Classificações dos serviços turísticos em Portugal



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Transcrição:

Classificações dos serviços turísticos em Portugal O quadro normativo nacional que afecta directamente a tipologia dos serviços turísticos apresenta diversas áreas de operação, com especificidades próprias no que diz respeito ao regime de instalação, exploração e funcionamento. Nos textos seguintes, apresentam-se ao leitor deste portal indicações genéricas sobre as classificações actualmente atribuídas no âmbito da legalização dos seguintes serviços: 1. Empreendimentos Turísticos 1.2. Programa Nacional de Turismo de Natureza 2. Estabelecimento de Restauração e Bebidas 3. Actividades Marítimo-turísticas 4. Comboios Turísticos 1

1. Empreendimentos turísticos: novo contexto legal em 2008 O Decreto-Lei nº 39/2008, de 7 de Março, consagra o actual regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos e revoga a maior parte dos diplomas que até esta data [7/03/08] estiveram em vigência. Esta iniciativa procura dar cumprimento a uma das medidas do Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa SIMPLEX 2007, com particular incidência na relação entre a Administração Pública e as empresas e visa, também, a articulação deste quadro legislativo com o regime jurídico da urbanização e edificação RJUE. As mudanças introduzidas registam-se a vários domínios. Um deles é ao nível da agilização do processo de licenciamento, através da simplificação dos procedimentos, da maior responsabilização dos promotores e de uma melhor fiscalização por parte das entidades públicas competentes. É de destacar, igualmente, a alteração significativa que foi feita ao nível da classificação dos empreendimentos turísticos (tipologias e sub-tipologias) com o objectivo de promover a qualificação da oferta, passando a atender a critérios relacionados com a qualidade dos serviços prestados, para além dos requisitos físicos das instalações que já eram exigidos. Foi, também, criado o Registo Nacional dos Empreendimentos Turísticos, organizado pelo Turismo de Portugal, I.P., e estabelecida a obrigatoriedade da revisão periódica da classificação atribuída aos empreendimentos, de 4 em 4 anos, para controlar a qualidade dos serviços prestados. Foram ainda contempladas outras alterações ao regime vigente, que poderá consultar com detalhe no diploma em referência. As portarias publicadas até à data [30/06/08] no âmbito deste novo quadro normativo são as seguintes: Diploma Declaração de Rectificação nº 45/2008, de 22 de Agosto Portaria nº 937/2008, de 20 de Agosto Portaria nº 518/2008, de 25 de Junho Portaria nº 517/2008, de 25 de Junho Portaria nº 326/2008, de 28 de Abril Âmbito Rectifica a Portaria n.º 517/2008, de 25 de Junho, que estabelece os requisitos mínimos a observar pelos estabelecimentos de alojamento local Estabelece os requisitos mínimos a observar pelos estabelecimentos de turismo de habitação e de turismo no espaço rural Estabelece os elementos instrutores dos pedidos de realização de operações urbanísticas relativos a empreendimentos turísticos Estabelece os requisitos mínimos a observar pelos estabelecimentos de alojamento local Aprova os requisitos dos Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos Turísticos e Apartamento Turísticos Tal como referido, o Decreto-Lei nº 39/2008, de 7 de Março, apresenta o novo enquadramento legal dos empreendimentos turísticos e é com base nele que seguidamente se apresentam os diversos conceitos e tipologias que caracterizam a oferta de serviços turísticos nesta área. Empreendimentos Turísticos: tipos e conceitos Consideram-se empreendimentos turísticos os estabelecimentos que se destinam a prestar serviços de alojamento, mediante remuneração, dispondo, para o seu funcionamento, de um adequado conjunto de estruturas, equipamentos e serviços complementares. (Art. 2º-1) 2

