ANO 3 NÚMERO 19 AGOSTO DE 2013 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

Documentos relacionados
ANO 3 NÚMERO 15 ABRIL DE 2013 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS Prof. Flávio Riani

-0,09 Indice de setembro 2018 Ìndice de setembro de Índice de agosto de 2018

Gráfico 1 - % IPCA - Brasil

ANO 2 NÚMERO 12 DEZEMBRO 2012 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 1 NÚMERO 09 SETEMBRO 2012 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 3 NÚMERO 22 NOVEMBRO 2013 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 6 NÚMERO 71 JUNHO DE 2018 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

ANO 3 NÚMERO 23 DEZEMBRO DE 2013 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO. Gráfico 1 -Taxa Mensal de Inflação IPCA % Brasil

Aos poucos informações agregadas sobre indicadores econômicos brasileiros mostrando algumas semelhanças nos seus resultados.

ANO 6 NÚMERO 54 NOVEMBRO DE 2016 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 6 NÚMERO 75 OUTUBRO DE 2018 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 1 NÚMERO 01 AGOSTO 2011 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 3 NÚMERO 20 SETEMBRO 2013 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 3 NÚMERO 21 OUTUBRO 2013 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 4 NÚMERO 32 NOVEMBRO DE 2014 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 6 NÚMERO 52 SETEMBRO DE 2016 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 6 NÚMERO 70 MAIO DE 2018 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 3º trimestre de 2013

ANO 1 NÚMERO 02- SETEMBRO DE 2011 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 4 NÚMERO 24 FEVEREIRO DE 2014 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 6 NÚMERO 73 AGOSTO DE 2018 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 4 NÚMERO 26 ABRIL DE 2014 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 2 NÚMERO 11 NOVEMBRO 2012 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

Açúcar e tomate encarecem a Cesta Básica

ANO 5 NÚMERO 39 JULHO DE 2015 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 7 NÚMERO 78 MARÇO DE 2019 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2013

2 GOVERNO TEM DIFICULDADES DE ALCANÇAR SUPERÁVIT PRIMÁRIO Prof. Flávio Riani

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 4º trimestre de 2013

ATA DE REUNIÃO DO COMITÊ DE INVESTIMENTOS - COMIN COMIN - Nº 10/2014

IAPC VALE DO PARANHANA

ANO 4 NÚMERO 45 FEVEREIRO DE 2016 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

Gráfico 1 - Coeficiente de Gini - Brasil. set/16. mar/17. jun/16. jun/17. dez/16

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2014

ANO 2 NÚMERO 10 OUTUBRO 2012 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

Custo da Cesta Básica aumenta em todas as cidades

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 2º trimestre de 2013

ANO 6 NÚMERO 57 MARÇO DE 2017 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

ANO 6 NÚMERO 53 OUTUBRO DE 2016 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

ANO 4 NÚMERO 33 DEZEMBRO DE 2014 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

O desempenho dos principais indicadores da economia brasileira em 2008

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E GERENCIAIS - ICEG DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

1. Atividade Econômica

Conjuntura - Saúde Suplementar

Investimentos apresentam sinais de recuperação

NÍVEL DE ATIVIDADE, INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA A evolução dos principais indicadores econômicos do Brasil em 2007

Alimentos básicos caem em metade das capitais

Cesta básica apresenta alta em junho

Cesta básica de Porto Alegre registra variação de 1,75% em março de 2015

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Uma análise dos principais indicadores da economia brasileira

Ano VII, n 77, setembro de 2017

ÍNDICE 1 INDICADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL CUB m² PARÁ SETEMBRO VARIAÇÃO ANUAL ACUMULADA CUB ONERADO E DESONERADO...

Custo da cesta básica aumenta em 14 capitais

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Boletim de subsídios às negociações coletivas dos sindicatos filiados à CNTQ

Situação da economia e perspectivas. Gerência-Executiva de Política Econômica (PEC) 18 de fevereiro de 2014

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR (INPC) E A CESTA BÁSICA MARÇO/2010

Perspectivas para Economia Brasileira em 2009

Inflação, nível de atividade e setor externo: o desempenho dos principais indicadores da economia brasileira

fev/13 set/12 jan/13 mar/13 out/12 dez/12 nov/12 Exportações Importações Saldo da Balança Comercial

ALIMENTOS ESSENCIAIS SOBEM EM TODAS AS CAPITAIS

INDX apresenta alta de 2,67% em março

O atual cenário econômico nacional

Preço da cesta básica aumenta em 13 cidades

Cesta básica sobe em nove capitais

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

Custo da cesta básica se eleva em dezembro no Distrito Federal

Boletim de. Recessão avança com diminuição lenta da inflação em 2015 Inflação e desemprego

Volume 1 - Número

ANÁLISE MENSAL - IPCA

Monitor da Taxa Básica de Juro e dos Juros Pagos pelo Setor Público

6,38 6,83-6, ,20-3,49-6,58-20,35 47,10 69,00 5,71 6, ,15-3,49-6,65-20,30-69,50 5,76

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

Figura 1 Principais índices de inflação, em variação % abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14

Nova queda do PIB não surpreende mercado

MAIORIA DAS CAPITAIS TEM REDUÇÃO NO CUSTO DA CESTA BÁSICA

Preço da cesta básica aumenta em 17 cidades

Retração do PIB apresenta tímida melhora

Economia Brasileira cresce 0,8% no terceiro trimestre de 2018 com crescimento em todos setores e componentes da demanda

Cesta básica diminui em 13 cidades

Cesta básica de Porto Alegre registra queda de 2,47% em janeiro de 2014

ANÁLISE MENSAL - IPCA

Preço da cesta básica diminui em quinze cidades

BALANÇA COMERCIAL US$ MILHÕES FONTE: BACEN ELABORAÇÃO E ESTIMATIVA: BRADESCO

Cenário Macroeconômico 2006 Janeiro de 2006

BALANÇA COMERCIAL US$ MILHÕES FONTE: BACEN ELABORAÇÃO E ESTIMATIVA: BRADESCO 60,000 50,000 47,284 47,842 44,703 46,457 40,032 37,841 40,000 33,641

BOLETIM RURAL Bovinocultura de leite. Edição nº 09/2017 Outubro/2017 CONJUNTURA ECONÔMICA

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

Transcrição:

ANO 3 NÚMERO 19 AGOSTO DE 2013 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS As estratégias econômicas conjunturais adotadas pelo governo revelam dois pontos importantes no gerenciamento econômico do país: primeiro elas mostram a permanente necessidade das avaliações dos custos e benefícios das medidas adotadas. Como exemplo, com a elevação dos juros torna-se necessário ponderar os efeitos positivos que podem provocar no controle da inflação com os custos de tornar os investimentos produtivos menos atrativos. Segundo, elas também revelam, com o tempo, os efeitos positivos causados por decisões tomadas ou não tomadas no passado. O governo brasileiro vive esse dilema. Com a trajetória crescente da inflação no meio do semestre passado o governo teve que tomar uma série de medidas para controlar a elevação dos preços. Para tanto, depois de um congelamento de quase quatro meses, ele iniciou um processo de elevação da taxa básica de juros (SELIC) como uma das alternativas para controlar a demanda, visando diminuir a inflação. Os números mostram que tal política associada a outros eventos sociais marcantes no mês de junho, como as manifestações populares, conseguiu impor a trajetória decrescente da inflação, tornando-a praticamente zero em julho. Por outro lado, enquanto constata-se tal comportamento, surge a inesperada elevação do dólar que atua no sentido oposto, elevando os custos básicos do setor produtivo importador de bens e serviços que compõem sua cadeia produtiva. Nessa Carta avaliamos estes dois aspectos importantes da conjuntura econômica, mostrando que a questão cambial reflete mudanças importantes da economia brasileira e internacional e pode ter impactos importantes na inflação e na possível retomada do crescimento econômico neste ano. 2 ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES SEGURAM INFLAÇÃO EM JULHO Prof. Flávio Riani O IPCA de julho de 2013, gráfico 1, praticamente zerou a inflação no mês comparativamente ao mês anterior. A taxa de 0,03% ficou bem abaixo dos 0,26% apurado em junho, e tornou-se o mais baixo resultado desde julho de 2010 quando atingiu 0,01% Com isso, considerando os 12 meses, o acumulado de 6,27% ficou abaixo do teto máximo de 6,4% projetado pelo governo para 2013. EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete do Reitor Professor Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 Avenida Dom José Gaspar, 500 Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/iceg/conjuntura icegdigital@pucminas.br

1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0,77 abr/11 0,47 mai/11 0,15 jun/11 jul/11 0,37 0,16 ago/11 0,53 set/11 0,43 out/11 Gráfico 1 -Brasil IPCA mensal abril/2011 a jul/2013 0,52 0,5 0,56 nov/11 dez/11 jan/12 0,45 fev/12 0,21 mar/12 0,64 abr/12 0,36 mai/12 jun/12 0,43 0,08 jul/12 0,41 ago/12 0,57 set/12 0,59 0,6 out/12 nov/12 0,86 0,79 dez/12 jan/13 0,6 fev/13 0,47 mar/13 0,55 abr/13 0,37 mai/13 0,26 jun/13 0,03 jul/13 Dados do gráfico 1 mostram que o IPCA de 0,03% é o mais baixo do período destacado e deu continuidade a trajetória decrescente da inflação observada a partir de fevereiro de 2013. Diferentemente do que ocorreu no início do ano, o segmento alimentos e bebidas deu uma trégua na pressão inflacionária, apurando-se uma deflação no mês de julho quando apresentou variação de -0,33%. De forma direta as manifestações populares por redução das tarifas dos ônibus urbanos também contribuíram para o controle da inflação uma vez que o segmento transporte foi o que apresentou maior queda de preços em julho (-0,66%) comparativamente a junho. Conforme mostra o gráfico 2, além dos Alimentos e Bebidas e Transportes os setor de Vestuário, com queda de -0,39% foi também outro segmento que contribuiu para a queda da taxa inflacionária em julho. 2

Gráfico 2 -Brasil IPCA por grupos julho-2013 1,13-0,66 0,03-0,39-0,33-1,00-0,50-0,50 1,00 1,50 Alim. e Bebidas Vestuário IPCA Saúde e C.Pessoais Habitação Art.Residência Comunicação Transportes Desp.Pessoais Educação Em termos regionais, observa-se que houve uma variação muito grande nas taxas de inflação. O gráfico 3 mostra, por exemplo, que enquanto em Recife ela foi praticamente zero, em Curitiba ela alcançou 0,48% e em quatro outras capitais ela foi negativa, com destaque para o Rio de Janeiro. 0,60 0,50 Gráfico 3-Brasil -IPCA por Regiões Julho-2013 0,48 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 0,03-0,10-0,20-0,30 Fonte: IBGE O setor de Bebidas e Alimentação se tornou uma das principais causas da elevação da inflação no início do ano. A queda de -0,33% em julho explica o movimento observado também nos valores da cesta básica em todo o país. Entre julho e junho, a tabela 1 mostra que a cesta básica média no Brasil diminuiu de R$ 298,47 para R$ 285,09, com queda de 4,48%. 3

