Entre Pérolas e Violetas: Mulheres na montagem do sistema de proteção social.



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Transcrição:

Entre Pérolas e Violetas: Mulheres na montagem do sistema de proteção social. Andréa Ledig de Carvalho * Estas reflexões resultam do estudo de trajetórias recortadas de duas biografias, a de Pérola Byington e a de Violeta Campofiorito, presentes na montagem do sistema de proteção social brasileiro. São trajetórias que permitem distinguir dois estilos de ação: na de Byington distinguimos a filantropa que a frente da Cruzada Pró-Infância em São Paulo criou diversos programas direcionados a crianças e mulheres pobres no Estado de São Paulo; a de Violeta Campofiorito, através de sua atuação na Escola de Serviço Social de Niterói, consolidará uma ação que, recorre à filantropia, mas compromete o Estado na montagem de uma vasta rede de proteção social no antigo Estado do Rio Janeiro. As duas experiências situam caminhos abertos para o ingresso das mulheres no mundo público, tecendo a montagem do sistema de proteção social como missão /tarefa feminina. Ao proclamar conceitos a partir de um padrão de excelência de ser mãe, inscrito num dado discurso maternalista 1 vigente na sociedade da época, as ações no campo da filantropia e da assistência social da primeira metade do século XX, moveram as mulheres em direção a novos lugares e novos papéis. O discurso social desse tempo, ao transformar a maternidade no principal papel social feminino e num dever patriótico, conferiu às mulheres autoridade para exercerem no mundo público o que lhes é outorgado no mundo privado, à administração da casa, dos filhos e da família. Nessas ações verifica-se o paradoxo descrito por Scott (2002): as mulheres vão se apropriar do discurso da diferença sexual que historicamente as excluía da vida pública, para reivindicar sua inserção no mundo público a * Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Federal Fluminense 1 Segundo Bock (1994), o discurso maternalista do inicio do sec. XX rompe com a tradicional dicotomia entre as esferas públicas e privadas ao tratar a maternidade como uma função social e não apenas como uma função familiar. O reconhecimento da cidadania feminina vai se dá, não apesar de, mas por serem mães, exaltando a maternidade como um dos fundamentos dos direitos e deveres das mulheres, ora privilegiando o acesso delas as profissões que são uma expressão da maternidade social, entre as quais destacamos o serviço social, ora apontando para a necessidade de políticas direcionadas a proteção da maternidade e da infância. O maternalismo constrói uma identidade feminina no campo da proteção social.

partir da maternidade, a qual lhe confere as aptidões necessárias ao exercício de determinadas funções, atuando na consolidação da sua cidadania. Mulheres, sobretudo dos segmentos sociais médios, foram então chamadas a sair dos seus lares, para exercerem a maternidade social. Com trajetórias pessoais diferentes, Pearl E.McIntyre, ou apenas Pérola Byington como se tornou conhecida e Violeta Campofiorito, atendem a esse chamado e inauguram diferentes frentes de atuação feminina no campo da proteção social 2, que têm no sentimento de cuidar compartilhado em diferentes tempos, a matéria política que irá identificá-las e imprimir as suas trajetórias significados singulares. Duas trajetórias femininas no campo da proteção social. Em agosto de 1930, Pérola Byington então com 50 anos, participa juntamente com a Associação de educadoras sanitárias 3, da fundação da Cruzada Pró- Infância na cidade de São Paulo. Trata-se de uma instituição dirigida e administrada exclusivamente por mulheres, para atuar junto ao grave problema da mortalidade infantil. Sua atuação a frente dessa instituição entre 1930 e 1963 (ano de seu falecimento), permite constatar de que forma a filantropia contribuiu para o ingresso das mulheres no mundo