De acordo com o Art. 4º-1, os empreendimentos turísticos podem ser integrados num dos seguintes tipos: Tipos de Empreendimentos Turísticos Estabelecimentos hoteleiros Aldeamentos turísticos Apartamentos turísticos Conjuntos turísticos (resorts) Empreendimentos de turismo de habitação Empreendimentos de turismo no espaço rural Parques de campismo e de caravanismo Empreendimentos de turismo da natureza Estabelecimentos hoteleiros São estabelecimentos hoteleiros os empreendimentos turísticos destinados a proporcionar alojamento temporário e outros serviços acessórios ou de apoio, com ou sem fornecimento de refeições, e vocacionados a uma locação diária. (Art. 11º-1) Os estabelecimentos hoteleiros podem ser classificados em Hotéis, Hotéis-apartamentos (aparthotéis) e Pousadas (Art. 11º-2). De acordo com o Art. 3º-1 da Portaria nº 326/2008, de 28 de Abril, estes empreendimentos turísticos classificam-se nas categorias de uma a cinco estrelas. Aldeamentos turístico São aldeamentos turísticos os empreendimentos turísticos constituídos por um conjunto de instalações funcionalmente interdependentes com expressão arquitectónica coerente, situadas em espaços com continuidade territorial, ainda que atravessados por estradas e caminhos municipais, linhas ferroviárias secundárias, linhas de água e faixas de terreno afectas a funções de protecção e conservação de recursos naturais, destinados a proporcionar alojamento e serviços complementares de apoio a turistas. (Art. 13º-1) De acordo com o Art. 3º-2 da Portaria nº 326/2008, de 28 de Abril, estes empreendimentos turísticos classificam-se nas categorias de uma a cinco estrelas. Apartamentos turísticos São apartamentos turísticos os empreendimentos turísticos constituídos por um conjunto coerente de unidades de alojamento, mobiladas e equipadas, que se destinem a proporcionar alojamento e outros serviços complementares e de apoio a turistas. (Art. 14º-1) Também de acordo com o Art. 3º-2 da mesma Portaria, estes empreendimentos turísticos classificam-se nas categorias de três a cinco estrelas. Conjuntos turísticos (resorts) São conjuntos turísticos (resorts) os empreendimentos turísticos constituídos por núcleos de instalações funcionalmente interdependentes, situados em espaços com continuidade territorial, ainda que atravessados por estradas e caminhos municipais, linhas ferroviárias secundárias, linhas de água e faixas de terreno afectas a funções de protecção e conservação de recursos naturais, destinados a proporcionar alojamento e serviços complementares de apoio a turistas, sujeitos a uma administração comum de serviços partilhados e de equipamentos de utilização comum, que integrem pelo menos dois empreendimentos turísticos, sendo obrigatoriamente um deles um estabelecimento hoteleiro de cinco ou quatro estrelas, um equipamento de animação autónomo e um estabelecimento de restauração. (Art. 15º-1) 3

Empreendimentos de turismo de habitação São empreendimentos de turismo de habitação os estabelecimentos de natureza familiar instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitectónico, histórico ou artístico, sejam representativos de uma determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo localizar - se em espaços rurais ou urbanos. (Art. 17º-1) Empreendimentos de turismo no espaço rural São empreendimentos de turismo no espaço rural os estabelecimentos que se destinam a prestar, em espaços rurais, serviços de alojamento a turistas, dispondo para o seu funcionamento de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e serviços complementares, tendo em vista a oferta de um produto turístico completo e diversificado no espaço rural. (Art. 18º-1) Os empreendimentos de turismo no espaço rural podem ser classificados nos seguintes grupos: Casas de campo; Agro turismo e Hotéis