Outro dado importante foi o fato de ter havido queda no valor da cesta básica em todas as regiões pesquisadas pelo DIEESE. Tabela 1 Cesta Básica - Variações nos Preços Principais Capitais - junho e julho de 2013 Capitais Valor Valor Variação Junho Julho Mensal Aracajú 248,07 239,36-3,51 Belém 309,01 299,07-3,22 Belo Horizonte 308,48 293,48-4,86 Brasília 312,09 284,45-8,86 Campo Grande 275,91 264,87-4,00 Curitiba 294,50 279,66-5,04 Florianópolis 307,44 284,03-7,61 Fortaleza 292,86 275,27-6,01 Goiânia 285,47 269,34-7,00 João Pessoa 285,47 275,54-3,48 Manaus 316,29 310,52-1,82 Natal 284,69 271,61-4,59 Porto Alegre 329,16 305,91-7,06 Recife 296,67 279,98-5,63 Rio de Janeiro 310,00 300,71-3,00 Salvador 260,20 259,73-0,18 São Paulo 340,46 327,44-3,82 Vitória 315,63 310,73-1,55 Média 298,47 285,09-4,48 Fonte: DIEESE No mês de julho, conforme grárico 4, observa-se também uma variação de 37% entre o valor da maior cesta básica (São Paulo R$ 327,44 ) e o da menor ( Aracajú - R$ 239,36 ). 350,00 300,00 250,00 200,00 150,00 100,00 50,00-239,36 Aracajú Salvador Campo Grande Gráfico 4 -Valores da Cesta Básica Principais Capitais - julho 2013 Julho Goiânia Natal Fortaleza João Pessoa Curitiba Recife Florianópolis Brasília Belo Horizonte Belém Rio de Janeiro Porto Alegre Manaus Vitória 327,44 285,09 São Paulo Média Por fim vale novamente destacar no gráfico 5 a queda no valor da cesta básica observada em todas as regiões pesquisadas, com destaque para Brasília cuja variação alcançou - 8,86%. 4

10,00 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00-8,86 Gráfico 5 -Taxas de Quedas nas Cestas Básicas Principais Capitais Julho/Junho-2013 4,48 0,18 3- Desvalorização Do Real : A Economia Brasileira na Encruzilhada Prof. Ricardo F. Rabelo O mês de agosto tem mostrado uma a aceleração muito intensa do processo de desvalorização do real, mesmo em relação ao já vem acontecendo neste ano. No mês a desvalorização foi de 4,89% (até o dia 16) e, no ano, de 17,09%. Este fenômeno vem ocorrendo desde o final de 2011, quando o Governo optou por uma política cambial que priorizasse a competitividade da produção industrial brasileira externa e internamente, sem abandonar totalmente a manutenção de certa valorização da moeda para contribuir na política de metas de inflação. Naquele momento um expressivo fluxo de recursos externos provocava uma tendência à valorização do real, e o governo optou por adotar uma política de controle de capitais baseada na aplicação de alíquotas de IOF sobre os derivativos cambiais, visando atenuar o impacto de operações de arbitragem que explorassem o grande diferencial entre taxas locais e internacionais de juros. Inicialmente o efeito destas medidas foi inócuo, mas gradativamente a taxa de câmbio começou a se mover dos 1,70 reais por dólar para 1,90 a 2,10, valores que foram posteriormente considerados piso e teto de uma possível nova política de bandas cambiais. O processo de desvalorização foi possível pela atuação de vários fatores, combinando a política cambial com a queda da taxa básica de juros, internamente e externamente a crise européia que implicou na redução dos saldos na Balança comercial e na redução da entrada de capital externo. Neste ano, a política monetária voltou a se direcionar para a contenção da inflação, tendo iniciado um processo de majoração da taxa básica de juros, dos 7,5% do 5

