Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação



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* Trabalho Apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos populacionais, ABEP, realizado em Caxambu MG Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006.

Transcrição:

MIGRAÇÕES ENTRE OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, A PARTIR DAS INFORMAÇÕES DOS CENSOS DEMOGRÁFICOS DE 1991 E 2000 Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Geografia Tratamento da Informação Espacial, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre Área de Concentração: Análise Espacial Orientador: Dr. José Irineu Rangel Rigotti Mestranda: Idamila Renata Pires Vasconcellos PUC-MG Belo Horizonte 2003

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais V331m Vasconcellos, Idamila Renata Pires Migrações entre os municípios brasileiros, a partir das informações dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 / Idamila Renata Pires Vasconcellos. Belo Horizonte, 2003. 91f. : il. Orientador: Prof. Dr. José Irineu Rangel Rigotti Dissertação (mestrado) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Tratamento da Informação Espacial. Bibliografia. 1. Análise espacial (Estatística). 2. Migração interna Brasil - Censo 1991-2000. 3. Pesquisa sobre municípios Brasil. I. Rigotti, José Irineu. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tratamento da Informação Espacial. III. Título. CDU: 91: 312 Bibliotecária Eunice dos Santos CRB 6/1515

i MIGRAÇÕES ENTRE OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, A PARTIR DAS INFORMAÇÕES DOS CENSOS DEMOGRÁFICOS DE 1991 E 2000 Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Geografia Tratamento da Informação Espacial, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre Área de Concentração: Análise Espacial Orientador: Dr. José Irineu Rangel Rigotti Mestranda: Idamila Renata Pires Vasconcellos Banca Examinadora: Prof. Dr. José Irineu Rangel Rigotti Prof. Dr. José Alberto Magno de Carvalho Prof. Dr. Aurélio Muzzarelli Belo Horizonte, 28 Agosto de 2003.

ii Aos meus queridos pais, Célio e Udelmi, aos quais devo tudo o que sou; aos meus irmãos, Fabrício e Elimar; e ao meu grande amor Alexandre.

iii AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu Pai e minha Mãe por terem me incentivado a prosseguir minha caminhada em busca do conhecimento, pelo carinho e dedicação que sempre me dispensaram. Aos meus irmãos que sempre me apoiaram. Agradeço ao meu grande amor, Alexandre, pelo carinho e apoio durante toda esta caminhada. Agradeço ao professor Leônidas 1, que foi meu primeiro contato no programa, e que com seus ensinamentos me auxiliou nos cálculos estatísticos e no processamento da distância mínima. Agradeço o professor João Francisco 1, chefe do departamento, por me acolher em seu programa com tanto carinho. À Beth, Francisco e demais professores do programa que me ajudaram nesta caminhada, e, em especial, ao professor José Flávio 1 pelas dicas de cartografia. E aos meus colegas do curso, que tanto me ajudaram nesta caminhada. Agradeço ao professor Irineu 1, meu querido orientador, pela dedicação, carinho e competência com que conduziu meus estudos até aqui. Agradeço também ao professor Carlos Francisco, Pro-reitor de Planejamento, ao professor Roberto e Toninho pelo incentivo e colaboração para que eu pudesse realizar mais este trabalho. Aos demais colegas de trabalho pela cooperação. E a todos que de alguma forma me ajudaram a realizar mais este sonho. 1 Professor do Programa de Pós-graduação em Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas.

iv RESUMO Este trabalho apresenta os saldos e fluxos migratórios entre os municípios brasileiros a partir de informações sobre migração de data fixa encontradas nos Censos Demográficos de 1991 e 2000. Foi criado um banco de dados para otimizar a apuração dos resultados. Posteriormente, os fluxos migratórios foram mapeados através de software e representação cartográfica apropriados. Para a apuração dos saldos e dos fluxos migratórios, foi aplicado o procedimento proposto por Carvalho e Rigotti (1998) e Rigotti (1999), e foram utilizados dois softwares específicos que facilitaram a manipulação destas informações. Na análise das informações, buscou-se identificar padrões de fluxos no período de 1986 1991, e a confirmação no período 1995-2000. Em ambos os casos, o Município representa a identificação geográfica mínima. Esta unidade de análise não foi suficientemente explorada pelos pesquisadores. Este trabalho procura avançar neste nível de análise. Por utilizar a identificação geográfica mínima para todas as unidades da federação, este trabalho pretende contribuir para inúmeras análises a respeito das migrações entre os municípios brasileiros nos períodos utilizados.

v ABSTRACT This work presents the migratory flows between Brazilian municipalities collected from demographic census of 1991 and 2000. A database was created to optimize the results. The migratory flows were mapped with appropriated software and cartographic representation. The migratory balances and flows were measured through the procedures developed by Carvalho and Rigotti (1998), and Rigotti (1999). Two types of software were used to make easy the information handling. The identification of the migratory balances and flows refers to the period 1998-91 and 1995-2000. In both cases, the municipalities represent the minimal geographic identification. That geographic unit was not sufficiently explored by researchers. This work search advance in this level of analysis. Approaching the minimal geographic identification for all federative units this work intends to contribute for the analysis of migration between Brazilian municipalities.

vi SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...1 2 MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS...5 2.1 MIGRANTE DE DATA FIXA...6 2.2 MIGRANTE DE RETORNO PLENO...7 2.3 MIGRANTE DE PASSAGEM...8 3 FONTES DE DADOS...10 3.1 QUESITOS DO CENSO DEMOGRÁFICO DE 1991 AMOSTRA... 11 3.2 QUESITOS DO CENSO DEMOGRÁFICO DE 2000 AMOSTRA... 13 3.3 MAPAS DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS DE 1991 E 2000... 15 3.4 CONSISTÊNCIAS DAS INFORMAÇÕES... 16 3.5 DELIMITAÇÕES DOS DADOS UTILIZADOS NESTA PESQUISA... 19 4 CÁLCULOS E PROCESSAMENTO...20 4.1 MONTAGEM DA TABELA COM INFORMAÇÕES SOBRE A POPULAÇÃO... 21 4.2 MONTAGEM DA TABELA COM OS DADOS SOBRE MIGRAÇÃO DE DATA FIXA... 22 4.3 MATRIZ DE MIGRANTES... 23 4.4 APURAÇÃO DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS... 24 4.5 CÁLCULO DO SALDO MIGRATÓRIO E DA TAXA LÍQUIDA MIGRATÓRIA... 25 4.6 CÁLCULO DA DISTÂNCIA MÍNIMA... 28 4.7 PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES... 30 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS...32 5.1 POPULAÇÃO EM 1991 E 2000... 32 5.2 MIGRANTES DE DATA FIXA EM 1991 E 2000... 44 5.3 MATRIZ DE MIGRANTES EM 1991 E 2000... 51 5.4 FLUXO MIGRATÓRIO EM 1991 E 2000... 60 5.5 SALDOS MIGRATÓRIOS E TAXA LÍQUIDA MIGRATÓRIA EM 1991 E 2000... 66 5.6 DISTÂNCIA MÍNIMA PERCORRIDA PELOS MIGRANTES... 80 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...90