rurais. (Art. 18º-3) Parques de campismo e de caravanismo São parques de campismo e de caravanismo os empreendimentos instalados em terrenos devidamente delimitados e dotados de estruturas destinadas a permitir a instalação de tendas, reboques, caravanas ou autocaravanas e demais material e equipamento necessários à prática do campismo e do caravanismo. (Art. 19º-1) Empreendimentos de turismo da natureza São empreendimentos de turismo de natureza os estabelecimentos que se destinem a prestar serviços de alojamento a turistas, em áreas classificadas ou noutras áreas com valores naturais, dispondo para o seu funcionamento de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e serviços complementares relacionados com a animação ambiental, a visitação de áreas naturais, o desporto de natureza e a interpretação ambiental. (Art. 20º-1) Alojamento Local Para além da figura de Empreendimentos Turísticos, a lei prevê a existência de alojamento local. Consideram-se estabelecimentos de alojamento local as moradias, apartamentos e estabelecimentos de hospedagem que, dispondo de autorização de utilização, prestem serviços de alojamento temporário, mediante remuneração, mas não reúnam os requisitos para serem considerados empreendimentos turísticos. (Art. 3º-1) Sistema de classificação: não tem qualquer sistema de classificação atribuído (Art. 3º-6). 4

1.1. Programa Nacional de Turismo de Natureza / Turismo de Natureza O Programa Nacional de Turismo de Natureza (PNTN), aplicável nas Ares Protegidas, visa a promoção e afirmação dos valores e potencialidades que estes espaços encerram, especializando uma actividade turística, sob a denominação «turismo de natureza», e propiciando a criação de produtos turísticos adequados. (in RCM nº 112/98, de 25 de Agosto) O PNTN tem a sua actividade enquadrada por diversos diplomas, entre os quais se destacam os do quadro seguinte. Diploma Decreto Regulamentar nº 17/2003, de 10 de Outubro Declaração de Rectificação nº 12/2005, de 16 de Março Decreto-Lei nº 56/2002, de 11 de Março Decreto-Lei nº 47/99, de 16 de Fevereiro (alterado pelo Decreto-Lei nº 56/2002, de 11 de Março) Decreto Regulamentar nº 2/99, de 17 de Fevereiro Decreto Regulamentar nº 18/99, de 27 de Agosto (alterado pelo Decreto- Regulamentar nº 17/2003, de 10 de Outubro) Portaria nº 164/2005, de 11 de Fevereiro Resolução do Conselho de Ministros nº 112/98, de 25 de Agosto Âmbito Altera o Decreto Regulamentar n.º 18/99, de 27 de Agosto, que regula a animação ambiental De ter sido rectificada a Portaria n.º 164/2005, dos Ministérios das Finanças e da Administração Pública e do Ambiente e do Ordenamento do Território, que fixa as taxas a cobrar pelo Instituto da Conservação da Natureza pela concessão e renovação das licenças, publicada no Diário da República, 1.ª série, nº 30, de 11 de Fevereiro de 2005 Altera o Decreto-Lei nº 47/99 de 16 de Fevereiro, que regula o turismo de natureza Regula o turismo de natureza Regula os requisitos mínimos das instalações e o funcionamento das casas de natureza Regula a animação ambiental nas modalidades de animação, interpretação ambiental e desporto de natureza nas áreas protegidas, bem como o processo de licenciamento das iniciativas e projectos de actividades, serviços e instalações de animação ambiental Fixa as taxas a cobrar pelo Instituto da Conservação da Natureza pela concessão e renovação das licenças Estabelece a criação do Programa Nacional de Turismo de Natureza É de salientar que, desde a publicação do Decreto-Lei nº 39/2008, de 7 de Março, se aguardam as alterações ao contexto normativo que, neste momento, ainda continua a regular o turismo de natureza. Em Portugal, tal como definido na lei, o turismo de natureza surge circunscrito às áreas protegidas mas, em função das diversas pressões feitas para que se estendesse a outras áreas com valores