OS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGOGICA HOSPITALAR NA HEMODIÁLISE: UMA EXPERIÊNCIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 1

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Transcrição:

OS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGOGICA HOSPITALAR NA HEMODIÁLISE: UMA EXPERIÊNCIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 1 Marilene Pantoja Carvalho Graduanda em Licenciatura Plena em Pedagogia Universidade do Estado do Pará (marilenecarvalho82@gmai.com) Anna Carolina de Castro Pereira Graduanda em Licenciatura Plena em Pedagogia Universidade do Estado do Pará (ahnacarolina@hotmail.com) Jacirene Vasconcelos de Albuquerque Mestre em Educação Universidade do Estado do Pará (avjacirene@hotmail.com) RESUMO O artigo trata de práxis educacionais desenvolvidas pelas discentes do curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Pará, com crianças e adolescentes em tratamento de hemodiálise no Centro de Terapia Renal Substitutiva Pediátrico em um hospital referência materno infantil no Estado do Pará. Teve como objetivo investigar a prática pedagógica na escolarização desses sujeitos, por meio de ações educativas realizadas no estágio supervisionado, assim como e analisar os desafios do pedagogo para desenvolver práticas educativas no ambiente hospitalar. Tratou-se de uma pesquisa-ação com abordagem qualitativa, cujas técnicas de coletas de dados foram a observação participante, entrevistas, análise documental e revisão da literatura referente ao tema. Os resultados apontam que as ações educativas contribuíram para a escolarização dos alunos garantindo o direito a educação. Concluímos que o estágio supervisionado favoreceu as estagiárias na construção de subsídios para o desenvolvimento de práticas pedagógicas hospitalares fortalecendo sua formação acadêmica e profissional. Palavras-chave: Práticas Pedagógicas. Escolarização Hospitalar. Estágio Supervisionado. Hemodiálise. INTRODUÇÃO Diante dos novos contextos educacionais em instituições não escolares e de ambientes de educação popular, o campo de atuação do pedagogo se ampliou possibilitando o surgimento das mais diversas discursões sobre a práxis pedagógica educacional, aonde o trabalho pedagógico vem sendo realizado na perspectiva social e humanizado, sendo esta prática primordial para o desenvolvimento constante do ser humano. A Pedagogia, no segmento hospitalar é um campo de atuação do pedagogo que faz parte deste novo contexto educacional, construindo um novo olhar para a escolarização dentro de um espaço direcionado apenas ao tratamento da saúde, e desta forma, ampliando discussões relacionadas ao tema que evidencie práticas educativas inovadoras que favoreçam a escolarização hospitalar de crianças e adolescentes. No Curso de Pedagogia, da Universidade do Estado (UEPA) e ofertada a disciplina de Estágio Supervisionado em Instituições Não Escolares e Ambientes Populares, na qual os discentes 1 Artigo desenvolvido a partir dos resultados do Projeto de Interversão Pedagógica na disciplina Estágio Supervisionado em Instituições Não Escolares e Ambientes Populares.

