TÍTULO: ANÁLISE MOLECULAR DO GENE LHX3 EM PACIENTES PORTADORES DE DEFICIÊNCIA ISOLADA OU COMBINADA DE GH



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Transcrição:

TÍTULO: ANÁLISE MOLECULAR DO GENE LHX3 EM PACIENTES PORTADORES DE DEFICIÊNCIA ISOLADA OU COMBINADA DE GH CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: BIOMEDICINA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS AUTOR(ES): ANNA FLAVIA FIGUEREDO BENEDETTI ORIENTADOR(ES): LUCIANI RENATA SILVEIRA DE CARVALHO

Resumo A adenohipófise se origina do ectoderma oral, dando origem à bolsa de Rathke durante a embriogênese. O desenvolvimento de suas células secretoras de hormônios depende de vários fatores de transcrição. Mutações nesses genes podem dar origem ao hipopituitarismo congênito. Um desses genes, o LHX3, se localiza no cromossoma 9 na região 9q34.3 e é expresso no cérebro na fase embrionária, assim como na medula espinhal e bolsa de Rathke. Todas as mutações nesse gene foram descritas em homozigose e com padrão de herança autossômico recessivo. O hipopituitarismo pode estar relacionado à limitação da rotação do pescoço, autismo, perda neuronal auditiva e alterações de imagem sugestiva de lesão de hipersinal na adenohipófise. A adenohipófise pode apresentar aspecto normal, hipoplásica ou hiperplásica com neurohipófise tópica. Foram descritos até o momento apenas 12 mutações nesse gene, o que sugere que mutações nesse gene pode ser causa rara de hipopituitarismo. Para o presente estudo foram selecionados 37 pacientes com hipopituitarismo (21 do sexo masculino e 16 do sexo feminino) e 34 com neurohipofise tópica. Os pacientes tiveram seu DNA extraído de sangue periférico e toda a região exônica e de transição exon-íntron do gene LHX3 foi estudado através da amplificação dos fragmentos pela reação de PCR, seguido de sequenciamento automático pelo método de Sanger. Foram encontradas 4 variantes alélicas, estando duas delas presentes em heterozigose em uma mesma paciente. Foi feita a análise de segregação da variante na mãe e filha e evidenciou-se que a mãe é carreadora da mesma variante da paciente. Como não tínhamos disponível DNA do pai, fizemos MLPA na paciente para avaliar possível deleção do outro alelo do LHX3, possivelmente herdado do pai, porém o MLPA evidenciou número normal de cópias, descartando a possibilidade de heterozigose composta. Portanto, mutações no gene LHX3 são consideradas raras de hipopituitarismo na população estudada, uma vez que não foram encontradas mutações que explicassem o fenótipo de nossos pacientes com hipopituitarismo. Introdução A glândula pituitária é composta pelo lobo posterior, intermediário e anterior, sendo o primeiro conhecido como neurohipófise, que é originária do neuroectoderma e secretora dos hormônios ocitocina e ADH. Já os lobos intermediário e anterior são denominados adenohipófise, que se origina do ectoderma oral, dando origem à bolsa de Rathke durante a embriogênese. Ela é composta por seis tipos célulares: os somatotrofos, produtores de GH, os tireotrofos, produtores de TSH, os gonadotrofos, produtores de FSH e LH, os corticotrofos, produtores de ACTH, os lactotrofos, produtores de prolactina, e os melanotrofos, localizados no lobo intermediário e produtores de αmsh [1]. O desenvolvimento das células secretoras de hormônios depende de ações coordenadas de forma espaço-temporal de genes regulatórios que codificam fatores de transcrição. Mutações nesses genes são associadas com deficiências hormonais isoladas ou combinadas, e dão origem ao quadro conhecido como hipopiuitarismo congênito. Entre os fatores de transcrição críticos estão os genes HESX1, GLI2, LHX3, LHX4, POU1F1, OTX2, PITX2, PROP1[2-4].

