ENTRE O PÁTIO E O PARQUE DA CRECHE/UFG: UM UNIVERSO A DESCOBRIR. Projeto: Entre o pátio e o parque da Creche/UFG: um universo a descobrir



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Transcrição:

ENTRE O PÁTIO E O PARQUE DA CRECHE/UFG: UM UNIVERSO A DESCOBRIR Ione Mendes Silva Ferreira CRECHE/UFG Katyúscia Patrízia Borges Gonçalves CRECHE/UFG Simone de Jesus Teixeira FE/UFG Comunicação Formação e profissionalização docente Os bebês interpretam o mundo de um jeito especial e muito próprio. A partir das relações que estabelecem com o meio familiar e com as pessoas das quais dependem passam a construir sentido sobre tudo que os circunda. Certas disto optamos por desenvolver no berçário vespertino da Creche/UFG, durante o primeiro semestre de 2008, o projeto intitulado Entre o pátio e o parque da Creche/UFG: um universo a descobrir com os seguintes objetivos: promover o desenvolvimento social e afetivo dos bebês, potencializar o desenvolvimento de habilidades físico/motoras, favorecer a familiarização, exploração e descoberta do espaço creche, dentre outros. Buscamos, ainda, favorecer a crescente construção de relações cada vez mais seguras com os mediadores sociais que integram este espaço. Como forma de organizar tantas experiências optamos por trabalhar com as áreas de conhecimento já contempladas na organização curricular da Creche/UFG: artes, brinquedos e brincadeiras, linguagem, música e passeio. Palavras-chave: creche ; bebês; interação Projeto: Entre o pátio e o parque da Creche/UFG: um universo a descobrir 1 A Creche UFG: A Creche da Universidade Federal de Goiás, ou Creche UFG existe a dezoito anos e se encontra, desde o nascimento, vinculada à Pró-reitoria de Assuntos da Comunidade Universitária. Atende a 65 crianças em período integral ou parcial com idades que variam entre 02 meses e 04 anos distribuídas nos seguintes agrupamentos: Berçário (crianças de 2 meses a 01 ano), Grupo I (crianças de até 2 anos), Grupo II (crianças de até 3 anos), Grupo III (crianças de até 4 anos). Vale ressaltar que o critério primeiro para a entrada e permanência da criança no agrupamento não se restringe à idade. Alguns aspectos do desenvolvimento físico, social, lingüístico e afetivo também são considerados no momento da entrada ou promoção da criança para o agrupamento seguinte. Na Creche UFG as crianças não ficam separadas em salas, elas permanecem, na maior parte do tempo, em ambientes coletivos que favorecem a interação entre crianças de diferentes idades. A creche UFG atende exclusivamente a comunidade universitária, ou seja, filhos de professores, funcionários e estudantes da Universidade Federal de Goiás destinando um terço das vagas para cada categoria.

