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Transcrição:

No Brasil, até 1988 as Taxas de Câmbio eram administradas e controladas pelo Bacen e o cidadão somente conseguia comprar até U$ 1.000,00 e acima disto dependia de autorização específica do Bacen. A partir de 1989, além do Mercado de Taxas Administradas (conhecido como Dólar Comercial) foi criado o Mercado de Taxas Flutuantes para pequenas operações, remessas de ordenados, tratamento de saúde, pagamento de aluguel, doações, remessas para manutenção de pessoas físicas no exterior e compra e venda de moeda estrangeira para turismo, ficando conhecido como Dólar Turismo. Em 1990 o Mercado de Taxas Administradas passou a ser Mercado de Taxas Livres (Comercial) para importações, exportações, frete, serviços técnicos e continuava o Mercado de Taxas Flutuantes (Turismo). De 1995 a 1998 vigorou no Brasil o sistema de Bandas Cambiais onde a cotação da moeda estrangeira era definida pelo Banco Centro dentro de uma faixa de flutuação. A partir de 1999 foi adotado o regime de Taxa de Câmbio Flutuante onde o próprio mercado definia a taxa de câmbio, variando conforme a lei da oferta e da procura. Este regime ficou conhecido como Câmbio Flutuante Sujo pois permite ao Banco Central atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com o objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de câmbio. Jorge Luís Brugnera 1

Com o regime de Taxas Flutuantes, não fazia mais sentido a manutenção de dois mercados de taxas de câmbio então com a Resolução CMN 3.265 de março de 2005 houve a unificação do Mercado de Câmbio que vigora até hoje. Atualmente só existe um Mercado de Câmbio no Brasil. A terminologia "câmbio comercial" ou "dólar comercial" e "câmbio turismo" ou "dólar turismo", no entanto, continua a ser utilizada pelo mercado para indicar as diferentes taxas que pratica de acordo com a natureza da operação. Assim, a terminologia "câmbio turismo" ou "dólar turismo" é utilizada vulgarmente para classificar as operações relativas a compra e venda de moeda para viagens ao exterior, enquanto a terminologia "câmbio comercial" ou "dólar comercial" é utilizada para as demais operações realizadas no mercado de câmbio, tais como: exportação, importação, transferências financeiras, etc. Essas expressões são utilizadas mesmo quando as operações são realizadas em outras moedas estrangeiras, como o euro, iene, etc. As taxas de câmbio divulgadas normalmente são médias apuradas para simples referência e o Banco Central divulga diariamente esta taxa que é conhecida como PTAX. Qualquer pessoa física ou jurídica pode comprar e vender moeda estrangeira desde que a outra parte na operação de câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio e que seja observada a regulamentação em vigor, incluindo a necessidade de identificação em todas as operações. É dispensado o respaldo documental para as operações de valor até o equivalente a US$ 3 mil. POLÍTICA CAMBIAL Chama-se política cambial o conjunto de ações do Governo que influem no comportamento do mercado de câmbio e da taxa de câmbio. O Banco Central executa a política cambial definida pelo Conselho Monetário Nacional. Para tanto, regulamenta o mercado de câmbio e autoriza as instituições que nele operam. Também compete ao Banco Central fiscalizar o referido mercado, podendo punir dirigentes e instituições, mediante multas, suspensões e outras sanções previstas em Lei. Como o Banco Central do Brasil interfere no Câmbio: Apesar da taxa de Câmbio ser flutuante a alta do dólar é uma preocupação do Banco Central, pois tem impacto na inflação. Isso acontece porque insumos e produtos importados ficam mais caros e tendem a ser repassados aos preços finais. Para interferir nesse mercado, e principalmente evitar a volatilidade, o BC tem três tipos de instrumento: pode atuar com os contratos de "swaps cambiais", com os leilões de linha e com a venda direta de dólares do mercado. SWAP CAMBIAL: Por meio dos contratos de swap cambial, o BC realiza uma operação que equivale à uma venda de moeda no mercado futuro (derivativos), o que reduz a pressão sobre a alta da moeda. Os swaps são contratos para troca de riscos: o BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento desses contratos, Jorge Luís Brugnera 2