vii ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 Número de Municípios criados no período 1991 2000...5 Tabela 2 Comparativo entre os Censos dos Migrantes intermunicipais de data fixa de Origem não identificada... 18 Tabela 3 População dos municípios brasileiros por classe de tamanho 1991... 33 Tabela 4 População residente por sexo e idade, segundo Regiões e UF 1991... 34 Tabela 5 Percentual da População por Analfabetismo e Anos de Estudo, segundo Regiões e UF 1991... 35 Tabela 6 População dos municípios brasileiros por classe de tamanho 2000... 38 Tabela 7 População residente por sexo e idade, segundo Regiões e UF 2000... 40 Tabela 8 Percentual da População por Analfabetismo e Anos de Estudo, segundo Regiões e UF 2000... 41 Tabela 9 População e Migrantes Data Fixa de 1991, segundo Regiões de destino, por origem no Brasil ou outro país... 44 Tabela 10 População e Migrantes Data Fixa de 2000, segundo Regiões de destino, por origem no Brasil ou outro país... 45 Tabela 11 Migrantes Data Fixa por Sexo e Idade, segundo Regiões e UF 1991... 47 Tabela 12 - Migrantes Data Fixa por Analfabetismo e Anos de Estudo, segundo Regiões e UF 1991... 48 Tabela 13 Migrantes Data Fixa por Sexo e Idade, segundo Região e UF 2000... 49 Tabela 14 - Migrantes Data Fixa por Analfabetismo e Anos de Estudo, segundo Região e UF 2000... 50 Tabela 15 Matriz de Migrantes por Região para o período 1986 1991... 52 Tabela 16 Matriz de Migrantes por Região para 2000... 53 Tabela 17 Matriz de Migrantes por UF para 1986 1991... 55 Tabela 18 Matriz de Migrantes por UF para 1995 2000... 58 Tabela 19 Relação entre os Fluxos Migratórios possíveis e os observados... 60 Tabela 20 Fluxos migratórios intermunicipais observados no período 1986 1991, segundo o volume de migrantes... 61 Tabela 21 Fluxos migratórios intermunicipais observados no período 1995 2000, segundo o volume de migrantes... 62 Tabela 22 Saldo Migratório e Taxa Líquida Migratória do período 1986 1991, segundo Região e UF... 67

viii Tabela 23 Saldo Migratório e Taxa Líquida Migratória no período de 1995 2000, segundo Região e UF... 74 Tabela 24 Distâncias entre as sedes dos Municípios de Origem e Destino para o Censo de 1991, segundo o número de fluxos e volume de pessoas... 80 Tabela 25 Distâncias entre as sedes dos Municípios de Origem e Destino para o Censo de 2000, segundo o número de fluxos e volume de pessoas... 81 Tabela 26 Percentual de Imigrantes por Distância percorrida no período 1986 1991, segundo Regiões e UF... 82 Tabela 27 Percentual de Imigrantes por Distância percorrida no período 1995 2000, segundo Regiões e UF... 84 Tabela 28 Percentual de fluxos por distância percorrida no período 1986 1991, segundo volume de pessoas... 85 Tabela 29 Percentual de fluxos por distância percorrida no período 1995 2000, segundo volume de pessoas... 86 ÍNDICE DE MAPAS Mapa 1 Distribuição dos municípios brasileiros 1991, segundo classes de tamanho populacional... 37 Mapa 2 Distribuição dos municípios brasileiros 2000, segundo classes de tamanho populacional... 43 Mapa 3 Distribuição dos municípios, segundo o volume de Imigrantes do período 1986 1991... 70 Mapa 4 Distribuição dos municípios, segundo o volume de Emigrantes do período 1986 1991... 71 Mapa 5 Distribuição dos municípios, segundo o volume do Saldo Migratório do período de 1986 1991... 72 Mapa 6 Distribuição dos municípios, segundo o volume de Imigrantes do período de 1995 2000... 76 Mapa 7 Distribuição dos municípios, segundo o volume de Emigrantes do período de 1995 2000... 77 Mapa 8 Distribuição dos municípios, segundo o volume do Saldo Migratório do período de 1995 2000... 78

ix ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 Migrante de Data Fixa...6 Figura 2 Migrante de Retorno Pleno...7 Figura 3 Migrante de Passagem...8 Figura 4 Matriz de Migrantes... 23 Figura 5 Fluxos Migratórios...25 Figura 6 Saldo e Taxa Líquida Migratória... 27 Figura 7 Percurso... 28 Figura 8 Distância entre dois pontos... 28 Figura 9 Fluxo de Mão Dupla... 63 Figura 10 Direção predominante da migração inter-regional no período 1986 1991... 65 Figura 11 Direção predominante da migração inter-regional no período 1995 2000... 65

1 1 INTRODUÇÃO O censo demográfico brasileiro é uma pesquisa realizada desde 1872, com o intuito de conhecer as características da população brasileira através de informações estatísticas. A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão do governo federal responsável pela coleta, análise e divulgação das informações dos censos demográficos desde 1936.... em 1872, foi realizado o primeiro recenseamento nacional no País, o qual recebeu o nome de Recenseamento da População do Império do Brasil.... Com a criação do IBGE, em 1936, e com a contribuição do renomado demógrafo italiano Giorgio Mortara, inaugurou-se a moderna fase censitária no Brasil. Caracterizada, principalmente, pela periodicidade decenal dos censos demográficos, nessa nova fase foi ampliada a abrangência temática do questionário com introdução de quesitos de interesse econômico e social, tais como: mão-de-obra, emprego, desemprego, rendimento, fecundidade, migrações internas, entre outros temas. 2 Para a coleta destas informações, um questionário básico é aplicado em todas as residências e para todas as pessoas, no qual estão relacionadas informações sobre as características dos domicílios e das pessoas. Um outro tipo de questionário é aplicado em uma parcela menor da população, chamado questionário da amostra. Esse é mais detalhado que o primeiro e suas respostas representam todo o universo. Nos censos demográficos, tanto o de 1991, quanto o de 2000, foram aplicados os questionários, básico e da amostra. O questionário básico foi aplicado em todos os domicílios, com exceção daqueles selecionados para a amostra, contendo perguntas referentes às características gerais da 2 http://www1.ibge.gov.br/censo/censobrasil.shtm