do 7º semestre tem a possibilidade de vivenciar a Pedagogia Hospitalar. Neste artigo visamos socializar as experiências de duas estagiárias em relação ao processo de práxis pedagógicas - educacionais desenvolvidas com crianças e adolescentes em tratamento de hemodiálise no Centro de Terapia Renal Substitutiva Pediátrica (CTRSP), de um hospital referência materno infantil no estado do Pará. As estagiárias de Pedagogia tiveram a oportunidade de desenvolver um projeto de intervenção pedagógica com a finalidade de favorecer aos alunos-paciente a escolarização dentro deste setor. O objetivo geral foi de investigar a prática pedagógica na escolarização do aluno-paciente em tratamento de hemodiálise no Centro de Terapia Renal Substitutiva Pediátrica (CTRSP), especificamente discutir as práticas pedagógicas hospitalares desenvolvidas pelo pedagogo em formação no estágio supervisionado e analisar os desafios do pedagogo para desenvolver práticas educativas no ambiente hospitalar. Tratou-se de uma pesquisa-ação Franco (2005) com abordagem qualitativa Minayo (2001) baseado em estudo bibliográfico Canzonieri (2010) para sustentação teórica referente ao tema, cujas técnicas de coletas de dados foram a observação participante, as entrevistas, análise documental. DESENVOLVIMENTO Em nossa trajetória acadêmica no curso de Pedagogia/UEPA nos foi proporcionado cursar diversas disciplinas, dentre as quais destacamos os estágios como forma de conhecer a realidade e aplicar os conhecimentos teóricos e práticos dos alunos. Para Pimenta e Lima (2010) é essencial a indissociabilidade entre teoria e pratica na formação acadêmica, destacando a importância da superação da fragmentação entre teoria e pratica a partir do conceito de práxis, o que aponta para o desenvolvimento do estágio como uma atitude investigativa, que envolve a reflexão e a intervenção na vida da escola, dos professores, dos alunos e da sociedade. No 7ª semestre do Curso tivemos a oportunidade de fortalecer nossa formação em termos da relação teórica e prática como o diálogo entre as disciplinas Educação em Instituições Não Escolares e Ambientes Populares e o Estágio Supervisionado, período no qual os alunos se deparam com a realidade dos ambientes hospitalares. O fortalecimento da relação teoria e prática no processo de formação do pedagogo, por meio do estágio acaba sendo primordial para a construção de saberes essências para atuação profissional. Além dessa relação o estágio possibilita um diferencial, ao associar a pesquisa na pratica pedagógica dos alunos.

A experiência que nos foi possibilitada no estágio supervisionado em instituições não escolares, nos levou a compreensão de que o hospital é um ambiente com diversos ramos de atuações, entretanto o mesmo acaba sendo generalizado apenas como um local para os trabalhadores da saúde, a exemplo dos médicos. Esta é uma visão equivocada, uma vez que, há neste ambiente outros grupos de profissionais, como é o caso dos pedagogos, que trabalham no atendimento escolar às crianças que estão hospitalizadas. A Pedagogia Hospital, ampliou nossa visão sobre os contextos educacionais dos estagiários de Pedagogia para além dos espaços formais de educação. Evidenciou que a educação no hospital acontece por meio de parecerias com as instituições formadoras, secretarias de educação, com os profissionais da saúde, família e principalmente com o próprio educando, fazendo com que o educando participe de maneira ativa e integral do processo de ensino e aprendizagem. Em termos de práticas pedagógicas fomos desafiadas no estágio a propormos e desenvolvermos ações educativas que possibilitassem educação igualitária para crianças que estão no ambiente hospitalar, em tratamento no CTRSP, este setor é o lugar onde acontece a hemodiálise, tratamento fundamental para a manutenção da vida do paciente, pois, a doença renal crônica apresenta números bastante significativos sobre a questão de mobilidade e da mortalidade do paciente. As ações educativas no CTRSP ocorreram durante quatro meses. Para sua elaboração e execução foi necessário conhecer as formas adequadas para trabalharmos neste ambiente, visando assim contribuir com o pensar e o fazer educativo dos educandos em tratamento de saúde. Zaias e Paula (2010, p.3) afirmam que o direito e acesso à educação para todos tem suscitado o reconhecimento e a necessidade de uma educação em diferentes contextos, extrapolando os muros escolares, em vista dessa realidade, a presença do pedagogo é indispensável, sendo direito do educando. Visando aprofundar na prática as experiências adquiridas durante as aulas teóricas, criamos um projeto de pesquisa que atendesse as necessidades sociais e pedagógicas das crianças em tratamento de hemodiálise. Para Gomes e Rubio (2012, p. 10) O pedagogo hospitalar no atendimento pedagógico deve ter seus olhos voltados para o todo, objetivando o aperfeiçoamento humano, construindo uma nova consciência em que a sensação, o sentimento, a integração e a razão cultural valorizem o indivíduo. O referido projeto intitulado Escolarização Hospitalar na Hemodiálise: Saberes, Linguagens e Saúde, teve como objetivo garantir a escolarização por meio do acompanhamento

