RESILIÊNCIA E AUTOCONCEITO DE COMPETÊNCIA EM JOVENS INSTITUCIONALIZADOS E NÃO-INSTITUCIONALIZADOS Raquel Baia Mestre em Psicologia da Educação, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, Portugal Maria Helena Martins Professora auxiliar, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, Portugal Resumo Alguns estudos têm documentado que as crianças e jovens institucionalizados podem desenvolver apatia e desesperança sobre o futuro, que se podem traduzir em problemas de saúde mental. Contudo, diversos estudos têm vindo a contrapor que algumas destas crianças e jovens podem não só apresentar uma boa saúde mental como revelarem competências que lhes permite ultrapassar as dificuldades que se lhes apresentam e saírem delas ainda fortalecidos. O presente estudo pretende analisar algumas implicações da institucionalização, em particular a capacidade dos jovens para superar as adversidades - a sua resiliência e o seu autoconceito de competência. Da amostra fazem parte um total de 50 participantes (N=50) com idade entre os 15 e 18 anos. Os instrumentos utilizados incluíram um questionário sociodemográfico, o Healthy Kids Resilience Assessment Module e a Escala de Avaliação do Autoconceito de Competência. Os resultados revelam que (1) não há diferenças significativas entre os grupos de adolescentes institucionalizados e não-institucionalizados em termos de resiliência, (2) a amostra não institucionalizada revelou resultados mais elevados na escala do autoconceito de competência e, (3) existe uma fraca correlação entre a resiliência e o autoconceito de competência (competência percebida) entre a amostra institucionalizada. Face aos resultados obtidos é importante que as instituições de acolhimento de crianças e jovens desenvolvam programas de prevenção e intervenção de promoção de resiliência e de saúde mental. Palavras-chave: jovens institucionalizados e não institucionalizados, resiliência, autoconceito de competência.
INTRODUÇÃO Uma instituição de acolhimento de crianças e jovens pressupõe uma dinâmica de relações e de fatores que a torna única. As relações que nela se desenvolvem são dinamizadas por cada criança e jovem e pelas suas histórias de vida, muitas vezes manchadas de sofrimento, de recusa e hostilidade. Essas histórias podem assumir por isso um papel basilar no desenvolvimento destes jovens (Zegers, 2007). A situação de institucionalização pode implicar ainda a existência de fatores de risco que podem exercer influências negativas no desenvolvimento das crianças e jovens. Alguns estudos documentam que indivíduos institucionalizados podem desenvolver apatia e desesperança em relação ao futuro, o que se traduz num abandono das várias tarefas e contextos de vida (Dell Aglio & Dalbem, 2008; Martins, 2009). Contudo, diversos estudos revelam que estes indivíduos muitas vezes conseguem desenvolver-se adequadamente e ultrapassar as adversidades que a vida lhes reservou apresentando capacidades de resiliência (Cicchetti, 2010; Luthar, 2003; Masten, & Reed, 2005). Apesar de as histórias de resistência às adversidades se multiplicarem, o conceito de resiliência nas Ciências Sociais é relativamente recente (Manciaux, Vanistendael, Lecompte & Cyrulnik, 2003). Não obstante tal, esta temática tem-se constituído como uma tema extremamente fascinante para muitos investigadores no panorama internacional e nacional. De referenciar, contudo, que este conceito de resiliência não se perspetiva consensual, apresentando fragilidades e dissonâncias o que leva muitas vezes a que o seu valor heurístico e a sua utilidade sejam postos em causa (Martins, 2005; Kolar, 2011). Uma das definições pioneiras foi sugerida por Rutter (2001), um dos mais importantes investigadores nesta temática, que considera que a resiliência é um processo que se
caracteriza pela adaptação a situações de stresse e adversidade. Acrescenta ainda que, em termos mais operacionais, este processo infere que o indivíduo consiga bons resultados, apesar do eventual risco para o desenvolvimento psicopatológico. A inteligência, a compreensão de si mesmo, a autoestima, a vinculação segura, as competências relacionais (Theis, 2003), a regulação emocional (Masten & Powell, 2003), o temperamento, as estratégias de coping, o locus de controlo, a atenção, a herança genética, o sentido de humor (Vanistendael, 2004), a religiosidade, a perspetiva de futuro (Perkins & Jones, 2004) e o género (Rutter, 1987) são exemplos de fatores de proteção e que detêm um papel extremamente relevante na promoção de resiliência. Também o autoconceito de competência tem sido um constructo utilizado em vários contextos, nomeadamente ao nível da pessoa (competência do indivíduo), das organizações (core competences) e dos países (sistemas educacionais e formação de competências). Apesar da multiplicidade de domínios em que o conceito de competência é aplicado, no presente estudo explora-se o conceito de competência no indivíduo, mais concretamente a competência percebida (Faria & Azevedo, 2004). Segundo Faria, Rurato e Santos (2000) o autoconceito de competência diz respeito às perceções de capacidade para lidar de forma eficaz com o ambiente, relacionando-se deste modo com comportamentos de ação, persistência e esforço, que têm subjacentes objetivos de realização centrados na aprendizagem (p. 449). O autoconceito de competência surge assim como uma variável preditiva de comportamentos dos sujeitos em domínios de realização, mais concretamente nos domínios cognitivos, sociais e de criatividade (Faria & Santos, 2001), sendo que as competências no domínio cognitivo são mais representativas da competência (Räty & Snellman, 1992, citados por Faria & Santos, 2001).
