REPRESENTAÇÃO DO MEIO AMBIENTE MAPAS MENTAIS UMA LINGUAGEM NO ENSINO DA GEOGRAFIA Kelli Carvalho Melo Mestre em Geografia - PPGG/UNIR. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Modos de Vidas e Culturas Amazônicas-GEPCULTURA/UNIR kelli_geo@hotmail.com Denise Peralta Lemes Mestre em Geografia Física pela Universidade Federal de Santa Maria Professora de Geografia Física da AJES Faculdades do Vale do Juruena deniseperaltalemes@yahoo.com.br Marina Silveira Lopes Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Professora de Geografia Humana. marinaslopes@terra.com.br Resumo Para o ensino da geografia na educação escolar torna-se indispensável articular assuntos e conceitos básicos, como a paisagem, meio ambiente, espaço e lugar para relacioná-los com a vida do aluno. Desta forma, no intuito, de tentar a clareza e a reflexão sobre as espacialidades geográficas, pretende-se contextualizar a temática meio ambiente, com a participação dos alunos do 6º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Nove de Maio, no município de JUÍNA-MT. O objetivo do trabalho é articular os conceitos espaciais que os alunos trazem para a sala de aula. Como metodologia de trabalho, escolheu-se a pesquisa-ação pautada nos mapas mentais, em que a professora atuou como mediadora do processo de ensino-aprendizagem, viabilizando um diálogo entre os conceitos prévios que as crianças carregam em si mesmas e os conceitos geográficos que desejamos construir. Palavras-chave: Ensino; Geografia; percepção. Introdução
No ambiente escolar, o meio ambiente é visto como sinônimo de natureza e não apenas os alunos do ensino fundamental fazem essa relação, mas em âmbito global. O meio ambiente é visto sempre pelos alunos como um espaço natural ou conservado, ou o que mesmo deverá ser protegido de qualquer dano à sua ordem. Nesse desígnio o trabalho tem o objetivo de analisar o significado que os alunos da 3ª Fase do 2º Ciclo ou 6º ano do ensino fundamental possuem sobre meio ambiente. A representação desse conceito foi realizada através da paisagem que é um dos conceitos chave da geografia, pois a paisagem em si nos revela aspectos distintos e possibilidades de se compreender a relação que os seres humanos estabelecem em seu mundo, por meio de experiências, vivências e visões de mundo. Materiais e métodos Para se chegar aos resultados utilizamos de revisão bibliográfica e trabalho de campo na escola Estadual de Ensino Fundamental Nove de Maio no município de Juína/MT com os alunos do 6º ano (5ª série). Como metodologia de trabalho escolheu-se a pesquisa-ação, por ter um caráter participativo e estimular a participação dos envolvidos, alunos e professor. Assim, a professora atuou como mediadora no ensinoaprendizagem. A fenomenologia aparece como o método, pois quando se trabalha com os mapas mentais, estimula-se a percepção e a cognição dos alunos, onde as suas vivências, experiências e subjetividade é valorizada, e representada nos mapas mentais. Os mapas mentais enquanto forma de linguagem é uma ótima ferramenta para interpretar as construções simbólicas tanto individuais quanto coletivas. Resultados e Discussão
Para obtenção dos resultados da pesquisa, o trabalho consistiu de duas etapas, para que o sentido real da análise fosse compreendido pelos estudantes. A primeira etapa constituiu na representação do meio ambiente por meio da paisagem, a professora, como mediadora, não interferiu nessa análise, deixando que os 27 educandos meninas e meninos - retratassem de acordo com seus conhecimentos prévios. No presente trabalho encontra-se uma parcela de mapas mentais produzidos por esse grupo de alunos que retratam suas percepções de paisagem com os elementos abióticos como água, atmosfera, relevo e radiação solar, conforme ilustrações 1 a 4. Em tal contexto, verificou-se que os alunos possuem a tendência de vincular a palavra meio ambiente à natureza ou natural, local a ser estimado e/ou avaliado, respeitado e conservado com pouca ou nenhuma interferência antrópica, local sem poluição - esta última ocasionada pela ação do homem sobre o meio, modificando e transformando a partir de suas necessidades para sobrevivência e muitas vezes motivado pela sua ganância. Os estudantes representam principalmente elementos que são familiares, como árvores, riacho, pássaros, o sol, nuvens e flores. Pela metodologia Kozel, os signos representados nos mapas mentais refletem a
