Guia de Reforma Política

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1 Guia de Reforma Política

2 Guia de Reforma Política - 2 de 13 O que os partidos querem com a Reforma Política e a proposta do Movimento Liberal Acorda Brasil O Movimento Liberal Acorda Brasil avaliou as diversas propostas dos diferentes partidos que já se pronunciaram sobre a Reforma Política e comparou os textos a partir de doze pontos que o Acorda considera prioritário na discussão: sistema votação; coligações, desempenho mínimo, reeleição, financiamento de campanha, voto obrigatório, voto com comprovante auditável, independência do TSE, proporcionalidade, fim do coeficiente eleitoral, prova qualificatória para candidatos e redução de deputados. O Sistema Eleitoral brasileiro é um dos mais caro, o menos transparente e o que mais alija a população de ter contato com o político que elegeu. Em suma, o Brasil possui um dos piores sistemas eleitorais do mundo democrático. O Acorda Brasil elaborou sua proposta de reforma política com um objetivo: fazer com que a política brasileira atenda às expectativas dos brasileiros. Para tal será necessário dificultar fraudes eleitorais, aproximar os representantes dos representados - isto é, os políticos dos eleitores - e reduzir os custos das campanhas. Busca-se o que todo cidadão brasileiro quer: que os seus interesses prevaleçam sobre interesses partidários ou individuais. O combate à corrupção deve ser permanente e para isso é necessário um sistema político transparente, motivador e simples de ser acompanhado. Na análise do Acorda, os documentos apresentados pelos partidos não atendem aos anseios da população. Em algumas propostas, o sentido é exatamente o oposto das vontades manifestadas nas ruas nestes últimos 6 meses. Mais uma vez, a centralização do poder em Brasília tem criado uma classe política desconexa com a sociedade brasileira e sem canal de comunicação capaz de identificar e articular os anseios populares. Fica claro também que a classe política conta com figuras que têm pouco ou nenhum interesse em abrir mão de seu poder, muito menos em dar transparência à sua atuação, que deveria ser monitorada e julgada constantemente. Mesmo que uma crescente parte da população já deseje a ruptura completa do sistema e tomada do poder pela força, o que sinaliza um retrocesso ao sistema democrático, a classe política permanece inerte. Numa leitura superficial, parece que manter a população longe é do interesse de todos os partidos.

3 Guia de Reforma Política - 3 de 13 Seguindo o objetivo descrito acima, o Acorda realizou uma análise das propostas de Reforma Política apresentadas pelos partidos e expõe suas ideias com base nos pilares da 1) transparência; 2) aproximação entre candidatos e eleitores e 3) redução do custo eleitoral: 1) Sistema Eleitoral: O sistema eleitoral atual chama-se Proporcional e a maioria dos representantes hoje são eleitos por listas de partidos e não por voto direto como muitos brasileiros são levados a crer. Você escolhe seu candidato e caso seu candidato já tenha atingido o mínimo para se eleger, seu voto é usado para eleger um outro candidato no qual você não votou. O Acorda Brasil defende o voto distrital puro. No voto distrital puro, os votos de cada candidato de cada distrito são contabilizados somente para o candidato daquele distrito, e não para a legenda do partido, assegurando a conexão entre candidato e eleitor. O distrito é uma área menor que o território do estado e é determinado pelo critério da população: áreas muito populosas têm mais distritos e menos populosas têm menos. Hoje, um candidato precisa fazer campanha em diversas áreas para obter um número de votos considerável. Os custos elevam-se pois há uma dispersão enorme de mensagem e material. Com áreas eleitorais menores e delimitadas, as campanhas tenderão a custar cerca de dez vezes menos e, ao mesmo tempo, criarão vínculo entre os políticos eleitos e a comunidade que os elegeu. Neste cenário, há redução da corrupção, já que os candidatos não precisarão de acordos espúrios para obter dinheiro. Por ser um modelo simples, a transparência do processo eleitoral é total. Infelizmente, DEM e PSDB preferem o voto distrital misto, no qual o eleitor vota no candidato distrital e também vota numa lista fechada do partido. O partido então aloca esses votos a candidatos de sua escolha. Isso não somente torna todo o processo mais complexo, como mantém o pior problema do sistema atual, que são as listas de partido. Apesar do custo de campanha também ser baixo por se tratar de campanhas distritais, ter o partido determinando que candidato recebe o seu voto via lista partidária significa menos transparência e menos controle do eleitor no processo eleitoral. Já a proposta do PMDB elimina a lista de partido, o que é um avanço, mas não cria distritos pequenos e as campanhas permanecerão caras por cobrirem áreas multi-distritais, mantendo o problema do financiamento. A proposta do Distritão, como o PMDB chama seu modelo, pode trazer mais transparência para o processo, mas por se tratarem de distritos muito grandes também faltará a aproximação de candidato e eleitor. Para efeito de comparação, o custo médio de um voto para as cadeiras legislativas do Estado de São Paulo fica próximo de R$ 300. Um candidato precisa ter entre 60 e 100 mil votos garantir sua eleição, fazendo com que uma campanha "barata" custe quase R$ 2 milhões, podendo chegar a valores muito maiores.