naturais, o novo diploma veio encetar uma nova realidade. Para além do turismo de natureza se poder desenvolver em áreas classificadas ou noutras com valores naturais, os empreendimentos de turismo de natureza podem adoptar qualquer uma das seguintes tipologias: estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos turísticos, apartamentos turísticos, conjuntos turísticos (resorts), empreendimentos de turismo de habitação, empreendimentos de turismo no espaço rural e parques de campismo e de caravanismo. Assim, logo que entrem em vigor as portarias previstas no Decreto-Lei nº 39/2008 para este domínio dos serviços turísticos, serão revogados os seguintes decretos: o Decreto-Lei nº 47/99, de 16 de Fevereiro (com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 56/ 2002, de 11 de Março, com excepção das disposições referentes à animação ambiental constantes dos n. os 2 e 3 do artigo 2.º e dos artigos 8.º, 9.º e 12.º), e o Decreto-Regulamentar nº 2/99, de 17 de Fevereiro. Enquanto se aguarda a publicação das novas portarias, apresentam-se nesta página alguns dos conceitos actualmente em vigor. 5

Turismo de Natureza: noção Turismo de natureza é o produto turístico composto por estabelecimentos, actividades e serviços de alojamento e animação turística e ambiental realizados e prestados em zonas integradas na rede nacional de áreas protegidas, adiante designadas por áreas protegidas. (Art. 1.º-1, DL nº 47/99) O turismo de natureza desenvolve-se segundo diversas modalidades de hospedagem, de actividades e serviços complementares de animação ambiental, que permitam contemplar e desfrutar do património natural, arquitectónico, paisagístico e cultural, tendo em vista a oferta de um produto turístico integrado e diversificado. (Art. 1.º-2) Serviços de hospedagem prestados no âmbito do turismo de natureza O turismo de natureza compreende os serviços de hospedagem prestados em ( ) casas de natureza, que podem revestir uma das seguintes modalidades: casa de abrigo, centros de acolhimento e casas-retiro. (Art. 2.º-1, DL nº 47/99) Entende-se por casas de natureza as casas integradas em áreas protegidas, destinadas a proporcionar, mediante remuneração, serviços de hospedagem e que, pela sua implantação e características arquitectónicas, contribuam decisivamente para a criação de um produto integrado de valorização turística e ambiental das regiões onde se insiram. (Art. 6.º) Modalidades dos serviços de hospedagem em casas de natureza: Casas de abrigo: serviço de hospedagem prestado a turistas em casas recuperadas a partir do património do Estado cuja função original foi desactivada, quer sejam ou não utilizadas como habitação própria do seu proprietário, possuidor ou legítimo detentor. (Art. 7º-1) Centros de acolhimento: casas construídas de raiz ou adaptadas a partir de edifício existente, que permitam o alojamento de grupos, com vista à educação ambiental, visitas de estudo e de carácter científico. (Art. 7º-2) Casas-retiro: casas recuperadas, mantendo o carácter genuíno das sua arquitectura, a partir de construções rurais tradicionais ou de arquitectura tipificada, quer sejam ou não utilizadas como habitação própria do seu proprietário, possuidor ou legítimo detentor. (Art. 7º-3) Actividades de animação ambiental no âmbito do turismo de natureza Entende-se por animação ambiental a que é desenvolvida tendo como suporte o conjunto de actividades, serviços e instalações para promover a ocupação dos tempos livres dos turistas e visitantes através do conhecimento e da fruição dos valores naturais e culturais próprias da área protegida. (Art. 8.