educacional de crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica em tratamento de hemodiálise, uma vez que esses alunos pacientes, na maioria das vezes devido às seções de diálise, ficam debilitados e impossibilitados de frequentar a escola regular de ensino, isso quando são matriculados, enquanto que para os que não são matriculados, dependem do acompanhamento pedagógico na unidade para seu aprendizado. Segundo Matos e Mugiatti (2008) a Pedagogia Hospitalar garante o direito a educação as crianças e adolescentes em idade escolar, que submetidas a longos períodos de hospitalização ficam impossibilitados de seguir o seu ano letivo escolar. Ou daqueles que nem chegam a se matricular, pelos mesmos motivos, atingindo a pré-adolescência ou mesmo a adolescência em estado de analfabetismo. O projeto foi desenvolvido por meio de etapas metodológicas. A primeira etapa configurou-se a partir de visitas ao setor de hemodiálise, onde, nos confrontamos com uma realidade que fugia dos bancos da universidade, mas que se fazia presente como um desafio que nos fizera refletir no que afirmam Franco; Libâneo e Pimenta (2014, p. 65) a práxis pedagógica será o exercício do fazer científico da Pedagogia sobre a práxis educativa, onde quer que ela aconteça. Após a visita ao setor de hemodiálise buscamos definir e elaborar as atividades que seriam desenvolvidas durante o projeto em parceria com as professoras da classe hospitalar da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC/PA). As professoras foram parceiras ao nos orientarem considerando suas experiências e nossas indagações sobre o fazer pedagógico nesse setor. Na segunda etapa realizamos um levantamento, por meio de um questionário com perguntas semiestruturadas tais como: identificar o número de alunos (crianças e adolescentes), o ano letivo de cada um, a idade e o tempo que eles estavam em tratamento de hemodiálise. Após o levantamento, classificamos os alunos em ciclos, mediante as faixas etárias e/ou os anos do ensino fundamental em que estavam matriculados, e assim, desenvolver as atividades a partir dos seus conhecimentos prévios. Durante a terceira etapa as atividades foram desenvolvidas a partir do tema gerador Saberes Amazônicos, a partir dele trabalhamos com três eixos temáticos, sendo eles: saberes, linguagens e saúde. O período de aplicação das atividades com essa temática ocorreu durante dois meses, pois, para que as mesmas fossem realizadas pelos alunos, tivemos algumas vezes que parar as atividades com eles, devido às condições em que alguns se encontravam durante a realização da diálise, entre elas o sono, o cansaço, câimbras, náuseas, além das situações expostas, ainda tinham alguns problemas emocionais que levavam os educandos a algumas vezes se recusarem a estudar.