Sua atual organização curricular contempla algumas áreas de conhecimento reconhecidas como importantes no trabalho com a educação infantil. São elas: artes, música, linguagem, brinquedos e brincadeiras e passeio. Os conhecimentos a serem trabalhados junto as crianças são organizados sob a forma de projetos e apresentados de modo articulado entre as áreas de conhecimento por meio de atividades dirigidas planejadas e desenvolvidas pelos educadores responsáveis por cada área. Ademais, seu Projeto Político Pedagógico se organiza em torno da perspectiva sóciointeracionista do desenvolvimento humano tomando como base autores como: Kramer, Oliveira, Galvão, Campos, Veiga, dentre outros. A Creche UFG, também se constitui como campo de estágio curricular dos cursos de licenciatura em Educação Física e Pedagogia e, ainda, como espaço para o desenvolvimento de estágios curriculares não obrigatórios. 2 JUSTIFICATIVA È a interação da criança com diferentes parceiros que atua como condição para o seu desenvolvimento fornecendo-lhe recursos para ela apropriar-se ativamente das formas culturalmente desenvolvidas de perceber, memorizar, emocionar-se, solucionar problemas, etc. e que são, por sua vez, produto da interação das disposições da espécie e do aparato cultural que a envolve no decorrer de sua vida. OLIVEIRA, 2007. Até bem pouco tempo a educação não priorizava a formação da criança pequena enquanto sujeito participante da história, ator de um processo dinâmico de apropriação e significação dos elementos de seu cotidiano. Sabemos hoje que os bebês interpretam o mundo de um jeito especial e muito próprio e é a partir das relações que estabelecem com o meio familiar e com as pessoas das quais dependem no cotidiano que eles passam a elaborar sentido sobre tudo que os circunda. Desse modo, cabe à educação infantil potencializar as oportunidades pelas quais os bebês se apropriam dos significados sociais que os envolvem desde sua concepção. Foi pensando nisso, que organizamos nossa proposta de trabalho para o berçário vespertino para o primeiro semestre de 2008. O projeto de trabalho intitulado: Entre o pátio e o parque da Creche/UFG: um universo a descobrir desenvolvido no berçário teve como principal objetivo proporcionar aos bebês condições para que pudessem construir relações significativas com o espaço da creche num processo de interação cotidiana com os elementos da cultura da qual participa. Buscamos, ainda, favorecer a crescente construção de relações cada vez mais seguras e tranqüilas com os mediadores sociais que integram esse espaço. As crianças do berçário vespertino, embora apresentando uma variação etária considerada significativa nesse momento da vida, participaram de todas as propostas de atividades organizadas para esse agrupamento. Desse modo, as crianças que se encontram com habilidades quer sejam motoras, afetivas ou lingüísticas mais desenvolvidas contribuem, efetivamente, para o desenvolvimento daquelas que começam a trilhar esse desafiador caminho rumo à conquista dessas habilidades. Como forma de organizar tantas aprendizagens optamos por trabalhar a partir das áreas de conhecimento já adotadas na Creche/UFG: linguagem, artes, brinquedos e brincadeiras, música e passeio. A fim de potencializar, ainda mais, as aprendizagens, buscamos diversificar os espaços nos quais as atividades seriam oferecidas, considerando que o elemento ambiente constitui fator relevante para o bom desenvolvimento das propostas.

Alguns encaminhamentos foram assumidos, também, na tentativa de contribuir, ainda mais, com o desenvolvimento da autonomia motora e afetiva dos bebês. Um deles foi o convite para que se deslocassem dos espaços engatinhando buscando atender ao convite oral dos educadores. Em estratégias como esta, várias possibilidades de aprendizagem podem ser facilmente observadas, além daquelas físico/motoras. Há nesse contexto elementos gestuais, lingüísticos e afetivos, que enriquecem o leque de aprendizagens inerentes a ele, embora não se restringindo somente a esse evento. Estas apropriações são generalizadas aos vários outros contextos dos quais os bebês participam, seja na creche, ou fora dela. A organização das atividades do projeto buscou considerar alguns princípios que elegemos como importantes para a efetiva aprendizagem e desenvolvimento dos bebês. São eles: A organização das atividades em espaços diversificados. Entendemos que a realização das atividades em espaços diversificados pode multiplicar as possibilidades de percepção dos elementos físicos e simbólicos presentes nos ambientes, bem como as inúmeras maneiras de significá-los. Além disso, promove níveis crescentes de familiarização com estes espaços, contribuindo para a construção gradativa de uma relação segura com o ambiente da creche. A oferta de diferentes materiais. Este princípio abarca o entendimento de que a diversidade de elementos que podem ser percebidos nos objetos, como: cores, formas, gostos, cheiros, espessuras, pesos, tamanhos, temperaturas, etc., são observados e categorizados conforme as experiências acumuladas dos bebês. Essas habilidades se constituem como condição intrínseca ao processo de aprendizagem dos pequenos. A interação com crianças de diferentes idades. Este princípio se encontra em consonância com o projeto maior da creche que visa, dentre outras coisas, a interação entre crianças em diferentes momentos do desenvolvimento. A observação e a participação dos bebês em atividades organizadas para as crianças maiores, que já dominam códigos sociais mais elaborados, favorecem a inserção daqueles no amplo universo das relações sociais. 3 OBJETIVOS: Destacamos algumas habilidades consideradas importantes nesta etapa da vida e que pretendíamos desenvolvê-las por meio das atividades do projeto. Estas foram organizadas levando em consideração os objetivos elencados pelas educadoras para o trabalho nesse agrupamento. São elas: O desenvolvimento social e afetivo dos bebês; O desenvolvimento de habilidades físico/motoras como: sentar, engatinhar rolar, arrastar e andar; O desenvolvimento de diferentes percepções sonoras, visuais, táteis, olfativas e gustativas;

