Validação da mini-mac numa amostra portuguesa de mulheres com cancro da mama

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1 Actas do 6 Congresso Nacional de Psicologia da Saúde Organizado por Isabel Leal, José Pais Ribeiro, e Saul Neves de Jesus 2006, Faro: Universidade do Algarve Validação da mini-mac numa amostra portuguesa de mulheres com cancro da mama IVONE PATRÃO (*) JOÃO MAROCO (*) ISABEL LEAL (*) Face a uma situação de stress, como o diagnóstico de cancro da mama, as mulheres vão desencadear diferentes estilos de coping. Podem ser mais passivos ou mais activos. O coping passivo engloba o fatalismo, preocupação ansiosa e desamparo/desespero. Os mais activos, geralmente, englobam o espírito de luta e o evitamento (Watson & Greer, 1998). Face ao cancro da mama o desamparo/desespero (Watson, Haviland, Greer, Davidson, & Bliss, 1999), o evitamento (Hamptom & Frombach, 2000) são os estilos de coping menos activos relacionados com uma resposta mal adaptada e pior prognóstico da doença (Watson & Greer, 1998). Enquanto que os estilos de coping mais activos estão associados a <*' Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa. 3 73

2 6 CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE uma resposta mais adaptada e a um melhor prognóstico da doença (Classen, Koopman, Angell, & Spiegel, 1996; Watson & Greer, 1998). Não obstante, em alguns estudos as mulheres com um espírito de luta e evitamento têm melhor ajustamento, do que aquelas com preocupação ansiosa, desamparo, e fatalismo, este último significativamente associado com uma atitude de controlo emocional (Carlsson & Hamrin, 1994). Realizou-se um estudo com objectivo de validar a Mini-Mac - Mental Adjustment to Câncer Scale (Watson et ai, adaptado por Ribeiro, 2003) numa amostra portuguesa de mulheres na fase de diagnóstico de cancro da mama. Participantes MÉTODO Neste estudo participaram 120 mulheres na fase de diagnóstico de cancro da mama da Consulta de Senologia da Maternidade Dr. Alfredo da Costa (Lisboa). Estas mulheres têm uma média de idades de 53.8 anos (SD=\ l.417), em que a mais nova tem 24 anos e a mais velha 75 anos; na maioria têm entre os anos (45%); são casadas (65%); têm 2 filhos (40%); têrnl 0 ciclo do ensino básico (3.2%); neste momento a situação profissional é activa (55.8%). Procedimento Utilizou-se o Software Estatístico AMOS (v. 5.0, Spss Inc. Chicago, IL) para realizar a Análise Factorial Confirmatória, com o objectivo de testar a validade dos constructos da versão original dos autores do Mini-Mac -Mental Adjustment to Câncer Scale (Watson et ai, 1994). Instrumentos Mini-Mac - Mental Adjustment to Câncer Scale (Watson et ai., 1994). Questionário composto por 29 itens, que avalia 5 estilos de coping ao cancro: desamparo/desespero; preocupação ansiosa; espírito de luta, evitamento cognitivo e fatalismo. 3-4