º, DL nº 47/99) Modalidades das actividades de animação ambiental: Animação: conjunto de actividades que se traduzam na ocupação dos tempos livres dos turistas e visitantes, permitindo a diversificação da oferta turística, através da integração dessas actividades e outros recursos das áreas protegidas, contribuindo para a divulgação das gastronomia, do artesanato, dos produtos e das tradições da região onde se inserem, desenvolvendo-se com o apoio das infra-estruturas e dos serviços existentes no âmbito do turismo de natureza. (Art. 9.º-1) Interpretação ambiental: toda a actividade que permite ao visitante o conhecimento global do património que caracteriza a área protegida, através da observação, no local, das formações geológicas, da flora, fauna e respectivos habitats, bem como de aspectos ligados aos usos e costumes das populações, com recurso às instalações, sistemas e equipamentos do turismo de natureza. (Art. 9.º-2) Actividades de desporto de natureza: todas as que sejam praticadas em contacto directo com a natureza e que, pelas suas características, possam ser praticadas de forma não nociva para a conservação da natureza. (Art. 9.º-3) 6

2. Estabelecimentos de Restauração e Bebidas Os estabelecimentos de restauração e bebidas têm a sua actividade enquadrada por diversos diplomas, entre os quais se destacam os decretos do quadro seguinte. Diploma Portaria n.º 699/2008, de 29 de Julho Decreto-Lei n.º 101/2008, de 16 de Junho Decreto-Lei n.º 234/2007, de 19 de Junho Decreto-Lei n.º 35/2004, de 21 de Fevereiro Decreto-Lei n.º 9/2002, de 24 de Janeiro Decreto-Lei n.º 57/2002, de 11 de Março Decreto-Lei n.º 222/2000, de 09 de Setembro Decreto-Lei n.º 139/99, de 24 de Abril Decreto-Regulamentar n.º 4/99, de 1 de Abril Âmbito Regulamenta as derrogações previstas no Regulamento (CE) n.º 853/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril, e no Regulamento (CE) n.º 2073/2005, da Comissão, de 15 de Novembro, para determinados géneros alimentícios Estabelece o regime jurídico dos sistemas de segurança privada dos estabelecimentos de restauração ou de bebidas e revoga o Decreto-Lei n.º 263/2001, de 28 de Setembro Estabelece o regime jurídico a que fica sujeita a instalação e a modificação de estabelecimentos de restauração ou de bebidas, bem como o regime aplicável à respectiva exploração e funcionamento No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 29/2003, de 22 de Agosto, altera o regime jurídico do exercício da actividade de segurança privada Estabelece as restrições à venda e ao consumo de bebidas alcoólicas e altera os Decretos-Lei n. os 122/79, de 8 de Maio, 252/86, de 25 de Agosto, 168/97, de 4 de Junho, e 370/99, de 18 de Setembro Altera o Decreto-Lei nº 168/97, de 4 de Julho, que aprova o regime jurídico da instalação e do funcionamento dos estabelecimentos de restauração e de bebidas Altera o artigo 46º do Decreto-Lei nº 168/97, de 4 de Setembro, que aprova o regime jurídico de instalação e do funcionamento dos estabelecimentos de restauração e de bebidas Altera algumas disposições do Decreto-Lei nº 38/97, de 4 de Julho, que aprovou o regime jurídico das instalações e do funcionamento dos estabelecimentos de restauração e bebidas Altera o Decreto-Regulamentar nº 38/97, de 25 de Setembro, que regula os estabelecimentos de restauração e de bebidas Estabelecimentos de Restauração São estabelecimentos de restauração, qualquer que seja a sua denominação, os estabelecimentos destinados a prestar, mediante remuneração, serviços de alimentação e de bebidas no próprio estabelecimento ou fora dele. (Art. 2º-1, DL nº 234/2007) Os estabelecimentos de restauração podem usar a denominação «restaurante» ou qualquer outra que seja consagrada, nacional ou internacionalmente, pelos usos da actividade, nomeadamente «marisqueira», «casa de pasto», «pizzeria», «snack-bar», «self-service», «eat-driver», «take-away» ou «fast-food». (DR n.º 4/99) Tipos de estabelecimento, segundo o Art. 15º-2, DL nº 57/2002: - Estabelecimento de restauração; - Estabelecimento de restauração com sala ou espaços destinados a dança; - Estabelecimento de restauração com fabrico próprio de pastelaria, panificação e gelados. Os estabelecimentos de restauração podem ser classificados de luxo, qualificados como típicos e também podem ser declarados de interesse para o turismo. 7