A familiarização com a cultura popular por meio da música, dança, jogos, brinquedos e brincadeiras populares; A socialização com outros adultos e com as crianças maiores; A familiarização, exploração e descoberta do espaço creche; O desenvolvimento da autonomia no manuseio de diferentes objetos como talheres, copos, mamadeiras, brinquedos, etc.; O desenvolvimento da linguagem oral e gestual; O reconhecimento de si e dos outros; A ampliação dos significados sociais já construídos pelos bebês; Progressiva segurança física e emocional do bebê; 4 - CONTEÚDOS CURRICULARES: A seleção dos conteúdos trabalhados junto aos bebês considerou, além das especificidades do agrupamento berçário, as habilidades que os bebês já traziam ou que poderiam adquirir com a ajuda de sujeitos mais experientes. Nessa perspectiva, utilizamos um critério básico para a seleção desses conteúdos: estes deveriam ser significativos para esta faixa etária e, desse modo, contribuir efetivamente para o desenvolvimento das potencialidades físico-motoras, afetivas, emocionais, intelectuais e sociais dos bebês. São eles: Massagens; Videoclipes educativos; Banho coletivo com bolinhas coloridas, água colorida ou espuma; Bolinhas de sabão; Brinquedos cantados; Participação nas atividades organizadas para as crianças maiores; Atividades com músicas; Atividades no tanque de areia; Atividades com embalagens vazias de diversos produtos; Contação de histórias com fantoches e dedoches; Atividades com balões coloridos, com balões cheios d água ou com lenços coloridos Atividades com brinquedos musicais; Atividades com livros de banho, livros, giz, giz de cera, revistas, tinta, gelatina, sagu, Atividades no berçário, pátio I, pátio II, parquinho, caramanchão, hall, quiosque, sala de brinquedos, sala de música, piscina ou gramado. 5 METODOLOGIA: O projeto de trabalho do berçário vespertino, Entre o pátio e o parque da Creche/UFG: um universo a descobrir, contou com vários passos ao longo de seu desenvolvimento. No início do semestre avaliamos o momento em que se encontravam os bebês para, assim, traçarmos nosso plano de ação. Este buscou, sobretudo, considerar os princípios eleitos pelas educadoras como importantes de serem observados no trabalho com crianças nesta faixa etária: a organização das atividades em espaços diversificados, a oferta de diferentes tipos de materiais e a interação, sempre que possível, com crianças de diferentes idades.