A importância das conceções pessoais de competência prende-se precisamente com o facto de serem preditoras do comportamento na medida em que são determinantes na orientação para o alcance de objetivos orientados para a mestria, autoconceito positivo e de uma realização melhorada. Assim, o autoconceito de competência funciona como um fator importante para a regulação do funcionamento do indivíduo. Está presente em todos os contextos de vida do indivíduo, bem como em quase todas as atividades que são realizadas. Paralelamente, está presente nas várias fases da vida, em todas as idades. Deste modo, quer seja no domínio público (e.g. escolar, laboral, desportivo, social) ou no domínio privado (e.g. emocional) este é um fator sempre presente (Faria & Azevedo, 2004). O autoconceito de competência é um domínio do autoconceito geral e, por sua vez, no âmbito do autoconceito de competência atuam outras dimensões como a competência escolar, aceitação social, competência atlética, aparência física, comportamento/conduta e autoestima global (Rodrigues & Faria, 2000). Em relação à competência escolar percebida ou autoconceito de competência académica, algumas investigações destacam que as raparigas apresentam uma maior competência percebida (Faria & Azevedo, 2004). Este é, segundo Faria e Azevedo (2004) um facto que poderá ter a ver com a crença social de que as raparigas são mais empenhadas e aplicadas na escola. Ainda no mesmo estudo, relativamente à competência atlética, os resultados obtidos apontam para o facto de serem os rapazes que possuem um maior autoconceito. Paralelamente, apresentam um maior autoconceito no domínio da aparência física, no domínio emocional, bem como na relação com pares (Faria & Azevedo, 2004). De assinalar que a circunstância de o indivíduo se percecionar como atraente e fisicamente
competente parece contribuir para este se integrar mais facilmente no grupo de pares (Rodrigues & Faria, 2000). Do que foi apresentado pode constatar-se ainda que a conceção pessoal de competência é variável ao longo do ciclo vital, sendo que são os indivíduos mais novos que elaboram avaliações mais positivas de si mesmos (Rodrigues & Faria, 2000; Wekerle, Waechter, Leung & Leonard, 2007). Em suma, a competência constitui um fator motivacional importante na autorregulação do indivíduo na medida em que o sujeito procura ser competente e não incompetente. Contudo, por vezes a conceção pessoal de competência aparenta ser mais importante que a competência objetiva. Tendo como enquadramento concetual o que atrás foi explanado pretende-se com o presente estudo, analisar o impacto da situação de institucionalização nos jovens, comparando um grupo de jovens institucionalizado e um grupo de jovens da mesma faixa etária que vive com as suas famílias. Mais concretamente pretende-se investigar se os jovens institucionalizados desenvolveram mecanismos que lhes permitam ultrapassar as adversidades e analisar quais as influências que esta situação teve na forma como se avaliam relativamente ao autoconceito de competência. MÉTODO Participantes A amostra é constituída por 50 jovens, 25 dos quais estão institucionalizados, sendo que os restantes 25 vivem com as suas famílias. Os indivíduos da presente amostra apresentam idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos (M=16; DP=0,853). Relativamente ao ano de escolaridade, a maioria da subamostra não institucionalizada frequenta o 11º ano de escolaridade, enquanto a subamostra institucionalizada
frequenta, na sua maioria o 9º ano de escolaridade. Verifica-se que 88% dos jovens institucionalizados já reprovaram, bem como 40% da amostra antípoda. A maioria dos indivíduos institucionalizados costumam realizar visitas a casa (n=16; 64%) e estão institucionalizados devido a falta de condições emocionais ou socioeconómicas (n=9; 34,62%). Instrumentos Para além de um questionário sociodemográfico, foram utilizadas a Healthy Kids Resilience Assessment Module (Constantine & Benard, 2001, adaptado por Martins, 2005), a Escala de Avaliação do Autoconceito de Competência (Räty & Snellman, 1992, adaptada por Faria & Santos, 1998). A escala Healthy Kids Resilience Assessment Module (Martins, 2005) é constituída por cinquenta e oito questões que avaliam