construção social e cultural, tendo referência na visão de mundo (KOZEL, 2007; 2009). Assim, essas representações fazem referencia a visão de mundo dos estudantes e seus sentidos culturalmente construídos, ou seja, que essa percepção do meio ambiente é construída a partir do meio de vivência, de suas referências no espaço. Esse conceito de meio ambiente vinculado a priori ao natural são referencias que os alunos trazem de casa, que foram construídos num processo cultural, ligado a valores apreendidos culturalmente. No segundo momento do trabalho os alunos desenvolveram novas representações de sua percepção quanto ao meio ambiente, agora com as informações e contextualizações fornecidas pela professora. Com isso, os discentes conseguiram de certa forma, através das intervenções a busca da definição real do que é o meio ambiente e sua devida importância para sua vivência. (Ilustrações 3 a 5).
Com a intervenção e a contextualização acerca da análise realizada pela professora as representações atingidas na segunda etapa do trabalho descreveram elementos construídos pelo homem, como casas em sua grande maioria, carros e prédios. No entanto, elementos naturais como árvores continuaram a aparecer em todos os mapas mentais, seja por ser uma referência ou porque, esta forma de meio ambiente ainda é forte na construção sociocultural dos estudantes e de modo geral da maioria da população. Considerações Este estudo faz refletir que a Geografia, em tempos atuais, exige posturas diferenciadas em seu ensino, de modo que deve oferecer ferramentas específicas de sua área aos alunos para que estes sejam capazes de entender e compreender a realidade em que vivem, por isso convém desenvolver o raciocínio crítico, prospectivo e interpretativo das questões socioambientais, sociocultural, bem como a cidadania ambiental para com esses alunos. Desse modo, os mapas mentais se apresentam como uma metodologia que auxilia na tentativa de compreender a realidade vivenciada e experienciada de mundo, pois refletem a construção sociocultural que estes trazem para a escola. Ressalta-se que o professor que atua como mediador no ensinoaprendizagem por meio dos mapas mentais ou de outra metodologia que não a tradicional realiza a inserções de outra visão de mundo, com isso abre a possibilidade de interação e interconexão com outras áreas do conhecimento, de forma que o aluno possa apreender e compartilhar, de forma holística, as múltiplas possibilidades de construção intelectual. De tal modo, que o aluno poderá compreender melhor a sua realidade, ajudando a
construir e reconstruir a realidade do mundo e transformando-se em um agente ativo do processo de mudança. Referências BUTTIMER, A. Aprendendo o dinamismo do mundo vivido. In: CHRISTOFOLETTI, A. Perspectiva da Geografia. São Paulo: Difel, 1985. BELIM, O. de L.; CARVALHO M. A. B. A concepção de meio ambiente na transição entre o ensino fundamental e médio. Disponível em: < http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/file/producoes_pde/artig o_odilene_lurdes_belim.pdf> Acesso: 23, ago. 2012. CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente Resolução 306/2002 KOZEL, S. Das imagens às linguagens do geográfico: Curitiba a capital ecológica. São Paulo: FFLCH/USP, 2001.. Mapas Mentais Uma Forma de Linguagem: Perspectivas Metodológicas. In: KOZEL, S.; SILVA, J. C.; GIL FILHO, S. F. (Orgs.). Da percepção e cognição à representação: reconstruções teóricas da Geografia Cultural e Humanista. São Paulo: Terceira Margem; Curitiba: NEER, 2007. LISBOA, S. S. A importância dos conceitos da geografia para a aprendizagem de conteúdos geográficos escolares. Ponto de Vista. Minas Gerais, n. 04, v. 04, 2007.