MATERNIDADE ESCOLA ASSIS CHATEAUBRIAND CARDIOTOCOGRAFIA MEAC-UFC 1
CARDIOTOCOGRAFIA Gilberto Gomes Ribeiro Paulo César Praciano de Sousa 1. DEFINIÇÃO: Registro contínuo e simultâneo da Freqüência Cardíaca Fetal, Contratilidade Uterina e Movimentos Fetais, no período anteparto ou intraparto. 2. CLASSIFICAÇÃO: - Repouso ou Basal. - Estimulada: Estímulo Mecânico ou Vibroacústico. - Com Sobrecarga: Teste do esforço (Stemberg) Teste do estímulo mamilar Teste da Ocitocina (Prova de Pose) 3. IMPORTÂNCIA: Orientação eficaz ao tocólogo. Análise imediata. Acurácia. Simplicidade e inocuidade. Facilidade de repetição. 4. ÉPOCA IDEAL PARA REALIZAÇÃO: INICIO: 26 a 28 semanas de gestação PERIODICIDADE: variável, depende da patologia materna e/ou fetal e do resultado dos testes anteriores. Intervalos de 07 dias (a nível ambulatorial), diários, repetições no mesmo dia e até registros contínuos podem ser necessários. 5. OUTRAS RECOMENDAÇÕES: - Evitar jejum prolongado. - Anotar drogas usadas durante o exame que possam interferir no resultado, como também alterações de temperatura e pressão arterial maternas. - Duração do exame: recomenda-se o mínimo de 20 minutos. - Velocidade do registro: 1, 2, ou 3 cm/minuto. - Posição da paciente: sentada em poltrona confortável ou em decúbito lateral esquerdo. MEAC-UFC 2
- Colocação correta dos transdutores para evitar traçados duvidosos. 6. INDICAÇÕES: - Anteparto - Patologias maternas, fetais e/ou placentárias. - Intraparto - Trabalho de parto distócico, induzido ou estimulado. - PARA MULHERES SAUDÁVEIS, SEM COMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO, RECOMENDA-SE MOBILOGRAMA NO PERÍODO ANTEPARTO E AUSCULTA FETAL INTERMITENTE NO PERÍODO INTRAPARTO. A CTG está indicada, neste grupo, nas gestantes com alterações nas condutas recomendadas. 7. PARÂMETROS ANALISADOS NA CTG - CONTRAÇÕES UTERINAS: avaliar freqüência, duração e coordenação das contrações. - MOVIMENTOS FETAIS: avaliar o comportamento fetal (repouso, vigília) através do número e tipo dos movimentos fetais (isolados, múltiplos, ausentes, soluços, etc). - FREQUÊNCIA CARDÍACA FETAL Nível da linha de base (média da freqüência dos BCF) FREQUÊNCIA CARDÍACA FETAL Normal 110 a 160 (TERMO) 120 A 60 (PRÉ-TERMO) Bradicardia Leve: 100 a 110 (120) Acentuada: < 100 Taquicardia Leve: 160 a 180 Acentuada: > 180 OBS - Afastar situações, que não estão relacionadas com sofrimento fetal e que podem causar bradicardia (drogas, bloqueios cardíacos fetais, etc) e taquicardia (prematuridade, drogas, febre materna, somatório de acelerações, etc). Variabilidade - Normal: 5 bpm - Alterada - lisa (ausente) - Mínima: < 5 bpm - Padrão sinusoidal MEAC-UFC 3
OBS - Afastar situações que não estão relacionadas com sofrimento fetal e que podem diminuir a variabilidade (prematuridade, repouso fetal, drogas sedativas do SNC, etc). Alterações da FCF Acelerações: Podem estar relacionadas com movimentos fetais (transitórias) ou contrações uterinas (periódicas). Início: 20 semanas de gestação Primeiro parâmetro a alterar frente a hipóxia. Padrão normal: amplitude 15 bpm e duração 15 segundos ( 10 bpm e 10 segundos antes de 32 semanas de gestação) Desacelerações: Periódicas: relacionadas com contrações uterinas Precoce ou cefálico (DIP I): queda uniforme, gradual (inicio até nadir > 30 segundos), coincide com o pico da contração. Fisiopatologia Contração uterina Compressão do pólo cefálico Hipertensão intracraniana Redução do fluxo sanguíneo cerebral Hipóxia local (estimula centro vagal) Resposta vagal Desaceleração MEAC-UFC 4
