N 991219341-0/2010 DR/RJ Veículo de Comunicação da AHERJ. Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro Ano XIII Nº 101 Setembro / Outubro de 2011 Excesso de impostos ameaça receita dos hospitais Os hospitais privados prestam um serviço essencial para a população sem qualquer benefício fiscal especial e os impostos do setor consomem mais de 30% do faturamento. Conheça as características da alta carga tributária do setor hospitalar privado. Páginas 4 e 5 Resultados da Consulta Pública sobre atualização do Padrão TISS A Agência Nacional de Saúde Suplementar está analisando mais de 16 mil sugestões apresentadas através da Consulta Pública 43,e apresenta a proposta de Resolução Normativa e Instrução Normativa sobre a atualização do Padrão TISS. O prazo para implantação será até 30 de junho de 2012. Página 7 Acesse o site da AHERJ: www.aherj.com.br
Decisões Chegamos a um tempo no Setor da Saúde, tanto no que se refere ao SUS, quanto à chamada Medicina Suplementar, de definição de posições. É preciso que o governo estabeleça realmente qual o rumo que pretende para o Sistema Único de Saúde, uma vez que, a persistir a situação atual,vai se tornar muito difícil manter ou recuperar a confiança indispensável à continuidade do sistema. Os que prestam serviços ao SUS já se encontram no limite máximo de sua capacidade de resistência e devem definir, o mais breve possível,se continuam ou não a fazê-lo. Por outro lado, na Medicina Suplementar, em razão da progressão cada vez mais rápida da verticalização, torna-se urgente e necessária a tomada de posição dos pequenos hospitais os quais lutam há muito tempo para sobreviverem.ou decidem formar um bloco compacto, se fundindo entre si, ou se unem em torno de suas Associações de Classe ou irão, fatalmente, fechar as portas. A hora é de decisão. Não dá mais para protelar. O momento é este. Mansur José Mansur - Presidente 2
FBH cria departamento financeiro na AHERJ Características da Operação O prazo para pagamento será de até 60 meses. A ideia da Federação Brasileira de Hospitais é colaborar com as clínicas e hospitais que prestam serviços ao SUS na captação de recursos. O departamento financeiro da FBH está em constante contato com os bancos que trabalham com empréstimos sem destinação específica, que podem ser utilizados para qualquer finalidade, proporcionando uma das menores taxas de juros do mercado que sejam atraentes para os estabelecimentos associados. Não existe limite máximo para o empréstimo, sendo utilizado até 30% da média do faturamento mensal, adequando ao prazo de até 60 meses, de acordo com interesse do tomador do empréstimo. No caso de alguma entidade já possuir empréstimo consignado SUS com outras instituições financeiras, será feita a liberação do montante necessário para a quitação desse empréstimo e, logo após essa quitação, será liberado o valor restante da operação. A falta de CND (Certidão Negativa de Débitos) bem como SERASA e SPC, não impedirão a concessão do empréstimo. Contatos: Para maiores informações entrar em contato com Álvaro, Fernando ou Mônica pelo telefone (21) 2233 8284. Grupo de Trabalho de Remuneração Hospitalar prepara projeto piloto Criado há mais de um ano pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para desenvolver novos modelos de remuneração dos prestadores de serviços às operadoras de saúde, o Grupo de Trabalho colocará em prática em 2012 um projeto piloto que avaliará durante 1 ano a viabilidade de adoção da forma de remuneração por pacotes. A ideia é promover a introdução de novos modelos que reduzam a imprevisibilidade, os custos e os conflitos. Até o final de 2011 a ANS quer concluir a definição dos conceitos e quais são os pacotes de baixa e alta previsibilidade, segundo informações do Gerente Geral de Integração Setorial da ANS, Antonio Carlos Endrigo. O diretor da AHERJ, Roberto Vellasco, representa a entidade e a FBH nas reuniões do Grupo de Trabalho que acontecem na sede da ANS e de entidades de saúde de São Paulo. Nas últimas reuniões foram iniciadas as discussões sobre pacotes e a relação de procedimentos passíveis de serem empacotados. Na rodada de São Paulo, o Grupo definiu a diária compacta para apartamento, enfermaria, berçário, emergência, além de todos os tipos de unidades de terapia intensiva. 3