início do ano para os 8,5% até agosto, tendo o Banco Central sinalizado com um viés de alta até o final do ano. Já a Balança Comercial apresentou um expressivo déficit de US$ 4,98 bilhões de janeiro a julho deste ano, o que significa uma deficiência de entrada de recursos externos na economia pelo canal comercial. 2,5 Gráfico 6 Taxas de Câmbio Real/ US Dólar Março -Agosto de 2013(*) 2 R$/ 1 dólar 1,5 1 0,5 0 01/03/2013 01/04/2013 01/05/2013 01/06/2013 01/07/2013 01/08/2013 Meses (*) Até 26/08/2013 Fonte: Banco Central No período de janeiro a julho deste ano, as exportações registraram US$ 135,23 bilhões, com média diária de US$ 926 milhões e queda de 4,4% frente a igual período do ano passado, sendo que as importações foram de US$ 140,21 bilhões com média de US$ 960 milhões por dia útil e alta de 3,4% sobre igual período de 2012.Em julho, houve um resultado negativo de US$ 1,89 bilhão na balança comercial brasileira. A aceleração da desvalorização do real no mês de agosto pode ser parcialmente explicada pelo fluxo de recursos estrangeiros que entra ou deixa a economia. Na primeira quinzena de Agosto, constatou-se saída líquida de divisas no valor de 279 milhões da economia brasileira. A redução da saída de divisas está se dando principalmente pelo canal comercial.anteriormente, tivemos em junho uma evasão de US$ 2,6 bilhões e no mês seguinte mais US$ 1,44 bilhão saíram do país. Considerando o valor acumulado deste ano, até dia 16 de agosto, tivemos o ingresso de US$ 7,8 bilhões, valor que significa uma redução de 65% em relação ao mesmo período do ano passado que registrou o expressivo montante de US$ 22,7 bilhões. Essa debilidade do fluxo de recursos externos, em dólar, no ano corrente pode acarretar problemas de financiamento das contas externas. Considerando como ponto de 6

partida o ano de 2005, em apenas um ano tivemos fluxo externo negativo, em 2008, com a evasão de US$ 983 milhões do país. Em 2009, 2010, 2011 e 2012, houve entrada líquida de recursos de, respectivamente, US$ 28,7 bilhões, US$ 24,3 bilhões, US$ 65 bilhões e US$ 16,7 bilhões. Esse recuo na entrada de recursos externos no país registrado até a 1ª. Quinzena do mês pode ser uma das explicações para a desvalorização do real, mas não sua volatilidade no período seguinte, já que o volume da saída de recursos é menor que nos meses anteriores. A evolução de patamar da taxa de câmbio de R$ 2,30 para R$ 2,40 mostra que há um movimento especulativo importante, ocasionado pela mudança de política monetária anunciada pelo FED e confirmada pela última ata do dia 15/8. 3-1 - A Intervenção do Bacen Para impedir que esta ação especulativa tenha continuidade, o Bacen utilizou-se dos instrumentos de intervenção no câmbio, realizando leilões de swap para rolagem e novos contratos e leilão de linha, com a venda de dólares com compromisso de recompra, envolvendo, ao todo, quase US$ 6 bilhões em recursos. Posteriormente o Bacen realizou um leilão de rolagem de contrato de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no futuro. A autoridade monetária estendeu o vencimento de 20 mil contratos que vencem no início setembro para 1º de abril de 2014. O Bacen ainda não efetuou venda no mercado spot, talvez porque entenda que o mercado do dólar poderá voltar a um patamar de R$ 2,30/1 US$ sem que haja necessidade de queimar reservas internacionais no mercado à vista. Optando por uma intervenção no mercado mais incisiva, mas ainda não eficiente, em 22/08 o Bacen divulgou um plano de oferecer diariamente (com exceção das sextafeiras) um swap cambial tradicional de US$ 500 milhões, que equivale à venda no mercado futuro e, semanalmente, um leilão de linha, ou seja, a venda de dólares com compromisso de recompra, de até US$ 1 bilhão. Com essa ação o Bacen espera eliminar o componente especulativo que resultou em uma elevação de patamar da taxa de câmbio em agosto. A questão que se coloca é até que ponto pode dar resultado este tipo de intervenção, pois com a evolução negativa do setor externo da economia e a possível concretização de mudanças importantes na política monetária do Banco Central americano a desvalorização do real será resultante de fatores concretos e não apenas da especulação no mercado financeiro. 7