O que é Dislexia? Disgrafia



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Transcrição:

O que é Dislexia? Histórico - Pela dificuldade em compreender que o disléxico tem facilidades e paralelas dificuldades em seu modo peculiar de ser e de aprender, registramos breve histórico da pesquisa científica sobre o que é Dislexia. Gostaríamos que esta referência se torne em singela homenagem aos valorosos profissionais que, há 130 anos, vêem trazendo luz ao entendimento desta intrigante dificuldade de aprendizado, que se constitui em um de nossos mais sérios desafios sociais, a propor uma verdadeira revolução na prática educacional no mundo da escola. Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos. Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente... Para bem definir o que é Dislexia, é preciso que melhor se possa entender o ser humano, como ele aprende e o porquê de seu modo peculiar de aprender. Por isto, existem cerca de 40 definições propostas para responder o que é Dislexia, porém nenhuma delas universalmente aceita. Isto também acontece porque o profissional engajado em diferentes áreas da Educação e da Saúde e envolvido em pesquisas sobre facilidades e dificuldades de aprendizado, aborda o problema sob ângulos diferenciados e pelo enfoque de sua área específica de análise, acrescido de seu grau pessoal de conhecimento e sensibilidade. É por isto que também existem mais de 100 diferentes nomes para identificar essa específica dificuldade de aprendizado, sendo que DISLEXIA é o que melhor pode traduzir essa síndrome, claramente diagnosticada através de seus sintomas e sinais. Dificuldade que levou a ser, só mais recentemente, considerada a Dislexia em seu significado de dificuldades com a Linguagem em seu sentido mais amplo, como: Disgrafia Nos diferentes aspectos da Dislexia, a DISGRAFIA é caracterizada por problemas com a Linguagem Escrita, que dificulta a comunicação de idéias e de conhecimentos através desse específico canal de comunicação. Há disléxicos sem problemas de coordenação psicomotora, com uma linguagem corporal harmônica e um traçado livre e espontâneo em sua escrita, embora, até, possam ter dificuldades com Leitura e/ou com a interpretação da Linguagem Escrita. Mas há disléxicos com graves comprometimentos no

traçado de letras e de números. Eles podem cometer erros ortográficos graves, omitir, acrescentar ou inverter letras e sílabas. Sua dificuldade espacial se revela na falta de domínio do traçado da letra, subindo e descendo a linha demarcada para a escrita. Há disgráficos com letra mal grafada, mas inteligível, porém outros cometem erros e borrões que quase não deixam possibilidade de leitura para sua escrita cursiva, embora eles mesmos sejam capazes de ler o que escreveram. É comum que disgráficos também tenham dificuldades em matemática. Existem teorias sobre as causas da Disgrafia; uma delas aborda o processo de integração do sentido visão com a coordenação do comando cerebral do movimento. É especialmente complicado para esses disléxicos, monitorar a posição da mão que escreve com a coordenação do direcionamento espacial necessário à grafia da letra ou do número, integrados nos movimentos de fixação e alternância da visão. Por isto, eles podem reforçar pesadamente o lápis ou a caneta, no ponto de seu foco visual, procurando controlar o que a mão está traçando durante a escrita. Por isto, também podem inclinar a cabeça para tentar ajustar distorções de imagem em seu campo de fixação ocular. Disgráficos, com freqüência, experimentam, em diferentes graus, sensação de insegurança e desequilíbrio com relação à gravidade, desde a infância. Podem surgir atrasos no desenvolvimento da marcha, dificuldades em subir e descer escadas, ao andar sobre bases em desnível ou em balanço; ao tentar aprender a andar de bicicleta, no uso de tesouras, ao amarrar os cordões dos sapatos, jogando ou apanhando uma bola. Tarefas que envolvem coordenação de movimentos com direcionamento visual podem chegar a ser, até, extremamente complicadas. Dos simples movimentos para seguir uma linha e, destes, para o refinamento da motricidade fina, que envolve o traçado da letra e do número e de suas seqüências coordenadas, podem transformar-se em trabalho especialmente laborioso. Razão porque se torna extremamente difícil para o disléxico aprender a escrever pela observação da seqüência de movimentos ensinados pelo professor. Dificuldades também surgem na construção com blocos, no encaixe de quebracabeças, ao desenhar, ao tentar estabelecer valor e direcionamento ao movimento dos ponteiros do relógio na Leitura das horas. A escrita, para o disgráfico, pode tornar-se uma tarefa muito difícil e exaustiva, extremamente laboriosa e cansativa, podendo trazer os mais sérios reflexos para o desenvolvimento do ego dessa criança, desse jovem, a falta de entendimento, de diagnóstico e do imprescindível e adequado suporte psicopedagógico. "ESSAS CRIANÇAS PODEM SER EXTREMAMENTE BRILHANTES, CAPAZES DE EXCELENTES IDÉIAS, PORÉM COMPLETAMENTE INCAPAZES DE PASSAR PARA O PAPEL O POTENCIAL DE SUAS CABEÇAS. Dr. LEVINE,M.D. Discalculia

