MOMENTOS MUSICAIS: A EXPERIÊNCIA COMO PROFESSORA EM FORMAÇÃO NO PROJETO MUSICALIZAÇÃO INFANTIL DA UFPB



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Transcrição:

MOMENTOS MUSICAIS: A EXPERIÊNCIA COMO PROFESSORA EM FORMAÇÃO NO PROJETO MUSICALIZAÇÃO INFANTIL DA UFPB SILVA 1, Ana Karenina Ferreira da Centro de Comunicação, Turismo e Artes/ Departamento de Educação Musical/ PROBEX RESUMO Este relato de experiência é um resumo de atividades desenvolvidas por mim durante meu processo de formação como professora no projeto de extensão Musicalização Infantil da UFPB. Além de alguns detalhamentos sobre o funcionamento do projeto, este texto traz algumas reflexões sobre minha relação com o universo das crianças com as quais convivi, bem como a descrição de algumas conclusões pessoais, a respeito da licenciatura, adquiridas durante este processo. PALAVRAS-CHAVE: formação de professores, musicalização infantil, educação musical No segundo semestre de 2011 iniciei minha vida acadêmica no curso sequencial de música popular da UFPB, onde fiquei sabendo do projeto de extensão intitulado Musicalização Infantil da UFPB. A professora que divulgou o projeto pediu que os interessados fossem a uma reunião, momento no qual conheci a professora Caroline Pacheco, coordenadora do projeto, e alguns dos que se tornaram meus colegas de trabalho. Neste primeiro encontro vim a entender o que era, realmente, musicalização infantil. Nós íamos dar aulas de música para bebês e para crianças pequenas, crianças! 1 UFPB, discente bolsista Probex, anakareninasilva@hotmail.com

muito pequenas. Desse entendimento surgiu minha primeira dúvida: Mas como ensinar música a crianças tão pequenas? A resposta veio no primeiro sábado de aula. Neste primeiro contato, meu papel era observar e assim fiz. Pude a partir deste momento descobrir como se ensina música para crianças: oferecendo a elas uma vivência musical. Vivência musical pode ser entendido como um momento onde a música é o elemento principal, cuja assimilação pode acontecer das mais diversas formas, seja cantando, seja tocando um instrumento, dançando ou brincando. O encantamento por este universo onde música e crianças são os protagonistas foi imediato. Foi assim que iniciei o meu processo de formação como educadora de musicalização infantil, chegando hoje a ser bolsista do projeto através do Programa de Bolsa de Extensão (Probex/2013). Nas linhas a seguir, uma história sobre esta trajetória, suas descobertas e reflexões. Trajetória: a musicalização infantil em minha história O projeto Musicalização Infantil da UFPB é um projeto de extensão do Laboratório de Educação Musical Infantil (LEMI/ UFPB), que, desde 2010, atua oferecendo aulas semanais, aos sábados, para bebês e crianças de seis meses até seis anos de idade. Como mencionado anteriormente, minha história com a musicalização infantil teve início no segundo semestre de 2011, quando comecei a participar das reuniões de planejamento e das aulas aos sábados, auxiliando as professoras que já estavam no projeto e observando as metodologias utilizadas nas aulas. É parte da metodologia da Musicalização Infantil da UFPB a presença de dois ou mais professores trabalhando juntos, estratégia conhecida como peer teaching ou aprendizagem por pares. Segundo (WHITNEY, 2007, sem paginação, tradução minha) Aprendizagem por pares é o processo através do qual um aluno competente, com treinamento mínimo e sob a orientação de um professor, ajuda um ou mais alunos da mesma série a aprender uma