3 VALIDAÇÃO DA MINI-MAC NUMA AMOSTRA PORTUGUESA DE MULHERES COM CANCRO DA MAMA RESULTADOS Validação do Instrumento O modelo Mini Mac revelou uma validade factorial reduzida na presente amostra, por isso reorganizaram-se os itens de acordo com os índices de modificação da análise factorial confirmatória, e com critérios de validade teórica. Apresenta-se o modelo Mini Mac com a nova estrutura validada. As novas estruturas factoriais foram, então, utilizadas para estimar os scores nos factores a partir dos pesos factoriais dos itens obtidos com o AMOS, e para calcular a fidelidade dos constructos (Alpha Cronbach). Tabela l Resultados da análise confirmatória factorial dos factores originais Escalas Factores Originais Itens Avaliação Estatística Mini-Mac Mental Adjustment to Câncer Scale (Watson et ai., 1994) Evitamento Cognitivo 4,9,21,24 Espirito Luta 3,19,20,26 Preocupação Ansiosa 8,10,12,14,15,23,27,29 Desespero/Desamparo 1,2,6, 13, 1 8,22,28 Fatalismo 5,7,11,16,17 ^= , DF =369, p=.000, tfldpumâ RMSEA=.094, />(RMSEA<0.05)=.000, CFI=.723, PCFI- 657 A Tabela l apresenta os valores da análise factorial confirmatória inicial, com a estrutura original do questionário, que revela valores dos índices de qualidade do ajustamento não aceitáveis. Considerando os indicies de modificação do AMOS, suportados por critérios de validação teórica, procedeu-se à reorganização e/ou eliminação de itens, que nesta amostra, apresentavam reduzida sensibilidade estatística e teórica. A sub-escala fatalismo depois da análise factorial confirmatória com reorganização dos itens foi eliminada (ver Tabela 2), uma vez que apresentava baixa consistência interna, tal qual se passa no estudo de Ribeiro, Ramos, e Samico (2003). Depois dessa análise, também se verificou uma consistência interna aceitável dos factores do modelo reformulado, como se observa na Tabela

4 6 CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE Tabela 2 Resultados da análise confirmatória factorial e da consistência interna dos factores finais Escalas Factores Originais Itens Avaliação Estatistica Alpha Cronbach Mini-Mac Evitamento Cognitivo 4,21, Mental Espírito Luta 3,19,20,26 ^= , DF=84,p=.004,.7350 Adjustment Preocupação Ansiosa 14,15,23 ^/<spl.459, RMSEA=.062,.7097 to Câncer Scale p(rmsea<0.05)=.199, (Watson et ai., CFI=.934, PCFI=.747, GFI= ) Desespero/Desamparo 1,6,13,22, O modelo reformulado Mini Mac apresenta-se de seguida, com os respectivos pesos factoriais, na Figura l. -,24 Figura 1. Análise factorial confirmatória dos factores finais Nota. AFE_minimac - ewi-s?=122,556; DF=84; p=,004; Qui-si!/df=l,459; RMSEA=,062; p(rmsea<0.05)=,199; CFI=,934; PCFI=,747; GFI=,879. REFERENCIAS Carlsson, M., & Hamrin, E. (1994). Psychological and psychosocial aspects of breast câncer and breast câncer treatment. Câncer Nursing, 17(5), "6

5 VALIDAÇÃO DA MINI-MAC NUMA AMOSTRA PORTUGUESA DE MULHERES COM CANCRO DA MAMA Classen, C., Koopman, C., Angell, K., & Spiegel, D. (1996). Coping styles associated with psychological adjustment to advenced breast câncer. Health Psychology, 15(6), Hamptom, M., & Frombach, 1. (2000). Women experience of traumatic stress in câncer treatment. Health C are for Woman International, 21, Ribeiro, J., Ramos, D,. & Samico, S. (2003). Contribuição para uma validação conservadora da escala reduzida de Ajustamento Mental ao Cancro (Mini-Mac). Psicologia, Saúde & Doenças, 4(2), SPSS (2005). AMOS Reference Manual, SPSS Inc. Chicago, IL. Watson, M., & Greer, S. (1998). Personality and coping. In Holland (Ed.), Psycho-oncology (pp ). New York: Oxford University Press. Watson, M., Law, M., Santos, M., Greer, S., Baruch, J., & Bills, J. (1994). The Mini-MAC: further development of the Mental Adjustment to Câncer Scale. Journal of Psychological Oncology, 12(3), Watson, M., Haviland, J., Greer, S,, Davidson, J., & B1ÍSS, J. (1999). Influence of Psychological response on survival in breast câncer: A population-based cohort study. The Lancei, 354, October