ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO TRABALHO INFANTIL NO PARANÁ



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Transcrição:

ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO TRABALHO INFANTIL NO PARANÁ Aricieri Devidé Júnior Universidade Estadual de Londrina UEL (aridjr@uel.br) Luana Nunes dos Santos Universidade Estadual de Londrina UEL (luana.eco@hotmail.com) Área temática: 2. Desenvolvimento econômico e meio ambiente no Paraná RESUMO O trabalho infantil é considerado uma das faces da pobreza, um problema que deve ser solucionado em conjunto pela sociedade e o governo. O objetivo deste trabalho é analisar a tomada da decisão em relação à alocação de tempo da criança entre trabalhar e estudar e conhecer as características da família e do domicílio que afetam a escolha dos pais em inserir o filho no mercado de trabalho. Para isso foram utilizados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD 2012, considerando o Estado do Paraná, e crianças na faixa de 10 a 15 anos de idade. Por meio da estimação de um modelo Logit Multinomial, verifica-se que o trabalho infantil é característico de crianças do sexo masculino e de famílias com baixa renda. Variáveis ligadas a mãe se mostraram determinantes importantes para a decisão da criança em trabalhar ou estudar. O fato de morar na área urbana também aumenta a probabilidade da criança estudar. Palavras-chave: Trabalho infantil. Condições socioeconômicas. Modelo Logit Multinomial. ABSTRACT Child labor is considered one of the faces of poverty, a problem that should be solved by the society and by the government. The objective of this study is to analyze the child decision making in allocation of time between work and study and the characteristics of the family and the home that affect the choice of parents to enter the child in the labor market. We used data from the National Survey by Household Sampling for this - PNAD 2012, considering the state of Paraná, and children between 10-15 years of age. Through the estimation of a multinomial logit model, we find that child labor is characteristic of male children and families with low income. Variables connected to the mother proved important determinants for the decision of the child in work or study. The fact of living in urban areas also increases the probability child to study. Keywords: Child labor. Socioeconomic conditions. Multinomial logit model.

1. Introdução O trabalho dignifica o homem, esta afirmação de Max Weber (1904) remete a importância e o significado dado ao trabalho desde os tempos mais antigos, quando o trabalho infantil era aceito tanto quanto o trabalho adulto. Ao longo dos anos, com o conhecimento e comoção da sociedade diante do tema, a inserção de crianças no trabalho passou a ser vista como um ato condenável e desumano. Mas nem sempre foi assim. Fazia parte da cultura da sociedade acreditar que o trabalho de crianças era necessário, tanto para o complemento da renda da família, quanto para evitar que a criança ficasse na rua a mercê de perigos e sujeita a marginalidades. Acredita-se que o trabalho infantil teve origem muito antes da Revolução Industrial, mas foi a partir do desenvolvimento da tecnologia, que trouxe as máquinas ao mundo, que a mão de obra de crianças ganhou força e passou a ser largamente utilizada nas indústrias têxteis, a princípio na Inglaterra, mas depois na França, Bélgica e Estados Unidos. No Brasil, os primeiros relatos de trabalho infantil surgem no período de escravidão, quando os filhos acompanhavam os pais nas lavouras e em serviços domésticos. Mas foi no final do século XIX, com o início da industrialização no país, que ocorre o aumento da utilização da mão de obra infantil, chegando a 40% no setor têxtil na capital paulista (KASSOUF, 2007). Existem várias formas de trabalho infantil, desde o trabalho no âmbito familiar quando a criança ou adolescente menor de 16 anos trabalha direta ou indiretamente em função ou em favor da família ou parente, na própria residência ou em outro local; trabalho doméstico quando o indivíduo presta serviços de natureza doméstica em casas de outras famílias; trabalho infantil em benefício de terceiro que compreende o trabalho da criança ou adolescente que beneficie economicamente, direta ou indiretamente um terceiro, e que configura situação de exploração; trabalho por conta própria quando crianças e adolescentes que por abandono ou afastamento da família, exerce atividade laboral a fim do sustento próprio; trabalho infantil artístico é caracterizado pelo trabalho de crianças ou adolescentes, seja pela projeção social ou interesses econômicos, incentivados pelos pais ou responsável legal, que não atenderem aos requisitos jurídicos, mediante a expedição de alvará judicial com a imposição das condições que devem ocorrer o trabalho e trabalho em atividades ilícitas como tráfico e prostituição. A defesa da criança e do adolescente é feita por órgãos como OIT, ONU e no Brasil pelo Ministério Público. Além disso, o país conta com o Estatuto da Criança e do Adolescente que, a partir da Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990, Art. 4º, estabelece que é dever da família, da sociedade em geral e do governo assegurar os direitos à vida, à saúde, à educação, ao lazer, à cultura, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios - PNAD (IBGE, 2012) o número da população ocupada de 5-17 anos de idade em 2012 era de 3,5 milhões. Deste contingente 81 mil pessoas de 5-9 anos, 473 mil na faixa de 10-13 anos e 875 mil entre 14-15 anos, em todas as faixas etárias os homens eram maioria. Em comparação com o ano de 2011, o número de crianças e adolescentes nesta condição diminuiu em 156 mil pessoas. A entrada precoce no mercado de trabalho gera perdas no presente e no futuro da criança. O fato de não estudar ou dividir o tempo entre trabalho e estudo diminui a possibilidade de qualificação enquanto jovem, prejudicando o salário e consequentemente a renda quando adulto, assim como o tipo de trabalho e a jornada do mesmo. Desse modo, a criança que trabalha hoje, que será adulto amanhã e terá o comprometimento da renda, forçará a entrada dos filhos ao mercado de trabalho e, assim, o fenômeno conhecido como perpetuação da pobreza terá início. Diante deste cenário, o conhecimento se torna importante e essencial para o combate ao trabalho infantil, e para servir de base para as políticas do governo. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar a tomada da decisão em relação à alocação de tempo da criança entre trabalhar e estudar e conhecer as características da família e do domicílio que afetam a escolha dos pais em inserir o filho no mercado de trabalho. 2. Revisão de literatura Basu e Van (1998) apud Kassouf (2007) acreditam que o trabalho infantil é uma face da pobreza. E que a melhor forma de acabar com este tipo de trabalho é tornando a frequência escolar compulsória, pois seria mais fácil monitorar a presença na escola do que a ausência no trabalho. Segundo Vilela (1998), o trabalho infantil não é economicamente necessário. E, de acordo com a autora, a justificativa de que a criança tem características específicas para determinados trabalhos é falsa, pois não há nenhum estudo empírico que comprove essa afirmação. O trabalho infantil não é um fenômeno recente. Desde a Revolução Industrial o número de crianças no trabalho era alarmante, principalmente na Inglaterra, mas em países como França, Bélgica e Estados Unidos por volta de 1830 e 1840, também apresentavam altos índices de mão de obra infantil. No Brasil, os primeiros relatos de trabalho infantil ocorreram na época da escravidão, quando as crianças trabalhavam nas mais diversas atividades, desde trabalhos domésticos até as lavouras acompanhando seus pais, trabalhos que muitas vezes superavam as suas capacidades físicas e mentais. Segundo Kassouf (2007), o processo de industrialização que se deu por volta do séc. XIX no Brasil, não foi muito diferente de outros países em relação ao uso de mão de obra infantil. Em 1980, nas indústrias de São Paulo, o