dezassete fatores protetores e os traços da resiliência, nomeadamente os externos e os internos (Internal e External Assets). Existe também um grupo que avalia aspetos importantes relacionados com a resiliência (Responset Breakers). Os itens encontram-se organizados num questionário na forma de subescalas tipo Likert de quatro pontos. A primeira subescala varia num continuum entre Discordo Fortemente, Discordo, Concordo e Concordo Fortemente. Nas restantes subescalas o inquirido deve optar por responder num continuum entre Totalmente Falso, Um Pouco Certo, Bastante Certo e Muito Certo. A escala, adaptada por Martins (2005), obteve bons resultados de consistência, de validade e fidelidade na adaptação portuguesa (coeficiente de alfa =.9313). A Escala de Avaliação do Autoconceito de Competência foi adaptada por Luísa Faria e Nelson Lima Santos (1998) para a população portuguesa e é constituída por seis subescalas, distribuídos por trinta e um itens. Os itens são avaliados através de uma
escala Likert de cinco pontos, que averigua o grau em que os sujeitos possuem a característica, variando entre Não tenho mesmo nada desta característica e Tenho mesmo muito desta característica. Desta escala fazem parte três grandes dimensões, nomeadamente a Dimensão Cognitiva, onde constam a subescala de Resolução de Problemas, a subescala Sofisticação ou Motivação para Aprender e a Prudência na Aprendizagem; a Dimensão Social, de que fazem parte a subescala Cooperação Social e Assertividade Social e a Dimensão Criativa, que integra a subescala Pensamento Divergente. RESULTADOS Relativamente aos resultados obtidos através da Healthy Kids Resilence Assessment Module, em relação à média da escala total, pode observar-se que o grupo amostral constituído pelos jovens institucionalizados apresenta valores médio-altos no que se refere à sua resiliência (M=2,825; D.P.=0,431). Comparando os valores obtidos pelos jovens não institucionalizados pode verificar-se que estes apresentam um valor ligeiramente superior (M=2,944; D.P.=0,355). Contudo, pode constatar-se que não existem diferenças significativas entre os dois grupos (U= 264; p= 0,347). No âmbito da resiliência foram consideradas as seguintes dimensões: External Assets (fatores protetores externos), Internal Assets (fatores de proteção internos) e os Response-set Breakers (fatores diversos que intervêm na promoção e desenvolvimento da Resiliência). Conclui-se que são os Fatores Internos (Internal Assets) os mais valorizados por ambos os grupos amostrais, seguindo-se a mesma tendência para os Fatores Externos e por último os Response-set Breakers (Tabela 1).
Tabela 1 - Média de ambos os grupos relativamente às dimensões da H.H.R.A.M. Internal Assets External Assets Response-set Breakers Jovens 2,944 2,792 2,714 institucionalizados Jovens não 3,222 2,903 2,714 institucionalizados Relativamente à dimensão Internal Assets, constata-se que o grupo de jovens institucionalizados apresenta valores médio-altos (M= 2,944; DP= 0,427). Também na dimensão External Assets, a amostra institucionalizada apresenta valores médio-altos (M= 2,792; DP= 0,491), o que indica que esta valoriza os seus recursos externos regularmente para fazer face aos riscos (Tabela 1). Assinale-se, contudo que o grupo amostral que vive com as famílias (M= 2,903; DP= 0,440) apresenta valores superiores relativamente ao grupo institucionalizado, contudo não se perspetivam diferenças significativas entre as duas subamostras (U=264; p=0,347). De salientar que, ainda no que concerne à dimensão dos Internal Assets, a subamostra não institucionalizada apresenta valores ligeiramente superiores (M= 3,222; DP= 0,339). Apesar da discrepância de médias entre os grupos amostrais, estas não são diferenças estatisticamente significativas (U=217,5; p= 0,065). Deste modo, também esta amostra valoriza e utiliza mais os seus recursos internos, para a superação das adversidades, comparativamente aos externos ou de apoio desenvolvimental. No que respeita ao grupo Response-set Breakers, o grupo institucionalizado apresenta uma média de 2,714 (M=2,714; DP= 0,553), tal como o grupo não institucionalizado (M=2,714; DP= 0,532), não sendo evidente uma diferença significativa entre os grupos (U= 309,5; p=0,953).
No que respeita à avaliação do autoconceito de competência, a análise dos resultados obtidos permite concluir que o grupo amostral dos jovens institucionalizados apresenta resultados médios no que se refere ao seu autoconceito de competência, enquanto os jovens não institucionalizados elaboram boas avaliações sobre a sua competência. Constata-se que existem diferenças significativas entre ambas as subamostras (institucionalizados e não institucionalizados) (U=179; p= 0,01), sendo que o grupo de jovens não-institucionalizados apresenta um maior autoconceito de competência (M= 109,0; DP= 17,149), relativamente aos institucionalizados (M= 96,0; DP=18,81). No que se refere às dimensões da Escala de Avaliação do Autoconceito de Competência e relativamente ao grupo amostral dos jovens institucionalizados constata-se que a Dimensão Cognitiva é a mais valorizada, seguindo-se a Dimensão Social e, por último a Dimensão Criativa (Tabela 2). Tabela 2 - Médias de ambos os grupos relativamente às dimensões da Escala de Avaliação do Autoconceito de Competência Dimensão Cognitiva Dimensão Social Dimensão Criativa Jovens 45 36 12 institucionalizados Jovens não 53 41 14 institucionalizados De assinalar que ainda que com resultados ligeiramente mais elevados, assiste-se à mesma tendência no grupo amostral dos jovens não institucionalizados. Relativamente à Dimensão Cognitiva, a mais representativa da competência (Räty & Snellman, 1992, citados por Faria & Santos, 2001) os resultados mostram que os jovens institucionalizados se percecionam menos competentes (M=45,0; D.P.= 9,873), quando
comparados com as perceções do grupo amostral não institucionalizado (M=53,0; DP= 9,681). Na presente dimensão, a disparidade entre grupos revela-se significativa (U= 182,5; p= 0,012). No que respeita à Dimensão Social, verifica-se a mesma tendência. Assim os jovens institucionalizados apresentam um resultado médio de 36 (DP= 7,965), enquanto os não institucionalizados obtêm um resultado de 41 (DP= 6,058). A análise dos resultados revela que existem diferenças estatisticamente significativas relativamente a esta dimensão (U= 178,5; p=0,009). Verifica-se que é na dimensão cognitiva que os jovens institucionalizados apresentam valores mais elevados. Ao nível da Criatividade, a fração da amostra que vive com as suas famílias obtém um resultado médio de 14 (DP= 3,132). O grupo institucionalizado apresenta um valor médio de 12 (DP= 2,644). As diferenças de médias de ambos os grupos não se apresentam significativas (U= 227; p= 0,095). Na presente dimensão, os alunos inquiridos apresentam resultados intermédios relativamente às restantes dimensões do autoconceito de competência. Tabela 3 - Correlação entre Resiliência e Autoconceito de Competência no grupo institucionalizado Resiliência Autoconceito de competência Resiliência 1.262.206 25 25 Autoconceito.262 1 de competência.206 25 25 Sig. (2-tailes)
Da análise destes resultados verificou-se que existe uma correlação fraca entre a resiliência e o autoconceito de competência no grupo amostral dos jovens institucionalizados (r= 0,262; p= 0,206) (Tabela 3). Assinale-se contudo que se verifica uma correlação significativa no grupo de controlo, a subamostra não institucionalizada (r=0,809; p= 0), indicando que a resiliência é maior, quanto maior for o autoconceito de competência. DISCUSSÃO De acordo com os resultados apresentados e tendo como espeque os objetivos da investigação pode concluir-se que os jovens institucionalizados apresentam resultados médio-altos de resiliência; indiciando que não obstante as adversidades presentes nas suas vidas, estes jovens têm vindo a conseguir mobilizar alguns fatores protetores que lhes permitiram desenvolver a sua capacidade para lidar adaptativamente com as situações menos fáceis com que se foram deparando na vida (Luthar, 2003; Masten & Reed, 2005; Simões et al., 2009). Assinale-se que quer os jovens institucionalizados, quer os não institucionalizados, parecem utilizar mais os seus recursos internos na superação das adversidades, em detrimento dos fatores de proteção externos. Estes resultados vão ao encontro do estudo efetuado por Martins (2005, 2009) em que se constatava também uma valorização dos jovens pelos recursos internos como relevantes para a construção e desenvolvimento da sua Resiliência. Os resultados apresentados no grupo amostral de jovens não institucionalizados sugere-nos que estes parecem apresentar bons fatores protetores que lhes permitem lidar com as situações mais adversas. Tal constatação não nos permite, contudo, afirmar que estes são necessariamente resilientes, atendendo a que a maioria dos