O LHX3 é membro da subfamília de homeodomínio LIM e está localizado no cromossomo 9 na região 9q34.3 [5]. Esse gene codifica 3 diferentes isoformas, sendo elas LHX3a, LHX3b e M2-LHX3, e é expresso no cérebro na fase embrionária, na medula espinhal e na bolsa de Rathke [6]. Camundongos com deleção do Lhx3 -/- em estado de homozigose, apresentam alguns defeitos como desenvolvimento pituitário incompleto, especificação neuromotora aberrante cursando com morte perinatal [5]. Até o momento, foram descritas 12 mutações em estado de homozigose nesse gene, descritos na tabela 1 [7]. Os pacientes apresentam deficiência de GH, PRL, TSH, LH e FSH, sendo considerados portadores de uma deficiência hipofisária hormonal múltipla (DHHM). Os déficits endócrinos podem resultar em baixa estatura, defeitos metabólicos, além de falha na puberdade. Também são descritas limitações da rotação do pescoço, perda neuronal auditiva, associação com quadro de autismo e alterações de imagem sugestiva de lesão de hipersinal na adenohipófise. Na imagem da sela, a hipófise pode se apresentar de aspecto normal, hipoplasia ou hiperplásica, com neurohipófise tópica em todos os casos descritos [6, 7]. Tabela 1. Caracterização clinica e de imagem dos pacientes portadores de mutações no gene LHX3 Mutações Deficiências Hormonais Adeno- Hipófise Rotação do pescoço Deficiência Auditiva Deficiência Mental (M) Psicomotora (P) p.y111c GH, TSH, PRL, LH, FSH H L P NR Deleção de GH, TSH, PRL, LH, FSH A L P M 23-bp g.159delt GH, TSH, PRL, LH, FSH L NR M p.a210v GH, TSH, PRL, LH, TSH (ACTH as vezes baixo) A L NR NR p.e173ter GH, TSH, PRL, LH, FSH (ACTH baixo) H L NR NR p.w224ter GH, TSH, PRL, LH, FSH N N NR NR Deleção GH, TSH, PRL, LH, FSH P gene H L NR p.k50ter GH, TSH, PRL, LH, FSH, ACTH H L P NR Deleção GH, TSH, PRL, LH, FSH, ACTH H P M Intragênica do 3,088 bp L Exon3 A>G GH, TSH, PRL, LH, FSH, ACTH H L P NR

p.r77ter GH, TSH, PRL, LH, FSH, ACTH H L P NR p.t194r GH, TSH, PRL, LH, FSH, ACTH H L P NR H = Hipoplásica; A = Aumentada; N = Normal; L = Limitado; P = Presente; NR = Não reportado Mutações que comprometem a função do gene ou proteína e mutações afetando o domínio LIM ou os homeodomínios resultam em síndromes envolvendo tanto o sistema endócrino, quanto o sistema nervoso. Em contraste, mutações na região C-terminal da proteína LHX3 tem o seu papel limitado ao desenvolvimento e função pituitários [6]. Objetivo O objetivo desse estudo foi analisar o gene LHX3 em 37 pacientes com hipopituitarismo congênito. Casuística Foram selecionados 37 pacientes com hipopituitarismo congênito com neurohipófise tópica ou em pacientes portadores de neurohipófise ectópica, porém que possuíssem alterações de rotação do pescoço, surdez neurossensorial, autismo ou lesão hipofisária sugestiva de adenoma e que não tivessem diagnóstico etiológico molecular estabelecido (Tabela 2). Os pacientes foram acompanhados na Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os pacientes com mutação nos genes GH1, GHRHR, PROP1 ou HESX1 foram excluídos do estudo. Tabela 2 Características da casuística N 37 Homens:Mulheres 21:16 Média de Idade ao Diagnóstico 10,8 Casos Familiares 11 Consanguinidade 6 Neurohipófise Tópica:Ectópica 34:3 Metodologia O DNA genômico extraído do sangue periférico dos pacientes selecionados foi amplificado através de reação de PCR utilizando-se diversos pares de primers encontrados na tabela 3 que cobrem todos os exons e regiões de transição exon-íntron do gene LHX3 [8], seguido por purificação via Exosap e

sequenciamento automático pelo método de Sanger [9] e MLPA foi feito utilizando-se o protocolo do SALSA MLPA P216 GHD probemix do MRC-Holland, cujo genes alvos são: GHRHR, HESX1, GH1, PROP1, POU1F1, LHX3, LHX4 e GH1, para avaliar o número de cópias do DNA. Tabela 3 Tabela de primers utilizados para cada exon do gene LHX3 Exon Primer Foward Primer Reverse Exon 1a 5 tgacctcggaggagcgcgtct 3 5 caaccgctgtcccgcactctt 3 Exon 1b 5 gcccgggaaagttcgggactg 3 5 atctcctggtctccccggtgc 3 Exon 2 5 ctggtctacgaggtgacccag 3 5 ggcaggcgtgccctccgctc 3 Exon 3 5 aaatgagcctcgcgcttccg 3 5 agaccaggaaaggtggga 3 Exon 4/5 5 ggaggggctgccgcgcctc 3 5 tgcgaccccgccgacgcg 3 Exon 6 5 gccgcaggtccagggcaggc 3 5 gccgcccacccaggggcagc 3 Desenvolvimento Durante o desenvolvimento desse estudo, foram realizadas reações de PCR seguida de sequenciamento por método de Sanger de todos os pacientes para todos os exons do gene LHX3. As PCRs eram feitas com uma média de cinco amostras por vez, levando em consideração que os exons 1b, 4/5 e 6 necessitavam da utilização do buffer enhancer para que ocorresse a denaturação e anelamento adequado do primer, por se tratar de uma região muito rica em CG. O exon 6 também possuía uma maior temperatura de anelamento que as demais. Os esferogramas foram lidos pelo programa Sequencher (Gene code, Ann Arbor, MI, USA) e as variantes alélicas encontradas foram pesquisadas no site de predição Mutation Taster (http://mutationtaster.org), e no site Ensembl (http://ensembl.org) para verificar seu número de RS, localização no cdna e frequência na população para ver se se tratava de variante alélica ou mutação. O MLPA foi feito seguindo o protocolo da MRC-Holland. Esse protocolo foi feito em dois dias pois de acordo com as instruções do fabricante a amostra deve ficar de 16 a 20 horas a 60ºC para que ocorra a hibridização, depois dessa etapa de ligação segue-se a reação de amplificação por PCR. Foram feitos os MIX com os buffers e probemix do kit SALSA MLPA P216 GHD probemix para essas etapas. Resultados Na casuística estudada foram descritas apenas 4 variantes alélicas, como em detalhes na tabela 4.

Tabela 4 Resultados encontrados Variante Alélica Exon/ Homo- Het Número de pacientes RS Frequência na população Predição* c.176+158a>g Intron 1a /Het 2 rs369430724 - Polimorfismo c.200g>a Exon 1b/Homo e Het 15 rs2274116 0.18 Polimorfismo c.105g>a Exon 2/Het 1 rs33998096 0.018 Causadora da doença c.551+3c>t Intron 3/Het 2 rs34356735 0.01 Causadora da doença *Predição feita no site de bioinformática http://mutationtaster.org As variantes alélicas c.105g>a e c.551+3c>t foram encontradas em uma mesma paciente, que apresentava deficiência de GH, TSH, ACTH, FSH e LH e rotação limitada do pescoço. A ressonância magnética mostrou uma hipófise hipoplásica, neurohipófise ectópica e haste não visualizada. Uma vez que ambas as variantes são encontradas em baixa frequência na população normal, e foram descritas como causadoras de doença no site de predição de bioinformática MutationTaster, foi feito o sequenciamento de sua mãe fenotipicamente normal, pois poderia se tratar de um caso de heterozigose composta. Foi verificado que ambas mutações também se encontravam no DNA da mãe. Entretanto, devido à falta de DNA paterno, optamos por realizar também o MLPA para verificar se a paciente poderia ter herdado do pai um alelo que tivesse deleção de uma cópia de parte do gene, o que possibilitaria também a explicação por heterozigose composta. Foi verificado, comparando a amostra da paciente com quatro controles normais, que não haviam deleções no gene LHX3 da paciente. Considerações finais Apesar de termos encontrado 2 variantes alélicas, em nossa paciente com hipopituitarismo, que apresentavam uma baixa frequência na população e tivessem sido descritas por sites de predição como causadora de doença, o estudo de segregação na família e o de quantificação do número de cópias do gene indicaram que essas variantes não possuem relação direta com seu fenótipo. Portanto, podemos concluir que mutações no gene LHX3 são consideradas causas raras na população de pacientes portadores de hipopituitarismo acompanhados na Unidade de Endocrinologia do desenvolvimento HC-FMUSP.

Referências 1. Zhu, X., A.S. Gleiberman, and M.G. Rosenfeld, Molecular physiology of pituitary development: signaling and transcriptional networks. Physiol Rev, 2007. 87(3): p. 933-63. 2. Woods, K.S., et al., Over- and underdosage of SOX3 is associated with infundibular hypoplasia and hypopituitarism. Am J Hum Genet, 2005. 76(5): p. 833-49. 3. Alatzoglou, K.S., D. Kelberman, and M.T. Dattani, The role of SOX proteins in normal pituitary development. J Endocrinol, 2009. 200(3): p. 245-58. 4. Davis, S.W., et al., Genetics, gene expression and bioinformatics of the pituitary gland. Horm Res, 2009. 71 Suppl 2: p. 101-15. 5. Bhangoo, A.P., et al., Clinical case seminar: a novel LHX3 mutation presenting as combined pituitary hormonal deficiency. J Clin Endocrinol Metab, 2006. 91(3): p. 747-53. 6. Bechtold-Dalla Pozza, S., et al., A recessive mutation resulting in a disabling amino acid substitution (T194R) in the LHX3 homeodomain causes combined pituitary hormone deficiency. Horm Res Paediatr, 2012. 77(1): p. 41-51. 7. Rajab, A., et al., Novel mutations in LHX3 are associated with hypopituitarism and sensorineural hearing loss. Hum Mol Genet, 2008. 17(14): p. 2150-9. 8. Netchine, I., et al., Mutations in LHX3 result in a new syndrome revealed by combined pituitary hormone deficiency. Nat Genet, 2000. 25(2): p. 182-6. 9. Carvalho, L.R., et al., A homozygous mutation in HESX1 is associated with evolving hypopituitarism due to impaired repressor-corepressor interaction. J Clin Invest, 2003. 112(8): p. 1192-201.