trabalho infantil chegou a representar 15% do total de trabalhadores, principalmente na indústria têxtil, e 30 anos depois a participação de crianças aumentou para 37% do total de trabalhadores. Apesar de muito discutido no século XIX, o trabalho infantil voltou a ser foco dos estudos em 1995 devido à crescente ênfase na redução da pobreza e na acumulação de capital humano como forma de incentivar o desenvolvimento. O trabalho infantil passou a ser visto como negativo e um dos fatores que atrasam o progresso econômico. As análises empíricas visando obter as causas, consequências e soluções para o trabalho infantil estão agora sendo facilitadas pelo aumento da disponibilidade de microdados. No Brasil, os mais utilizados são os da PNAD elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. No que diz respeito às causas do trabalho infantil, as principais citadas pelos autores são: pobreza, renda da família, a escolaridade dos pais, o tamanho e a estrutura da família, o sexo do chefe de família, idade em que os pais começaram a trabalhar, o local de residência, fragilidade do mercado de trabalho dos adultos, sistema educacional, custo de mão de obra e legislação trabalhista. É consenso que o trabalho na infância traz prejuízos à criança tanto no curto quanto no longo prazo. Estudos comprovam que os indivíduos que começam a trabalhar mais cedo, no futuro terão rendimentos mais baixos e jornada de trabalho maior. Isso porque as horas gastas com trabalho poderiam ter sido empregadas em horas de estudo, aumentando o conhecimento e a qualificação da criança para ingressar posteriormente no mercado trabalho. Partindo do pressuposto de que os pais só escolheriam enviar seus filhos ao mercado de trabalho em caso de extrema necessidade, Rosenzweig (1981) apud Kassouf (2007) utiliza a teoria econômica básica da decisão familiar postulada por Gary Becker, que considera que o tempo é distribuído entre trabalho, lazer e escola e ainda aplica esse modelo na Índia. A teoria pressupõe que a família deriva a utilidade a partir dos bens de consumo, de serviços e de lazer, em que o lazer é preferível ao trabalho. Os indivíduos desejam o máximo de bens que podem obter, mas se deparam com restrições de tempo e renda. Assim, eles entram em um regime de trocas, uma vez que mais tempo gasto em uma tarefa, significa menor tempo gasto em outra. Então, a escolha de trabalhar ocorre mesmo o lazer sendo preferível, porque mais horas de trabalho implica em aumento da renda e, consequentemente, em aumento nos bens de consumo. No caso da escola, ela é vista como um investimento com custos presentes e benefícios futuros. A troca estaria relacionada às quantidades de bens de consumo e benefícios renunciados no presente em favor dos ganhos obtidos com a educação e qualificação da criança no futuro. Então, o trabalho infantil e o tempo na escola dependem da alocação do tempo dos membros do domicílio e do desejo por benefícios futuros, educação e consumo corrente. Qualquer fato