2 população. O questionário da amostra foi aplicado somente nos domicílios selecionados na mesma, que corresponde a 20% dos domicílios nos municípios com até 15 mil habitantes, e 10% dos domicílios nos municípios com mais de 15 mil habitantes. Suas perguntas compreendem as do questionário básico e outras mais detalhadas. Para cada domicílio, investigaram-se informações referentes às características do domicílio e informações referentes a cada morador. Uma das características do domicílio é sua localização. Com esta informação tem-se, conseqüentemente, a localização dos moradores na data de realização do censo. No questionário da amostra, é coletada a informação sobre o local de residência das pessoas cinco anos antes da data de referência do censo, o município de última residência, o número de anos de residência no município e na UF, e, também, o local de nascimento, dentre outras informações. A partir das informações sobre migrações contidas no censo demográfico (amostra), é possível separar os migrantes em duas categorias: migrantes de última etapa e migrantes de data fixa. Os migrantes de última etapa são pessoas que moram, sem interrupção, no município de recenseamento há um certo tempo. Estas informações são fornecidas pelo questionário, utilizando-se a combinação dos quesitos de tempo de residência no município de recenseamento e último lugar de residência. Neste caso, se for fixada uma data padrão, por exemplo, cinco anos antes do recenseamento, para se verificar o saldo migratório, não é possível afirmar com exatidão que o município de última residência era o município de residência na data fixada. Os migrantes de data fixa, no caso brasileiro, são pessoas que em uma data fixada cinco anos antes do recenseamento, residiam em outro município. O questionário fornece esta informação para todas as pessoas, com cinco anos ou mais de idade, que fizeram este tipo de movimento

3 migratório. Para a verificação do saldo migratório dos municípios, esta informação é a mais adequada, como disposto no próximo capítulo. Este trabalho tem por objetivo geral estudar os fluxos migratórios entre os municípios brasileiros a partir de informações sobre migração de data fixa encontradas nos Censos Demográficos de 1991 e 2000, montando um banco de dados que otimize a apuração destes fluxos. Posteriormente, os fluxos migratórios foram mapeados através de software e representação cartográfica apropriados. As informações utilizadas aqui estão contidas no questionário da amostra, que indicam o movimento migratório em um período fixo, chamado de informações de migração de data fixa, tendo assim uma referência temporal entre as etapas deste movimento migratório. A escolha destas informações migratórias por data fixa, deve-se ao fato de que por ela se consegue delinear a origem e o destino dos fluxos populacionais e o saldo migratório em um período de tempo bem definido. Para a apuração dos fluxos migratórios, foi aplicado o procedimento proposto por Carvalho e Rigotti (1998), e Rigotti (1999), montando-se o banco de dados utilizando dois softwares específicos, que facilitaram a manipulação destas informações. Em sua análise, busca-se identificar padrões de fluxos no período de 1986-1991 e verificar se os mesmos se mantêm em 1995-2000. Foi feito, também, o mapeamento dos fluxos migratórios marcantes através do software de análise espacial. Em ambos os casos, utilizou-se a identificação geográfica mínima dos censos, o município. A utilização da unidade município deve-se ao fato de que os censos demográficos de 1991 e 2000 trazem informações sobre o município de residência cinco anos antes da data do recenseamento, o que não acontecia nos censos anteriores a 1991. Este trabalho justifica-se pelo fato de tratar de assunto ainda relativamente pouco explorado pelos pesquisadores nesse nível de detalhe e, também, por ser um trabalho de aprofundamento nos estudos sobre fluxos

4 migratórios entre municípios brasileiros. Foi dada aqui continuidade à exploração destes fluxos. Por utilizar a identificação geográfica mínima para todos os estados da federação, este trabalho traz informações inéditas e abre espaço para inúmeras análises a respeito das migrações intermunicipais. As informações dos migrantes de data fixa permitem identificar as seguintes situações no período relacionado: pessoa que saiu de um município e foi para outro (migrante); pessoa que não saiu do município no período (não-migrante); matrizes de migrantes por município, segundo os Censos de 1991 e 2000; imigrantes e emigrantes; saldos migratórios dos municípios nos períodos estudados; apuração dos fluxos migratórios (Origem X Destino), segundo os Censos Demográficos de 1991 e 2000; representação cartográfica dos resultados. No Capítulo 2 são apresentados, também, alguns esclarecimentos quanto aos tipos de movimentos migratórios. Nos Capítulos 3 e 4 são apresentadas as fontes de dados utilizadas neste trabalho, seus cálculos e processamentos. O Capítulo 5 traz a análise dos resultados e o 6, as considerações finais. No final estão as referências bibliográficas utilizadas.

5 2 MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS N o período 1991 2000, o Brasil teve um aumento de aproximadamente 23% no número de municípios, passando de 4.491, em 1991, para 5.507, em 2000. Tabela 1 Número de Municípios criados no período 1991 2000 Esta redistribuição no espaço foi mais marcante nas regiões Sul, com a criação de 286 municípios, e Nordeste, com 278. Conforme a Tabela 1, o estado do Rio Grande do Sul apresentou-se com o maior número de municípios criados no período, num total de 134 municípios novos, e Minas Gerais o segundo maior, com a criação de 130 municípios. Os estados do Amazonas e Bahia foram os únicos que não apresentaram mudanças na distribuição do espaço territorial nesse período. Esta redistribuição do espaço territorial mostra que a população brasileira está se rearranjando nos municípios de menor porte, favorecendo a desconcentração da Região UF Municípios % Acre 10 0,98 Amazonas - - Amapá 7 0,69 Cento-oeste Sul Sudeste Nordeste Norte Pará 38 3,74 Rondônia 29 2,85 Roraima 7 0,69 Tocantins 60 5,91 Total Norte: 151 14,86 Alagoas 4 0,39 Bahia - - Ceará 6 0,59 Maranhão 81 7,97 Paraíba 52 5,12 Pernambuco 17 1,67 Piauí 103 10,14 Rio Grande do Norte 14 1,38 Sergipe 1 0,10 Total Nordeste: 278 27,36 Espírito Santo 10 0,98 Minas Gerais 130 12,80 Rio de Janeiro 21 2,07 São Paulo 73 7,19 Total Sudeste: 234 23,03 Paraná 76 7,48 Rio Grande do Sul 134 13,19 Santa Catarina 76 7,48 Total Sul: 286 28,15 Distrito Federal - - Goiás 31 3,05 Mato Grosso do Sul 5 0,49 Mato Grosso 31 3,05 Total Centro-Oeste: 67 6,59 Total Brasil: 1.016 100,00 população. Isto já tinha sido Fonte: Censo Demográfico Brasileiro (1991 e 2000) observado por Rigotti e Abreu (2002) para as cidades médias,... ao que tudo indica, o final do século passado parece ter reforçado a relativa

