NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE



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ARTIGO NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE 57

OS AUTORES 1 Ladislau Freitas Varão Graduado em licenciatura em Ciências Biológicas pelo Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão (ladislaufreitas@hotmail.com). 2 Jullys Alan Guimarães Gama Especialista em Auditoria e Perícia Ambiental. Graduado em Biologia pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema) (jullys_gama5@hotmail.com).

A classe Aves (Chordata:Vertebrata) inclui mais de 9.000 espécies distribuídas em todo o mundo e se constitui no grupo mais homogêneo de vertebrados (SICK, 1997). As aves podem ser encontradas nos ambientes mais variados, inclusive nas proximidades de residências e centros urbanos (ANDRADE, 1997). A observação de aves é uma atividade bastante prazerosa, que vem sendo cada vez mais difundida e que tem contribuído para um melhor conhecimento da biologia e da ecologia do grupo (ANDRADE, 1997). Podem ser descritas três categorias de aves encontradas em ambientes urbanos: 1. Aves que já se encontravam no ambiente antes de ser modificado; 2. Aves invasoras e 3. As introduzidas ou exóticas (SICK, 1997). Existem cerca de 1.676 espécies de aves que ocorrem no Brasil, entre espécies residentes e visitantes, o que corresponde a mais da metade das espécies de aves registradas para a América do Sul (ANDRADE, 1995). Deste total, 145 são espécies migratórias que passam anualmente no país, sendo que 89 são visitantes provindas do Hemisfério Norte e 56 do Hemisfério Sul (SICK, 1993 apud ANDRADE, 1995). O mesmo autor afirma que, do total de espécies da América do Sul, 117 são endêmicas do Brasil e 115 estão ameaçadas de extinção segundo a lista oficial do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), publicada em 1989. A presença das aves no ambiente é uma indicação de que o mesmo é saudável e funcional (ANDRADE, 1993). Neste sentido, as aves constituem um dos grupos faunísticos mais importantes em termos de bioindicação da qualidade ambiental, devido à facilidade de obtenção de dados em pesquisa de campo, permitindo-se obter diagnósticos precisos em curto espaço de tempo (BEDÊ et al., 1997; RAMOS, 1997). Continua o mesmo autor afirmando que as mesmas têm, em sua maioria, hábitos diurnos e intensa movimentação, o que facilita em muito sua observação e identificação. Além disso, têm representantes em quase todos os níveis tróficos e utilizam uma grande variedade de hábitats, sobretudo os terrestres. ESTUDO DAS AVES URBANAS NO PROCESSO AMBIENTAL DE IMPERATRIZ (MA) No Brasil, existem diversos tipos de biomas, com diferentes ecossistemas, onde se encontra uma grande variedade de aves. Revista UNI Imperatriz (MA) ano 2 n.2 p.57-66 janeiro/julho 22 59

Cada espécie tem preferência por um tipo de ambiente no qual ela vive e se reproduz. Com a perda das áreas naturais, observa-se a destruição de hábitats necessários para a sobrevivência das espécies de fauna, incluindo as aves. Assim, quando não existe mais hábitat preservado no qual podem viver e reproduzir, os animais caminham para a extinção (ANDRADE, 1994). LADISLAU FREITAS VARÃO, JULLYS ALAN GUIMARÃES GAMA A perda e a fragmentação de hábitats configuram as principais ameaças para as aves no Brasil. A caça e captura excessiva também ameaçam alguns grupos comercialmente visados. Outras ameaças incluem a invasão de espécies exóticas e a poluição, a perturbação antrópica e a morte acidental, alterações na dinâmica das espécies nativas, desastres naturais e perseguição (MA- RINI & GARCIA, 2005). Estudos sobre a fragmentação florestal em comunidades animais foram realizados na região, principalmente com relação à avifauna (ANJOS, 2002). Na maioria dos hábitats humanos, onde se incluem as cidades, as aves convivem pacificamente e em harmonia com o ser humano, seja em áreas urbanas ou periurbanas. Porém, as mesmas precisam de proteção contra as perturbações ambientais e/ou humanas, bem como de hábitats específicos a fim de poderem manter sua forma de vida particular (ANDRADE E ANDRADE, 1992). As aves, devido às suas variadas adaptações, como nos hábitos alimentares (frugívoras, granívoras, insetívoras, nectarívoras, carnívoras, piscívoras, detritívoras ou necrófagas e onívoras), são animais muito importantes para a manutenção do equilíbrio ecológico de uma área ou fragmento, já que atuam como dispersores de sementes (FRANCISCO & GALETTi, 2002), agentes polinizadores (BARBOSA, 1999), reguladores de populações (NA- TURLINK, 2007) e ainda são bioindicadores de conservação. É possível detectar mudanças no clima através do comportamento de algumas aves, principalmente as migratórias, que podem atrasar ou adiar suas migrações (JENNI & KÉRY, 2003) e, como consumidores finais de cadeias alimentares, tendem a acumular metais pesados através da alimentação, indicando assim, como em aves piscívoras, a qualidade dos cursos d água (VIEIRA, 2006). Além disso, riqueza de aves é positivamente associada ao tamanho dos fragmentos (COLLI et al., 2003). 60 NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE

A redução da cobertura florestal a fragmentos pequenos vem trazendo consequentes urgências negativas para a avifauna, empobrecendo-a consideravelmente (D'ÂNGELO - NETO et al., 1998). A degradação atinge também outras vegetações como campos, savanas, refletindo em biomas como a Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, Pantanal Matogrossense, entre outros, prejudicando principalmente a fauna e flora endêmicas desses locais. Sendo assim, torna-se essencial a realização de pesquisas com o intuito de se avaliar o grau de degradação, formular estratégias para minimizar esses efeitos negativos e contribuir para o desenvolvimento sustentável, essencial para a vida humana (FIGUEIREDO, 1993). A principal ameaça para as aves brasileiras é a perda e a fragmentação de hábitats. Para 111 (89,5%) das 124 espécies brasileiras presentes na lista vermelha da IUCN (IUCN, 2004), a perda e degradação do hábitat é uma das principais ameaças, seguida pela captura excessiva (35,5%). Outras ameaças incluem a invasão de espécies exóticas e a poluição (14%), a perturbação antrópica e a morte acidental (9,5%), alterações na dinâmica das espécies nativas (6,5% cada), desastres naturais (5%) e perseguição (1,5%). Neste contexto, destacam-se as seguintes contribuições das aves no meio ambiente em que vivem: atuam no controle biológico; polinizam as flores, alimentam-se de pragas e disseminam sementes; são boas indicadoras biológicas do ambiente e indiretamente exercem outras contribuições ao meio ambiente. Por isso é extremamente importante o levantamento destas aves na área urbana de Imperatriz para identificar a que tipo de impactos estas espécies estão submetidas, a fim de propor medidas socioambientais para preservação desta classe animal. ESTUDO DAS AVES URBANAS NO PROCESSO AMBIENTAL DE IMPERATRIZ (MA) O presente estudo tem como objetivo identificar as espécies de aves, distribuídas em famílias e ordens taxonômicas, e os impactos ambientais ocorrentes sobre a avifauna na área urbana de Imperatriz, contribuindo para um maior conhecimento da avifauna local e para o manejo e conservação do grupo na região. As aves são um componente muito útil de qualquer meio natural, tanto para a vida da população urbana quanto para o ecossistema, contribuindo de várias maneiras. Revista UNI Imperatriz (MA) ano 2 n.2 p.57-66 janeiro/julho 22 61

O presente estudo foi realizado no município de Imperatriz, Maranhão Brasil. A cidade ocupa uma área de 1.368 km 2, altitude de 80 metros, latitude de 5º 31 35 sul e longitude de 47º 29 30 oeste (IBGE, 2007). Detém um excelente potencial hidrográfico, banhado por vários riachos como: Cacau, Bacuri, Santa Tereza, Capivara, Barra Grande, Cinzeiro, Angical, Grotão do Basílio e Saranzal, sendo o rio Tocantins o principal, com extensão de 2.850 km, possibilitando uma grande integração. A área de estudo consistiu em cinco bairros: Nova Imperatriz, Três Poderes, Centro, União e Bacuri. LADISLAU FREITAS VARÃO, JULLYS ALAN GUIMARÃES GAMA As observações ocorreram nos meses de setembro de 2009 a novembro de 2009 e foram realizadas pela manhã (06h00min- -09h00min). Os registros das aves foram realizados visualmente, com o auxílio de binóculos e guia de campo e para melhor classificação utilizou-se máquina fotográfica com o objetivo de encontrar as espécies na zona urbana de Imperatriz. Foram várias observações em cada bairro de acordo com a imagem espacial a seguir. 62 NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE

Foram registradas 26 espécies de aves, distribuídas em 09 ordens, 18 famílias, 24 gêneros (Tabela 1). Passeriformes foi a ordem mais representativa, destacando-se as famílias Emberizidae e Thraupidae. Durante o período de pesquisa, fo- ram encontradas as seguintes espécies: bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), pipira-olivácea (Mitrospingus oleagineus), pardal (Passer domesticus), pipira-azul (Cyanicterus cyanicterus), pipira-preta (Tachyphonus rufus), sanhaço-cinzento (Thraupis sayaca), andorinha-doméstica-grande (Progne chalybea), bigodinho (Sporophila lineola), tiziu (Volatinia jacarina), curió (Oryzoborus angolensis), garrincha-chorona (Oreophylax moreirae), rolinha- -roxa (Columbina talpacoti), fogo-apagou (Columbina squammata), pombo-comum (Columba lívia), anu-preto (Crotophaga ani), anu- -coroca (Crotophaga major), alma-de-gato (Piaya cayana), quero- -quero (Vanellus chilensis), urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), gavião-carijó (Rupornis magni rostris), rasga-mortalha (Tyto alba), xexéu (Cacicus cela), gavião-azul (Leucopternis schistaceus), arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris), gavião-carcará (Polyborus plancus), bico-de-brasa (Monasa morphoeus). Os bairros Nova Imperatriz (), União (04) e Bacuri (05) apresentaram o maior número de aves registradas, isto pelo fato de estarem próximas a fragmentos florestais. As informações obtidas poderão servir de parâmetro para novos estudos na área. Ordens Passeriformes Galbuliformes Columbiformes Cuculiformes Strigiformes Ciconiiformes Cathartiformes Accipitriformes Falconiformes Totais 09 Famílias Tyrannidae Thraupidae Dendrocolaptidae Passeridae Fringilidae Hirundinidae Emberizidae Furnariidae Icteridae Bucconidae Columbidae Cuculidae Crotophagidae Tytonidae Charadriidae Cathartidae Accipitridae Falconidae Accipitridae 18 Gêneros 03 03 02 24 Espécies 03 03 03 02 26 ESTUDO DAS AVES URBANAS NO PROCESSO AMBIENTAL DE IMPERATRIZ (MA) Revista UNI Imperatriz (MA) ano 2 n.2 p.57-66 janeiro/julho 22 63

Os resultados obtidos reforçam a proposta de que a avifauna esteja diretamente relacionada à arborização. À medida que as cidades crescem e se expandem, necessitam de uma arborização planejada, buscando-se a minimização dos impactos nos ecossistemas urbanos e propiciando melhorias no padrão socioambiental. No entanto, outros fatores podem estar interferindo na determinação dessa riqueza, exigindo novas pesquisas para um melhor entendimento da estrutura e composição da avifauna urbana em Imperatriz. Por todas as razões acima, fica claro que as aves são patrimônios naturais que devem ser protegidos para a conservação dos ecossistemas e para que as gerações futuras também possam apreciá-las. LADISLAU FREITAS VARÃO, JULLYS ALAN GUIMARÃES GAMA Arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris) Bico-de-brasa (Monasa morphoeus) Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) Rolinha-roxa (Columbina talpacoti) 64 NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE

Xexéu (Cacicus cela) Anu-preto (Crotophaga ani) Pardal (Passer domesticus) Pombo-comum (Columba lívia) ESTUDO DAS AVES URBANAS NO PROCESSO AMBIENTAL DE IMPERATRIZ (MA) Gavião-carijó (Rupornis magnirostris) Revista UNI Imperatriz (MA) ano 2 n.2 p.57-66 janeiro/julho 22 65