o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período. Esses contratos servem também para dar proteção aos agentes que têm dívida em moeda estrangeira neste caso, quando o dólar sobe, eles recebem sua variação do BC. O BC vem usando os swaps desde junho de 2013, quando o dólar atingiu R$ 2,40. O estoque desses títulos hoje está próximo de R$ 370 bilhões (patamar do fim de julho de 2015). Mas quando o dólar sobe, o BC registra perdas: no ano de 2015, até 18 de setembro, as perdas do BC com essas operações já somavam R$ 97 bilhões. Se o dólar cair, no entanto, o BC tem lucro com os swaps. "Os swaps trazem a tranquilidade para que não haja desespero para sair (tirar recursos do país). Se o empresário ou investidor está com o preço protegido, não há porque ter pressa. Isso é verdadeiro, tanto que o fluxo de dólares para o Brasil está positivo [mais de US$ 10 bilhões ingressaram no Brasil em 2015]", avaliou o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, especialista no mercado de câmbio. VENDA DIRETA: As vendas diretas de dólar são feitas no mercado à vista, ou seja, é dinheiro entrando no mercado. Os recursos saem das reservas internacionais brasileiras. O Banco Central reluta em utilizar este instrumento para evitar uma queda das reservas cambiais que são consideradas importantes para evitar uma desconfiança maior. As vendas diretas tendem a reduzir a cotação do dólar frente ao real, seguindo o princípio da oferta e da procura: quanto mais dólares à disposição, mais baratos eles ficam. A última vez que o BC realizou vendas diretas de dólares ao mercado foi em 3 fevereiro de 2009 durante a primeira etapa da crise financeira internacional, inaugurada em setembro do ano anterior com o anúncio de concordata do banco de investimentos Lehman Brothers. Naquele ano, assim como em 2015 (por razões diferentes), havia uma pressão maior sobre o dólar. A venda direta de dólares ao mercado era muito utilizada no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 1998, logo após o lançamento do Plano Real. Naquele momento, foi instituída a chamada âncora cambial, pelo qual o dólar não podia subir acima de R$ 1,32 - justamente pelo medo do impacto da alta do dólar nos preços em um país que tinha acabado de debelar a hiperinflação. Para evitar a alta do dólar, o BC vendeu divisas até janeiro de 1999, após a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando jogou a toalha e instituiu o regime de câmbio flutuante e soltou a cotação do dólar. Naquele momento, as reservas já haviam caído para R$ 24,45 bilhões. Atualmente, superam US$ 370 bilhões. Jorge Luís Brugnera 3

LEILÕES DE LINHA: Os leilões de linha também são feitos por meio da venda de moeda norteamericana no mercado à vista, com recursos das reservas internacionais brasileiras. Nesse caso, entretanto, os dólares têm de ser devolvidos ao Banco Central nos meses seguintes. Durante esse período, ficam no mercado. Como retorna às reservas cambiais, o BC considera que essas operações não impactam as reservas cambiais. Os leilões de linha tendem a reduzir a pressão pela alta da moeda. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tende a ficar menor. Os leilões de linha são utilizados em momentos de baixa liquidez (falta de dólares) no mercado de câmbio como, por exemplo, no fim de cada ano, quando cresce a procura por moeda norte-americana por conta das férias e viagens de fim de ano. Nas últimas semanas, quando o dólar voltou a registrar uma alta maior, o BC lançou mão destes instrumentos e tem realizado ofertas de leilões de linha para atenuar as pressões sobre o câmbio. Outros recursos do governo mudanças em tributos O governo também pode agir no câmbio fora do Banco Central. Uma dessas medidas é a mudança na tributação, quer seja tentando conter a entrada de dólares no país recurso utilizado pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega ou a saída de divisas do país, o que até hoje não foi feito. Em 2010, quando os Estados Unidos injetavam bilhões no mercado para estimular a economia do país durante a crise financeira internacional, o governo brasileiro agiu para evitar a entrada excessiva de recursos aqui uma forte entrada de dólares tende a derrubar a cotação da moeda, o que prejudica os exportadores brasileiros. Para isso, subiu o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa de 2% para 6%, e a aumento da alíquota do tributo para margens de operações no mercado futuro de 0,38% para 6%, assim como também subiu o tributo para empréstimos buscados no exterior. Posteriormente, em 2010, com a normalização do cenário externo, e o fim da liquidez excedente no mercado internacional de câmbio, o governo brasileiro retomou as alíquotas mais baixas de IOF para o ingresso de recursos no Brasil. O governo, até este momento, não optou por mexer em alíquotas de tributos, ou tomar outras medidas, para impedir saída de recursos da economia brasileira - expediente já utilizado em outros países, como a Malásia e, mais recentemente, a Argentina. Segundo economistas, isso poderia gerar um efeito contrário pois, se por um lado poderia impedir a saída de dólares do país, por outro também poderia inibir a entrada de recursos na economia brasileira por receio de que haveria barreiras posteriores para sua retirada. SISBACEN Jorge Luís Brugnera 4

