluindo 3,1 milhões de crianças. Desse total, 6,5 milhões são deslocados internos. Há mais de 2,3 milhões de refugiados sírios nos países vizinhos e Norte da África. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) estima que 400 mil palestinos refugiados na Síria (80%) precisem de assistência urgente. Cerca de 180 mil deles tiveram que fugir de Damasco por causa dos bombardeios e confrontos nos arredores. O denso deslocamento populacional e a higiene precária aumentam o risco de piolhos, sarna, leishmaniose, hepatite A e outras doenças infecciosas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) monitora a situação e oferece tratamento em diversas áreas do país. A maior parte dos hospitais públicos foram danificados ou destruídos. Muitos profissionais de saúde estão fugindo do país e os que permanecem têm muita dificuldade para chegar aos postos de trabalho por causa da insegurança. Muitos hospitais não têm remédios essenciais, como insulina e antibióticos, além de banco de sangue. Diversas operações são feitas sem anestesia ou fios de sutura. A OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) têm trabalhado em campanhas de prevenção e no suporte ao tratamento de inúmeras doenças, dentre elas, sarampo, caxumba, rubéola, pólio e febre tifoide. Também atuam na distribuição de hipoclorito de sódio para purificar a água. O apuro das pessoas atingidas pela violência é ampliado pela falta de comida, água, combustível e o inverno rigoroso. Há cortes prolongados de luz em diversas áreas do país. A insegurança está impedindo o acesso de muitas pessoas a serviços e produtos de necessidade básica. As agências da ONU estão reforçando abrigos e distribuindo itens de inverno para centenas de milhares de pessoas. Três quartos das crianças estão traumatizadas pela guerra Uma pesquisa conduzida por Turquia, Estados Unidos e Noruega mostra que três quartos das cerca de 8,4 mil crianças sírias a maioria entre 10 e 13 anos refugiadas no campo de Gaziantep Islahiye, na Turquia, perderam ao menos um parente no conflito. O estudo revela que a maioria delas apresenta sinais de estresse e trauma e 44% presenciaram ao menos cinco de 11 eventos adversos associados com guerra e desastres. Metade das crianças sofre depressão e muitas estão preocupadas com familiares que permanecem no país. O UNICEF está provendo atividades educativas e apoio psicológico para milhares de meninos e meninas. O Fundo também doou ao Ministério da Educação materiais escolares, kits de recreação e musicais. A violência tirou muitas crianças das salas de aula, especialmente meninas. Nos locais onde as escolas tentam manter suas atividades, a frequência é bastante reduzida. 11
12 Ajuda alimentar para 3,3 milhões de pessoas O Programa Mundial de Alimentos (PMA), com apoio de parceiros, já alcança 3,3 milhões de pessoas. Como muitas localidades são de difícil acesso, parte da distribuição é feita via aérea, com autorização da Síria e do Iraque para transportar os mantimentos de um país para outro. Os pacotes de comida contêm arroz, trigo fino, macarrão, leguminosas secas e enlatadas, óleo, extrato de tomate, sal e açúcar para um mês. Com uma grave escassez de pão no país, o PMA também distribui mensalmente 5kg de farinha de trigo por pessoa. Apelo é por 6,5 bilhões de dólares para 2014 Prevendo uma piora na situação dentro do país e um contínuo fluxo de refugiados sírios em 2014, agências da ONU fizeram um apelo aos doadores de 6,5 bilhões de dólares o maior feito até hoje para uma única operação de emergência humanitária. A avaliação é de que quase 75% da população precisará de ajuda humanitária. Em 2013, o apelo foi de 4,4 bilhões de dólares e já era considerado um recorde. O plano de resposta humanitária para a Síria pediu 1,4 bilhão de dólares para cobrir 61 projetos em dez setores, recebendo 71% do total. Já o plano de resposta regional para refugiados rebeu 67% dos 3 bilhões de dólares solicitados para apoiar 3,5 milhões de sírios e 1,9 milhão de cidadãos do Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia. Em 2012, apenas 55% da ajuda solicitada para a resposta humanitária foi financiada, totalizando uma arrecadação de 191 milhões de dólares, quando o necessário era 348 milhões. 12
