O TRABALHO COM A SEXUALIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

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Transcrição:

O TRABALHO COM A SEXUALIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES Maria Thaís de Oliveira Batista (1) Universidade Federal de Campina Grande (thaisoliveirabst@gmail.com) Rafaela Braga dos Santos (2) Universidade Federal de Campina Grande (rafaela14819972@gmail.com) Thayany de Oliveira Batista (3) Universidade Federal de Campina Grande (thayany.batista@gmail.com) Resumo: O respectivo trabalho tem como objetivo principal discutir a sexualidade como elemento inerente ao ser humano e sua relação com o âmbito escolar. Almejando encontrar a partir da discussão, novos caminhos a serem traçados pelos educadores para o ensino de informações que envolvam o estudo da sexualidade na sala de aula nos diferentes níveis de ensino. A discussão é trabalhada na perspectiva de aprofundar o conhecimento dos educadores e da escola em geral acerca das informações que permeiam o ensino de educação sexual nas instituições. Partindo do pressuposto, de que a maioria dos educadores não sabem, ainda, como lidar com este tema na sala de aula, independente do nível de ensino, porém, esta realidade se encontra mais presente na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. A maioria das instituições, ainda necessitam reformular suas crenças e percepções culturais acerca da criança e o desenvolvimento da sexualidade. Na medida que encontramos cada vez mais, no que diz respeito a essa discussão, profissionais com dificuldade de lidar com determinados temas dentro da sala de aula, seja pela existência de preconceitos ou mesmo por falta de informação e interesse sobre o tema. Portanto, para que haja uma mudança desse quadro, é preciso que os professores reflitam a sua prática de forma contínua, na medida em que se faz necessário reverem os seus conceitos sobre a sexualidade, bem como as possibilidades de seu trabalho dentro da sala de aula, no qual as contribuições tendem a ser tanto para o desenvolvimento profissional do professor quanto para uma aprendizagem significativa por parte dos educandos. Palavras-chave: Sexualidade, Escola, Ensino-aprendizagem Introdução O presente artigo tem como objetivo principal discutir a sexualidade como elemento inerente ao ser humano, bem como o de apontar novos caminhos a serem traçados pelos educadores para o ensino de informações que envolvam o estudo da sexualidade na sala de aula dos diferentes níveis de ensino. Sabemos que abordar a sexualidade se constituiu ao longo dos tempos um desafio para a escola. Mesmo que as discussões sobre a temática sejam remotas, os tabus envolvidos as acompanharam dificultando sua inserção desde muito tempo, o que permitiu, durante muito tempo, a ausência de trabalhos e enfoques voltados para um assunto tão iminente e instigador. Desse modo, o tema foi trabalhado na perspectiva de aprofundar o conhecimento dos educadores e da escola em geral acerca das informações que permeiam o ensino de educação sexual nas instituições. Partimos do

pressuposto de que a maioria dos educadores não sabem, em sua maioria, como lidar com este tema na sala de aula independente do nível de ensino mas acreditamos que esta realidade se encontra mais presente na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Para embasamento teórico necessário para esse tipo de trabalho, foi utilizado como referência de estudo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Pluralidade Cultural e Orientação Cultural (2001), e textos de autores como CORTEZ (2008), SOUZA (1991) e LOURO (2008) que trouxeram novos conhecimentos acerca do tema, de modo a fornecer uma visão mais panorâmica sobre o assunto. Como parte integrante da vida humana, que se desenvolve desde o nascimento à vida adulta, a sexualidade inerente ao ser humano, não pode deixar de ser discutida e refletida no âmbito escolar, visto este assumir o papel de orientar, problematizar, ampliar e construir conhecimentos nos diversos aspectos inferidos ao desenvolvimento dos sujeitos. Tecer considerações acerca desta temática na escola é de extrema relevância, sabendo que diante do contexto atual, há pouca ou nenhuma parceria entre família e escola em prol desse assunto, sejam nos diversos estímulos referentes à sexualidade, principalmente nos meios midiáticos, os quais geram a construção de conceitos distorcidos, bem como tornam afloradas, precocemente, suas manifestações nos sujeitos. Por isso, julgando o tema de extrema importância, considerando a necessidade da temática na escola, uma vez que a inserção é pouco relevante, e não se circunscreve de forma a satisfazer as curiosidades e os conhecimentos subjacentes dos alunos, este trabalho propicia além de reflexões sobre o tema, a possibilidade do desenvolvimento de competências, em que ao mesmo tempo, gerem construção de conhecimentos, e possibilitem aos alunos compreenderem o valor do corpo, da autoconfiança, da ética e das inúmeras questões que envolvem o universo da sexualidade. Nessa perspectiva, consideramos que é ressaltante o trabalho da escola sobre a sexualidade e suas manifestações, ao ponto que as informações acerca do tema são relevantes para os sujeitos em desenvolvimento, estando diretamente atrelado ao seu desenvolvimento como pessoa social, cultural, psíquica e biológica. Metodologia Mediante o objetivo almejado para este artigo, foi feito uma pesquisa bibliográfica em torno do tema, como forma de se obter maior ênfase na discussão atual da temática em meio à realidade que se tem vivenciado. A pesquisa (