que altere os benefícios ou custos da educação ou as restrições enfrentadas pela família poderá afetar a quantidade de educação que a criança recebe e a quantidade de tempo gasta com trabalho (KASSOUF, 2007, p. 330). Basu e Van (1998) apud Kassouf (2007) construíram um modelo partindo de dois pressupostos: o axioma da luxúria e o axioma da substituição, em que consideram que a pobreza é a razão pela qual as famílias colocam seus filhos para trabalhar, ou seja, o tempo da criança que não é gasto com trabalho seria um bem de luxo, não podendo ser adquirido por pais pobres. Dessa maneira, pais com baixa renda não conseguiriam tirar seus filhos do mercado de trabalho, somente quando a renda aumentasse. Em relação ao axioma da substituição, o trabalho da criança é visto como um substituto próximo do trabalho adulto, mas em estudos empíricos realizados até hoje essa relação de substituição não foi comprovada. Kassouf (2002), com base nos dados da PNAD de 1995 e por meio de um modelo probit bivariado, analisa a escolha da criança entre estudar e trabalhar, chegando à conclusão de que a escolaridade dos pais reduz as chances da criança trabalhar e aumenta as de estudar. Esse efeito é maior sobre os meninos do que sobre as meninas. Além disso, os anos de estudo do pai tem um efeito maior sobre a criança trabalhar, enquanto os anos de estudo da mãe tem efeito maior sobre a criança estudar. O tamanho do domicílio também afetou a frequência escolar e o trabalho. O número de irmãos mais novos tem efeito positivo sobre o trabalho e negativo sobre a escolaridade da criança. No caso de irmãos mais velhos o efeito também é negativo sobre a frequência escolar da criança tanto na área urbana quanto na rural, mas sobre o trabalho o único efeito foi para meninos da área rural. A autora comenta que no Brasil a presença de irmão mais velho não tem efeito claro sobre o trabalho da criança, e que irmãos mais velhos não são substitutos próximos da mão de obra dos irmãos mais novos. O estudo também demonstra que quanto mais velha a criança maior a chance dela trabalhar e menor a de estudar. E em relação à renda, apesar da variável apresentar os efeitos esperados, não foi estatisticamente significativa ao nível de 10% ou menos, exceto no caso de meninas com residência rural. De acordo com Edmonds e Pavcnik (2005) apud Nascimento (2003), a inserção da criança no trabalho é determinado por três fatores: (a) aumento da renda familiar diminui o trabalho infantil, (b) imperfeições no mercado de capitais aumenta o trabalho infantil, pois este reage aos impactos inesperados na renda domiciliar e também porque as dificuldades em poupar e tomar empréstimo está relacionado à pobreza, (c) instituições locais pobres e (d) sistema de ensino ineficiente fatores que aumentam o trabalho infantil. Outro determinante do trabalho infantil foi apontado por Grootaert e Kanbur (1995) como sendo o risco do gerenciamento da renda familiar. Segundo os autores a decisão de enviar o filho ao trabalho depende não só da renda atual, mas também dos riscos futuros que a renda da família pode sofrer, devido às incertezas do mercado de trabalho. Neste

sentido, o trabalho infantil teria o papel de minimizar os impactos que o desemprego do adulto poderia causar no rendimento domiciliar (BATISTA; CACCIAMALI, 2012, p. 518). Segundo Vilela (1998), a pobreza é a causa mais frequente para justificar o ingresso da criança no mercado de trabalho, mas essa não pode ser considerada a única causa. Famílias pobres podem necessitar do trabalho dos filhos para complementar a renda, entretanto, a pobreza não é sinônimo de trabalho infantil. A inserção precoce da criança no trabalho estaria ligada à vulnerabilidade da família, cuja renda é insuficiente para arcar com os seus gastos básicos. Nielsen e Dubey (2001) apud Ferro (2003) apostam em quatro hipóteses para o trabalho infantil: substituição, subsistência, mercado de capitais e educação dos pais. Ao testar estas hipóteses com dados da Índia para os anos de 1987/88 e 1993/94 concluíram que subsistência e escolaridade dos pais são os principais determinantes do trabalho infantil e da consequente não escolaridade da criança. De acordo com os estudos de Schwartzman e Schwartzman (2004) boa parte do trabalho infantil está associada à baixa renda da família, entretanto a renda não deve ser considerada a principal causa das famílias para inserir os filhos no trabalho. Questões como a tradição na agricultura familiar que domina a região sul e a precariedade e incapacidade do sistema educacional em manter as crianças e adolescentes, principalmente nas áreas rurais e nas regiões urbanas mais pobres, mostram-se como fatores relevantes para explicar o trabalho infantil. Nos últimos anos é possível perceber que este determinante tem ganhado força, com a ajuda da televisão e principalmente da internet que vê nos jovens um mercado promissor. As crianças e adolescentes se tornam alvos fáceis, pois é justamente nessa idade que a personalidade do indivíduo começa a se formar e a refletir as influências do dia a dia e de seu grupo social, absorvendo e filtrando os conhecimentos que adquire cotidianamente. A mídia se aproveita desse momento para vender ideias e produtos, mas como na maioria das vezes estes produtos são supérfluos, a família não terá condições de comprar o bem, forçando a entrada da criança no mercado de trabalho. É importante acrescentar que as regiões possuem diferenças econômicas e sociais, e que estas também vão interferir na inserção da criança no trabalho. Segundo Saboia e Bregman (1993), ao observarem os dados da PNAD da década de 80 concluem que crianças e adolescentes têm comportamentos distintos. Enquanto no Nordeste o fator que determina o trabalho infantil está ligado à extrema pobreza e necessidade de complementar a renda familiar, no Sudeste, onde há maior oferta de bens de consumo, os adolescentes são mais pressionados a trabalhar para satisfazer suas próprias necessidades. A partir da revisão empírica é possível perceber que apesar da pobreza ser um dos principais determinantes do trabalho infantil, também é um dos mais controversos, e não deve ser apresentado como a única causa do uso da mão de obra infantil.