No eixo saberes demos início às atividades, por meio do diálogo informal com os alunos, para identificar e diagnosticar a sua cidade natal, bem como os lugares que já conheciam dela e os que mais gostam. Além dessas atividades foram mostradas a eles, imagens e fotos que ilustrassem os referidos lócus, em seguidas, eles realizaram o processo de pintura e decoração para a construção de cartões postais que foram ilustrados como culminância das atividades. O eixo linguagens consistiu em contextualizar para os alunos a cultura paraense presente em seu contexto social, desta forma, foi pedido a eles que contassem lendas ou contos amazônicos as quais remetem a essas linguagens para os que ainda não conheciam. Para tal, levamos vídeos, livros e ilustrações que serviram de suporte para que os alunos-pacientes interagissem uns com os outros. Por seguinte foram confeccionados poemas para continuação da construção dos cartões, conforme as lendas ou contos citados ou apresentados pelos alunos. No eixo saúde, fizemos uma sondagem com os alunos para diagnosticar quais alimentos eles gostavam, partindo de seus conhecimentos, fizemos uma relação dos alimentos que foram citados e ilustramos em imagens, a partir delas, foram realizadas atividades com o eixo temática. Tratando-se dos alimentos, buscamos desenvolver atividades em parceria com uma equipe de nutricionistas que fazem o acompanhamento no setor de Hemodiálise, com o intuito de validar a importância dos alimentos, mas sobre tudo, da necessidade pela seleção dos alimentos adequados para a sua saúde. Por fim, como culminância das atividades desenvolvidas pelos alunos durante a realização das atividades por meio dos referidos eixos, visou-se construir um mural com materiais regionais, com o objetivo de expor todos os cartões produzidos no ambiente da hemodiálise, como exemplar que ilustrasse suas capacidades e criatividades. CONCLUSÃO O estágio supervisionado na Unidade de Hemodiálise é um diferencial na formação acadêmica e profissional do pedagogo, possibilitando sua atuação nos contextos não escolares. A experiência no Centro de Terapia Renal Substitutiva Pediátrica evidenciou as contribuições que a pedagogia hospitalar oferece para nossa formação, demostrando que a relação entre a educação e a saúde é essencial para o desenvolvimento dos sujeitos que se encontram em atendimento hospitalar. Cabe ressaltar que a Pedagogia Hospitalar é um tema de muita importância a ser discutido ao tratarmos da educação de crianças e adolescentes em tratamento de saúde. Organizar atividades educativas para esse público proporciona aos futuros pedagogos, grandes possibilidades e desafios

para a construção, o planejamento e a execução junto aos alunos hospitalizados. Para tanto, é preciso que os profissionais da educação nesse ambiente busquem conhecer as necessidades educacionais dos alunos-pacientes e sobre tudo, respeitar seus limites. Vivenciar a realidade do setor de hemodiálise do hospital, enfrentando o desafio de desenvolver práticas pedagógicas junto aos alunos pacientes, nos permitiu refletir a respeito dos processos diferenciados do processo de ensino e aprendizagem entre o público que está inserido nesse contexto como, os professores, alunos e estagiários. Por fim, é preciso que nós enquanto profissionais em formação tenhamos acesso a um aprendizado consistente que nos qualifique, por meio do domínio de teorias e das práticas realizadas nos diferentes ambientes em que haja educação seja, a sala de aula de uma escola regular de ensino ou nos leitos da Classe Hospitalar. REFERÊNCIAS CANZONIERI, Ana Maria. Metodologia da pesquisa qualitativa na saúde. Petrópolis: Vozes, 2010. FRANCO, M. A. S. Pedagogia da pesquisa-ação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./dez. 2005. FRANCO, M. A. S.; LIBÂNEO, J.C.; PIMENTA, S. C. As Dimensões Constitutivas da Pedagogia como Campo de Conhecimento. Ano 14. n.17- julho 2011- p.65. GOMES, J. O. RUBIO, J. A. S. Pedagogia Hospitalar: A Relevância da Inserção do Ambiente Escolar na Vida da Criança Hospitalizada. Revista Eletrônica Saberes da Educação.V.3 nº 1. 2012. MATOS, E. L. M.; MUGIATTI, M. M. T. F. Pedagogia Hospitalar: A humanização integrando educação e saúde. Petrópolis. RJ: Vozes, 2009. MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1994. PAULA, E. M. A. T de. Pedagogia Hospitalar na Pedagogia Social: reflexões teóricas. In: Proceedings of the 3nd III Congresso Internacional de Pedagogia Social, 2010. PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria do Socorro Lucena. Estágio e Docência. 5ª d. São Paulo: Cortez, 2010. (1ª parte, Cap. 1, p. 32-57). ZAIAS, E.; PAULA, E. M. A. T. Análise das Escolas nos Hospitais: Programa SAREH-Paraná. In: VIII Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sul ANPED SUL, 2010, Londrina. ANPED SUL 2010. Formação, Ética e Politicas: Qual Pesquisa? Qual Educação? 2010.