13 Geografia Prof. Luciano Teixeira Missão de observadores e escritório de contato da ONU Com a persistência do combate na Síria, as condições para dar continuidade à Missão da ONU de Supervisão na Síria (UNSMIS) no país não foram satisfeitas, anunciou em agosto de 2012 o subsecretário-geral de Operações de Paz, Edmund Mulet. Os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, no entanto, concordaram naquele mesmo mês com a criação de um escritório de contato para apoiar os esforços de uma solução política para o conflito e o respeito dos direitos humanos. Inicialmente criada em abril de 2012 para durar 90 dias por meio da resolução 2043, o mandato da UNSMIS foi prorrogado por mais 30 dias no fim de julho, quando o Conselho aprovou a resolução A resolução também indicou que uma renovação posterior a esse prazo só seria possível se fosse confirmado que o uso de armas pesadas houvesse cessado e uma redução da violência por todos os lados era necessário para permitir à Missão implementar o seu mandato, o que não ocorreu. 13
14 Conselho de Segurança da ONU pede fim das armas químicas e missão é enviada ao país Uma missão da ONU confirmou o uso de gás sarin num ataque químico que matou centenas de pessoas em agosto de No mês seguinte, o Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu a rápida eliminação das armas químicas do país por meio daresolução Cerca de 100 especialistas em armas químicas foram alocados no país por meio de uma missão conjunta da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) com as Nações Unidas para supervisionar a destruição dos arsenais da Síria, que deve ser concluída até junho de A destruição funcional de instalações e armamentos foi confirmada no começo de dezembro de. Os especialistas buscam agora parceiros comerciais adequados para transportar os agentes químicos até um navio dos Estados Unidos, onde devem ser destruídos em alto mar por meio de hidrólise. Representante Especial tenta saída negociada pacífica para a crise Em fevereiro de 2012, o ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan (na foto abaixo, à esquerda) foi anunciado como o enviado especial da Missão Conjunta da Liga Árabe e da ONU para a Síria. Annan, que havia ocupado o cargo máximo da Organização entre 1997 e 2006, se tornou à época alto representante da ONU e da Liga Árabe para resolver a crise e será apoiado por um vice-representante. O enviado especial proporcionará bons ofícios destinados a pôr fim a toda a violência e violações dos direitos humanos, e promover uma solução pacífica para a crise da Síria, afirmou o comunicado conjunto no dia
15 Geografia Prof. Luciano Teixeira No dia 2 de agosto do mesmo ano, no entanto, Annan renunciou ao cargo após tentativas frustradas de aplicar o chamado Plano de Seis Pontos, que pede o fim da violência, o acesso de agências humanitárias para o fornecimento de apoio à população civil, a libertação dos detidos, o início de um diálogo político inclusivo e livre acesso ao país para a mídia internacional. Em seu lugar, as duas organizações apontaram no dia 17 de agosto de 2012 o diplomata veterano argelino Lakhdar Brahimi (à direita) como novo facilitador da paz na região. Brahimi deve assumiu a função no dia 31 de agosto, quando terminou o mandato de Annan, e desde então tem feito esforços constantes para uma saída negociada pacífica para a crise. Conferência de paz busca solução política para a crise Estão avançando os preparativos para a chamada Genebra II, conferência que deve ser realizada em janeiro na cidade suíça. O encontro que terá participação do Brasil e outras dezenas de países vai colocar, pela primeira vez desde o início do conflito em março 2011, o governo sírio e a oposição numa mesa de negociação. O objetivo é alcançar uma solução política para o conflito por meio de um acordo global entre o governo sírio e a oposição para a plena implementação do comunicado de Genebra, adotado após a primeira reunião internacional sobre a questão em 30 de junho de 2012, que previa a criação de um governo de transição que levaria à realização de eleições no país. 15
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