bibliográfica é aquela que se caracteriza pelo desenvolvimento e esclarecimento de ideias, com o objetivo de oferecer uma visão panorâmica, uma primeira aproximação a um determinado fenômeno (GONÇALVES, 2001, p.65). Através da pesquisa exploratória, é notório que esta se concebe como de grande relevância para as metas que se deseja alcançar, de modo que possibilita ao pesquisador um leque de informações a respeito do tema em estudo, pela qual se pode consultar diferentes obras e autores, ou seja, contribuindo, assim, para a qualidade final do seu trabalho. Para Gonçalves (2001), a pesquisa bibliográfica faz um levantamento de boa parte do conhecimento disponibilizado sobre o tema, de modo a possibilitar ao pesquisador outras teorias elaboradas por diferentes autores, de diversos lugares do mundo, podendo, assim, analisar e avaliar as contribuições dos mesmos em relação a explicação do seu objeto de estudo. É por meio desse tipo de pesquisa que se pode dar seguimento a um trabalho mais significativo e de qualidade, sem romper com os objetivos que são elaborados no início do processo, de modo que permite outro olhar mediante um determinado objeto. Podendo, assim, compreender de diferentes ângulos os pontos de vista de teóricos estudiosos do assunto, e consequentemente, fazendo com que possamos construir nosso próprio posicionamento diante do tema. Sexualidade: conceito e historicidade A sexualidade é um tema bastante polêmico e difícil de se abordar pela maioria das pessoas, principalmente, pelos professores e pela escola em geral, no que diz respeito a compreensão do que seja a educação sexual, bem como as formas de transmissão dessas informações aos seus educandos. Para entender melhor essa realidade, é necessário uma explicação geral sobre a sua evolução ao longo dos anos. No ano de 1930, em meio ao ensino de conhecimentos acerca da sexualidade na escola, muitos professores foram presos e demitidos por incluirem tal ensino no planejamento de suas aulas. Já na década de 1960 o tema Educação Sexual foi omitido de vez pelos órgãos que regiam as escolas de modo que não poderiam, sequer falar sobre o assunto em nenhum local que fosse dado algum tipo de educação aos mais variados tipos de indivíduos. Em 1968 foi criado um projeto de Lei pela então deputada carioca Júlia Steimbruck, que almejava determinar como obrigatório o ensino da educação sexual nas escolas.