6 desconcentração espacial da população brasileira. Para compreender melhor esta dinâmica demográfica, é preciso levar em consideração suas componentes, que são: o crescimento vegetativo e o saldo migratório. O crescimento vegetativo corresponde ao incremento populacional em um certo período, considerando-se apenas os efeitos da natalidade e da mortalidade no município. O saldo migratório é a diferença entre o número de pessoas que entraram no município (imigrantes), no período determinado, e o número de pessoas que saíram (emigrantes). Este saldo, de acordo com seu valor, indica que o município obteve ganho ou perda de população, ou que este não produziu alterações para a população do município no final do período. Os Censos Demográficos brasileiros de 1991 e 2000 abriram a possibilidade de se fazer a análise das migrações de data fixa por município, coisa que até então não era possível. Assim, para se fazer a análise destas informações sobre migração é necessária a compreensão dos diferentes movimentos migratórios 3. O resultado, ao final do período analisado, dos movimentos ou fluxos, é constituído por migrantes de data fixa, migrantes de retorno pleno, e migrantes de passagem, sendo identificados a partir dos quesitos do questionário. 2.1 MIGRANTE DE DATA FIXA Na Figura 1, observa-se o movimento migratório da pessoa P, que morava no município Y na data do recenseamento. Perguntou-se a ela Figura 1 Migrante de Data Fixa Município X P Data fixa cinco anos antes do recenseamento P Município Y Data do recenseamento 3 Estas considerações sintetizam a discussão sobre o uso dos quesitos censitários desenvolvida em Carvalho e Rigotti (1998) e Rigotti (1999).

7 onde residia em uma data fixada, exatamente cinco anos antes da data do recenseamento. Ela respondeu que morava no município X. Registrou-se o município de moradia na data fixa anterior (cinco anos antes) de todas pessoas entrevistadas, com cinco anos ou mais de idade, e que residiam em outro município na referida data. A data de referência para os dados de migração data fixa no Censo Demográfico de 1991 foi 01/09/1986, e a do Censo de 2000, 31/07/1995. Este tipo de movimento migratório será contemplado nesta pesquisa, através da análise dos quesitos de migração de data fixa dos censos demográficos utilizados. 2.2 MIGRANTE DE RETORNO PLENO A Figura 2 mostra o migrante de retorno pleno. Para a pessoa P, que morava no município X na data do recenseamento, perguntou-se qual o município de Figura 2 Migrante de Retorno Pleno residência na data fixa anterior ao recenseamento. A resposta foi que residia em X. P Data do recenseamento Município X Data fixa cinco anos antes do recenseamento P Certo tempo entre a data fixa no qüinqüênio anterior e o recenseamento P Município Y Para esta mesma pessoa, perguntou-se quantos anos de moradia ininterrupta no município de recenseamento e qual é o município de residência anterior. Ela respondeu que mora há menos de cinco anos em X, e veio de Y. Assim, pode-se concluir que a pessoa P fez uma etapa de retorno 4, pois morava em X na data anterior, em algum momento dentro do 4 Denominado retorno pleno por Carvalho e Rigotti (1998) para caracterizar o movimento dentro do qüinqüênio considerado. Aqueles que não residiam no município no início, mudaram-se para lá durante o qüinqüênio, posteriormente saíram e a ele retornaram em seguida, sendo lá recenseados, não são considerados retornados plenos.

8 qüinqüênio mudou-se para Y e, depois, foi recenseada em X. Uma explicação simples sobre o motivo deste tipo de movimento migratório para o caso específico das mesorregiões de Minas Gerais, encontra-se em Rigotti (2000):... Como cinco anos é um prazo relativamente curto para se completar um movimento de saída e de retorno, pressupõe-se que as regiões menos desenvolvidas sejam aquelas com maior participação deste tipo de migrantes. De fato, nestas regiões o migrante é, em geral, menos qualificado, o que dificulta sua inserção no mercado de trabalho local, aumentando suas chances de retorno. Este fluxo de retorno pode ser identificado no censo demográfico utilizando uma combinação dos quesitos de migração de data fixa com os de última etapa 5, pois neste caso existem duas etapas migratórias, o movimento feito de X para Y, e o de Y para X. Como neste estudo só se trabalhou com informações de data fixa, este fluxo não foi abordado, por não ser identificado apenas com informações de migração de data fixa, pois, na data fixada, este migrante ainda estava no município de recenseamento. 2.3 MIGRANTE DE PASSAGEM Figura 3 Migrante de Passagem Neste movimento estão envolvidos três municípios diferentes (Figura 3). Para a pessoa P, que residia em W no Município X P Data fixa cinco anos antes do recenseamento Certo tempo entre a data fixa no qüinqüênio anterior e o recenseamento P Município Y P Município W Data do recenseamento momento do recenseamento, perguntou-se o local de moradia em uma 5 Dá-se o nome de informações sobre migrantes de última etapa à combinação entre os quesitos: tempo de residência no município de recenseamento e município de residência anterior.

9 data fixa cinco anos antes (município X). Perguntou-se, também, o local de sua última residência (município Y) e o tempo de residência no município de recenseamento. Com isto, têm-se pelo menos duas etapas de passagem da pessoa P: do município X, onde residia há cinco anos, provavelmente 6 para o município Y, e de Y, em algum momento dentro do qüinqüênio, para o município W, onde residia na data do censo. Aqui estão envolvidos três municípios diferentes, com pelo menos duas etapas migratórias, indicando a saída da origem (X), com uma passagem (Y), até chegar ao destino (W). Apesar deste movimento ser parecido com o fluxo de retorno-pleno, por haver dois fluxos envolvidos, cabe lembrar que no fluxo de retorno-pleno os municípios de origem e destino são, necessariamente, os mesmos. No fluxo de passagem os locais de residência, no início (data fixa) e no final, podem ser os mesmos ou diferentes 7. Este migrante pode ser identificado a partir de uma combinação dos quesitos de migração de data fixa com os de última etapa. Como neste estudo foram utilizadas somente as informações de migração de data fixa, este tipo migrante foi abordado como tendo um único movimento com a origem na data fixa anterior ao recenseamento e destino no município onde foi recenseado, ignorando-se a etapa intermediária de passagem. 6 Provavelmente, porque entre X e Y pode ter residido, também, em outro município. 7 No migrante retornado pleno, o foi de passagem no município intermediário. Por outro lado, nem todo migrante de passagem é um retornado pleno.