4 Guia de Reforma Política - 4 de 13 As propostas que mais atentam contra o interesse da representatividade e transparência são as do PT e PSOL. Os dois partidos se manifestam a favor de voto em lista de partido. O eleitor vota no partido e esse determina quem vai representar o eleitor. Fazendo jus à proposta, esse modelo pode de fato baratear as campanhas, mas o eleitor nunca saberá quem o partido vai colocar no cargo e nem como de fato cobrá-lo depois de eleito. Na opinião do Acorda Brasil, esse modelo é exatamente o oposto ao que o anseio popular reivindica e é um passo na direção errada. Distrital Puro - regionalização do voto por CEP sem lista de partido e distritos compostos proporcional à população Distrital Misto - regionalização do voto por CEP com lista de partido Distrital Misto - regionalização do voto por CEP com lista de partido Distritão - cada estado é um distrito e deputados mais votados ocupam cadeiras pré determinadas Voto em Lista em 2 turnos: eleitor vota na lista elaborada pelo partido depois individualmente em um dos candidatos Voto em Lista em 2 turnos: eleitor vota na lista elaborada pelo partido depois individualmente em um dos candidato 2) Coligações Proporcionais: O sistema atual permite que o eleitor vote na legenda de um partido e este possa ter coligações com outros partidos. É normal que um voto em lista de um partido seja alocado para a lista de um outro partido e, por consequência, sejam eleitos candidatos fora da escolha do eleitor. Grande parte dos eleitos no Brasil se beneficiaram deste sistema que cria distorções na nossa democracia e enfraquece a relação entre eleitor e eleito. O Acorda Brasil é contra esse sistema, defendendo o sistema distrital puro em que se elimina listas de partido. A partir desta reforma, todos os partidos analisados são favoráveis ao fim das coligações proporcionais que repassam votos.

5 Guia de Reforma Política - 5 de 13 Não necessário regulamentar com voto distrital puro Fim das Coligações Proporcionais Fim das Coligações Proporcionais Fim das Coligações Proporcionais Fim das Coligações Proporcionais 3) Desempenho Mínimo Eleitoral: No sistema atual, qualquer partido de qualquer expressão política tem direitos eleitorais de financiamento de campanha e horário de rádio e televisão. Isto resulta no incentivo à criação de partidos pequenos, com grande probabilidade de se tornarem de aluguel para que os maiores ganhem mais tempo de mídia para campanhas. Na análise das propostas, o Acorda Brasil, assim como os partidos, têm interesse em impor um nível mínimo de expressão política para que o partido tenha acesso a esses benefícios públicos. Por exemplo, se o partido não tiver um percentual mínimo de votos, não terá direito a financiamento ou tempo de televisão. Contudo, nada impede que ele se junte a outro partido para participar do pleito. Na prática, a medida pode reduzir o enorme número de partidos que existem no Brasil e fortalecem o jogo de interesses e dificultam a política nacional. Cláusula de desempenho mínimo para acesso ao fundo partidário Cláusula de desempenho mínimo Cláusula de desempenho mínimo Cláusula de desempenho mínimo Sem cláusula de barreira