Tardio (DIP II): uniforme, queda gradual (início até nadir > 30 segundos), ocorre após o pico da contração (decalagem 20 segundos) Fisiopatologia Contração uterina Cessa a circulação útero - placentária Feto utiliza 02 do espaço interviloso p02 normal p02 diminuído Não há hipóxia Hipóxia Ausência desaceleração Desaceleração Variável (DIP III ou Umbilical): início, decalagem e forma variáveis, queda abrupta (início para nadir < 30 segundos) Fisiopatologia Contração uterina Compressão do cordão umbilical Hipóxia temporária Hipertensão arterial fetal Desaceleração Não Periódicas: Espica ou DIP 0: desaceleração com duração < 15 segundos relacionada com compressão funicular de curta duração ou soluço fetal, mais comum no prematuro. Desaceleração prolongada: desacelerações com duração maior que 3 minutos, relacionada com hipotensão postural materna, bloqueios anestésicos, hiperatividade uterina, MEAC-UFC 5
compressões funiculares intensas e duradouras. Quando espontânea são sempre patológicas. CONCLUSÃO DO TRAÇADO: NORMAL: CTG onde todos os 4 parâmetros são da categoria reativa SUBNORMAL: CTG onde 1 dos parâmetros é da categoria hiporreativa e os outros 3 são da categoria reativa. PATOLÓGICA: CTG onde 2 ou mais parâmetros são da categoria hiporreativa ou 1 ou mais parâmetros são da categoria não reativa. MEAC-UFC 6
- Quando a CTG subnormal é repetida e continua com o mesmo padrão considerar propedêutica complementar antes de indicar a interrupção da gestação: perfil biofísico fetal, dopplerfluxometria, CTG com sobrecarga (conforme o caso). - Quando a CGT intraparto é subnormal ou patológica verificar se há hipercontratilidade uterina e corrigi-la, antes de indicar a interrupção da gestação, através das seguintes medidas: suspender indução, administrar uterolítico, oxigenação e hidratação maternas, decúbito lateral esquerdo. MEAC-UFC 7
EXEMPLOS ESQUEMÁTICOS DE CARDIOTOCOGRAFIA 02 Tarquicardia Grave b a Tarquicardia Leve t / Normal e Bradicardia Leve s p a Bradicardia Grave ç o 1cm/s CARDIOTOCOGRAFIA ANTEPARTO AT AT AT Padrão Comprimido Aceleração Transitória DIP 0 ( 15 batimentos/15s) Movimentação fetal registrada pela mãe Contração de Braxton-Hicks Espicas (Movimento Fetal) CARDIOTOCOGRAFIA INTRAPARTO DIP I 3 contrações / 70 / 10 MEAC-UFC 8
DIP II DIP III DIP III Aceleração Inicial Aceleração Secundaria Ausência de aceleração inicial e tardia PADRÕES DE GRAVIDADE Recuperação Ausência de Desaceleração lenta retorno à linha bifásica de base PADRÕES DE GRAVIDADE (regra dos 60) Dura 60s Taquicardia Compensatória Cai 60bat Atinge os 60bat/min MEAC-UFC 9
DESACELERAÇÃO PROLONGADA (Hipotensão Materna) Taquissistolia Padrão Sinusoidal (Anemia fetal) Morte fetal iminente Taquicardia -Febre materna -drogas taquicardizantes Bradicardia -Drogas bradicardizantes MEAC-UFC 10