público. Pérola atuou no inicio de sua trajetória na Cruz Vermelha Norte- americana, durante a I Guerra Mundial, quando obteve reconhecimento oficial, sendo premiada com uma medalha. Ao retornar ao Brasil na década de 1920, associa-se à Cruz Vermelha de São Paulo, onde exerceu diversos cargos: Comissão de propaganda, tesoureira, secretária, diretora do departamento feminino. (Mott. 2005). Sua experiência no trabalho voluntário da Cruz Vermelha, sua boa relação com as 2 Segundo COSTA (1995), a proteção social diz respeito a práticas humanas de defesa grupal de longa duração e de diferentes formações e tempos históricos, onde o Estado-providência se apresenta como um caso particular de proteção social. 3 O curso de educadoras sanitárias foi criado em 1925 e era destinado a professores públicos do Estado e tinha por objetivo difundir conhecimentos teóricos e práticos de higiene formando uma consciência preventiva na população, além de cooperar em campanhas profiláticas( combate à peste bubônica, a febre amarela, aos mosquitos etc.) Os profissionais_ melhor dizendo as profissionais, pois embora destinado aos dois sexos, o curso foi freqüentado sobretudo pelo sexo feminino _ atuavam em postos de saúde, em escolas, nas fábricas e nos domicílios. Os principais alvos eram as crianças em idade escolar e as mães. ( Mott,2003.26). A Associação das Educadoras Sanitárias foi fundada em abril de 1930 e tinha como Presidente Maria Antonieta de Castro. Além da defesa dos interesses de classe a associação tinha como proposta apoiar as iniciativas que tivessem por finalidade a defesa da saúde pública e a proteção à criança e à gestante ( Mott.2005:40) 2

elites paulistas e os recursos financeiros da família Byington 4 lhe trouxeram o reconhecimento e o capital social necessário ao exercício a frente da Cruzada Pró-Infância. Mas foi o trabalho desenvolvido a frente dessa instituição, que consolidou sua identidade social de mãe do ano 5. O Programa de ação da Cruzada visava inicialmente complementar através do trabalho voluntário das sócias, a atuação da Associação das Educadoras Sanitárias. O alvo das ações eram crianças em idade escolar e mães. As crianças, pois se acreditava que aquilo que foi aprendido na infância sobre higiene não desaparecia na idade adulta; e as mães, porque eram consideradas as principais responsáveis pela mortalidade infantil. (Mott. 2003:26). No princípio, a entidade não tinha sede e todas as atividades (reuniões da diretoria, reuniões semanais das voluntárias para confecção de enxovais e bebê, o atendimento as pessoas que queriam se filiar ou, que buscavam ajuda) aconteciam na residência de Pérola. Inúmeras vezes, nesses mais de 30 anos a frente da entidade, sua casa voltou a ser palco das atividades da Cruzada. O objetivo inicial da Cruzada era ajudar individualmente algumas associações filantrópicas, famílias e pessoas 6. Pouco a pouco, a entidade foi-se estruturando. Em janeiro de 1931 rompe com a Associação de educadoras sanitárias e, torna-se autônoma. No mesmo ano sua primeira sede é inaugurada. 7 Apesar da presença constante das educadoras sanitárias, 4 Pérola Byington, nasceu em 03 de setembro de 1879 era a filha mais velha do casal McIntyre, filhos de descendentes norte-americanos. Em 1900, aos 21 anos Pérola formou-se em professora, mas devido o noivado com Albert Byington, também filho de imigrantes norte-americanos, engenheiro prático do ramo da eletrificação, com quem se casaria em 1901 e teria dois filhos Alberto e Elisabeth, recusou o convite para trabalhar como preceptora. Devido à expansão do consumo de eletricidade no estado de São Paulo, na década de 1920 a família já residia na Av. paulista e gozava de boa condição econômica e Social. 5 Pérola Byington recebeu várias prêmios, medalhas e títulos honoríficos pelo trabalho realizado junto a Cruzada. Em 1952, recebeu do presidente da República a Comenda da Ordem Nacional de Mérito; em 1957, foi escolhida mãe do ano por indicação popular, em concurso promovido pelos Diários Associados ( Mott, 2003:32). 6 Nos primeiros cinco meses de atividade a Cruzada forneceu medicamentos, providenciou o internamento de gestantes em maternidades e o auxilio domiciliar a parturientes. Providenciou também aluguel de casa e gêneros alimentícios, internamento de crianças em asilos e distribuiu enxovais, tendo auxiliado 37 famílias e 121 crianças.( Mott.2003.27) 7 A entidade passou a funcionar num velho casarão alugado, na Rua Santa Madalena, 58. Situado entre a 3

os rumos da instituição foram sendo centralizados nas mãos de Pérola Byington, que ao mesmo tempo, que buscava recursos junto ao poder público e à sociedade em geral para suas obras, atuava na supervisão do trabalho administrativo, na organização e planejamento dos serviços (Mott: 2003). Durante a gestão de Pérola Byington, as ações da Cruzada Pró-Infância direcionaram-se para: assistência social, assistência médica, educação sanitária, educação infantil e serviços especializados de combate à mortalidade infantil 8, além de diversas campanhas educativas. A partir da construção do hospital em 1959, a medicina curativa torna-se uma preocupação maior da entidade 9. (Mott: 2005). O público atendido era composto majoritariamente por mulheres e crianças e, tinha como diferencial, numa época em que muitas entidades filantrópicas eram voltadas apenas para grupos específicos (segundo a nacionalidade, religião ou grupo profissional), o atendimento a todos sem qualquer distinção. Pérola personificou o discurso maternalista no campo da proteção social de então pelo viés da ação voluntária, desenvolvida por diversas mulheres no âmbito da filantropia. Como sinaliza PERROT, a filantropia constituiu para as mulheres uma experiência não negligenciável, que modificou a sua percepção do mundo, e a idéia que tinham de si mesmas e, até certo ponto, a sua inserção pública. (1994: 504). Ao garantir visibilidade e respeitabilidade, as ações filantrópicas levam as mulheres a outras arenas políticas. Em julho de 1931, Pérola representa a Cruzada no II Congresso Internacional Feminista, organizado pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino dirigida por Bertha Lutz. Em 1932, após ter participado ativamente do Movimento Constitucionalista, participa da fundação da Associação Feminina em São Paulo, com o objetivo de promover as mulheres como cidadãs e Avenida Paulista e o bairro da Bela Vista. Em dezembro 1935 a nova sede é inaugurada, em imóvel próprio, na Av. Brigadeiro Luis Antônio, 638,aonde funciona até os dias de hoje. ( Mott.2005) 8 Entre os principais serviços criados na gestão de Pérola Byington destacam-se: Os Centros de Assistência Social, as Cozinhas Dietética (onde se fazia a distribuição de leite, farináceos e outros alimentos a crianças desnutridas) os jardins-de-infância, unidades especializadas de assistência médica-odontológica, o lactário ( que até onde se sabe é o primeiro banco de leite humano do Brasil), o berçário ( destinava-se a crianças doentes ou com sérios problemas de desnutrição), creches e a casa maternal ( se destinava a acolher no pré-natal e no pósparto, mulheres solteiras ou abandonadas pelo marido e também as casadas que tinham baixa renda familiar), entre outros. 9 No inicio dos anos 60 o hospital contava com 400 leitos gratuitos ( 220 para crianças e 200 para gestantes ). Em 1989, devido dificuldades financeiras o Hospital foi locado para a secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. 4

mães. Graças à mobilização da associação, Carlota Pereira de Queiroz é eleita a única mulher para a constituinte de 1934. Pérola Byington vai vivenciar momentos de transição da montagem do sistema de proteção social brasileiro, sobretudo, através da formação e ampliação do voluntariado feminino para a profissionalização das práticas assistenciais pré-existentes. É assim que no inicio da década de 1930, a Cruzada organiza dois cursos: enfermagem (para mulheres no instituto de Higiene e para homens no hospital do Brás) e formação de assistentes sociais, destinado a senhoras da sociedade. O objetivo desses cursos era capacitar o voluntariado para as atividades da assistência materno-infantil hospitalar e domiciliar. (Mott. 2005). De atividades voluntárias como as realizadas por Pérola à frente da Cruzada Pró- Infância, as práticas vinculadas ao cuidar tornam-se campo de várias profissões femininas, entre as quais destacamos o Serviço Social. Espaço que, entre as décadas de 1940 e 1970, solidifica a trajetória profissional de Violeta Campofiorito 10. Desta forma, Pérola e Violeta elaboraram o próprio estilo, quando o campo da proteção social brasileira vai se consolidar, definindo-se nele múltiplas possibilidades de construção de novos signos sociais e de novas experiências pessoais e profissionais para as mulheres. Assim como Pérola, ela inicia seu trabalho voluntário sob os auspícios da guerra, no seu caso a II Guerra mundial. Nesse período, atuou ao lado de D. Alzira Vargas, filha do Presidente Getulio Vargas e esposa do então interventor Amaral Peixoto, na criação da LBA fluminense em 1942 11. Para atuar junto às famílias dos pracinhas, Violeta e muitas mulheres advindas das cidades do interior do estado do Rio de Janeiro participam do curso de 10 Violeta Campofiorito nasceu em 1909 na cidade de Belém do Pará e faleceu em 2003. Filha caçula dos quatro filhos (dois homens e duas mulheres), do pintor e arquiteto Pedro Campofiorito, italiano e professor da Escola de Belas Artes de Roma, que veio para o Brasil a convite do governador do Pará, para dirigir os serviços artísticos de Belém no início do sec. XIX e de uma imigrante espanhola, exímia costureira e dona de casa, Delfina Paniagua, que veio com a família fugida da guerra dos árabes na Europa para Belém, no período do ciclo da borracha. Aos sete anos, migrou com a família para Niterói. Em 1928 aos 19 anos, forma-se professora pela Escola Normal, hoje Colégio Estadual Liceu Nilo Peçanha no ano seguinte, casa-se com o Comandante da Marinha Mercante Eduardo Arnould de Saldanha da Gama, 11 anos mais velho, com quem teve duas filhas. 11 Com o objetivo de ajudar, orientar e dar apoio às famílias dos Pracinhas, que em 1942 foram convocados pela FEB (Força Expedicionária Brasileira) para as linhas de frente na Itália, é criada pela primeira dama D. Darci Vargas a LBA, com o objetivo de: ajudar, orientar e dar apoio às famílias dos pracinhas. No antigo estado do Rio de Janeiro é criada a LBA Fluminense por D. Alzira Vargas do Amaral Peixoto. Para capacitar o voluntariado a atuar junto as famílias. Organizam-se cursos de: Visitadoras Sociais (percurso da Escola de Serviço Social): Noções de enfermagem; Defesa Civil; Nutricionistas e outros. (GAMA.1995 ).. 5

visitadoras sociais, para o qual foram convidadas professoras primárias da capital e do interior do Estado do Rio de Janeiro e, de onde saíram às pioneiras do serviço social fluminense. Esta característica, também esteve presente do grupo de Educadoras Sanitárias, que juntamente com Pérola Byington criaram em São Paulo a Cruzada Pró-Infância. A função materna tornava as mulheres moralmente aptas e sujeitos privilegiados para a prática educativa junto a crianças e mulheres pobres. No cotidiano de suas ações, essas mulheres estabelecem relações de poder e identidade com as mulheres pobres, na conformação do sistema de proteção social, tornando-as sujeito e objeto das práticas protecionistas. Com o fim da II Guerra, as atividades da LBA se voltam para o público maternoinfantil. Violeta é então nomeada por Alzira Vargas chefe do Serviço Social das obras sociais da LBA. Nesse período, objetivando dar uma melhor formação profissional às mulheres que atuariam na rede de proteção social do antigo estado do Rio de Janeiro, a LBA inaugura no dia 23 de agosto de 1945, na Rua Tiradentes 148 Ingá Niterói, a Escola de Serviço Social de Niterói, a qual no inicio de sua vida institucional estava plenamente voltada para os programas assistenciais da LBA 12. Diferentemente do que aponta nossa historiografia profissional 13, as pioneiras do Serviço Social fluminense não saíram das classes com maior poder aquisitivo e status social da região. Elas foram arregimentadas dos segmentos sociais médios, no meio do funcionalismo público, formado, principalmente, por professoras primárias 14. A LBA e o Estado concederam bolsas de estudo; àquela instituição para suas funcionárias e, este último, para professoras primárias com exercício no interior do Estado do Rio de Janeiro (GOMES, 1994, p. 135). Embora o fornecimento de bolsas de estudos, tenha se constituído numa estratégia do governo, para capacitar as moças que atuariam no atendimento a pobreza no interior do Estado, a quase totalidade das professoras portadoras de bolsas de estudo não 12 Em 1946 a LBA transferiu para a Escola de Serviço Social o acompanhamento dos casos que não estivessem consoantes com a assistência materno-infantil, os quais foram denominados casos dolorosos. ( Gomes.1994) 13 A obra de Marilda Iamamoto e Raul de Carvalho Relações sociais e Serviço Social, publicada em 1983 pelo CELATS / Cortez, exemplar desse paradigma, ainda hoje é bibliografia obrigatória das disciplinas de fundamentos do Serviço Social. 14 Segundo Gomes (1994) das 15 alunos inscritas no curso de serviço social em 1946 todas eram professoras primárias. 6

retornou para as cidades de onde vieram, permanecendo na capital fluminense; algumas assumindo a docência na própria escola em que se tornaram assistentes sociais. (GOMES, 1995:136). Diante da necessidade de conclusão de seu curso na Escola Nacional de Belas Artes e, devido sua atuação à frente do setor de Obras Sociais da LBA, Violeta não participa dessa primeira turma do curso de Serviço Social. Todavia, por se chefe do setor de Obras de Sociais da LBA (e a ESSN era considerada uma obra social), ela estava intimamente ligada a essa unidade de ensino como responsável pelo pagamento de todos os seus funcionários, inclusive professores. Seu ingresso no corpo discente vai se dá em 1948. Em 1951, ao terminar o curso é nomeada por Alzira Vargas diretora da ESSN permanecendo no cargo até 1966. Em 1966, sob os auspícios do regime militar, D. Violeta pediu demissão do cargo de diretora, porém permaneceu na Escola como docente até sua aposentadoria em 1977. Sua trajetória acompanha a de formação e consolidação da ESSN como unidade de ensino superior. Sob seu comando a escola vivenciará na década de 1950 uma verdadeira revolução. Em 1952 a unidade deixa de ser feminina e torna-se mista; em 1954 passou a ser integralmente mantida pelo Estado; em 1956, foi reconhecida como instituição de nível superior, criando-se o sistema de vestibular para ingresso e o curso noturno para atender aos estudantes trabalhadores e, em 15 de maio de 1959 foi criado o Diretório Acadêmico Maria Kiehl (DAMK) 15. Os anos 1960 marcaram para o mundo um período de profundas mudanças culturais e sociais. No Brasil, tal década iniciou-se marcada pela abertura política e por demandas sociais postas pelo crescente processo de urbanização. Sob o comando de D. Violeta Campofiorito Saldanha da Gama, a ESSN vivenciará essa efervescência política e cultural. Em sua tese de doutorado 16, Leila Maria Alonso Gomes, identifica Violeta Campofiorito como uma mulher firme em suas posições, mas que procurava caminhos sem 15 O Diretório Acadêmico recebeu esse nome em homenagem a uma notável assistente social que estudou em São Paulo e atuou no planejamento e organização da Escola, em seus primórdios (GAMA, 1995, p. 17). 16 Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro: o significado histórico da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense no período de 1945/1964. PUC/S.P 1994. 7