10 3 FONTES DE DADOS O s dados utilizados neste estudo foram fornecidos pelo IBGE, através dos Microdados do Censo Demográfico Brasileiro, amostra dos anos de 1991 e 2000. Estes microdados são uma coleção de todas as respostas aos questionários aplicados nos domicílios selecionados na amostra. Eles são fornecidos em CD 8, na forma de arquivos do tipo texto, com as respostas aos quesitos censitários codificados. Têm-se dois arquivos distintos para cada UF, um contendo informações dos domicílios e outro de pessoas. Cada arquivo é composto por linhas e colunas, onde a linha representa a resposta de um domicílio ou pessoa. Nas colunas estão dispostas as variáveis que representam cada quesito do questionário. Para se fazer a leitura destes dados codificados, é necessário o auxílio do dicionário de dados que é fornecido juntamente com os microdados, onde estão as informações necessárias para se traduzir estes códigos numéricos. Esta codificação das informações é necessária, pois são muitas informações a serem processadas e que precisam ser armazenadas de forma a facilitar consultas e agilizar as respostas. Por um lado, esta codificação facilita a tabulação e o armazenamento destes dados. Por outro, dificulta a leitura destas informações por pessoas não habituadas com o seu tratamento. Uma codificação que foi muito utilizada nestes microdados é o que, em computação, se chama de código estruturado, no qual uma determinada informação é codificada seguindo-se uma fórmula específica. Na dissertação de mestrado de Guerra (2000), são explicados, em detalhe, os formatos em que o IBGE publica os microdados. Neste trabalho, 8 CD = Compact Disc

11 foram utilizadas as informações dos microdados já processadas no software SPSS 9 pelo laboratório de Microdados do Programa de Pós-graduação em Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas. A seguir serão descritos todos os quesitos censitários, também intitulados de variáveis censitárias, utilizados nesta pesquisa. 3.1 QUESITOS DO CENSO DEMOGRÁFICO DE 1991 AMOSTRA Do Censo Demográfico de 1991, foram selecionadas variáveis de localização do migrante, tanto da origem quanto do destino, e informações sobre sexo, idade, analfabetismo e escolaridade. Estes dados estavam, inicialmente, em arquivos separados por UF, organizados no software de tratamento estatístico SPSS. Através de uma função do próprio software, chamada merge, fez-se a junção das informações de todas as UFs em um único arquivo e, posteriormente, selecionaram-se as seguintes variáveis: V1101 Unidade da Federação: variável com o código da Unidade da Federação (UF) de localização do domicílio da pessoa na data de realização do censo, fornecida para todos. Ela está codificada e seus valores podem estar entre 11 e 53, onde cada código corresponde a uma UF, conforme tabela do IBGE. Exemplos: o código 11 é Rondônia, o 31 é Minas Gerais e o 35 é São Paulo. V1102 Município: variável com o código do município de localização do domicílio da pessoa na data de realização do Censo, fornecida para todos. Também é uma variável codificada contendo valores que podem variar de 0 a 9999. Esta variável conjugada com a variável 9 SPSS, Statistical Package for the Social Sciences, Copyright SPSS Inc. All rights reserved.

12 V1101, informará qual o município de residência da pessoa na data de realização do censo, conforme tabela do IBGE. V0321 Unidade da Federação e Município ou País Estrangeiro em que morava em 01/09/1986: variável que indica o código da UF de residência da pessoa, em 01/09/1986, ou o código do País Estrangeiro em que morava, na referida data. Ela é fornecida para as pessoas com cinco anos ou mais de idade, sendo uma variável codificada que, conforme o seu valor, mostra um tipo de informação: valor em branco. Esta pessoa tem menos de cinco anos de idade ou é um não-migrante; valor na faixa de 11 a 53. Esta é uma pessoa migrante e registra-se, aqui, o código da UF de origem; valor igual a 54. Esta é uma pessoa migrante cuja origem não foi identificada, mas é de um município brasileiro; valor igual a 70. Esta pessoa é migrante, pois, em 01/09/1986, morava no mesmo município, mas, em alguma data entre o período de 01/09/1986 e 01/09/1991, ela migrou para outro município, retornando para a origem antes de 01/09/1991; valor igual a 80. É uma pessoa migrante que veio de país estrangeiro. V3211 Município ou País Estrangeiro de residência em 01/09/1986: variável com o código do município de residência da pessoa em 01/09/1986. É derivada da variável V0321 e está codificada de acordo com a declaração na citada variável. V0301 Sexo: variável com o código do sexo, fornecida para todas as pessoas. Esta variável está codificada da seguinte forma: se o valor for igual a um, significa que a pessoa é do sexo masculino; se o valor for igual a dois, a pessoa é do sexo feminino.

13 V3072 Idade: variável com a idade da pessoa em anos completos, fornecida para todas as pessoas. V0323 Alfabetização: variável que indica se a pessoa sabe ler e escrever. Ela é fornecida para as pessoas com cinco anos ou mais de idade e está codificada da seguinte forma: se o valor for igual a um, significa que a pessoa sabe ler e escrever; se for igual a dois, a pessoa não sabe ler e escrever. V3241 Anos de Estudo: variável que mostra a escolaridade da pessoa, fornecida para as pessoas com cinco anos ou mais de idade. Foi derivada de outras variáveis sobre educação e está codificada da seguinte forma: valor igual a 0 (zero), pessoa sem instrução; valor entre 1 e 16, mostra a quantidade de anos de estudo com aprovação (exemplo: uma pessoa com oito anos de estudo tem o ensino fundamental completo); valor igual a 17, pessoa com dezessete anos ou mais de estudo; valor igual a 20, anos de estudo não determinado; valor igual a 30, alfabetização de adultos. V7301 Peso ou Fator para Expansão da Amostra: variável de ponderação, fornecida para todas as pessoas. Mostra a ponderação das respostas de cada pessoa dentro da amostra, para que esta amostra possa representar as respostas do Universo. 3.2 QUESITOS DO CENSO DEMOGRÁFICO DE 2000 AMOSTRA Para o Censo Demográfico de 2000 foram selecionados os quesitos que faziam referência às mesmas informações selecionadas em 1991. Foi