Bhalotra e Heady (2003) apud Kassouf (2007), utilizando dados da área rural de Gana e do Paquistão, mostraram que famílias proprietárias de maiores áreas de terra tendem a fazer seus filhos trabalharem mais. Como a posse de áreas maiores de terras está associada a uma maior riqueza, os autores sugerem que um maior nível de pobreza não está relacionado ao aumento do trabalho infantil. A principal razão para esse resultado é que indivíduos com posse maior de terra têm oportunidade de usar de forma mais produtiva a mão de obra familiar. Portanto, não significa que pobreza seja um determinante do trabalho infantil, mas sim que o trabalho infantil responde a incentivos e oportunidades que surgem com as imperfeições no mercado de trabalho. 2.1 Contextualização do trabalho infantil no Brasil Várias são as áreas que abordam o trabalho infantil em suas análises, as razões e soluções para este problema é o objetivo de estudos de áreas jurídicas, psicológicas, sociais e econômicas. A preocupação do governo com o tema é vista pela implementação de programas com o objetivo de erradicar o trabalho infantil e incentivar as famílias para que escolham enviar os filhos a escola e não ao trabalho, este é o caso de programas como Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PETI e o Bolsa Família. A definição de trabalho infantil é dada pelo Ministério Público como atividade desempenhada por crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos, com objetivo de obter ganho para prover o sustento próprio ou para família, e também quaisquer atividades sem remuneração. É importante salientar que o conceito de trabalho infantil difere de um país para outro. A Organização Internacional do Trabalho OIT estabelece que para o país membro da Convenção nº138 aprovada em Genebra em 1973, a idade mínima para ingresso no mercado de trabalho seja de dezesseis anos, desde que esteja totalmente protegida a saúde, a segurança e a moral dos jovens envolvidos, e que a escolaridade seja obrigatória. O órgão ainda faz uma ressalva que para o Estado em que a economia e a educação não estiverem suficientemente desenvolvidas, poderá inicialmente definir a idade mínima de 14 anos, para isso deverá ser enviado em seus relatórios, para a Constituição da Organização Internacional do Trabalho, uma declaração que contenha os motivos dessa providência que deverá ser aprovada. A legislação brasileira em relação ao trabalho infantil segue as normas estabelecidas na Constituição de 1988, que é baseada na Convenção dos Direitos da Criança, adotadas pela ONU em 1989 e que fixa, em seu artigo 32, as seguintes obrigações: Os Estados reconhecem o direito da criança de estar protegida contra a exploração econômica e contra o desempenho de qualquer trabalho que possa ser perigoso ou interferir em sua educação, ou que seja nocivo para sua saúde ou para seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social (C. F, 1988, p. 1)

Para isso, o Estado deve adotar medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais a fim de assegurar os direitos e bem estar da criança, por meio de medidas que estabeleçam uma idade mínima para admissão no trabalho, uma regulamentação apropriada relativa a horários e condições de emprego, além de estabelecer penalidades e outras sanções com o objetivo de assegurar o cumprimento das recomendações feitas pelo órgão. No artigo 7º, inciso XXXIII, com a alteração introduzida pela Emenda Constitucional nº 20/1988, estabelece a proibição de qualquer trabalho, a pessoas com idade inferior a 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos; e trabalho noturno, perigoso ou insalubre a pessoas com idade inferior a 18 anos. Há várias formas de trabalho infantil e conhecê-las é de fundamental importância tanto para a prevenção quanto para o combate deste problema. A seguir serão listadas as principais ocorrências de trabalho infantil, segundo o Ministério Público (2013): (a) Trabalho infantil no âmbito familiar: é caracterizado pelo trabalho em que a criança ou adolescente menor de 16 anos, trabalha direta ou indiretamente em função ou em favor da família ou parente, na própria residência ou em outro local. Exemplo: agricultura, artesanato. Neste caso não há exploração de terceiros, é a própria família que submete a criança ao trabalho. (b) Trabalho infantil doméstico: é caracterizado pelo trabalho de crianças ou adolescentes na casa de terceiros, em serviços de natureza doméstica. Exemplo: babá, arrumação e limpeza da casa. É importante destacar que nem sempre este trabalho é remunerado, muitas vezes as famílias com a justificativa de acolher o jovem, que na maioria das vezes é de outra localidade, apenas lhe paga comida e moradia, o serviço prestado pela criança seria uma forma de retribuição para a família que o acolheu. A estatística mostra que essa forma de trabalho apresenta os maiores índices de acidente de trabalho (queimaduras, alergias, quedas), maus tratos e abuso sexual. Por isso a partir da edição do Decreto n.6481/2008, proibiu-se o trabalho doméstico para menores de 18 anos, atendendo a determinação da Convenção n.182 da OIT que classifica o trabalho doméstico como a pior forma de trabalho infantil. (c) Trabalho infantil em benefício de terceiro: esta modalidade compreende o trabalho da criança ou adolescente que beneficie economicamente, direta ou indiretamente um terceiro, e que configura situação de exploração. Exemplo: cerâmicas, pedreiras, tecelagem, salinas, carvoarias, agricultura, agropecuária e comércio ambulante. Neste tipo de trabalho, há casos mais graves em que o trabalho infantil é em regime de escravidão, isso ocorre principalmente em fazendas e propriedades isoladas e de difícil acesso.