6 Guia de Reforma Política - 6 de 13 4) Reeleição: Tanto PMDB quanto PSDB querem o fim da reeleição e extensão do mandato de alguns cargos para 5 anos. Os demais partidos não se pronunciaram e possivelmente consideram manter o sistema atual de reeleição. O PSOL postulou uma idéia interessante de recall de mandatos que facilita a retirada de agentes comprovadamente corruptos, possivelmente sem passar pelo longo processo de impeachment. O Acorda Brasil não se posicionou sobre este ponto por não ser central às bases que defende. Fim da Reeleição: mandato estendido para 5 anos Fim da Reeleição: mandato estendido para 5 anos Recall de mandatos 5) Financiamento de Campanha: O Acorda Brasil defende, como ideal, um sistema sem uso do dinheiro público para financiamento de campanha eleitoral, acreditando que não é uma opção viável e justificável usar recursos que poderiam ser destinados a áreas prioritárias como como saúde, educação e infraestrutura para eleger candidatos. No entanto, tal medida, por diversas razões práticas, não seria factível de se propor no momento atual. O Acorda Brasil assim como DEM, PSDB e PMDB é favorável a um modelo misto de financiamento de campanha no qual o segmento privado e o governo podem financiar campanhas. No entanto, o Acorda Brasil vê a necessidade de: impor limites no valor de campanhas eleitorais, criar restrições a quem pode doar e limitar acesso ao fundo partidário aos partidos de maior expressão pública. Para evitar que empresários se aproveitem da possibilidade de efetuar doações para obter vantagens futuras, deve ser definida uma regra em que empresas doadoras não poderão ter contratos com o governo, nem com qualquer instituição sob a sua tutela, durante um período de pelo menos 4 anos.

7 Guia de Reforma Política - 7 de 13 Outro ponto é a limitação para que doadores não possam doar para campanhas de candidatos diferentes que concorram ao mesmo cargo. Esta prática infla o mercado de doações, fazendo com que as campanhas busquem cada vez mais dinheiro para investir mais do que os concorrentes. O PT e PSOL, querem que 100% do financiamento de campanha seja público, criando uma estatal das eleições que competirá por recursos com itens prioritários do orçamento da União. O Acorda Brasil não aceita este modelo, pois onera diretamente o contribuinte. Financiamento Misto de Campanha limites de gasto por campanha, restrição de doadores, limite mínimo para acesso ao fundo partidário Financiamento Misto de Campanha limites de gasto por campanha, restrição de doadores, limite mínimo para acesso ao fundo partidário Financiamento Misto de Campanha público e privado - com restrições a pessoas físicas (candidatos e partidos) empresas apenas partidos Financiamento Misto de Campanha público e privado - com restrições a pessoas físicas (candidatos e partidos) empresas apenas partidos Financiamento 100% público de campanha aberto somente a doações de pessoas físicas Financiamento 100% público de campanha sendo 50% distribuído igualmente e o restante proporcional a representatividade 6) Fim do voto obrigatório: Atualmente, todo brasileiro entre 18 e 65 anos é obrigado a votar. Mesmo aqueles que não se envolvem nos problemas e necessidade de sua região, que desconhecem os candidados e suas propostas, devem ir às urnas e fazer sua escolha. Esta regra resulta em votos para os partidos maiores e candidatos com nomes mais conhecidos, que estatisticamente são os que recebem a maior parte dos votos de quem vota por obrigação. O Acorda entende que com o voto facultativo, aumenta a qualidade do voto. A eleição será decidida efetivamente por aqueles que se envolvem nos rumos do país.

8 Guia de Reforma Política - 8 de 13 Fim do Voto Obrigatório Fim do Voto Obrigatório 7) Voto com Comprovante e Monitoramento: Urnas eleitorais são passíveis de fraudes e, mesmo as eletrônicas, com grau maior de segurança, podem ser adulteradas. O Acorda exige que, no momento do voto, este seja impresso para conferência do eleitor e depósito em urna, permitindo a recontagem física caso haja dúvidas sobre a idoneidade das urnas. Incluem na proposta o monitoramento das eleições por três empresa ou órgãos isentos e internacionalmente reconhecidos para realização de auditoria. Até o presente momento, nenhum partido se posicionou com relação a isso. Comprovante para monitoramento por órgão isento dos 3 poderes

