MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO RELATÓRIO



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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FRANCISCO LOUREIRO (Presidente sem voto), ENIO ZULIANI E MAIA DA CUNHA.

Não atendimento dos seguintes dispositivos legais:

Transcrição:

PROCESSO PGT/CCR/PP 3701/2009 ORIGEM: PRT/15ª REGIÃO INTERESSADO(S): 1 - BMP SIDERURGIA S/A ASSUNTO(S): Meio Ambiente de Trabalho. Acidente de Trabalho EMENTA: MEIO AMBIENTE DE TRABALHO. Insuficiência de documentação antiga juntada pela investigada para, por si só, demonstrar a correção de falhas tidas como causadoras de acidentes de trabalho graves, quando a comunicação ao Ministério Público do Trabalho, das referidas irregularidades, feita pela fiscalização trabalhista, se deu em data bem posterior, fazendo supor subsistentes as falhas. Representação que, em tais circunstâncias, merece processamento, em ordem a possibilitar manifestação conclusiva da SRT, para que não paire dúvidas sobre a regularização do meio ambiente de trabalho e, bem assim, evitar a repetição de comunicação de irregularidades eventualmente já sanadas. Não homologação do arquivamento. RELATÓRIO Trata-se de representação instaurada a partir do envio, em 25/06/2008, pela Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Piracicaba, de Relatório Técnico de Investigação e Análise de Acidente de Trabalho ocorrido na empresa BMP Siderurgia S/A (fls. 05/43), em 20/05/2004, que levou a óbito um trabalhador. 1

Às fls. 49/82 foram juntadas aos autos cópias de outro Relatório Técnico de Acidente de Trabalho, enviado em 24/06/2008, ocorrido no dia 17/05/2005. ARCELORMITTAL BRASIL S/A. A empresa investigada foi sucedida pela empresa À fl. 175, o Procurador do Trabalho, Dr. Bernardo Leôncio Moura Coelho, promoveu o arquivamento da representação, por entender que da análise da farta documentação juntada pela empresa restou comprovado que foram tomadas todas as medidas adequadas para que novos acidentes não venham a ocorrer. VOTO Com a devida vênia, creio que a presente promoção de arquivamento não deve ser homologada. Com efeito, tem-se que a representação, contendo o Ofício 501, de 25/06/2008, enviado pela SRT, noticia um grave acidente de trabalho ocorrido na empresa BMP Siderurgia S/A, no dia 20/05/2004, durante uma operação - a céu aberto - de desmontagem de um duto metálico desativado elevado a uma altura 15, situado na área de instalação do sistema de despoeiramento secundário do setor de aciaria da siderúrgica investigada. Mencionado acidente foi provocado pela queda de um guindaste hidráulico montado sobre o chassi de um caminhão, contratado especialmente para essa operação junto à empresa Guinchos Orimom S/C 2

Ltda e com mão-de-obra fornecida pela empresa BSB Service Ltda, que atingiu 3 (três) trabalhadores, com o óbito de um deles, empregado da investigada. Em relação a tal acidente, o relatório, além de infrações relacionadas diretamente a falhas em medidas de prevenção de acidente de trabalho (fls. 25/36), aponta para o excesso de jornada do trabalhador acidentado, que foi a óbito, quando assinala as seguintes infrações: - prorrogar a jornada normal de trabalho, além do limite legal de 2 (duas) horas diárias, sem qualquer justificativa legal; - deixar de conceder ao empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas; - deixar de conceder período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso entre duas jornadas de trabalho, etc. (fls. 36/37). Posteriormente foi juntada aos autos a Representação n. 036913/2008-00, por conexão, onde é noticiado acidente ocorrido no dia 17/05/2005, na empresa investigada. Nesse acidente o trabalhador Luis Gonzaga da Silva, da empresa prestadora de serviços BSB Service Ltda, teve fratura de bacia e lesões dos órgãos internos do abdômen ao ser prensado em ponte rolante instalada no setor de fundição da aciaria, tendo havido a interdição do setor. Diversas irregularidades referentes ao meio ambiente do trabalho foram elencadas nos autos de infrações lavrados pela SRT, sendo algumas coincidentes em relação aos dois acidentes ocorridos: 3

- deixar de acompanhar o cumprimento das medidas de segurança e saúde no trabalho; - deixar de implementar, de forma integrada pela contratante e contratada, medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho previstas na NR 5; - deixar de executar ações integradas para aplicar as medidas de prevenção, visando a proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos ocupacionais gerados; - deixar de desenvolver as ações do Programa de Prevenções de Riscos Ambientais (PPRA) no âmbito de cada estabelecimento da empresa... sendo sua abrangência e profundidade dependente das características dos riscos e das necessidades de controle; Cumpre ainda destacar a conclusão a que chegou o auditor fiscal do trabalho, Sr. Antenor Jesus Varolla, após a análise que fez dos dois infortúnios, decorridos mais de um ano entre eles, no sentido de que: [...] A constatação da ocorrência das causas, elencadas no item anterior, em momentos antecedentes ao acidente de trabalho em questão, evidencia a existência de um sistema de gerenciamento da segurança do trabalho frágil, deficiente e de baixo nível de confiabilidade, que depende exclusivamente do comportamento do trabalhador para a sua eficácia, o qual não garante um controle eficaz das situações de exposição a riscos ocupacionais de natureza grave [...]. (destacamos fls. 23 e 71). Como referido, o Procurador oficiante entendeu suficientes os documentos juntados pela empresa, para o arquivamento da representação, a 4

partir da compreensão de que demonstram que foram tomadas todas as medidas adequadas para que novos acidentes não venham a ocorrer. Com a devida vênia, conquanto os documentos, juntados em seis anexos, evidenciem o levantamento, em 2006, da interdição efetivada quando do segundo acidente (anexo I), verifico que a maioria dos documentos anexados são contemporâneos aos acidentes, melhor servindo para a impugnação dos autos de infrações lavrados do que para evidenciar posterior adequação das falhas que redundaram na ocorrência dos acidentes. Dentro deste contexto, até porque os relatórios foram enviados pela SRT em junho de 2008, quer me parecer que não se possa ter por suficientemente demonstrada a regularização das falhas apontadas, pela só juntada dos referidos documentos - que em sua grande maioria são anteriores àquela data - em tema de relevância para o Ministério Público do Trabalho, qual o da segurança do meio ambiente de trabalho, mormente ante a afirmação da fiscalização da fragilidade do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho da investigada, bem como de ser o excesso de jornada um dos motivos da ocorrência de acidentes graves. Estimo, pois, com a devida vênia, que a representação merece ser investigada com maior cautela e rigor, em ordem ao menos a se colher da SRT laudo conclusivo acerca da correção das irregularidades flagradas, até para que se esclareça, ante a data da maioria dos documentos juntados pela investigada, a razão da comunicação ao MPT de acidentes antigos, quando já tenham, eventualmente, sido sanadas as irregularidades trabalhistas tidas por motivadoras das respectivas ocorrências. 5

CONCLUSÃO Pelo exposto, o voto é pela NÃO HOMOLOGAÇÃO da presente promoção de arquivamento, deixando, no momento, de aplicar o inciso II, 4º, do art. 10 da Resolução n. 69/2007, devendo a designação, por delegação, atender às práticas da Procuradoria Regional. Brasília, 15 de junho de 2009. GUSTAVO ERNANI CAVALCANTI DANTAS RELATOR 6