investigadores refere que a resiliência é um processo adjacente ao risco e às adversidades, sendo que este grupo não foi inquirido sobre a existência de fatores de risco ou não. No que respeita à sua competência verifica-se que o grupo de jovens não institucionalizados apresentam melhores perceções no que respeita à sua competência, sendo que os jovens institucionalizados percecionam-se como menos competentes no âmbito da socialização, no campo cognitivo, bem como no criativo quando comparados com os jovens não institucionalizados. Pode-se concluir que na dimensão Cognitiva, o grupo institucionalizado apresenta uma perceção média-baixa relativamente às suas competências cognitivas. Verifica-se ainda que existe uma relação fraca entre o autoconceito de competência e a resiliência na amostra institucionalizada. No que se refere à relação entre a resiliência e o autoconceito de competência era esperada uma relação mais significativa no grupo amostral institucionalizado, uma vez que tal como já foi referido no enquadramento teórico, os indivíduos resilientes apresentam alguns comportamentos e competências semelhantes aos sujeitos que se avaliam como sendo competentes. Verifica-se que é na dimensão cognitiva, seguindo-se a dimensão social e por fim a criativa. CONCLUSÕES Face aos resultados obtidos no presente estudo e relativamente ao contexto de institucionalização, considera-se importante que as instituições que acolhem jovens desenvolvam programas de prevenção e intervenção promotores de resiliência e, principalmente desenvolvam atitudes e comportamentos que possam ajudar estes jovens a desenvolver o seu autoconceito de competência.
Paralelamente parece-nos ainda basilar o conhecimento, por parte dos funcionários das instituições, de processos e conceitos tão importantes como os que aqui se trabalham. Efetivamente, e atendendo ao número bastante significativo de jovens institucionalizados espera-se com este trabalho contribuir para a sensibilização e consciencialização destas instituições para o desenvolvimento de estratégias que possam ajudar a promover o desenvolvimento de capacidades de resiliência e do autoconceito de competência, fatores fundamentais para o bem-estar e qualidade de vida desta população. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anthony, E. J., & Cohler, B. J. (1987). The Invulnerable Child. New York: The Guilford Press. Cicchetti, D. (2010). Resilience under conditions of extreme stress: a multilevel perspective. World Psychiatry; 9(3),145-154. Dell Aglio, D. D. & Dalbem, J. X. (2008). Apego em adolescentes institucionalizadas: processos de resiliência na formação de novos vínculos afetivos. Psico, 39(1), 33-40. Faria, L. & Azevedo, A. (2004). Manifestações Diferenciais do Autoconceito no fim do Ensino Secundário Português. Paidéia. 14(29), 265-276. Faria, L.; Rurato, P. & Santos, N. L. (2000). Papel do auto-conceito de competência cognitiva e da auto-aprendizagem no contexto sócio-laboral, Análise Psicológica, 2 (XVIII), 203-219. Faria, L. & Santos, N. L. (1998). Escala de avaliação do auto-conceito de competência: estudos de validação no contexto universitário. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxia e Educacíon, 2(3). Faria, L. & Santos, N. L. (2001). Auto-conceito de competência: estudos no contexto educativo português. Psychologica, 26, 213-231. Garmezy, N. (1996). Reflections and Commentary on Risk, Resilience, and Development. In Haggerty, R. J.; Sherrod, L. R.; Garmezy, N., & Rutter, M. (eds.), Stress, Risk and Resilience in Children and Adolescence: Process Mechanisms, and Interventions. Cambridge: Cambridge University Press.
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