O Sistema de Informações Banco Central (Sisbacen) é um sistema eletrônico de coleta, armazenagem e troca de informações que liga o Banco Central aos agentes do sistema financeiro nacional. Como regra geral, todas as operações de câmbio realizadas no País precisam ser registradas no Sisbacen pelo agente autorizado a operar no mercado, permitindo ao Banco Central o acompanhamento de todas as operações. As operações até US$ 3 mil relativas a viagens internacionais e a transferências unilaterais podem ser informadas ao Banco Central até o dia 10 do mês posterior a sua realização. Também dispõem da prerrogativa de serem informadas apenas mensalmente ao Banco Central as operações realizadas pelos Correios e aquelas relativas a cartões de crédito. INSTITUIÇÕES QUE PODEM OPERAR NO MERCADO DE CÂMBIO As autorizações para a prática de operações no mercado de câmbio podem ser concedidas pelo Banco Central do Brasil a bancos múltiplos, bancos comerciais, Caixas econômicas, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, bancos de câmbio, agências de fomento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio. Esses agentes podem realizar as seguintes operações: a)bancos, e a Caixa Econômica Federal: todas as operações previstas para o mercado de câmbio; (exceto bancos de Desenvolvimento) b) bancos de desenvolvimento e agências de fomento: operações específicas autorizadas pelo Banco Central; c) sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio: 1.) compra e venda de moeda estrangeira em cheques vinculados a transferências unilaterais; 2.) compra e venda de moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagem relativos a viagens internacionais; 3.) operações de câmbio simplificado de exportação e de importação e transferências do e para o exterior de natureza financeira, não sujeitas ou vinculadas a registro no Banco Central do Brasil, até o limite de US$ 50 mil ou seu equivalente em outras moedas; e 4.) operações no mercado interbancário, arbitragens no País e, por meio de banco autorizado a operar no mercado de câmbio, arbitragem com o exterior. Jorge Luís Brugnera 5