LADISLAU FREITAS VARÃO, JULLYS ALAN GUIMARÃES GAMA ANDRADE, M.A. Aves silvestres. Minas Gerais. Belo Horizonte: Conselho Internacional para Preservação das Aves, 1997. ANDRADE, M.A. Atração e alimentação de aves silvestres. Belo Horizonte: Líttera Maciel, 1995. ANDRADE, M.A. A vida das aves: introdução à biologia e conservação. Belo Horizonte: Líttera Maciel, 1993. ANDRADE, M.A. Atração e alimentação de aves silvestres. Belo Horizonte: Líttera Maciel, 1994. ANDRADE, M.A., ANDRADE, M.V.G. Portraits of brazilian birds: Retratos de aves brasileiras. Belo Horizonte: Editora Líttera Maciel, 1992. ANJOS, L. A avifauna da bacia do Rio Tibagi. In: MEDRI, M.E. et al. (eds.). A Bacia do Rio Tibagi. Londrina, PR, 2002. AVES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA = Birds of Amazonian Brazil / Tomas Sigrist, tradução Bruna Lugli Straccini; ilustrações Tomas Sigrist e Eduardo P. Brettas. São Paulo: Editora Avis Brasillis, 2008. BARBOSA, A. A. A. Hortia brasiliana Vand. (Rutaceae): pollination by Passeriformes in cerrado, Southeastern Brazil. Rev. Bras. Botânica, São Paulo, v. 22, n. 1, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=s00-840419990000 3&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 de março de 21. BEDÊ, L. C.; et al. Manual para mapeamento de biótopos no Brasil: base para um planejamento ambiental eficiente. Fundação Alexander Brandt, 2ª ed., Belo Horizonte, 1997. BERNHARDT, E.D., CANTANHEIDE, M.C.S., FERREIRA, I. Algumas considerações a respeito de avifauna do campus da UFRJ, Seropédica, RJ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ORNITOLOGIA, 6, 1997, Belo Horizonte. Resumos, Belo Horizonte: SOB, 1997 CBRO Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. 2006. Listas das Aves do Brasil. Versão 05/10/2008. Disponível em http:// www. cbro.org.br. Acesso em 24 de nov. de 20. COLLI, G.R. et al. Fragmentação dos ecossistemas e a biodiversidade brasileira: uma síntese. In: RAMBALDI, D. M.; OLIVEIRA, D. A. S.; Fragmentação de ecossistemas: causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações políticas. Brasília: MMA/SBF, 2003. p.322-323 D ANGELO-NETO, S; et al. A avifauna de quatro fisionomis florestais de pequeno tamanho (5-8 ha) no campus da UFLA. Rev. Brasileira de Biologia: 58, pp.463-472, 1998. FIGUEREIDO, E. Angústia ecológica e o futuro. Lisboa. Gradiva, 111p. 1993. FRANCISCO, M. R.; GALETTI, M. Aves como potenciais dispersoras de sementes de Ocotea pulchella Mart. (Lauraceae) numa área de vegetação de cerrado do sudeste brasileiro. Rev. Bra. de Botânica, São Paulo, v. 25, n. 1, 2002. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRA- FIA E ESTATÍSTICA. Brasília, 2007. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br> Acesso em 22 de setembro de 20. IUCN. 2004 IUCN red list of threatened species. IUCN Species Survival Commission, Gland, Suíça e Cambridge, Reino Unido, 2004. Disponível em <http://www.redlist. org>. Acesso em dezembro de 20. JENNI, L.; KÉRY, M. Timing of autumn bird migration under climate change: advances in long-distance migrants, delays in short-distance migrants. The Royal Society, Londres, v. 270, n.1523, p.1467 1471, 2003. MARINI, M.A. & GARCIA, F.I.. Conservação de aves no Brasil. Megadiversidade, 1:95-102, 2005. NATURLINK. Naturlink a ligação à natureza. Disponível em:< http://www.naturlink.pt/ca nais/artigo.asp?iartigo=7322&ilingua=1> Acesso em abril 21. RAMOS, C.C.N.G. A. Seleção de indicadores biológicos no Estado de São Paulo. In: CON- GRESSO BRASILEIRO DE ORNITOLOGIA, 6, 1997, Belo Horizonte. Resumos... Belo Horizonte: SOB, 1997. SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. VIEIRA, L.M. Penas de aves como indicadores de mercúrio no Pantanal, 2006. Agronline. com.br. Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=327>. Acesso em 03 de abril de 21. 66 NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE