Registro: 2013.0000534070 107 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 0132431-47.2013.8.26.0000, da Comarca de Catanduva, em que é agravante RICARDO DE SOUZA CORDIOLI, é agravado LAERCIO PALADINI. ACORDAM, em 23ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores J. B. FRANCO DE GODOI (Presidente) e JOSÉ MARCOS MARRONE. Sá Moreira de Oliveira RELATOR Assinatura Eletrônica São Paulo, 4 de setembro de 2013
Comarca: Catanduva - 3ª. Vara Cível - Processo nº 0005002-26.2012.8.26.0132 Agravante: Ricardo de Souza Cordioli Agravado: Laercio Paladini TJSP 23ª Câmara de Direito Privado (Voto nº SMO 14294) PERÍCIA Alegação de suspeição do perito, pelo fato de que ele e o assistente técnico que elaborou laudo particular para a parte contrária trabalham juntos no mesmo departamento Necessidade de observância do disposto no 1º do artigo 138 do Código de Processo Civil Decisão anulada. Agravo parcialmente provido. Trata-se de agravo (fls. 02/08) de instrumento (fls. 09/96) interposto por RICARDO DE SOUZA CORDIOLI contra a r. decisão de fls. 30, proferida pela MM. Juíza da 3ª Vara Cível da Comarca de Catanduva, Dra. Ligia Donati Cajon que, nos autos do incidente de falsidade arguido pelo ora agravante nos autos da ação de execução de título extrajudicial movida por LAÉRCIO PALADINI, rejeitou a alegação de suspeição do perito, feita com base no fato de que o expert trabalha no mesmo local que o assistente técnico da parte contrária. Alega o agravante que, determinada a realização de prova pericial grafotécnica, foi nomeado perito que trabalha no mesmo departamento de perícias criminalísticas que o assistente técnico do agravado, razão pela qual seria suspeito. Afirma estarem em litígio 21 títulos executivos, envolvendo as mesmas partes, sendo que a análise da alegação de falsidade na assinatura servirá como prova da prática de ato ilícito. Aduz ainda serem perito e assistente técnico amigos, possibilitando a ocorrência de protecionismo em relação aos laudos já apresentados nos autos. Aponta a existência de centenas de peritos no Estado de São Paulo, desnecessária a exposição a risco com o resultado da perícia a ser realizada. Postula pela concessão do efeito suspensivo e, ao final, a reforma da decisão, com a 2
nomeação de outro perito, com base no artigo 423 do Código de Processo Civil. Efeito suspensivo concedido. Contraminuta. É o relatório. Inicialmente, não há que se falar em intempestividade do recurso interposto. Disse o agravado em sua contraminuta que a decisão atacada foi disponibilizada em 11.06.13 e o agravo foi interposto em 24.06.13. Entretanto, como consta da própria certidão de publicação juntada pelo agravado às fls. 120, considera-se data da publicação o primeiro dia útil subsequente à data acima mencionada. Ainda, a data de protocolo da petição de comunicação de interposição do recurso à primeira instância é 24.06.13, e não a dada da efetiva interposição, que ocorreu em 21.06.13, conforme consta às fls. 02. Logo, o recurso é tempestivo. Superada essa questão, passo à análise do mérito. O recurso comporta parcial provimento. Insurge-se o agravante contra a nomeação do Sr. Antonio Aparecido Branzan como perito para análise da falsidade da assinatura aposta no título de crédito objeto da ação executiva movida pelo agravado. Funda o agravante a sua irresignação basicamente nos argumentos de que o Perito é amigo e colega de trabalho do assistente técnico do agravado, o Dr. William Luiz Cruz dos Santos, de forma que alega ser de rigor a nomeação de outro profissional isento. 3
A magistrada 'a quo', na decisão ora agravada, entendeu por bem manter a nomeação do Perito, pois o simples fato de trabalhar ou ter trabalhado num mesmo local não torna o perito suspeito. A alegação, com simples documentos extraídos de páginas de Diário Oficial não indicam fundada suspeição. Afasto a suspeição e mantenho a nomeação feita.. A decisão deve ser anulada. O agravante juntou comprovantes de que o perito judicial nomeado nos autos trabalha, no Núcleo de Perícias Criminalísticas de São José do Rio Preto, juntamente com o perito que elaborou o laudo particular do agravado, mencionado às fls. 28 e com cópias às fls. 46/69 do presente instrumento. Ocorre que, nos termos do 1º do artigo 138 do Código de Processo Civil, arguida a suspeição do perito, antes de apreciar o pedido deve ser ouvido o arguido, em cinco dias, providência não tomada pela magistrada, que prontamente julgou a exceção, rejeitando o pedido. Assim, reputando prematura a análise da argumentação do ora agravante, deve a r. decisão ser anulada, para que seja devidamente respeitado o procedimento determinado no referido dispositivo legal, com observância do princípio da ampla defesa das partes. Além disso, ainda não se sabe se a parte contrária indicará como assistente técnico para acompanhar os trabalhos da perícia judicial o mesmo perito anteriormente contratado, assim como também não há notícia de que o agravante nomeará assistente técnico próprio e de sua confiança. Posteriormente, estando munida de maiores informações, deverá a magistrada proferir nova decisão quanto à arguição de suspeição do perito judicial por ela nomeado. 4
Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso, para anular a r. decisão que rejeitou a exceção de suspeição, determinando o cumprimento do procedimento descrito no 1º do artigo 138 do Código de Processo Civil, com a ouvida do perito em cinco dias, para posterior reanálise dos argumentos arguidos pelo agravante. SÁ MOREIRA DE OLIVEIRA Relator 5