Estabelecimentos de Bebidas São estabelecimentos de bebidas, qualquer que seja a sua denominação, os estabelecimentos destinados a prestar, mediante remuneração, serviços de bebidas e cafetaria no próprio estabelecimento ou fora dele. (Art. 2º-2, DL nº 234/2007)) Os estabelecimentos de bebidas podem usar a denominação «bar» ou outras que sejam consagradas, nacional ou internacionalmente, pelos usos da actividade, nomeadamente «cervejaria», «café», «pastelaria», «confeitaria», «boutique de pão quente», «cafetaria», «casa de chá», «gelataria», «pub» ou «taberna». (DR n.º 4/99) Tipos de estabelecimento, segundo o Art. 15º-2, DL nº 57/2002: Estabelecimento de bebidas; Estabelecimento de bebidas com sala ou espaços destinados a dança; Estabelecimento de bebidas com fabrico próprio de pastelaria, panificação e gelados. Os estabelecimentos de bebidas podem ser classificados de luxo, qualificados como típicos e também podem ser declarados de interesse para o turismo. Denominações consagradas internacionalmente para estabelecimentos de restauração e de bebidas com dança De acordo com o Art. 1º do Decreto-Regulamentar n.º 4/99, quando os estabelecimentos de restauração e de bebidas disponham de salas ou espaços destinados a dança, podem usar as denominações consagradas nacional ou internacionalmente, nomeadamente «clube nocturno», «boîte», «night-club», «cabaret» ou «dancing». Apenas podem utilizar a denominação «discoteca» os estabelecimentos de bebidas que disponham de salas ou espaços destinados a dança, com ou sem espectáculos de variedades. Classificação de Luxo Para um estabelecimento de restauração ou de bebidas ser classificado como estabelecimento de luxo deve situar-se em local adequado a essa categoria e dispor de instalações, equipamento e mobiliário com elevados padrões de qualidade, de modo a oferecer um ambiente requintado e de grande comodidade ( ) (DR n.º 4/99) Qualificação de Típico Os estabelecimento de restauração e de bebidas podem ser qualificados como típicos quando, pelas características das refeições e bebidas neles servidas, e ainda pelo mobiliário, decoração, traje do pessoal ou espectáculo neles realizado, reconstituam a gastronomia e a tradição de uma região portuguesa. Os estabelecimentos de restauração e de bebidas típicos em que haja espectáculo de fado podem utilizar a designação «casas de fado». (DR n.º 4/99) Declaração de Interesse para o Turismo De acordo com o Decreto-Regulamentar n.º 1/2002, de 3 de Janeiro, a declaração de interesse para o turismo pode ser atribuída aos estabelecimentos de restauração e bebidas (Art. 1º - h)) que, para além de respeitarem as condições gerais impostas a todos os estabelecimentos, iniciativas, projectos e actividades, preencham as seguintes condições específicas: Estabelecimentos de restauração: estar abertos todo o ano ( ); oferecer gastronomia portuguesa e dispor de ementas escritas em português e numa língua estrangeira; não estar integrados em cadeias nacionais ou internacionais que ofereçam produtos característicos do «fast-food» ( ); dispor de instalações adequadas às características do serviço oferecido e assegurar predominantemente serviço prestado às mesas. (Art. 3º-8) Estabelecimentos de bebidas: estar abertos todo o ano ( ); ter um excepcional interesse para o turismo, pelos serviços de animação que prestem ou pelas bebidas tradicionalmente portuguesas que ofereçam. (Art. 3º-9) 8