Além desses agentes, o Banco Central (Resolução CMN 3.568) prevê a possibilidade de realização de convênios entre as instituições financeiras autorizadas a operar no mercado de câmbio e: a) pessoas jurídicas em geral para negociar a realização de transferências unilaterais (por exemplo: manutenção de residentes; doações; aposentadorias e pensões; indenizações e multas; e patrimônio); b) pessoas jurídicas cadastradas no Ministério do Turismo como prestadores de serviços turísticos remunerados, para realização de operações de compra e de venda de moeda estrangeira em espécie, cheques ou cheques de viagem; e c) instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, não autorizadas a operar no mercado de câmbio, para realização de transferências unilaterais e compra e venda de moeda estrangeira em espécie, cheques ou cheques de viagem. Como a realização desses convênios não depende de autorização do Banco Central, a responsabilidade pelas operações de câmbio é das instituições autorizadas e o valor de cada operação de câmbio está limitado a US$ 3 mil ou seu equivalente em outras moedas. É obrigatória a entrega ao cliente de comprovante para cada negócio realizado, contendo a identificação das partes e a indicação da moeda estrangeira, da taxa de câmbio e dos valores em moeda estrangeira e em moeda nacional. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT também é autorizada pelo Banco Central a realizar operações com vales postais internacionais, emissivos e receptivos, destinadas a atender compromissos relacionados a: a) manutenção de pessoas físicas; b) contribuições a entidades associativas e previdenciárias; c) aquisição de programas de computador para uso próprio; d)aposentadorias e pensões; e) aquisição de medicamentos, não destinados a comercialização; f) compromissos diversos, tais como aluguel de veículos, multas de trânsito, reservas em estabelecimentos hoteleiros, despesas com comunicações, assinatura de jornais e revistas, outros gastos de natureza eventual, e pagamento de livros, jornais, revistas e publicações similares, quando a importação não estiver sujeita ao registro no Siscomex; g) pagamento de serviços de reparos, consertos e recondicionamento de máquinas e peças; h) doações; i) recebimento de exportações ou pagamento de importações brasileiras conduzidas sob a sistemática de câmbio simplificado de exportação, observado o limite de US$ 50 mil, ou seu equivalente em outras moedas, por operação (vales receptivos e emissivos); MERCADO PRIMÁRIO E MERCADO SECUNDÁRIO A operação de mercado primário implica entrada ou saída efetiva de moeda estrangeira do País. Esse é o caso das operações realizadas com exportadores, importadores, viajantes, etc. Já no mercado secundário, também denominado mercado interbancário, a moeda estrangeira é negociada entre as instituições integrantes do sistema financeiro e simplesmente migra do ativo de uma instituição autorizada a operar no mercado de câmbio para o de outra, igualmente autorizada. Posição de câmbio A posição de câmbio é representada pelo saldo das operações de câmbio (compra e venda de moeda estrangeira, de títulos e documentos que as representem e de ouro - instrumento cambial), prontas ou para liquidação futura, realizadas pelas instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a operar no mercado de câmbio. Posição de câmbio comprada A posição de câmbio comprada é o saldo positivo em moeda estrangeira registrado em nome de uma instituição autorizada que tenha efetuado compras, prontas ou para liquidação futura, de moeda Jorge Luís Brugnera 6

estrangeira, de títulos e documentos que as representem e de ouro instrumento-cambial em valores superiores às vendas. Posição de câmbio vendida A posição de câmbio vendida é o saldo negativo em moeda estrangeira registrado em nome de uma instituição autorizada que tenha efetuado vendas, prontas ou para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títulos e documentos que as representem e de ouro instrumento-cambial em valores superiores às compras. Operação Pronta - A operação de câmbio (compra ou venda) pronta é a operação a ser liquidada em até dois dias úteis da data de contratação. A operação de câmbio (compra ou venda) para liquidação futura é a operação a ser liquidada em prazo maior que dois dias. Câmbio simplificado para importação. O pagamento de importações brasileiras pode ser efetuado pela sistemática do câmbio simplificado. As operações de câmbio dentro dessa sistemática estão limitadas, por contrato, ao equivalente a US$50.000,00 quando conduzidas por sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades corretoras de câmbio ou de títulos e valores mobiliários e sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários, autorizadas a operar no mercado de câmbio, não estando sujeitas a limites de valor quando conduzidas em bancos autorizados a operar no mercado de câmbio. Operação de back to back As chamadas operações de back to back são aquelas em que a compra e a venda dos produtos ocorrem sem que esses produtos efetivamente ingressem ou saiam do Brasil. O produto é comprado de um país no exterior e revendido a terceiro país, sem o trânsito da mercadoria em território brasileiro. Do ponto de vista da regulamentação cambial, não há mais a necessidade de autorização específica por parte do Banco Central para a realização de operações de back to back. As operações de câmbio relativas ao pagamento e recebimento de recursos decorrentes dessas transações são realizadas diretamente com instituições autorizadas pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio, observados os aspectos de legalidade e legitimidade aplicáveis a todas as operações de câmbio. Os residentes no exterior podem ter conta em reais no Brasil? Não existe impedimento legal ou regulamentar para que pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no exterior sejam titulares de conta em moeda nacional em agência que opere em câmbio de banco autorizado a operar no mercado de câmbio. As movimentações ocorridas em tais contas caracterizam ingressos ou saídas de recursos no Brasil e, quando em valor igual ou superior a R$10.000,00 (dez mil reais), estão sujeitas a procedimentos específicos, tais como obrigatoriedade de identificação da proveniência e destinação dos recursos, da natureza dos pagamentos e da identidade dos depositantes e dos beneficiários das transferências efetuadas, bem como de comprovação documental e de registro no sistema informatizado do Banco Central. Contrato de Câmbio O contrato de câmbio é o documento que formaliza a operação de compra ou de venda de moeda estrangeira. Do Contrato de Câmbio constam informações relativas à moeda estrangeira que uma pessoa está comprando ou vendendo, à taxa contratada, ao valor correspondente em moeda nacional e aos nomes do comprador e do vendedor. Os contratos de câmbio devem ser registrados no Sisbacen pelo agente autorizado a operar no mercado de câmbio. Jorge Luís Brugnera 7