impactos para atingir seus objetivos: O seu relacionamento político e a sua habilidade política deram uma dimensão diferenciada ao encaminhamento da Escola de Niterói (GOMES, 1994, p. 122). Tais características foram confirmadas no depoimento da professora Suely Gomes Costa 17, aluna da escola, no período em que Violeta a dirigiu. Pelo menos nessa escola eu não tive cerceamento de liberdade, quando nela estudei. O contato das alunas de Serviço Social com as ideias que circulavam na sociedade brasileira, trouxe mudanças para a formação acadêmica, oportunizou a renovação dos signos sociais da cultura profissional. Durante o período que esteve à frente da ESSN, Violeta atuou na montagem da rede de proteção social no Antigo Estado do Rio de Janeiro. Em 1955, foram criados três grandes programas na ESSN: O COSAM 18 ( Conselho de Obras e Serviços de Assistência ao Menor ) se propunha a estudar, pesquisar e debater os problemas que afetam ao menor, na obra social, na família, nas ruas, nas escola, e/ou no trabalho ( Gama.1995:32); CRACEF ( Cruzada de Recuperação e Assistência ao Cego Fluminense ) e o FARIS 19 ( Fundação de Assistência, Recuperação e Integração Social Albergues Sociais). Acompanhando a trajetória de Pérola Byington, percebe-se que ela se consagrou no espaço político, mas, sobretudo, através de um padrão de maternidade social que vincula as mulheres às ações filantrópicas e voluntárias. Na base desse discurso maternalista, está à idéia de que a natureza especifica da maternidade confere à mulher aptidões para o exercício de atividades relacionadas ao cuidar, tanto na esfera privada quanto na esfera pública. Isso se expressa em circunstâncias do cotidiano as mais banais : Quantas vezes, em Brasília, no 17 In: Gomes, 1994, p. 123. 18 Inicialmente o COSAM funcionou no prédio da ESSN, depois foi transferido para o prédio da R: General Osório 59 São Domingos, cedido pelo governo do estado.em 1960, o então governador Roberto Silveira, solicitou ao COSAM um plano moderno e eficiente para o Instituto de Menores de Bom Jesus do Itabapoana.Como resultado do trabalho Violeta recebeu na Câmara de Bom Jesus o Titulo de Cidadã Honorária. O COSAM funcionou até 1968 quando foi incorporado pela FUNABEM. 19 A necessidade da existência, em Niterói, de um albergue social foi discutida na Escola de Serviço Social em várias reuniões das quais participamos pessoalmente, ao lado de lideranças do comércio, Clube de Diretores Lojistas dirigentes da Associação Comercial, representantes de bancos e muitas pessoas interessadas no assunto. O governo doou um terreno na Av. Jansen de Mello. Foi organizada uma objetiva campanha para arrecadar fundos para a manutenção e elaborada, por um voluntário, uma planta muito elogiada, para a construção do primeiro Albergue, no centro de Niterói. Foram feitos e registrados os estatutos, foi formada uma diretoria e lançada a pedra fundamental com muita repercussão jornalística. O processo de doação tramitava na Assembléia Legislativa e...foi vetado, por incrível que pareça ( GAMA.1995:37) 8

grande salão do Congresso, era vista uma senhora idosa, vestida como uma dona de casa (...) disputando verbas para suas obras assistenciais. (Mott.2003:22). Nessa experiência, a montagem do sistema de proteção social se faz com continuidade e também com rupturas de práticas filantrópicas de longa duração, que compõem o imaginário social, os papéis femininos (pré) definidos na divisão sexual do trabalho, sempre vinculando as mulheres à prática dos cuidados. Esse movimento de saída das mulheres e de ingresso no mundo público também mudou. Durante o período da ditadura Vargas (1937-1945), o Estado ao incorporar e atender demandas por serviços sociais necessita formar e capacitar à mão de obra especializada para atuar na montagem do sistema de proteção social. A Proteção social se constituirá em lugar de formação de mulheres intelectuais, um espaço de criação e de mudança de valores, de práticas e representações sociais muito variadas, formatadas no entrecruzar da história política e da história cultural. Abre-se para as mulheres a possibilidade da profissionalização. Pérola, apesar de ser professora primária, nunca exerceu a profissão; fez sua inserção na esfera pública através do trabalho voluntário. Violeta, no entanto, já atuava como professora primária na rede pública 20 e apesar de ter iniciado sua trajetória pelo campo do voluntariado, profissionalizou-se e construiu uma carreira acadêmica a frente da Escola de Serviço Social de Niterói. Através de suas trajetórias pode-se perceber o contraste entre essas duas atuações no campo da proteção social. Pérola pela filantropia e Violeta pelo Serviço Social. Quando Violeta Campofiorito se insere no campo da proteção social, o padrão filantrópico das ações assistenciais presentes na Cruzada Pró-infância, já vinha sendo deslocado pelo padrão profissionalizante presente nas escolas de serviço social. A Assistência Social se consolida como campo específico da atuação profissional e do conhecimento feminino; a maternidade se transforma através da ciência. As mulheres consolidam o que Maria Martha Freire, vai denominar maternalismo científico, matéria pertinente ao campo 20 Violeta Campofiorito iniciou sua carreira como professora primária no município de Nova Iguaçu RJ no final da década de 1920. Já na década de 1930, após a maternidade ingressou por concurso de provas e títulos como professora catedrática de desenho técnico e artístico da Escola Industrial Henrique Lage Localizado na Rua Guimarães Junior, 182 Barreto- Niterói - RJ. Neste período inicia o curso de desenho na Escola Nacional de Belas Artes. 9

da história dos intelectuais. São significativas destas transformações, as ações desenvolvidas por Violeta Campofiorito na montagem da rede proteção de social do Antigo Estado do Rio de Janeiro. A criação de alguns programas de ação social importantes, sediados no espaço da Escola de Serviço Social de Niterói e, que serviam de campo de estágio, muitos dos quais se encontram descritos nos TCC s do corpo discente das décadas de 1950 e 1960, apontam um constante aprendizado de condutas das mulheres nas relações de poder que estarão conformando o sistema de proteção social do antigo Estado do Rio de Janeiro. Pérola e Violeta, duas trajetórias que se entrecruzam no tecer da rede de proteção social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BOCK, G. Pobreza feminina, maternalismo e direitos das mães (1890-1950). In: DUBY, G., PERROT, M. História das mulheres no Ocidente. O século XX. Porto: Ed. Afrontamento/São Paulo: EBRADIL, 1994, pp.435-477. CARVALHO, Andréa Ledig. Buscando Novos Signos para o Serviço Social: Reexaminando Nossa História Profissional no Antigo Estado do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado em Serviço Social. UFF, (Programa de Pós-Graduação/ Mestrado), 1998. COSTA, Suely Gomes. Signos em Transformação: a dialética de uma cultura profissional. São Paulo: Côrtez.1995.. Culturas políticas e sensibilidades : pedagogias feministas. Rio de Janeiro, anos 1970-80. In:: SOIHET, Rachel et al. Mitos, projetos e práticas políticas: memória e historiografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, pp. 351-372. FREIRE, Maria M. L. Mulheres, mães e médicos: Discurso maternalista em revistas femininas (Rio de Janeiro e São Paulo, década de 1920). Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde. Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). 2006. Ser mãe é uma ciência: mulheres, médicos, e a construção da maternidade científica na década de 1920. Revista História, Ciências e Saúde. Vol. 15 supl., Rio de Janeiro: Manguinhos, 2008. 10

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