14 feito o mesmo processo para juntar as informações de todas as Ufs. Assim, as variáveis selecionadas dos microdados de 2000 são: V0102 UF: igual à variável V1101 do Censo de 1991. V0103 Município: corresponde à variável V1102 do Censo de 1991, mas sua codificação é diferente. Ela está codificada de acordo com a seguinte fórmula: ( código _ UF *100.000) + ( código _ Município*10) + ( digito _ verificador ) V0401 Sexo: igual à variável V0301 do Censo de 1991. V4752 Idade: igual à variável V3072 do Censo de 1991. V0424 Residência em 31 de julho de 1995: esta variável é semelhante à V0321 do Censo de 1991, mas sua codificação é diferenciada. É fornecida para as pessoas com cinco anos ou mais de idade. Aqui foi investigado o local de residência da pessoa em 31/07/1995. De acordo com seu valor, ela mostra um tipo de informação: valor em branco. A pessoa é um não-migrante; valor um. A pessoa morava no mesmo município, na zona urbana; valor dois. A pessoa morava no mesmo município, na zona rural; valor três. A pessoa morava em outro município, na zona urbana; valor quatro. A pessoa morava em outro município, na zona rural; valor cinco. A pessoa morava em outro país; valor seis. A pessoa não era nascida. V4250 Código do município de residência em 31 de julho de 1995: esta variável é semelhante à V3211, do Censo de 1991, porém, a codificação segue a fórmula da variável V0103, do Censo de 2000. Ela é derivada da variável V0424 e especifica o código do município de

15 residência em 31/07/1995, de acordo com a declaração da variável V0424. V0428 Sabe ler e escrever: variável igual à V0323 do Censo de 1991, só que em 2000 este quesito foi fornecido para todas as pessoas. V4300 Anos de Estudo: variável igual à V3241 do Censo de 1991, só que em 2000 este quesito foi fornecido para todas as pessoas. P001 Peso ou Fator para Expansão da Amostra: variável igual à V7301 do Censo de 1991. 3.3 MAPAS DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS DE 1991 E 2000 As bases cartográficas utilizadas neste trabalho foram fornecidas pelo IBGE, e empregados para mapeamento das informações sobre migração de data fixa dos censos demográficos de 1991 e 2000. Estes mapas contêm a divisão municipal, estadual e regional do Brasil, levando em consideração que, em 1991, o Brasil tinha 4.491 municípios e, em 2000, chegou-se a 5.507 municípios. Estas bases cartográficas foram georeferenciadas, utilizando o software MapInfo 10. Em Saraiva Filho (2000) foram feitas algumas adaptações e correções nas bases cartográficas fornecidos pelo IBGE para o Censo de 1991. É com esta base cartográfica que foram feitos, neste trabalho, os mapeamentos dos migrantes de 1991. 10 Mapinfo, Mapinfo Professional Version, Copyright Mapinfo Corporation. All rights reserved.

16 3.4 CONSISTÊNCIAS DAS INFORMAÇÕES Nestas fontes de dados foram feitas algumas comparações, levando em conta alguns quesitos, dos resultados do Universo com o da Amostra, para verificar a qualidade destas informações. Os resultados obtidos foram satisfatórios, tanto para o Censo Demográfico de 1991 quanto para o de 2000. Comparou-se, por exemplo, o total da população apurada na Amostra com o valor publicado pelo IBGE do Universo. Observou-se que a amostra não apresentou um resultado igual ao universo, mas sua diferença é inferior a 0,10% do total da população do universo. Considerando que 0,10% da população seria um valor irrelevante, e que, em números gerais, não distorceria os resultados, a representatividade da Amostra foi considerada muito boa. Quanto aos quesitos de migração de data fixa, é preciso fazer alguns apontamentos a respeito. Para o Censo de 1991, têm-se nas variáveis v0321 (UF de residência em 01/09/1986) e v3211 (Município de residência em 01/09/1986), uma combinação que mostra exatamente o município de residência da pessoa na data fixa de 01/09/1986. Para um certo grupo de migrantes, não foi possível estabelecer com exatidão o município de origem, pois existe a codificação da UF de número 54 significando que a UF de origem não foi identificada. Alguns entrevistados responderam corretamente de qual UF vieram, mas não foi identificado o município de origem, ficando com o código do município igual a zero. O mesmo ocorre para o Censo de 2000, com as variáveis v0424 (Local de residência da pessoa em 31/07/1995) e v4250 (Município de residência em 31/07/1995), no qual, também, foram observados os dois casos de não identificação da origem da pessoa na data fixa anterior. Para o Censo Demográfico de 1991, o número total de migrantes intermunicipais de data fixa é de 13.977.388, o que representa 9,52% do total

17 da população em 1991. Destes migrantes, tem-se um total de 455.118 pessoas sem a identificação correta do município de origem em 1986. Isto representa 3,26% do total de migrantes em 1991, o que não é muito significativo em termos gerais, uma vez que se tem 96,27% dos migrantes com origem identificada. Mas este número passa a ser significativo quando se verificam os fluxos intermunicipais. Para exemplificar, o maior fluxo migratório com município de origem não identificado é o fluxo da Bahia para o município de São Paulo, representando o terceiro fluxo migratório de maior volume de migrantes para São Paulo, com um volume de 13.303 pessoas, superando o volume de 10.729 pessoas migrantes do município de Salvador, na Bahia, para o município de São Paulo. Obviamente, estas 13.303 pessoas não possuem um único município de origem, mas dentre eles pode haver pessoas com origem em Salvador (BA) aumentando assim o volume de pessoas do fluxo de Salvador (BA) para São Paulo (SP). Para o Censo de 2000, o número total de migrantes intermunicipais de data fixa é de 15.458.738 pessoas, representando 9,10% do total da população em 2000. Deste total, 685.583 pessoas não identificaram corretamente o município de origem, o que representa 4,81% do total de migrantes. Para exemplificar, o fluxo migratório mais expressivo com origem não identificada de 2000 é o fluxo observado do resto do estado de São Paulo para o município de São Paulo com um volume de 15.056 pessoas. A não identificação do município de origem provavelmente deve-se ao fato das pessoas confundirem municípios com distritos, vilas e lugarejos, especialmente em 2000, quando foram criados mais de mil novos municípios no decênio anterior. A Tabela 2 mostra o perfil destas pessoas migrantes, cuja origem do fluxo migratório não se pode identificar corretamente. No Censo de 1991 estes migrantes eram, na sua maioria, mulheres, tinham entre 15 e 34 anos de idade, 27% eram analfabetos e a maioria (cerca de 53%) tinha o primeiro grau incompleto (1 a 7 anos de estudo). Já para o Censo de 2000, estes migrantes eram, em sua maioria, homens, tinham, também, idade entre 15 e 34 anos, 17% eram analfabetos e a