Nas operações de compra ou de venda de moeda estrangeira de até US$ 3 mil, ou seu equivalente em outras moedas estrangeiras, não é obrigatória a utilização do contrato de câmbio, mas o agente do mercado de câmbio deve identificar seu cliente e registrar a operação no Sisbacen. O Sistema de Pagamento em Moeda Local - SML substitui as transações em dólares e facilita o comércio de bens e serviços entre Brasil, Argentina e Uruguai. Seu uso é facultativo e dispensa o contrato de câmbio. ACC ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE CÂMBIO: ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) é uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, por conta de uma exportação a ser realizada no futuro. ACC se destina a Empresas exportadoras ou produtores rurais com negócios no exterior que necessitam de capital de giro e/ou recursos para financiar a fase de produção. ACE ADIANTAMENTO SOBRE CAMBIAIS ENTREGUES: ACE (Adiantamento sobre Cambiais Entregues) é uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, após o embarque da mercadoria para o exterior, mediante a transferência ao Banco dos direitos sobre a venda a prazo. O ACE é destinado a Empresas exportadoras ou produtores rurais com negócios no exterior que necessitam de capital de giro e/ou recursos para financiar a fase de comercialização. Jorge Luís Brugnera 8

SIMULADOS 01. Aponte a única forma incorreta de pagamento das exportações: a) carta de crédito bancária. b) pagamento antecipado c) remessa sem saque d) travellers checks. e) cobrança à vista contra entrega de documentos de embarque. 02. As operações de compra e venda de "performance" de exportação ocorrem quando, em resumo, um exportador que: a) tomou um ACC, negocia seu produto com outro exportador que também tomou um ACC, mas não tem mercadoria para exportar. b) não tomou um ACC, negocia seu produto com outro exportador que tomou um ACC, mas não tem mercadoria para exportar. c) não tomou um ACC, negocia seu produto com outro exportador que também não tomou um ACC, tem mercadoria para exportar. d) tomou um ACD, mas não precisa mais dos recursos, o transfere para outro exportador, assumindo o risco de crédito. e) tomou um ACC, mas desistiu de exportar a mercadoria, devolve o dinheiro ao banco. 03. As operações de compra e venda de "performance" de exportação ocorrem quando, em resumo, um exportador que: a) tomou um ACC, mas não precisa mais dos recursos, o transfere para outro exportador, assumindo o risco de crédito. b) tomou um ACC, mas desistiu de exportar a mercadoria, devolve o dinheiro ao banco. c) tomou um ACC, negocia seu produto com outro exportador que tomou um ACC, mas não tem mercadoria para exportar. d) não tomou um ACC, negocia seu produto com outro exportador que tomou um ACC, mas não tem mercadoria para exportar. e) não tomou um ACC, negocia com outro exportador que também não tomou um ACC, mas tem mercadoria para exportar. 04. Assinale a forma de pagamento de exportação que representa o maior risco de exportador ou a maior demonstração de confiança desde em relação ao importador. Jorge Luís Brugnera 9