habilidade ou conceito 2. Assim minha observação já era parte de meu aprendizado que, em 2012, avançou com uma participação mais ativa no projeto. Passei a desenvolver planos de aula junto com minha parceira, que era uma professora-aluna 3 mais experiente, que me auxiliava, dava dicas de como uma aula poderia funcionar melhor e, por vezes, permitia que eu conduzisse a aula por alguns momentos. Esta vivência me possibilitou uma situação muito especial em que estudo e prática caminhavam lado a lado. A presença dessa espécie de tutora me dava uma segurança maior, pois a avaliação feita por alguém que me observava e procurava enriquecer minha aprendizagem foi determinante para meu desenvolvimento como professora. No ano de 2013, chegou a minha vez de ser a professora-aluna mais experiente. Com a inserção de novos alunos no projeto e tendo sido considerada apta a exercer esta função pela coordenadora, passei a ser a professora principal de algumas turmas Eu e quatro professores-alunos iniciantes nos dividimos em dois trios para atuar em três turmas, duas com alunos de 1-2 anos e uma com crianças de 2-3 anos. Vale destacar que alguns de meus colegas iniciantes, diferentemente de mim, se adaptaram mais rapidamente, chegando a conduzir algumas atividades ou até uma aula inteira após um curto período. Durante o primeiro semestre de 2013 oferecemos aulas para bebês e crianças da comunidade na própria universidade, enquanto que no segundo semestre nosso foco passa para outros espaços. Continuamos dando aulas de musicalização infantil, mas, as levamos para centros de educação infantil das cidades de João Pessoa e Areia. Além disso, durante o mês de agosto, eu e os demais bolsistas do projeto, oferecemos, também, oficinas de musicalização infantil para os alunos da Escola de Educação Básica da UFPB. De toda esta trajetória traçada como professora em formação, há um aspecto que gostaria de detalhar com mais afinco. Trata-se dos momentos das aulas em que pude! 2 Peer teaching is the process by which a competent pupil, with minimal training and with a teacher s guidance, helps one or more students at the same grade level learn a skill or concept (WHITNEY, 2007, sem paginação)! O termo professora-aluna indica um ex-aluno ou aluno da UFPB, em processo de formação no 3 Laboratório de Educação Musical Infantil, que já atua como professor no projeto.

perceber respostas das crianças, o que fiz destas respostas e o que pude dar a elas de acordo com o que possuía de experiência. A esse aspecto dei o nome de momentos musicais. Momentos musicais O momento dura entre 45 e 50 minutos. É o tempo que dura uma aula. É o tempo do encontro onde cada minuto deve ser aproveitado como oportunidade de levar a música para criança de maneira profunda e sensata. Naquele momento escolher bem o olhar, as palavras, os gestos, a linguagem é tão relevante quanto escolher músicas bonitas e divertidas, atividades instigantes e que proporcionam desenvolvimento das habilidades musicais, motoras e cognitivas. É tão importante para trazer a criança para aquele momento, adentrar o mundo dela, compreender como ela compreende este momento, encontrar o caminho de envolvê-la musicalmente. Para isso, é necessário desenvolver linguagens, entender a teoria e alimentar a prática, praticar para nutrir a teoria. Nos momentos musicais cabe ao professor transmitir para a criança a confiança de participar de uma atividade onde ela pode se expressar musicalmente. Aquele é o momento de brincar de música, onde as propostas são feitas pelo professor, mas não são engessadas pela ansiedade do mesmo em ver respostas imediatas das crianças. O momento musical deve ser apreciado e aproveitado com sabedoria, e esta sabedoria implica em metodologia. Silvia e Jorge Luiz Schroeder, baseados nas ideias de Mikhail Bakhtin, afirmam: No caso específico das crianças pequenas, acrescenta-se o sincretismo como uma das principais características dessa etapa do desenvolvimento. Nesse sentido, podemos dizer que é possível observar o processo de apropriação da linguagem musical, nessa faixa etária, também, ou talvez, principalmente, em situações nas quais as crianças não estão propriamente fazendo música, mas vivenciando-a de diversas outras formas: dançando, representando, imitando, fazendo gestos, brincando. (SCHROEDER, S. SCHROEDER, J., 2011, p.108) Assim, é preciso abrir os olhos da percepção. Durante os momentos musicais em que estive presente, fosse conduzindo a aula, auxiliando ou apenas observando, pude

perceber o efeito negativo que temos quando a criança não é respeitada quanto à sua forma de perceber a música. Elas se impacientam, choram, ou, simplesmente ignoram você. Pude compreender que as crianças não aprendem música apenas fazendo aula de música, elas necessitam ser estimuladas a partir de elementos do seu próprio universo social, cultural, musical, entre outros. Por isso a importância dessa metodologia do observar antes, fazer depois aplicada aos professores que iniciam no projeto. Para que possamos observar não apenas estratégias e repertórios dos professores-alunos mais experientes, mas também observar também as crianças, como elas interagem e respondem à música em cada faixa etária. Um aspecto bem importante para proporcionar um andamento interessante às aulas é o fato de existir uma estrutura específica, uma rotina que permeia o planejamento e as aulas. Nesta estrutura são trabalhados vários itens importantes para o desenvolvimento musical infantil, através da utilização de canções que trabalham o movimento e a percussão corporal, o canto, a apreciação musical, o canto, a percepção, entre outros elementos. Cabe a cada professor abordar as estratégias e conteúdos propostos da forma mais criativa, explorando diferentes repertórios e aproveitando da melhor forma a rotina proposta. Pude comprovar, utilizando-a, a eficácia e a dinâmica que ela possibilita. Ter uma estrutura fixa transmitiu melhor segurança para que as aulas pudessem conservar uma fluidez necessária para o desenvolvimento da vivência musical. Esta estrutura dá vazão ao momento musical. Cada atividade proposta possui um objetivo próprio que, por sua vez, contribuem para o objetivo geral que é proporcionar às crianças a prazerosa oportunidade de brincar com e através da música. Pois a música como substantivo plural não prescreve, mas emerge na infância como brincadeira. Acolhendo e se nutrindo de vários repertórios que lhe conferem identidade. (LINO, 2010). Considerações finais

No processo de formação de um professor muitos aspectos devem ser levados em conta. Um deles, que considero particularmente importante, é desapegar-se do conhecimento adquirido. Compreender que aulas são momentos de troca, onde seres humanos interagem com seres humanos, trazendo toda sua carga social, ideológica e cultural. Mesmo se tratando de crianças é preciso respeitar as impressões do mundo que a rodeia. Saber ouvir, compreender e não julgar o que houve, utilizar estas informações como ferramentas de ensino são para mim o papel fundamental do professor. A música é um estímulo profundo, é altamente sensorial, e a criança pequena se apropria do mundo quase que totalmente pelos sentidos. Como pode ser lido no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: A expressão musical das crianças nessa fase é caracterizada pela ênfase nos aspectos intuitivo e afetivo e pela exploração (sensório-motora) dos materiais sonoros. As crianças integram a música às demais brincadeiras e jogos: cantam enquanto brincam, acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam situações sonoras diversas, conferindo personalidade e significados simbólicos aos objetos sonoros ou instrumentos musicais e à sua produção musical. (BRASIL, 1998, p.52) Finalmente, ressalto a grande importância de estar em sala de aula em duas vertentes, paralelamente, como aluna e como professora em formação. Essa experiência é essencial para evitar a impossibilidade de resolver cotidianamente situações que são inerentes aos seres humanos. Ao meu ver, as teorias são os olhos da experiência, assim como as experiências são as pernas da teoria. Pois assim como diz o compositor e educador musical H. J. Koellreuter (1995) O risco, o experimento, a negação das regras inveteradas e caducas, são elementos essenciais da atividade artística. O passado é um meio e um recurso, de maneira nenhuma um dever. O futuro, porém, é.. Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende Guimarães Rosa

REFERÊNCIAS WHITNEY, Phyllis. PEER TEACHING I teach you, then you teach me, 2007. Disponível em: umdrive.memphis.edu/.../peer%20teaching.ppt. Acesso em: 16/10/2013 SCHROEDER, Silvia C. N. e SCHROEDER, Jorge L. As crianças pequenas e seus processos de apropriação da música. Revista da Abem, n.26, p. 105-118, 2011. LINO, Dulcimarta Lemos. Barulhar, a música das culturas infantis. Revista da Abem, n. 24, p.81-88, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional.Vol. 3, p. 52.1998 KOELLREUTER, H. J. O ensino da música num mundo modificado. Extraído de: KOELLREUTTER, H.J.: A caminho da superação dos opostos. Música Hoje - Revista de Pesquisa Musical, nº2, pp.07-25.napq e CPMC, Belo Horizonte UFMG,: 1995.