18 maioria (cerca de 55%) também tinha o primeiro grau incompleto. Observouse um sensível aumento de homens, comparando-se 1991 e 2000, mas o que chamou mais a atenção foi a diminuição do número de pessoas nas faixas até 34 anos de idade, e um aumento para as faixas acima de 35 anos de idade. Tabela 2 Comparativo entre os Censos dos Migrantes intermunicipais de data fixa de Origem não identificada Distribuição dos migrantes de origem não identificada Idade (em anos completos) Anos de estudo Total % de Homens % de Mulheres Analfabetos Censo Demográfico 1991 2000 1991-2000 455.118 744.162-289.045 49,68 50,69-1,01 50,32 49,31 1,01 5 a 14 23,66 18,61 5,05 15 a 34 55,31 51,83 3,48 35 a 64 18,35 25,81-7,46 65 ou mais 2,68 3,75-1,07 27,04 17,88 9,16 Sem instrução 29,41 17,86 11,55 1 a 3 24,04 23,30 0,74 4 a 7 29,19 32,57-3,38 8 a 10 8,23 12,70-4,47 11 5,84 8,57-2,73 12 ou mais 2,90 4,09-1,19 Fonte: Censo Demográfico Brasileiro Amostra (1991 e 2000) Microdados Outro aspecto a se observar, no quesito de escolaridade destas pessoas, foi que o número de analfabetos diminuiu consideravelmente. Houve um crescimento também considerável de pessoas com quatro anos ou mais de estudo. É possível que tenha acompanhado a melhoria da média brasileira. Mesmo com esta melhora nos quesitos referentes à escolaridade destes migrantes, o número de pessoas com origem não identificada aumentou cerca de 50%, comparando-se os dois censos, enquanto que o número de migrantes de data fixa aumentou cerca de 10%, de 1991 para 2000. Isto mostra que a qualidade da informação da migração de data fixa de 1991 era melhor que a de 2000.

19 3.5 DELIMITAÇÕES DOS DADOS UTILIZADOS NESTA PESQUISA Com base nas observações sobre a consistência das informações das fontes de dados, foram feitas algumas delimitações. Foram utilizadas as informações de migração de data fixa da população com cinco anos ou mais de idade, cujo município de origem foi identificado corretamente, e foram descartadas todas as informações dos migrantes cujo município de origem não foi identificado. Estas delimitações servem tanto para o Censo de 1991, quanto para o de 2000. Assim, trabalhou-se com cerca de 95% dos migrantes de data fixa nos dois censos. Estas informações representam 9,17% da população brasileira, em 1991, e 8,58% da população, em 2000.

20 4 CÁLCULOS E PROCESSAMENTO N este trabalho foram aplicadas as técnicas, discutidas em Carvalho e Rigotti (1998) e Rigotti (1999), aos microdados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 de todos os municípios brasileiros. Nesta seção, será explicada a maneira com que foram feitos os cálculos e o processamento das diversas etapas deste processo. Para isto, foi necessária a montagem de um banco de dados, utilizando o software de tratamento estatístico SPSS e o banco de dados relacional SQL Server 11, que fizeram o processamento destas informações. Os dados do Censo Demográfico de 1991 e 2000, como já foi dito na seção anterior, estão em arquivos do SPSS, separadas por UF. Assim, fez-se necessária a criação de um único arquivo para cada censo, contendo as informações de todas as UFs, o que facilitou a apuração dos fluxos migratórios. Para tanto, foi utilizada a função merge do SPSS, que faz esta junção de arquivos. Procedeu-se, então, a seleção das variáveis utilizadas nesta pesquisa. Para isto, criou-se uma cópia deste arquivo e foram eliminadas as variáveis que não seriam utilizadas, através da função delete do SPSS. Assim, gerou-se um único arquivo para cada censo, contendo somente as variáveis da pesquisa: a localização do domicílio na data de referência do Censo (Destino); o local de moradia, cinco anos antes da data do censo (Origem); o sexo; 11 SQL Server, Microsoft SQL Server 2000, Copyright Microsoft Corporation. All rights reserved.

21 a idade em anos completos; a condição da pessoa ser ou não analfabeta ( Sabe ler e escrever? ); o número de anos de estudo da pessoa; o peso. Esta tabela foi denominada de Tabela Base, pois ela será a base de dados para os próximos passos. Assim, deu-se início aos cálculos e processamentos dos dados. 4.1 MONTAGEM DA TABELA COM INFORMAÇÕES SOBRE A POPULAÇÃO O primeiro passo é a montagem de uma tabela contendo as informações da população total. Utilizando-se a Tabela Base, foram agrupadas as informações por município de destino, de forma a obter as informações segundo sexo, idade, analfabetismo e escolaridade, sumarizadas por município, na data de realização dos censos. Para isto, no SPSS utilizou-se a função frequencies ou crosstabs, para sumarizar estas informações, e no SQL Server, a cláusula group by. Ao final deste processo, obteve-se uma tabela com o município de localização na data do censo, número de homens e mulheres, a idade agrupada em faixas (em anos completos: 0 a 4, 5 a 14, 15 a 34, 35 a 64, 65 ou mais), número de analfabetos e a escolaridade agrupada em faixas de anos de estudo (sem instrução, 1 a 3, 4 a 7, 8 a 10, 11, 12 ou mais). Estas tabelas foram denominadas POP_1991 e POP_2000, de acordo com o ano de referência dos censos demográficos utilizados, e estão disponíveis no laboratório de Microdados do Programa de Pós-graduação em Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas. Com estas tabelas, fez-se o mapeamento da população por município, utilizando o software Mapinfo (Mapas 1 e 2). Como o número de