(d) Trabalho infantil por conta própria: esses são os casos de crianças e adolescentes que por abandono ou afastamento da família, exerce atividade laboral a fim do sustento próprio. Exemplo: flanelinhas, engraxates, catadores de lixo, papel e latas. (e) Trabalho infantil artístico: ocorre principalmente em programas de televisão e publicidade. É caracterizado pelo trabalho de crianças ou adolescentes, seja pela projeção social ou interesses econômicos, incentivados pelos pais ou responsável legal, que não atenderem aos requisitos jurídicos, mediante a expedição de alvará judicial com a imposição das condições que devem ocorrer o trabalho. (f) Trabalho infantil em atividades ilícitas: é nesta área que ocorre os piores danos a criança e ao adolescente, é caracterizado pela prática de atividades ilegais. Exemplo: tráfico de drogas, pornografia e exploração sexual. (g) Para os objetivos aqui propostos, quando o termo trabalho infantil for utilizado, refere-se à criança ou adolescente na faixa etária de 10-15 anos de idade que exerce atividade laboral que traga prejuízos à saúde, à segurança e à moral da criança. 2.2 Políticas para o combate do trabalho infantil Segundo dados da PNAD (IBGE, 2012), o país registrava 3,5 milhões de trabalhadores de 5 a 17 anos de idade, com uma redução de 156 mil pessoas em relação a 2011. Desse total a população ocupada de 5-9 anos era de 81 mil pessoas; 473 mil na faixa de 10 a 13 anos de idade; 875 mil na faixa de 14-15 anos. Nas três faixas etárias os homens eram maioria entre as pessoas ocupadas. Em termos percentuais a queda mais relevante ocorreu na faixa de 10 a 13 anos de idade, cuja retração foi de 23,0%, o que equivale à redução de 142 mil crianças e adolescentes trabalhadores. O trabalho infantil traz danos presentes e futuros à criança, principalmente ligados à educação. A família pobre que vê a necessidade de inserir o filho no mercado de trabalho para complementar a renda ao invés de enviá-lo à escola, cria um ciclo de perpetuação da pobreza, a criança que tem baixa escolaridade perde a oportunidade de no futuro conseguir um trabalho com melhores condições salariais, dessa maneira quando adulto será obrigado a enviar seus filhos para o trabalho. Há casos em que a criança divide o tempo entre trabalho e estudo, e mesmo nesses casos o trabalho afeta negativamente o desempenho escolar. Tal fato pode ser explicado pelo cansaço adquirido pelo esforço no trabalho, e também pelas horas perdidas de estudo.

O trabalho infantil também afeta a saúde da criança, tanto na fase inicial da vida, quanto na fase adulta. Forastieri (1997) apud Kassouf (2007) comenta as consequências do ingresso precoce da criança no trabalho: [...] os locais de trabalho, equipamentos, móveis, utensílios e métodos não são projetados para utilização por crianças, mas, sim, por adultos. Portanto, pode haver problemas ergonômicos, fadiga e maior risco de acidentes. O autor argumenta que as crianças não estão cientes do perigo envolvido em algumas atividades e, em caso de acidentes, geralmente não sabem como reagir. Por causa das diferenças físicas, biológicas e anatômicas das crianças, quando comparadas aos adultos, elas são menos tolerantes a calor, barulho, produtos químicos, radiações etc., isto é, menos tolerantes a ocupações de risco, que podem trazer problemas de saúde e danos irreversíveis (FORASTIERI, 1997 apud KASSOUF, 2007, p. 25). No âmbito internacional e econômico foi criado um acordo entre os países da União Europeia chamado de Sistema Geral de Preferências SGP, em que os países que demonstrarem não utilizar mão de obra infantil têm automaticamente preferência na venda das mercadorias. Alguns privilégios comerciais dados nos Estados Unidos são proporcionais ao respeito dos países exportadores com os direitos trabalhistas, inclusive a não utilização de trabalho infantil. Ao longo dos anos foi criado um mito de que a demanda por trabalho infantil é justificada pela suposta destreza e baixo custo de mão de obra infantil. Contudo, nenhum estudo foi capaz de comprovar tal informação. De acordo com Vilela (1998, p. 9), O trabalho infantil não é economicamente necessário. E as razões de se empregar mão de obra infantil estão relacionadas às características particulares das crianças, que normalmente não conhecem seus direitos e são de fácil manipulação. Diante deste cenário, o governo instituiu medidas que vão desde a proibição legal até programas combinados de transferência de renda e incentivo à demanda por educação, que é o caso dos programas de renda mínima vinculados à educação, como o Bolsa Família e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PETI. Para erradicar o trabalho infantil, o governo divide sua atuação em seis grandes frentes: (i) sensibilização e mobilização da sociedade, (ii) integração e sistematização de dados, (iii) ação conjunta do governo, organização de trabalhadores e empregadores e organizações não governamentais; (iv) fiscalização e denúncia contra a exploração da mão de obra infantil; (v) garantia de escola pública de qualidade; e (vi) incremento da renda. Dentre essas medidas, o maior destaque é para o aumento da renda. Neste sentido, destacam-se o Programa Bolsa Família e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) (MESQUITA E RAMALHO, 2010, p. 9). O Bolsa Família apresenta três objetivos principais: o alívio imediato da pobreza por meio da transferência direta de renda; contribuição para a redução da pobreza entre gerações através do cumprimento das condicionalidades, sendo uma delas a educação, em

que todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária, e os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de no mínimo 75% nas aulas; e articulação com outras políticas públicas para desenvolver a capacidade das famílias (CUNHA, 2009). O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PETI foi criado em 1996 pelo Governo Federal, tendo como público alvo crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos. O programa tem o objetivo de erradicar o trabalho infantil para menores de 16 anos, exceto em casos de menor aprendiz, e possibilitar o acesso das crianças à escola, promover o acesso ao lazer, e complementar a renda da família. O programa faz a transferência de renda por meio do Programa Bolsa Família (SILVEIRA, AMARAL E CAMPINEIRO, 20002). O PETI está dividido em cinco frentes: (i) informação e mobilização social, (ii) busca e registro no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo, (iii) fiscalização e acompanhamento da família, (iv) monitoramento, (v) transferência de renda (FERRO, 2003) O programa tem efeito direto sobre o trabalho infantil, porque obriga a criança a deixar o emprego, mas apresenta efeito ambíguo em relação à população não beneficiada, pois pode surgir nessas crianças o interesse em trabalhar, já que a escassez de mão de obra infantil eleva os salários, ou pode incentivar a sua permanência na escola para participar das atividades socioeducativas em período integral (FERRO, 2003). A principal diferença do PETI com os outros programas sociais, é que este exige que os responsáveis pela criança comprometam-se em retirá-la do trabalho e que a escola ofereça atividades socioeducativas em tempo integral, que seria a Jornada Ampliada criada e custeada pelo município. 4. Procedimentos metodológicos Para este trabalho foram utilizados os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, considerando o Estado do Paraná e crianças com idade entre 10 a 15 anos. O estudo direcionado para esta faixa etária é justificado pela alta concentração de crianças que trabalham nessa idade, segundo dados da PNAD 2012 cerca de 1,3 milhões de indivíduos se enquadram nessa condição. O objetivo deste trabalho é analisar a da decisão em relação à alocação de tempo da criança entre trabalhar e estudar e conhecer as características da família e do domicílio que afetam a escolha dos pais em inserir o filho no mercado de trabalho (Tabela 1).

Tabela 1: Descrição das Variáveis Variáveis Variável Dependente: Descrição 1 se não estuda e não trabalha 2 se não estuda e trabalha 3 se estuda e não trabalha 4 se estuda e trabalha Variáveis explicativas: - Características da Criança: idade branco masc - Características da Família tr15pai tr15mae estudopai estudomae maedom irm0a9 irm16a17t irm16a17nt Idade Cor ou Raça Sexo Se o pai começou a trabalhar antes dos 15 anos de idade Se a mãe começou a trabalhar antes dos 15 anos de idade Anos de estudo do pai Anos de estudo da mãe Mãe mora no domicílio Número de irmãos de 0 a 9 Número de irmãos de 16 a 17 que trabalha Número de irmãos de 16 a 17 que não trabalha - Característica do Domicílio urbana Zona Rural/Zona Urbana lnrenda Rendimento per capita da família (em ln) Fonte: Elaboração própria, a partir dos microdados da PNAD/IBGE 2012. 4.1 Modelo Logit Multinomial Os modelos de resposta qualitativa são aqueles em que o regressando é uma variável binária ou dicotômica (GUJARATI; PORTER, 2011). A escolha de qual modelo utilizar vai depender da hipótese feita sobre a escolha da família e da alocação do tempo da criança. Se a decisão de trabalhar ou não, de estudar ou não ocorrer de maneira simultânea, aplica-se o modelo Logit Multinomial. Se a hipótese é de que as decisões ocorram sequencialmente, utiliza-se o modelo Probit Ordenado. E se as decisões são tomadas de maneira independente, é recomendado o modelo Probit Bivariado (SANTOS, 2006). Neste trabalho, considera-se que a decisão entre a criança trabalhar e estudar ocorra simultaneamente, por isso o modelo utilizado foi o Logit Multinomial. No Logit Multinomial, a probabilidade de escolha da alternativa j é dada por: = = (1)

Em que é a variável aleatória que representa a escolha efetuada pela família i, sendo observada de forma indireta, sendo resultado da integração de duas outras variáveis observáveis diretas: 1, ç h = 0, ç ã h 1, ç = 0, ç ã = 1 =0 =0 ã ã h 2 =0 =1 ã h 3 =1 =0 ã h 4, =1 =1 h O modelo Logit Multinomial mostra as chances do evento j ocorrer, sendo determinado por um conjunto de variáveis do vetor. A partir da equação (1) foram derivadas as probabilidades de escolhas j + 1 alternativas para a família i. A categoria 1 (não estuda e não trabalha) será normalizada, considerando =0 para resolver o problema de indeterminação. Desse modo, têm-se as probabilidades: = = 1+, =2,3,4 (2) = 0 = 1 1+, =0 Os efeitos marginais que indicam a probabilidade estatística do indivíduo pertencer à aquela categoria de acordo com a variável analisada serão obtidos derivando a equação (2): Pr = = Y = Pr = (3) Sendo assim, o modelo foi estimado por máxima verossimilhança. Desse modo, a função logaritmizada pode ser derivada definindo cada família, =1 se a alternativa j é escolhida pela família, e zero caso o contrário, para as j + 1 alternativas possíveis: log = log = (4)