Carga tributária compromete receita do setor de saúde privado O Brasil possui um sistema tributário complexo. Cerca de 60 tributos são cobrados no País e aproximadamente 3,2 mil normas que regem o sistema tributário estão em vigor atualmente. A alta carga tributária ultrapassa 35% do Produto Interno Bruto Brasileiro PIB sem contar o efeito cumulativo de impostos e o elevado valor das alíquotas em alguns casos. Setores econômicos, como é o caso da indústria automobilística, conseguem benefícios especiais, o que não acontece com o setor privado da saúde. Por prestar um serviço essencial para a população, a saúde privada não deveria ser tão onerada pelos impostos, que consomem mais de 30% do faturamento dos hospitais. Lançado em abril deste ano, o estudo Radiografia da Tributação do Setor de Saúde A absurda carga tributária sobre o principal Direito Fundamental do cidadão brasileiro foi encomendado pela Confederação Nacional de Saúde (CNS) e pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH). O estudo foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), e tem a finalidade de medir a carga tributária incidente em todo o complexo da Saúde desde hospitais e clínicas, até a indústria de medicamentos e de produtos médico-hospitalares. O levantamento considerou os impostos, taxas e contribuições que oneram direta e indiretamente o setor, inclusive com o custo decorrente da burocracia tributária. Apresentado em 2010 aos principais candidatos à presidência, o estudo do IBPT estima que em média, o Governo fica com R$ 30 reais de tributos a cada atendimento de saúde prestado à população brasileira, mesmo aqueles realizados através do SUS. Os impostos na Saúde Os impostos oneram o faturamento dos hospitais em mais de 30% O Governo fica com R$30,00 de tributos a cada atendimento de saúde A carga tributária do setor ficou em 16,1% (2008) Fonte: Estudo do IBPT O estudo mostra também que a carga tributária sobre o valor agregado do setor privado de saúde no Brasil chega a superar a do setor financeiro. Enquanto, em 2008, no setor privado de saúde a carga tributária foi de 25,2%, ela ficou em 20,8% no setor financeiro, em 20,5% no setor privado de segurança e em 19,8% no setor privado de educação. No setor de saúde como um todo, a carga foi de 16,1%. Nos últimos anos, houve um crescimento significativo da arrecadação tributária no setor. Ela praticamente dobrou de 2004, quando ficou em R$ 16,5 bilhões, para R$ 30,5 bilhões em 2009, mostra o estudo do IBPT e apesar de representar pouco menos de 61% do PIB do setor, as empresas privadas de saúde respondem por 95,5% do total da arrecadação. Já o setor público, que representa 34,2% do PIB setorial, contribui com 4%. A tributação do atendimento efetuado por meio do SUS ocorre porque os equipamentos, medicamentos e outros insumos são adquiridos de empresas privadas, que sofrem com os impostos e repassam esse custo para o preço que cobram do próprio governo. O relatório sobre a carga tributária na saúde indicou também que no Brasil há tributação normal de PIS, Cofins, ICMS e ISS sobre os produtos, mercadorias e serviços destinados à saúde da população, ao contrário de todos os países desenvolvidos e da maior parte dos países em desenvolvimento que optam em ter uma baixíssima tributação sobre os itens que se relacionam com a saúde. Nos Estados Unidos, Canadá, Japão e países da União Europeia, por exemplo, a tributação sobre os insumos da saúde equivalem a menos da metade da tributação brasileira, revela o estudo do IBPT. 4
O impacto dos impostos na receita dos hospitais O advogado tributarista Carlos Eduardo Blake, do escritório Elcio Reis e Advogados Associados, fez um estudo exclusivo para o Correio Hospitalar sobre o impacto dos impostos na estrutura financeira dos hospitais. Sobre a atividade dos hospitais destaca-se a incidência, na esfera Federal, do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, com alíquota de 15% sobre o lucro e a incidência do adicional do IRPJ, à alíquota de 10% sobre o valor do lucro que ultrapassar 20 mil reais para cada mês do período de apuração do imposto. Também há incidência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, com alíquota de 9% sobre o lucro líquido; as contribuições ao PIS e à COFINS cujas alíquotas são de 0,65% e 3% sobre o faturamento, respectivamente, além das Contribuições ao INSS. Na esfera municipal, há incidência do Imposto Sobre Serviços (ISS- QN) a uma alíquota de 2% sobre o preço do serviço, no município do Rio de Janeiro. Na estadual, incide o ICMS, que se encontra embutido no preço da energia elétrica e dos diversos materiais utilizados nos hospitais. Estes são apenas alguns dos tributos incidentes sobre a atividade hospitalar, cuja quantificação depende de múltiplos fatores, informa o advogado tributarista. Alíquota do Imposto de Renda Caso o hospital tenha apurado receita bruta igual ou