3. Actividade marítimo-turística Os principais diplomas que regem a actividade marítimo-turística são os seguintes: Diploma Decreto-Lei n.º 269/2003, de 28 de Outubro Decreto-Lei n.º 178/2002, de 31 de Julho Portaria n.º 308/2002, de 21 de Março Decreto-Lei n.º 21/2002, de 31 de Janeiro Decreto-Lei n.º98/2001, de 28 de Março Decreto-Lei n.º 280/2001, de 23 de Outubro Âmbito Altera o Regulamento da Actividade Marítimo-Turística, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 21/2002, de 31 de Janeiro Altera o prazo previsto no n.º 1 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 21/2002, de 31 de Janeiro, que aprova o Regulamento da Actividade Marítimo-Turística Aprova a tabela de taxas a cobrar pelo Instituto Marítimo- Portuário pela prestação dos serviços públicos no âmbito das atribuições que lhe estão cometidas. Revoga a Portaria n.º 487/2001, de 11 de Maio Regula a actividade marítimo-turística, revogando os Decretos- Leis n. os 564/80, de 6 de Dezembro, e 200/88, de 31 de Maio, e a Portaria n.º 59/88, de 28 de Janeiro Aprova o Regulamento de Taxas do Instituto Marítimo-Portuário Aprova o regime aplicável à actividade profissional dos marítimos e à fixação da lotação das embarcações Entende-se por actividade marítimo-turística os serviços de natureza cultural, de lazer, de pesca turística, de promoção comercial e de táxi, desenvolvidas mediante a utilização de embarcações com fins lucrativos. (DL n.º 269/2003) A actividade marítimo-turística pode ser exercida nas seguintes modalidades: Passeios marítimo-turísticos, com programas previamente estabelecidos e organizados; Aluguer de embarcações com tripulação; Aluguer de embarcações sem tripulação; Serviços efectuados por táxis; Pesca turística; Serviços de natureza marítimo-turística prestados mediante a utilização de embarcações atracadas ou fundeadas e sem meios de locomoção próprios ou selados; Aluguer de motas de água e de pequenas embarcações dispensadas de registo; Outros serviços, designadamente os respeitantes a serviços de reboque de equipamentos de carácter recreativo, tais como bananas, pára-quedas, esqui aquático. No exercício da actividade marítimo-turística podem ser utilizadas as seguintes embarcações: Embarcações registadas como auxiliares, designadas como marítimo-turísticas; Embarcações dispensadas de registo; Embarcações de recreio; Embarcações de comércio que transportem mais de 12 passageiros. 9

4. Comboios Turísticos O Decreto-Lei n.º 249/2000, de 13 de Outubro, estabelece o regime de aprovação e de circulação na via pública de comboios turísticos. Considera-se comboio turístico o conjunto de veículos composto por um tractor e um ou mais reboques destinados ao transporte de passageiros em pequenos percursos, com fins turísticos ou de diversão. (Art. 2º) O comboio turístico é composto por um tractor e, no máximo, três reboques destinados ao transporte de passageiros. (Art. 3º-1) O comboio turístico não pode exceder a velocidade instantânea de 25 km/hora. (Art.º 12) O trânsito de comboios turísticos na via pública está condicionado à observação de diversas condições, de acordo com artigo 13. O itinerário, as paragens, os horários de funcionamento e os preços dos circuitos dos comboios turísticos devem ser propostos pela pessoa candidata à exploração dos comboios turísticos e autorizados pela câmara municipal. (Art. 14º-1) Comboios Históricos Para além da figura comboios turísticos, existe a de comboios históricos que, muitas vezes, se confundem. Estes últimos não têm um enquadramento legal tal como existe para os comboios turísticos. Os comboios históricos são facultados pela CP e actualmente circulam na via-férrea da região do Douro. Os comboios históricos a vapor no Douro estão disponíveis para serviço comercial através de viagens regulares, na linha do Douro, e de viagens a pedido, na linha do Corgo. O serviço pode ser prestado em locomotivas a vapor, locomotivas a diesel ou em carruagens históricas em madeira, consoante o tipo de viagens que o cliente pretende fazer. 10