Assim, o modelo Logit Multinomial será aplicado para estimar os determinantes do trabalho infantil. Na próxima seção serão analisados os resultados obtidos com a estimação, bem como os coeficientes marginais e as médias das variáveis. 5. Resultados e discussão Para conhecer os fatores que determinam o trabalho de crianças de 10 a 15 anos de idade no Estado do Paraná foi utilizado o modelo Logit Multinomial. A escolha das variáveis teve como base as características do indivíduo, da família e do domicílio. A família com o objetivo de maximizar sua utilidade escolhe de forma simultânea apenas uma das opções de alocação do tempo da criança: não estudar e não trabalhar, não estudar e trabalhar, estudar e não trabalhar, estudar e trabalhar. Sendo que cada uma das alternativas se associa a uma utilidade que a família obtém com a decisão. A família i escolhe a alternativa j em relação a k, se >. Tabela 2 - Média das variáveis utilizadas no modelo Variáveis Média Média Média Média TI=1 TI=2 TI=3 TI=4 idade 13.7928 14.5399 12.4839 13.3203 branco 0.5896 0.6169 0.6471 0.5806 masc 0.3945 0.7700 0.4927 0.7035 tr15pai 0.7252 0.8000 0.7271 0.8979 tr15mae 0.3682 0.5800 0.4374 0.6203 estudopai 6.0172 3.1991 7.8459 6.8007 estudomae 4.6669 5.4890 7.8207 7.1548 irm0a9 0.7883 0.7702 0.5709 0.5595 irm16a17t 0.1211 0.2703 0.0542 0.0466 irm16a17nt 0.0967 0.1533 0.1094 0.0466 maedom 0.7250 0.7702 0.9085 0.9444 urbana 0.8789 0.8467 0.8627 0.5376 lnrenda 5.4825 6.2663 6.1973 6.1702 Fonte: Elaboração própria, a partir dos microdados da PNAD 2012. A tabela 2 apresenta a média das variáveis utilizadas no modelo. De acordo com os resultados, a idade tem o maior impacto sobre a categoria de só trabalhar. Se a criança for branca tem cerca de 64% de chance de só estudar. A criança ser do sexo masculino e apenas trabalhar as chances são de 77%. O pai ter trabalhado antes dos 15 anos de idade aumenta a média de a criança estudar e trabalhar, enquanto a mãe ter trabalhado nessa faixa etária impacta em torno de 62% a categoria estudar e trabalhar. O nível de escolaridade do pai e da mãe aumenta a chance da criança apenas estudar. Ter irmãos mais novos impacta em cerca de 78% as chances da criança não estudar e não trabalhar. A mãe morar no domicílio tem impacto considerável sobre a criança estudar e trabalhar, cerca

de 94%. A criança que mora em área urbana tem impacto maior sob as categorias relacionadas ao trabalho. A variável renda impacta significativamente todas as categorias. O modelo Logit Multinomial utiliza uma categoria base, neste trabalho sendo considerada a categoria 1: não estuda e não trabalha, e a partir desta é feita a comparação com as outras categorias. Assim, de forma comparativa, são apresentados na tabela 3 as comparações entre o grupo de referência e os demais grupos. Tabela 3 Relação com categoria de referência Variáveis Coeficiente Coeficiente Coeficiente TI=2 TI=3 TI=4 idade 0.4980-0.5237-0.1702 (0.1360) (0.0000) (0.3230) masc 1.6897 0.5041 1.5849 (0.0900) (0.2620) (0.0030) branco 0.1564 0.2571 0.0836 (0.8490) (0.5220) (0.8660) lnrenda 1.2831 0.2727 0.4278 (0.0000) (0.0490) (0.0750) urbana -0.7985-0.3316-2.1333 (0.5580) (0.6310) (0.0040) maedom 1.1877 1.7539 1.8877 (0.4550) (0.0000) (0.0240) irm0a9 0.5879-0.1837-0.1043 (0.0940) (0.4640) (0.7160) irm16a17nt -1.3028-0.9991-1.0530 (0.4360) (0.0590) (0.1690) irm16a17t 0.8150-0.1382-1.7310 (0.4720) (0.8050) (0.1240) estudopai -0.2610 0.0075-0.0017 (0.1110) (0.9080) (0.9820) estudomae -0.0012 0.1592 0.1585 (0.9910) (0.0110) (0.0340) tr15pai -0.4267-0.1636 0.5854 (0.6530) (0.7580) (0.4000) tr15mae 0.4046 0.2832 0.7958 (0.6380) (0.5310) (0.1340) _cons -16.6553 6.6224-1.9060 (0.0010) (0.0010) (0.4800) Fonte: Elaboração própria, a partir dos microdados da PNAD 2012. Valor-p entre parênteses

Os principais resultados, em comparação com a categoria de referência, sugerem que: a criança do sexo masculino tem maiores chances de trabalhar; a renda familiar tem impacto significativo e positivo sobre a probabilidade da criança estudar ou trabalhar ou ambos; se a mãe está presente no domicílio há um maior favorecimento da criança em estudar; o fato de ter irmãos mais velhos que não trabalham implica em maior ppossibilidade da criança também não trabalhar, se dedicando somente aos estudos; e em relação aos anos de estudo dos pais, nada se pode dizer sobre a educação do pai, mas no caso da mãe a relação é positiva sobre a probabilidade da criança estar estudando. Com a finalidade de apresentar os resultados finais do modelo, a tabela 4 demonstra os coeficientes marginais que indicam a probabilidade estatística do indivíduo pertencer a determinada categoria, de acordo com as variáveis analisadas. Tabela 4 - Modelo Logit Multinomial coeficientes marginais Coeficiente Coeficiente Coeficiente Coeficiente Variáveis Marginal Marginal Marginal Marginal TI=1 TI=2 TI=3 TI=4 idade 0.0046 0.0006-0.0159 0.0107 (0.0000) (0.0870) (0.0000) (0.0000) masc -0.0046 0.0007-0.0304 0.0343 (0.1810) (0.2270) (0.0030) (0.0000) branco -0.0024 0.0000 0.0086-0.0062 (0.5210) (0.9740) (0.4140) (0.5290) lnrenda -0.0022 0.0006-0.0045 0.0061 (0.0850) (0.1440) (0.4920) (0.3440) urbana 0.0036-0.0003 0.1021-0.1054 (0.3970) (0.7620) (0.0010) (0.0000) maedom -0.0375-0.0002 0.0330 0.0047 (0.0840) (0.8830) (0.2390) (0.7980) irm0a9 0.0018 0.0004-0.0052 0.0029 (0.4690) (0.1900) (0.3690) (0.5630) irm16a17 0.0046 0.0002 0.0161-0.0209 (0.1790) (0.7480) (0.2720) (0.1400) estudopai -0.0001-0.0002 0.0008-0.0004 (0.8000) (0.2380) (0.5570) (0.6980) estudomae -0.0014-0.0001 0.0015 0.0000 (0.0450) (0.0990) (0.2980) (0.9800) tr15pai 0.0012-0.0002-0.0211 0.0201 (0.7820) (0.7720) (0.0650) (0.0570) tr15mae -0.0024 0.0000-0.0143 0.0168 (0.5490) (0.9980) (0.1840) (0.0940) Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da PNAD 2012. Valor-p entre parênteses