inferior a 48 milhões de reais no ano anterior, dentre outros requisitos legais, ele poderá optar pela apuração do IRPJ pela modalidade presumida. Nesta modalidade, a alíquota do IRPJ incide sobre uma base de cálculo obtida de um percentual da receita bruta da empresa, o qual, para as pessoas jurídicas que prestam serviços em geral, é de 32%., explica Carlos Eduardo Blake. Contudo, para os hospitais, a lei estipula uma base de cálculo reduzida para o IRPJ, equivalente a 8% de sua receita bruta, sendo que a base de cálculo da CSLL também ficou reduzida para 12%. Números do setor hospitalar privado no Brasil Aproximadamente 75,6% dos brasileiros dependem do SUS 70% dos 6.742 hospitais existentes no Brasil são privados (cadastro CNES) Fonte: Ministério da Saúde - 2010 Apesar de a lei oferecer este benefício tributário, a Fazenda Pública tem se mostrado refratária na sua concessão. A tendência, explica o advogado, é limitar o conceito de serviços hospitalares, criando requisitos não previstos em lei, como a exigência de capacidade de internação Além disso, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que os serviços hospitalares são atividades voltadas para a promoção da saúde. Na visão do STJ os hospitais particulares possuem custos mais elevados que simples consultas médicas, não havendo a necessidade de internação de pacientes para que possa se caracterizar. As clínicas médicas de complementação diagnóstica e terapêutica, ou que realizem atividades tais como cirurgias simples e suturas, os laboratórios de análises clínicas, as clínicas de hemodiálise, quimioterapia, radioterapia podem pleitear este benefício tributário, através do ajuizamento de ações judiciais. O conceito de serviço hospitalar para a Receita Federal O conceito de serviço hospitalar vem sendo distorcido em algumas decisões divulgadas pela Receita Federal Brasileira, não levando em consideração o serviço prestado e sim a constituição da empresa, os custos da realização da atividade, a estrutura física condizente e ainda a exigência de que os serviços sejam prestados não apenas pelos sócios da empresa. Antes da IN nº. 306/03, poderia definir-se serviço hospitalar como aquele prestado em estabelecimentos onde houvesse internação e tratamento de doentes, resumindo a diferença entre serviço hospitalar e serviço médico na capacidade de internamento do paciente. A partir da IN 306/03, reforçada pelo Ato Declaratório Interpretativo (ADI) nº. 18/03, fica evidente que o conceito de serviço hospitalar deve ser encontrado a partir do estudo das atividades desenvolvidas pelos estabelecimentos assistenciais de saúde. 5
Levantamento de Depósitos Recursais Trabalhistas Trata-se de recuperação de créditos provenientes de depósitos judiciais realizados junto às reclamações trabalhistas quando da interposição de recursos, que ao término dos trâmites processuais, não foram objetos de compensação por parte do reclamante, tampouco de levantamento por parte de hospitais e clínicas. Nesse sentido, considerando que muitas empresas não mantiveram controle ativo, ao longo dos anos leia-se desde sua constituição sobre a época de tais depósitos recursais, e nem mesmo apontamentos sobre os respectivos dados processuais, a Cardoso e Siqueira Advogados poderá obter as necessárias informações sobre existência, localização e montante global de ativos passíveis de liberação judicial. Desta forma, tal trabalho compreende, inicialmente, a constatação a nível nacional (todos os CNPJ s da empresa), da efetiva existência e montante global de ativos provenientes de depósitos recursais, referentes a processos baixados e até incinerados, desde a constituição da pessoa jurídica, ou seja, processos que tenham 20, 30, 40 anos, e que a própria empresa desconhece a existência dos mesmos. Após o levantamento do montante o qual o hospital ou clinica faz jus, os valores serão depositados diretamente na conta corrente de titularidade da pessoa jurídica, através de transferência bancária. É de suma importância ressaltar que o trabalho proposto não interfere nas reclamações trabalhistas em curso, nem nas ações de que a empresa tem o efetivo controle. Supondo que a empresa mantém relatório atualizado com todos os processos dos últimos 15 anos e controle efetivo sobre esse período, acatando a vontade da empresa, podemos incluir no Contrato de Prestação de Serviços cláusula impedindo qualquer interferência em tais processos, mas tão somente nos anteriores, ou seja, processos que a empresa desconhece, efetivamente, a sua existência. Verônica Siqueira Advogada Cardoso & Siqueira Advogados