9 Guia de Reforma Política - 9 de 13 8) Independência do TSE: Atualmente, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral é nomeado pelo Poder Executivo e ratificado pelo Senado. Se o mesmo partido controla o Poder Executivo e tem maioria no Senado o processo fica comprometido pelo jogo de interesses. O Acorda Brasil acredita que o Tribunal Superior Eleitoral deve ser totalmente isento de influências políticas e independente de ação de qualquer poder público. A escolha para o TSE deve ser feita por concurso público, qualificando juízes com conhecimentos no processo eleitoral, e posteriormente por eleição de colegiado que resulta em listas tríplices para escolha do Executivo. Até o presente momento nenhum partido desta análise se posicionou com relação a isso. Isenção dos 3 poderes em nomear ministro e posições de confiança 9) Revisão da Proporcionalidade obedecendo "um eleitor, um voto": O sistema eleitoral atual ainda sofre a influência do período militar vivido pelo Brasil. Prova disso, é a distribuição da quantidade de parlamentares para cada estado da federação baseado em uma tabela, e não pelo contingente populacional. Isso gera uma distorção na qual áreas mais populosas tem menos candidatos que o necessário para representá-las. E em algumas áreas um deputado precisa de menos votos para se eleger do que outras, o que desconfigura o valor do voto de vários eleitores, pois um deputado passa a ter o mesmo poder de outro que foi eleito com bem menos votos, isto é, respresentando um número de pessoas menor.

10 Guia de Reforma Política - 10 de 13 O Acorda Brasil acredita que esta distorção deve terminar para haver melhoria na representatividade do país. Seguindo o princípio de representação proporcional à população para determinar o número de candidatos de um estado e eliminar regra arbitrária ultrapassada. Até o presente momento nenhum partido desta análise se posicionou com relação a isso. Um eleitor, Um voto: Representação por população 10) Fim do Coeficiente Eleitoral: Atualmente candidatos populares, depois que atingem o número de votos necessário para se elegerem, passam os demais votos para seu partido, que os aloca em candidatos de seu interesse. Esses votos elegem deputados e vereadores que não se elegeriam com votos dos eleitores e estes, sem saber, acabam elegendo quem não conhece. É isso que se chama de coeficiente eleitoral. O Acorda defende o fim do coeficiente eleitoral, impedindo que puxadores de voto carreguem candidatos sem respaldo popular. Até o presente momento nenhum partido desta análise se posicionou com relação à esta proposta.

11 Guia de Reforma Política - 11 de 13 Fim de listas de partidos em que um candidato popular ajuda eleger outros sem voto 11) Prova Qualificatória: O Acorda acredita na necessidade de uma prova qualificatória para toda e qualquer pessoa que desejar se candidatar. O objetivo é alinhar minimamente os interessados no pleito com as exigências existentes para os demais dos servidores públicos. Sugere-se uma avaliação sobre gestão de pessoas, administração pública e legislação brasileira, sem a qual não terá direito à candidatura. Em outros países democráticos como Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra, há controles estritos para qualificar-se como representante popular. A própria mídia faz esse papel de controle em diferentes países quando não há regulamentação oficial. No Brasil há pouco controle sobre as competências de candidatos que impactam nos resultados em todo nível governamental. Esse foi uma proposta de reforma com muito engajamento na base do Acorda Brasil e até o presente momento nenhum partido desta análise se posicionou com relação a isso. Políticos eleitos devem se demonstrar capazes antes de ocupar suas posições

12 Guia de Reforma Política - 12 de 13 12) Redução de Deputados Redundantes: Para o Acorda Brasil não é necessária a distinção entre deputado estadual e federal. A proposta é que o mesmo representante, eleito por seu distrito, representará a população em seu próprio estado e no Congresso em Brasília. Isto gera uma economia anual enorme para os cofres públicos, elimina uma das causas da corrupção e estreita a representação dos cidadãos na federação por meio do seu representante distrital. Atualmente, a atividade das Assembléias Legislativas Estaduais não exige - realisticamente falando - a presença deputados estaduais em tempo integral, tornando-os meros distribuidores de recursos e propositores de um grande número de leis desnecessárias. Até o presente momento nenhum partido desta análise se posicionou com relação a isso. Fim da duplicidade de representatividade e custos

13 Guia de Reforma Política - 13 de 13 Conclusão O Acorda Brasil identificou que as propostas dos partidos não são abrangentes e pouco refletem os pedidos de mudanças requisitadas pelas ruas. Mudanças necessárias no Brasil atual. O Movimento Liberal Acorda Brasil construiu sua proposta com base em debates e em pesquisas sobre sistemas políticos estáveis e representativos de outros países. Buscou exemplos que existem e que perduram em outros modelos e que preenchem o requerimento dos três princípios postulados: maior representatividade, transparência e menor custo. O modelo eleitoral adotado pelo Brasil está em colapso e a solução para o problema não deve vir somente do Congresso, mas também com a participação da população, representada pelos movimentos de rua.

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