22 municípios é muito grande (mais de quatro mil), optou-se por agrupar estes municípios em UFs e Regiões, para que pudesse ser apresentado, neste trabalho, um resumo estas informações (Tabelas 4, 5, 7 e 8). 4.2 MONTAGEM DA TABELA COM OS DADOS SOBRE MIGRAÇÃO DE DATA FIXA Foi feita a montagem de uma tabela com os dados gerais dos migrantes de data fixa. Utilizando a Tabela Base, selecionaram-se somente as linhas, cujas respostas correspondiam às pessoas migrantes de data fixa. Vale lembrar que o quesito de migração de data fixa, Origem, é respondido somente por pessoas, no censo, com cinco anos ou mais de idade e que não moravam no município pesquisado na data fixa anterior (cinco anos atrás). Foram considerados somente aqueles cujos municípios de origem foram identificados. No SPSS, utilizou-se a função select cases para filtrar os migrantes de data fixa; no SQL Server, pela cláusula where, filtraram-se as mesmas informações. Foram geradas tabelas com os dados de todos os migrantes data fixa, denominadas Mig_1991 e Mig_2000, de acordo com o ano de referência dos censos utilizados. Com estas tabelas em mãos, fez-se o agrupamento destes migrantes segundo a Região de destino e contou-se quantos destes migrantes têm origem migratória no Brasil, em Outro País e não identificada. Isto para exemplificar a quantidade de população envolvida neste processo migratório (Tabelas 9 e 10). Outra tabela gerada a partir de Mig_1991 e Mig_2000, foi a que agrupa os migrantes por UF e Região de destino, sumarizando por sexo, idade, analfabetismo e escolaridade, para se traçar o perfil destes migrantes de data fixa. Para a montagem destas tabelas, foram utilizadas a função

23 frequencies ou crosstabs do SPSS e a cláusula group by do SQL Server (Tabelas 11, 12, 13 e 14). 4.3 MATRIZ DE MIGRANTES A Matriz de Migrantes é uma forma encontrada para facilitar a visualização dos movimentos ou fluxos migratórios. A Figura 4 exemplifica uma Matriz de Migrantes hipotética, onde nas linhas tem-se a origem (X, Y e Z) e nas Figura 4 Matriz de Migrantes Destino X Y Z Emigrantes X 30 5 10 45 Y 9 22 6 37 Z 5 3 15 23 Imigrantes 44 30 31 105 Diagonal 30 22 15 67 colunas o destino (X, Y e Z). Nas células de encontro da origem com o destino tem-se o volume de pessoas (sobreviventes) que realizou este movimento, do município de origem para o município de destino. A diagonal principal desta matriz mostra o volume de movimentação interna da região daqueles sobreviventes, no final do qüinqüênio, a mortalidade e a reemigração. Ao totalizar estas células pelas colunas, tem-se o número de imigrantes por destino, e ao totalizar as células pela linha, tem-se o número de emigrantes por origem. A Diagonal Principal, células que estão dispostas em diagonal da Matriz de Migrantes e que estão em destaque, mostra a movimentação interna da região. Nota-se que o total de migrantes é de 105 pessoas e é igual a soma dos Imigrantes e a soma dos Emigrantes. Isto acontece, pois imigrantes e emigrantes são, em suma, migrantes. O que muda é o ponto de referência adotado. Para os imigrantes, toma-se por referência o município de destino do migrante e conta-se o número de pessoas que chegaram a este município. Já para os emigrantes, toma-se por ponto de referência o município de origem do migrante e conta-se o número de pessoas que de lá saíram. Assim, com os imigrantes e emigrantes pode-se visualizar melhor os municípios de atração e expulsão de população e, também, calcular o Origem

24 Saldo Migratório e a Taxa Líquida Migratória (que serão definidos no item 4.5). Com a utilização da Matriz de Migrantes, o acesso às informações sobre migração de data fixa fica facilitado, uma vez que se tem agrupado, por origem e destino, todos os movimentos do período. Nesta terceira etapa, foi montada uma tabela com o produto cartesiano de todos os municípios do censo demográfico, para gerar a Matriz de Migrantes. No Censo de 1991, têm-se 4.491 municípios. A matriz de migrantes correspondente deverá ter 4.491 linhas e o mesmo número de colunas, totalizando-se 20.169.081 células. No Censo de 2000, têm-se 5.507 municípios. A matriz de migrantes correspondente deverá ter 5.507 linhas e o mesmo número de colunas, totalizando-se 30.327.049 células. O SPSS faz este produto cartesiano e gera a matriz, utilizando a função crosstabs. No entanto, esta função tem uma limitação em relação ao número de colunas, suportando um máximo de mil. O SQL Server faz o produto cartesiano com a cláusula cross join, mas não monta a matriz, gerando uma lista com todas as células. Assim sendo, optou-se por não gerar esta matriz de migrantes por município, uma vez que o SPSS não o faz e o SQL Server geraria uma infinidade de dados que não poderiam ser visualizados com facilidade. Fezse, então, uma matriz de migrantes agrupada por Região e outra por UF, utilizando-se as respectivas funções do SPSS e do SQL Server (Tabelas 15, 16, 17 e 18). 4.4 APURAÇÃO DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS Nesta etapa, apuraram-se os fluxos migratórios, agrupando-os segundo origem e destino, fazendo uma contagem destes migrantes para cada fluxo

25 observado. No SPSS, utilizou-se a função aggregate para fazer este agrupamento e no SQL Server, a cláusula group by. Assim, obteve-se uma tabela contendo o município de origem e destino dos migrantes e o total destes, por fluxo. Origem Figura 5 Fluxos Migratórios Destino Núm. de Pessoas Belo Horizonte Contagem 1.500 Belo Horizonte Betim 650 Betim Contagem 232 Contagem Belo Horizonte 954 Salvador São Paulo 6.500 A Figura 5 ilustra a forma como foi montada a tabela dos fluxos migratórios para 1991 e 2000. Estas tabelas foram denominadas de FLUXO_1991 e FLUXO_2000, conforme o ano de referência do censo, e estão disponíveis no laboratório de Microdados. De posse das tabelas dos fluxos, estes foram agrupados em faixas com o volume de pessoas por fluxo (fluxos com: menos de 50 pessoas, de 50 a 99, de 100 a 249, de 250 a 499, de 500 a 999, de 1.000 a 4.999, de 5.000 a 9.999, de 10.000 a 50.000, mais de 50.000), utilizando a função frequencies do SPSS e group by do SQL Sever (Tabelas 20 e 21). 4.5 CÁLCULO DO SALDO MIGRATÓRIO E DA TAXA LÍQUIDA MIGRATÓRIA O Saldo Migratório é uma informação de suma importância para a análise da dinâmica das migrações internas. Pode ser obtido utilizando-se os quesitos de migração data fixa encontrados nos Censos Demográficos de 1991 e 2000, pois se tem a informação do município de origem e destino dos migrantes em duas datas bem definidas. Esta análise depende da referência espacial adotada, município de origem ou de destino do fluxo migratório. Então, levando-se em consideração a referência espacial, pode-se determinar, para cada município, o número de emigrantes e imigrantes, que são a base para o cálculo deste saldo.