Não existe uma causa única e simples com que possam ser justificadas as bases das dificuldades com a Linguagem Matemática, que podem ocorrer por falta de habilidade para determinação de razão matemática ou pela dificuldade em elaboração de cálculo matemático. Essas dificuldades estão atreladas a fatores diversos, podendo estar vinculadas a problemas com o domínio da leitura e/ou da escrita, na compreensão global do que proponha um texto, bem como no próprio processamento da linguagem. Há dificuldades diretamente relacionadas à confusão visual-espacial, como outras que têm relação com a discriminação da seqüência e da ordem precisas de fatos matemáticos e com a lembrança correta de adequação de procedimentos matemáticos. Embora ocorrendo mais raramente, também podem existir dificuldades em avaliações comparativas: maior-menor, mais-menos. Também existe a possibilidade do emocional altamente exacerbado dificultar ou, mesmo, bloquear o pensamento matemático, não possibilitando concentração precisa no foco da lógica matemática, determinante para elaboração de razão matemática. Pessoas disléxicas, com freqüência, são bem dotadas em matemática. Elas têm habilidades de visualização em três dimensões, que as ajudam a assimilar conceitos mais clara e rapidamente que pessoas não disléxicas. Por isto, também é relativamente comum que esses disléxicos possam resolver complexos problemas matemáticos mentalmente, mesmo que não sejam capazes de decompor esse cálculo em suas etapas respectivas. E, embora com essa habilidade ímpar, e por causa deste mesmo processo de aprendizado diferencial em discalculia, essas pessoas, surpreendentemente, podem experimentar grandes dificuldades em cálculos aritméticos básicos. E quando esses disléxicos apresentam dificuldades muito pronunciadas em direcionalidade, rota de memorização e seqüência, isto pode trazer-lhes dificuldades tão pronunciadas, impedindo que seus dons matemáticos possam ser evidenciados. Há outros disléxicos que, ao contrário, não encontram grandes dificuldades e, até, podem ser hábeis em cálculos aritméticos, porém fracassam sempre que uma "incógnita" lhes traga uma abstração que eles não conseguem decodificar. Assim, encontram sérias dificuldades em matemática mais avançada. Déficit de Atenção Há disléxicos cujo problema central está na dificuldade de focar a atenção, sustentando a coordenação seletiva dessa atenção, e mantendo esse estado convergente de atenção durante um espaço de tempo necessário à seleção e registro de um estímulo, possibilitando que se integre na construção do aprendizado. Como, de alguma forma, sempre existe o componente da atenção em Dislexia, alguns especialistas nomeavam essa dificuldade de aprendizado a partir do seu aspecto de deficiência de atenção, com as designações: "Attention Deficit Desorder-ADD" - (Distúrbio de Deficiência de Atenção- DDA); e "Attention Deficit Hyperativity Desorder-ADHD" - (Distúrbio de Deficiência de Atenção com Hiperatividade-DDAH).