A variável idade é significativa para as categorias referentes à probabilidade da criança estar trabalhando, indicando que conforme a criança cresce maior a probabilidade de trabalhar, estudando ou não ao mesmo tempo. As variáveis estudomae e maedom têm impacto negativo sobre a primeira categoria, ou seja, quanto menor a escolaridade da mãe e o fato dela não morar no domicílio aumentam as chances da criança não estudar e não trabalhar. A criança residir em área urbana e ter baixa renda também aumentam a probabilidade da criança estar nesta categoria. Na categoria estudar e não trabalhar, as variáveis idade, masc, urbana e tr15mae apresentam valores significativos e relação negativa nesta categoria, ou seja, quanto maior a idade da criança, o fato de ser do sexo masculino e da mãe ter trabalhado antes dos 15 anos de idade, diminuem a probabilidade da criança apenas estudar, enquanto que e o fato de residir na área urbana eleva essa probabilidade. Para a escolha de estudar e trabalhar, as variáveis idade, masc, urbana e tr15pai apresentam significância e relação positiva com esta escolha, ou seja, essas variáveis elevam as chances da criança estudar e trabalhar. Se antes demonstrada a relação direta da idade, gênero e residência na área urbana com o fato da criança trabalhar, o fato do pai ter trabalhado antes dos 15 anos faz com que tal ação seja também refletida nos filhos. 5. Considerações finais O objetivo deste trabalho foi identificar o perfil da criança que trabalha, além de conhecer as características da família e do domicílio. Para isso foram utilizados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD 2012. A estratégia adotada foi estimar um modelo Logit Multinomial que analisa simultaneamente a escolha da família em relação à alocação do tempo da criança. A variável dependente assume o valor 1 para não estuda e não trabalha, 2 para não estuda e trabalha, 3 para estuda e não trabalha, e 4 para estuda e trabalha. E como variáveis explicativas, características do indivíduo, da família e do domicílio. A amostra foi composta por crianças de dez a quinze anos de idade, pois é nesta fase que se concentra o maior número de crianças trabalhando. Assim, de forma geral, conforme a criança cresce maior a probabilidade dela trabalhar. O trabalho infantil no Estado do Paraná é principalmente masculino, podendo ser explicado pela cultura econômica voltada para agricultura e pecuária, trabalhos com predominância de homens. As variáveis ligadas à mãe mostraram-se importantes determinantes do trabalho infantil, no caso da mãe trabalhar antes dos 15 anos de idade aumenta a probabilidade de a criança trabalhar, enquanto a maior escolaridade aumenta as chances da criança estudar. As variáveis relacionadas ao pai não se mostraram muito significativas, exceto o fato de ter realizado

trabalho infantil, o que aumenta as chances da criança trabalhar e estar frequentando a escola. Conforme esperado, a variável lnrenda indica que famílias com baixa renda são mais propensas a inserir o filho no trabalho. Em síntese, o trabalho infantil no Estado do Paraná é caracterizado por crianças do sexo masculino e famílias de baixa renda. O fato de morar na zona urbana aumenta as chances da criança estudar. Lares com a presença materna e o bom nível de estudo dos pais contribuem para a diminuição do trabalho infantil. Como sugestão para trabalhos futuros tem-se a geração dos nem nem, as crianças e adolescentes que não estudam e não trabalham. É importante dar atenção especial a esta categoria, visto que os indivíduos que pertencem a esse grupo trazem prejuízos futuros tanto para si próprio quanto para a sociedade. O mercado perde com a falta de mão de obra qualificada, e além disso a criança fica sujeita aos riscos da marginalidade. Assim, conclui-se que o trabalho infantil é uma realidade, e que uma ação conjunta e efetiva da sociedade e do governo é necessária para solucionar este problema. Deve haver uma busca não só pelo aumento da frequência escolar, mas também pela valorização da criança e do adolescente. Apesar dos esforços do governo com programas de erradicação do trabalho infantil e de aumento da renda, é preciso atualizar a sociedade com informações e esclarecimentos em relação ao tema, é preciso não só tratar do problema em si, mas adotar medidas preventivas. É necessário enraizar a ideia de que a criança que trabalha tem prejuízos presentes e futuros, e que isso afeta a sociedade como um todo.

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