Associados Contato: Tel: 21 2524 6401-21 2524 1058-21 9959-2517 Portarias Ministério da Saúde Nº 2.395-11/10/2011 - Organiza o componente Hospitalar da Rede de Atenção às Urgências no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Nº 564 16/09/2011 - Atualiza os atributos dos procedimentos, da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS, conforme anexo desta Portaria, disponível no sítio da Secretaria de Atenção à Saúde: www. saude. gov. br/ sas. Presidência da República Decreto Nº 7.562-15/09/2011 - Dispõe sobre a Comissão Nacional de Residência Médica - CNRM e o exercício das funções de regulação, supervisão avaliação de instituições que ofertam residência médica e de programas de residência médica. Anvisa Resolução RDC 51 06/10/2011 - Dispõe sobre os requisitos mínimos para a análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos. Leia estas e outras portarias na íntegra acessando o site da AHERJ: www.aherj.com.br 6
Atualização do padrão TISS ANS apresenta os primeiros resultados da Consulta Pública nº 43 A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está analisando mais de 16 mil sugestões apresentadas através da Consulta Pública nº 43, que terminou no dia 5 de agosto e apresenta proposta de resolução e instrução normativa sobre a atualização do Padrão Obrigatório para a Troca de Informações na Saúde Suplementar (Padrão TISS). O prazo para implantação será até 30 de junho de 2012. Segundo a gerente de Padronização e Interoperabilidade da ANS Marizelia Leão Moreira, as análises das contribuições encontram-se em andamento, com a participação de 16 representações de operadoras, prestadores e a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde. Identificamos a preocupação para que o padrão TISS englobe todas as rotinas de coleta e transmissão dos registros de dados referentes aos eventos de atenção à saúde. A sinalização é, portanto, de que se amplie o escopo do padrão TISS; que essa troca eletrônica ocorra em mais eventos de atenção à saúde em que hoje não há essa obrigatoriedade, explica. Na análise da representante da ANS, no conjunto de contribuições recebidas não se observou insatisfação com a TISS. Ao contrário, as contribuições analisadas até o momento indicam proposições de melhoria no sentido do padrão abranger todas as particularidades das rotinas atuais. Neste contexto estamos bastante satisfeitos com o engajamento demonstrado pela sociedade e o interesse em participar do desenvolvimento do padrão TISS, observa Marizelia Moreira. Não há previsão de nova consulta pública. A nova versão trará a rotina de manutenção do Padrão TISS. Pretende-se a automatização da solicitação de inclusão de novos termos de procedimentos e outros itens, com a respectiva análise pelo COPISS, deliberação da ANS e publicação no site da instituição Análise das contribuições Ao término do prazo da consulta pública, 14.886 contribuições haviam sido encaminhadas à ANS pela aplicação disponível no site. Foram recebidos ainda 13 documentos encaminhando contribuições, as quais foram incorporadas à base de dados da consulta pública. Segundo Marizelia Leão Moreira, após uma análise prévia, verificou-se que algumas contribuições tratavam de diversas categorias do Padrão TISS e essas foram desmembradas, resultando, até o final de outubro, em 16.743 contribuições a serem analisadas. Na distribuição das contribuições por grupo de itens do Padrão, verificou-se menor proporção para os itens já constantes na versão atual e maior proporção com os novos itens. Novos procedimentos A representante da ANS explica que os itens com maior número de sugestões foram para que sejam feitas inclusões no Padrão TISS, em especial relacionadas a terminologias e guias de solicitação. Embora a ANS ainda não tenha finalizado a análise de todas as contribuições, impossibilitando a informação de percentuais, já é possível revelar que as operadoras respondem pela maioria das contribuições, seguidas pelos prestadores e consumidores. Há, ainda, um grande número de contribuições provenientes de outros setores da sociedade. No momento ainda não é possível informar o impacto nos sistemas de prestadores e operadoras, mas a ANS prevê que haverá custo para adaptar os sistemas à nova versão. Estamos atentos à questão de impacto financeiro decorrente da nova versão. As guias atuais serão simplificadas com a retirada de alguns campos e haverá a inclusão das guias de solicitação de novos eventos de atenção à saúde, o que por sua vez unificará o procedimento vigente com tendência de diminuir custos, informa Marizelia Leão Moreira. 7