Por causa de sua dificuldade em concentrar a atenção, há crianças e adultos que podem tornar-se inacreditavelmente confusos e inconsistentes. E porque existe uma oscilação no nível da capacidade de concentração dessas pessoas, há dias em que elas podem melhor corresponder à expectativa escolar ensino-aprendizado, e outros dias em que se apresentam dispersivas, parecendo ter esquecido tudo o que já haviam aprendido. Por isto, elas podem conseguir uma nota alta em um dia e serem reprovadas, no mesmo conteúdo, no dia seguinte, na próxima semana ou no mês seguinte. Condição que confunde pais professores e o próprio disléxico que não consegue entender por que isto acontece. E porque, muitas vezes, esses estudantes não são capazes de focar e manter sua atenção seletiva para uma concentração e resposta satisfatórias, pessoas e, até, profissionais desinformados acerca desse processo, podem exasperar-se e acusá-los de serem desatentos e negligentes; de não estarem levando seus estudos a sério; de não estarem determinados a aprender; de serem negligentes e indiferentes ao objetivo de conquistar um bom desempenho escolar quando, na verdade, eles não estão conseguindo atingir um nível mínimo necessário de concentração da atenção, para que possam, mentalmente, construir e entrelaçar as seqüências relacionais em seu mecanismo psicopedagógico pessoais ensino-aprendizado. O Dr. Mel Levine, M.D., adverte que, "Freqüentemente, essas crianças são classificadas como tendo distúrbios emocionais, e seus pais podem culpá-las por isto, quando, na verdade, cada uma delas é vítima inocente de uma deficiência escondida, que interfere no caminho em que o cérebro dessa criança organiza sua habilidade de concentração". Há crianças que têm problemas de atenção e são, também, impulsivas, porém não são hiperativas. E outras, ao contrário, que podem ser hipoativas. O Dr. Goldberg também esclarece que "DDA-Distúrbio de Deficiência de Atenção pode ocorrer sem nenhum desequilíbrio psicomotor como, também, pode acontecer acompanhado de Hiperatividade em algum de seus diferentes graus, que podem oscilar entre o quase imperceptível ao irritante e, deste, podendo atingir níveis até incapacitantes". Hiperatividade Criança hiperativa é aquela que nunca pode parar que está sempre agitada, que não consegue permanecer sentada, imóvel. O Dr.Serfontein diz que: "Mesmo quando mais velho, se analisado com atenção, o hiperativo revelará algum tipo de movimento contínuo das pernas, dos pés, dos braços, das mãos, dos lábios, da língua". Especialistas dizem que... há pais e professores que, ainda, acreditam que o comportamento da criança ou do jovem hiperativo seja de oposição, e que pode e deve ser controlado". Por isto se torna muito importante a conscientização de que Hiperatividade é condição orgânica com base neurológica. E que uma criança ou jovem que se sinta incapaz de

controlar os próprios movimentos, sente-se muito mal a respeito de si mesmo e sua auto-imagem e auto-estima podem tornar-se muito negativas. Existem duas características diferenciais em Hiperatividade: a primeira delas é da criança hiperativa com comportamento impulsivo, que fala sem pensar e nunca espera por nada; que não consegue esperar por sua vez, interrompendo e atropelando tudo e todos, agindo antes de pensar e nunca medindo as conseqüências dessas atitudes. Planeja e decide mal e suas ações podem ser perigosas. Como bem explicita o Dr. Paul Wender, "Essa criança corre para a rua, sobe no peitoril da janela, trepa em árvores... Por isto sua cota de escoriações, hematomas, cortes e idas ao médico são significativas". Um segundo tipo de Hiperatividade tem suas características mais pronunciadas na dificuldade de foco de atenção. Trata-se de uma super estimulação nervosa que faz com que essa criança passe de um estímulo a outro, não conseguindo focar sua atenção em um único objetivo, o que dá a impressão de que ela é desligada. Ela se distrai facilmente com um estímulo mínimo que alcance sua visão, com qualquer som ou cheiro, não conseguindo centralizar sua atenção, suprimindo detalhes de importância irrelevante. Não é que esse hiperativo não preste atenção em nada, ao contrário, ele presta atenção em tudo, ao mesmo tempo, não sendo capaz de destacar um estímulo e ignorar outros. Ele não consegue determinar o foco principal dentre estímulos que bombardeiem seu cérebro, em que deveria fixar sua atenção seletiva. É a resposta a diferentes estímulos, ao mesmo tempo, que dá a essa criança a característica de hiperativa. Não é que ela esteja desatenta, desligada; ao contrário, o fato dela estar ligada em tudo que esteja acontecendo a sua volta é que a impede de concentrar sua atenção em um só estímulo. Hipoatividade O termo HIPOATIVIDADE expressa a tradução de sua significação literal, exatamente inversa à condição de Hiperatividade. A criança hipoativa é aquela que parece estar, sempre, no "mundo da lua", "sonhando acordada." Dá a impressão de que nunca está ligada em nada. Ela tem memória pobre e comportamento vago, pouca interação social, quase não se envolve com seus colegas e costuma não ter amigos. Hipoatividade se caracteriza por um nível baixo de atividade motora, com reação lenta a qualquer estímulo. Essa criança não costuma trazer problemas em seu convívio porque é, sempre, muito bem comportada, a chamada "criança boazinha". Hipoatividade ligada à Dislexia traz uma grande dificuldade a essa criança e jovem, no processar o que está acontecendo à sua volta, necessitando de um aprimoramento de técnicas em seu programa escolar, com a necessidade de recursos psicopedagógicos remediativos absolutamente específicos, com um suporte muito mais ativo de estímulos tanto na escola como em casa e na sociedade. Sintomas e Sinais