Todas as atividades desenvolvidas junto aos bebês foram organizadas na tentativa de atingir os objetivos propostos no projeto. Para isso, planejávamos com antecedência qual o local mais adequado para a realização da atividade (pátio I, pátio II, caramanchão, rall de entrada, sala de brinquedos, sala de banho, parquinho, quiosque dentre outros) e, também, os materiais que seriam necessários para o seu desenvolvimento (tapete, caixa de brinquedos musicais, bolinhas coloridas, tintas, banheiras, embalagens, lenços, brinquedos, músicas, etc). Com o ambiente preparado, convidávamos os bebês para se deslocarem, engatinhando, para o local pensado para a atividade. Aqueles que ainda não dominavam esta habilidade iam ao colo ou no carrinho. O tempo de duração das atividades era bastante relativo. Havia momentos em que a proposta se estendia por um tempo superior ao previsto devido ao grande interesse apresentado pelos bebês. Em outros eles logo se dispersavam forçandonos a refletir sobre os possíveis equívocos dos encaminhamentos tomados. 6 AVALIAÇÃO: No momento da atividade avaliávamos vários aspectos, dentre eles, a participação dos bebês, suas reações, as preferências que estabeleciam por determinados materiais, o envolvimento, ou não, com a atividade, as demonstrações de prazer e alegria ou desprazer, as relações que supostamente faziam com experiências anteriores, etc. As atividades eram, na medida do possível, fotografadas e algumas delas filmadas. Outros fatores também eram passíveis de avaliações tais como o planejamento das atividades, as ações desempenhadas pelas educadoras para a sua implementação, o espaço escolhido para a realização da proposta, a adequação dos materiais oferecidos, bem como o tempo de duração da atividade. Tais avaliações contribuíam, efetivamente, para a revisão de determinadas concepções educativas acerca das relações entre cuidado e educação apresentadas pelas educadoras. Estes momentos contribuíram efetivamente para a crescente profissionalização da nossa prática pedagógica junto aos bebês. Ao final da intervenção elaborávamos um relatório detalhado da atividade contendo todas estas observações e também as reflexões suscitadas durante o seu desenvolvimento. Estas reflexões contribuíam não só para a avaliação da atividade e seus multi-determinantes acima mencionados, mas, sobretudo, para a verificação dos objetivos levantados para o momento. O relatório produzido após cada intervenção era, então, encaminhado à coordenação pedagógica da Creche e, posteriormente exposto, juntamente com as fotos, em local acessível a toda a comunidade. Em seguida era arquivado no port-fólio do berçário e colocado à disposição, para consultas, dos pais, educadores, professores dos estágios curriculares desenvolvidos na creche, estagiários e interessados em geral. 7- CONCLUSÃO: Concluímos que a estruturação de um plano de ação para o berçário contribuiu efetivamente para dar maior visibilidade às possibilidades de trabalho pedagógico com bebês tão pequenos. Ademais, o projeto, da forma que foi organizado, assegurou a aquisição de processos complexos relacionados ao desenvolvimento e a aprendizagem facilmente observados no comportamento dos bebês no final do semestre. Assim, reafirmamos nossa compreensão acerca da criança pequena enquanto sujeito

participante da história, ator de um processo dinâmico de apropriação e significação dos elementos de seu cotidiano. 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARANHA, Maria Lúcia A R. Desenvolvimento Infantil na Creche. São Paulo: Loyola, 1993. BRACARENSE, Marcela Regina Aguiar. A criança de berçário: é possível identificar suas demandas? Presença Pedagógica. V.12. nº 72 nov/dez. 2006. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Vols. 1, 2 e 3. Brasília: MDE/SEF, 1998. FERNANDES, Edna Maria Alves. Brincando, Cuidando e Educando no Berçário. Natal (mimeo) FERREIRA, Ione Mendes Silva. Vozes reflexivas no Berçário da Creche/UFG: um estudo sobre as concepções e práticas que fundamentam o trabalho com os bebês. Goiânia, 2005 (mimeo) MORAIS, Zilma Ramos de Oliveira. Creches crianças faz de conta e companhia. ------------ Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção Docência em formação) ------------ O currículo e a cultura na educação infantil. Texto apresentado na reunião da OMEP em julho de 2007, Natal, RN. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. OSTETTO, Luciana E. Encontros e Encantamentos na Educação Infantil. Campinas, SP: Papirus, 2000. SOUZA,Regina Célia de. A praxis na formação de educadores infantis. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.