a) Carta de crédito. b) Remessa sem saque. c) Cobrança à vista. d) Cobrança a prazo. e) Pagamento antecipado. 05. Assinale a opção incorreta: a) Bid bond é uma forma de seguro de crédito à exportação b) São títulos de emissão do Tesouro Nacional as LTN e as NTN. c) no PROEX Equalização a diferença de taxas de juros é bancada pelo Tesouro Nacional. d) performance bond é a fiança bancária como garantia de execução de contrato de longa duração. e) Se a mercadoria já está pronta e embarcada, o adiantamento sobre o contrato de câmbio passa a chamar-se "Adiantamento sobre o Contrato de Exportação". 06. Assinale a única opção errada do tocante ao operações no mercado de câmbio: a) A operação de arbitragem é a entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de outra moeda estrangeira. b) A posição vendida do banco operador de câmbio ocorre quando há excesso gerador por vendas, não incluídas nesse caso as vendas futuras. c) A posição nivelada do banco operador de câmbio ocorre quando sua posição de compra e venda está dentro dos limites fixados pelo Banco Central do Brasil. d) O câmbio manual envolve a compra e venda no balcão de moedas estrangeiras em espécie e os travellers checks. e) As operações cambiais entre bancos podem ser para entregar pronta ou futura. 07. Commercial Paper, Fixed/Floating Rate Notes, como outras emissões, destinam-se: a) a captações de recursos através da colocação de papéis no mercado internacional, destinadas ao repasse a empresas sediadas no país, na forma da resolução nº 63 do Banco Central do Brasil. b) a investimentos em papéis da dívida externa. c) a aplicação em Fundos de Investimentos no Exterior. d) a captações de recursos no exterior com a emissão de Certificados de Depósitos em moeda estrangeira 08. Chama-se mercado de câmbio o ambiente, abstrato, em que se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo BACEN - bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e meios de hospedagem - e entre estes e seus clientes. No Brasil, na prática, o mercado de câmbio é Jorge Luís Brugnera 10

dividido em dois Segmentos, Livre e Flutuante, que são regulamentados e fiscalizados pelo BACEN. Em relação a esse tema, assinale a opção incorreta. a) O mercado livre é também conhecido popularmente como "comercial" e o mercado flutuante, como "turismo". b) Sem regulamentação estatal, funciona um segmento denominado "mercado paralelo, mercado negro ou câmbio negro". Todos os negócios realizados nesse mercado, bem como a posse de moeda estrangeira, sem origem justificada, embora não tenham amparo legal específico, não são ilegais, nem sujeitam o cidadão ou a empresa às penas da lei. c) Qualquer pessoa física ou jurídica pode ir a uma instituição autorizada a operar em câmbio para comprar ou vender moeda estrangeira, sendo que, como regra geral, para a realização das operações de câmbio, é necessário respaldo documental. d) Podem operar no mercado de câmbio apenas as instituições autorizadas pelo BACEN. O segmento livre é restrito aos bancos e ao BACEN. No segmento flutuante, além desses dois, podem ter permissão para operar as agências de turismo, os meios de hospedagem de turismo e as corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários e) Como regra geral, quaisquer pagamentos ou recebimentos em moeda estrangeira podem ser realizados no mercado de câmbio, sendo que grande parte dessas operações não necessita de autorização prévia do BACEN para sua realização, pois já se encontram descritas e especificadas nos regulamentos e normas vigentes. Questões que caíram no Concurso da Caixa Federal 2014: 09) A Secretaria de Comércio Exterior, a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil são os órgãos gestores do Sistema Integrado de Comércio Exterior, que controla as exportações e importações realizadas no país. C= Certa E= errada 10) O mercado brasileiro de câmbio é composto pelo mercado de câmbio de taxas flutuantes (turismo) e pelo mercado de câmbio de taxas livres (comercial), cada um com atribuições específicas, definidas pelo BCB. C= certa E= errada 11) O BCB pode conceder autorização para a prática de operações no mercado de câmbio aos bancos de desenvolvimento, às sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e às sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários, entre outras instituições. 12) As operações de compra e de venda de moeda estrangeira de até US$ 3.000,00 são dispensadas da formalização de contrato de câmbio, mas devem ser registradas no Sistema Câmbio, administrado pelo BCB. GABARITO: Jorge Luís Brugnera 11

01-D 02-B 03-D 04-B 05-A 06-B 07-C 08 B 9 C 10- E 11- C 12 -C Jorge Luís Brugnera 12