Na Primeira Infância: 1. Atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar; 2. Atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á pronúncia de palavras; 3. Parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo; 4. Distúrbios do sono; 5. Enurese noturna; 6. Suscetibilidade à alergias e à infecções; 7. Tendência à hiper ou a hipo-atividade motora; 8. Chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência; 9. Dificuldades para aprender a andar de triciclo; 10. Dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares. Observação: Pesquisas científicas neurobiológicas recentes concluiram que o sintoma mais conclusivo acerca do risco de dislexia em uma criança, pequena ou mais velha, é o atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética. Quando este sintoma está associado a outros casos familiares de dificuldades de aprendizado - dislexia é, comprovadamente, genética, afirmam especialistas que essa criança pode vir a ser avaliada já a partir de cinco anos e meio, idade ideal para o início de um programa remediativo, que pode trazer as respostas mais favoráveis para superar ou minimizar essa dificuldade. A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as palavras de maneira errada. Essa falta de consciência fonética, decorrente da percepção imprecisa dos sons básicos que compõem as palavras, acontece, já, a partir do som da letra e da sílaba. Essas crianças podem expressar um alto nível de inteligência, "entendendo tudo o que ouvem", como costumam observar suas mães, porque têm uma excelente memória auditiva. Portanto, sua dificuldade fonológica não se refere à identificação do significado de discriminação sonora da palavra inteira, mas da percepção das partes sonoras diferenciais de que a palavra é composta. Esta a razão porque o disléxico apresenta dificuldades significativas em leitura, que leva a tornar-se, até, extremamente difícil sua soletração de sílabas e palavras. Por isto, sua tendência é ler a palavra inteira, encontrando dificuldades de soletração sempre que se defronta com uma palavra nova. Porque, freqüentemente, essas crianças apresentam mais dificuldades na conquista de domínio do equilíbrio de seu corpo com relação à gravidade, é

comum que pais possam submetê-las a exercícios nos chamados "andadores" ou "voadores". Prática que, advertem os especialistas, além de trazer graves riscos de acidentes, é absolutamente inadequada para a aquisição de equilíbrio e desenvolvimento de sua capacidade de andar, como interfere, negativamente, na cooperação harmônica entre áreas motoras dos hemisférios esquerdo-direito do cérebro. Por isto, crianças que exercitam a marcha em "andador", só adquirem o domínio de andar sozinho, sem apoio, mais tardiamente do que as outras crianças. Além disso, o uso do andador como exercício para conquista da marcha ou visando uma maior desenvoltura no andar dessa criança, também contribui, de maneira comprovadamente negativa, em seu desenvolvimento psicomotor potencial-global, em seu processo natural e harmônico de maturação e colaboração de lateralidade hemisférica-cerebral. A Partir dos Sete Anos de Idade: 1. Pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres; 2. Ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos erros; 3. Copia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou não lê o que escreve; 4. A fluência em leitura é inadequada para a idade; 5. Inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever; 6. Só faz leitura silenciosa; 7. Ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para poder ouvir o som da palavra; 8. Sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras entre si; 9. Pode omitir, acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de letras e sílabas; 10. Esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou semanas; 11. É mais fácil, ou só é capaz de bem transmitir o que sabe através de exames orais; 12. Ao contrário, pode ser mais fácil escrever o que sabe do que falar aquilo que sabe; 13. Tem grande imaginação e criatividade; 14. Desliga-se facilmente, entrando "no mundo da lua";

15. Tem dor de barriga na hora de ir para a escola e pode ter febre alta em dias de prova; 16. Porque se liga em tudo, não consegue concentrar a atenção em um só estímulo; 17. Baixa auto-imagem e auto-estima; não gosta de ir para a escola; 18. Esquiva-se de ler, especialmente em voz alta; 19. Perde-se facilmente no espaço e no tempo; sempre perde e esquece seus pertences; 20. Tem mudanças bruscas de humor; 21. É impulsivo e interrompe os demais para falar; 22. Não consegue falar se outra pessoa estiver falando ao mesmo tempo em que ele fala; 23. É muito tímido e desligado; sob pressão, pode falar o oposto do que desejaria; 24. Tem dificuldades visuais, embora um exame não revele problemas com seus olhos; 25. Embora alguns sejam atletas, outros mal conseguem chutar, jogar ou apanhar uma bola; 26. Confunde direita-esquerda, em cima-em baixo; na frente-atrás; 27. É comum apresentar lateralidade cruzada; muitos são canhestros e outros ambidestros; 28. Dificuldade para ler as horas, para seqüências como dia, mês e estação do ano; 29. Dificuldade em aritmética básica e/ou em matemática mais avançada; 30. Depende do uso dos dedos para contar, de truques e objetos para calcular; 31. Sabe contar, mas tem dificuldades em contar objetos e lidar com dinheiro; 32. É capaz de cálculos aritméticos, mas não resolve problemas matemáticos ou algébricos; 33. Embora resolva cálculo algébrico mentalmente, não elabora cálculo aritmético; 34. Tem excelente memória de longo prazo, lembrando experiências, filmes, lugares e faces; 35. Boa memória longa, mas pobre memória imediata, curta e de médio prazo; 36. Pode ter pobre memória visual, mas excelente memória e acuidade auditivas; 37. Pensa através de imagem e sentimento, não com o som de palavras; 38. É extremamente desordenado, seus cadernos e livros são borrados e amassados; 39. Não tem atraso e dificuldades suficientes para que seja percebido e ajudado na escola;

40. Pode estar sempre brincando, tentando ser aceito nem que seja como "palhaço ; 41. Frustra-se facilmente com a escola, com a leitura, com a matemática, com a escrita; 42. Tem pré-disposição à alergias e à doenças infecciosas; 43. Tolerância muito alta ou muito baixa à dor; 44. Forte senso de justiça; 45. Muito sensível e emocional, busca sempre a perfeição que lhe é difícil atingir; 46. Dificuldades para andar de bicicleta, para abotoar, para amarrar o cordão dos sapatos; 47. Manter o equilíbrio e exercícios físicos são extremamente difíceis para muitos disléxicos; 48. Com muito barulho, o disléxico se sente confuso, desliga e age como se estivesse distraído; 49. Sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem domínio do espaço na página; 50. Cerca de 80% dos disléxicos têm dificuldades em soletração e em leitura. Crianças disléxicas apresentam combinações de sintomas, em intensidade de níveis que variam entre o sutil ao severo, de modo absolutamente pessoal. Em algumas delas há um número maior de sintomas e sinais; em outras, são observadas somente algumas características. Quando sinais só aparecem enquanto a criança é pequena, ou se alguns desses sintomas somente se mostram algumas vezes, isto não significa que possam estar associados à Dislexia. Inclusive, há crianças que só conquistam uma maturação neurológica mais lentamente e que, por isto, somente têm um quadro mais satisfatório de evolução, também em seu processo pessoal de aprendizado, mais tardiamente do que a média de crianças de sua idade. Pesquisadores têm enfatizado que a dificuldade de soletração tem-se evidenciado como um sintoma muito forte da Dislexia. Há o resultado de um trabalho recente, publicado no jornal Biological Psychiatry e referido no The Associated Press em 15/7/02, onde foram estudadas as dificuldades de disléxicos em idade entre 7 e 18 anos, que reafirma uma outra conclusão de pesquisa realizada com disléxicos adultos em 1998, constando do seguinte: que quanto melhor uma criança seja capaz de ler, melhor ativação ela mostra em uma específica área cerebral, quando envolvida em exercício de soletração de palavras. Esses pesquisadores usaram a técnica de Imagem Funcional de Ressonância Magnética, que revela como diferentes áreas cerebrais são estimuladas durante atividades específicas. Esta descoberta enfatiza que essa região cerebral é a chave para a habilidade de leitura, conforme sugerem esses estudos.

Essa área, atrás do ouvido esquerdo, é chamada região ocipto-temporal esquerda. Cientistas que, agora, estão tentando definir que circuitos estão envolvidos e o que ocorre de errado em Dislexia, advertem que essa tecnologia não pode ser usada para diagnosticar Dislexia. Esses pesquisadores ainda esclarecem que crianças disléxicas mais velhas mostram mais atividade em uma diferente região cerebral do que os disléxicos mais novos. O que sugere que essa outra área assumiu esse comando cerebral de modo compensatório, possibilitando que essas crianças conseguiam ler, porém somente com o exercício de um grande esforço. Como Diagnosticar O diagnóstico diferencial em Dislexia tem sido orientado por sintomas e sinais característicos. Nos casos menos severos, os problemas só passam a ser percebidos como dificuldades significativas de aprendizado, em geral, pelo professor, tornando-se mais evidentes a partir do segundo ano do curso primário. Porém quando os níveis são muito tênues, correm o risco de não serem diagnosticados, embora, como adverte um especialista italiano, a falta do diagnóstico e da adequada assistência psicopedagógica a esse disléxico pode vir a agravar as suas dificuldades sociais e de aprendizado. E quanto mais graves ou severas se apresentem essas dificuldades, elas podem ser percebidas, como tendência ou risco, já a partir dos primeiros anos da vida escolar dessa criança, por seus pais, especialmente por sua mãe, e por seu professor. A advertência de especialistas com base em estudos conclusivos mais recentes é de que, crianças que apresentam sinais característicos e passam a receber efetivo treinamento fonológico já a partir do jardim de infância e do primeiro ano primário, apresentarão significativamente menos problemas no aprendizado da leitura do que outras crianças disléxicas que não sejam identificadas nem devidamente assistidas até o terceiro ano primário. Porque Dislexia não se caracteriza por dificuldades específicas de grupo, mas em combinações e níveis individuais de facilidades e dificuldades de aprendizado; e porque em Dislexia estão envolvidos fatores que requerem a leitura de profissionais de diferentes áreas da Educação e da Saúde com especialização efetiva, esse diagnóstico diferencial requer a avaliação de equipe multidisciplinar para ser equacionado. Especialistas também esclarecem que o diagnóstico diferencial e o treinamento remediativo para o disléxico adulto devem seguir orientação idêntica àquela que é adequada à criança e ao jovem disléxico.

A Quem Recorrer O professor com formação ou informação efetiva em dificuldades de aprendizado pode tornar-se canalizador do encaminhamento de providências junto ao aluno disléxico. Mas o profissional naturalmente indicado para essa iniciativa é o psicólogo escolar que poderá tomar a iniciativa de comunicar a necessidade dessas providências aos pais dessa criança e de atuar como mediador entre os familiares e os diferentes profissionais que participem dessa avaliação diagnóstica. Programa remediativo de suporte psicopedagógico elaborado com base no diagnóstico diferencial em Dislexia poderá, também, ser aplicado com a participação cooperativa do psicólogo escolar, com formação em dificuldades de aprendizado. Como existe, ainda, muita desinformação acerca dos intrincados mecanismos envolvidos nas dificuldades de aprendizado em Dislexia, em nosso País, uma das principais razões deste site, do livro Dislexia - Você Sabe o que é? e da Fundação Brasileira de Dislexia é congregar e treinar profissionais para essa difícil arte especializada do ensino-aprendizado em Dislexia. Fonte: http://www.dislexia.com.br