Nas décadas de 70 e 80, muitos foram as especulações que giraram em torno deste assunto, de modo que com o surgimento da AIDS, as pessoas passaram a se interessar e ter mais curiosidades acerca do tema, o que levou no ano de 1993, uma pesquisa constatar que até 83% das pessoas eram favoráveis ao ensino de educação sexual nas escolas. Ainda na década de 90 o governo lança aos Parâmetros Curriculares Nacionais, a elaboração do tema transveral Pluralidade cultural e orientação sexual que trata de questões que permeia essa temática da sexualidade. Ao se abordar a sexualidade nesse contexto é necessário discutir o seu conceito para compreender as demais especificidades que a compõe. A sexualidade É um termo amplamente abrangente que dificilmente se encaixa em uma definição única e absoluta. Assim, a sexualidade é entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento (BRASIL, 2001, p. 117). Partindo dessa definição, a sexualidade é parte integrante da vida humana, que se desenvolve desde o nascimento à vida adulta, sendo algo inerente ao ser humano, não podendo, assim, deixar de ser discutida e refletida no âmbito escolar. O professor, nessa realidade, tem o papel de orientar, problematizar, ampliar e construir conhecimentos nos diversos aspectos pertinentes ao desenvolvimento dos sujeitos. E a escola tem o dever de abrir espaço para que essa pluralidade de concepções, valores e crenças sobre a sexualidade possam ser expressas, discutidas e melhor compreendidas pela sociedade. Escola e sexualidade É imprescindível o trabalho da escola diante do estudo e discussão da sexualidade, uma vez que as curiosidades, e a necessidade em torno desse tema são inerentes ao ser humano, estando diretamente atrelado ao seu desenvolvimento como pessoa social, cultural, psíquica e biológica. Sendo assim, a sexualidade como elemento inerente ao ser humano, desde o nascimento até todo o decorrer da vida dos sujeitos, se manifesta de diferentes maneiras. As manifestações da sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são respostas habituais dadas por profissionais da escola [...] (BRASIL, 2001, p.291). Seja por meio meio de comportamentos, ou mesmo questionamentos, a escola tende a ignorar ou até mesmo criticar as curiosidades

dos seus educandos, impedindo, assim, que o estudante compartilhe suas dúvidas, medos, curiosidades, depositando, assim, toda a responsabilidade acerca das informações que envolve a sexualidade para a família. O que acaba, muitas vezes, gerando uma série de conflitos na vida dos sujeitos, de modo que irão, provalmente, aprender de forma errada na rua o que poderiam aprender da forma correta na escola. Segundo Cortez (2008), Inicialmente diríamos que a responsabilidade é dos pais, da escola, enfim da sociedade como um todo. Mas sabemos, que na prática não é o que acontece. Na realidade, hoje a escola é que possui cada vez mais esta responsabilidade de educar os alunos para uma sexualidade saudável. Sabemos também que em sua maioria, as escolas não estão cumprindo este papel com eficiência. Como motivo está o despreparo dos professores em abordar o tema, cheio de tabus, e a concorrência desleal dos meios de comunicação que acabam confundindo a cabeça do nosso jovem (p.1). Compreendendo tais discussões, percebe-se que o trabalho com a temática da sexualidade na escola é de extrema relevância, haja vista, diante do contexto atual, haver ausência da parceria família/escola sobre o assunto. Souza (1991) discorre que Quando a escola e a família não se completam na ação educativa, não há programa de orientação sexual capaz de trazer benefícios e aproveitamento total do que propõe (p.112). A sexualidade até os dias atuais tem sido analisada pela maioria dos pais e professores, como algo que não necessita ser abordado na infância, por poder causar algum tipo de incentivo as crianças, em torno da sua sexualidade, porém, sabe-se que esta é uma maneira equivocada de se pensar, pois, a educação sexual pode vir de diversas maneiras, e o professor como facilitador da aprendizagem dos educandos, necessita se instrumentalizar de métodos adequados para cada nível de aprendizagem dos seus alunos. Atualmente, o que temos presenciado diante da mídia é a existência de campanhas e movimentos que expressam a necessidade de uma discussão maior acerca de esclarecimentos por parte da escola, as crianças e aos adolescentes, diante das particularidades que envolvem essa temática tão relevante para o pleno desenvolvimento integral dos educandos. O professor em meio a essa realidade [...] transmite valores com relação à sexualidade no seu trabalho cotidiano, na forma de responder ou não às questões mais simples trazidas pelos alunos (BRASIL, 2001, p. 123). Para isso, é de fundamental importância que disponha de uma formação específica para trabalhar a sexualidade na escola juntos aos diferentes sujeitos, possibilitando a

construção de uma postura profissional e consciente no trato desse tema. A partir de uma boa e significativa educação sexual por parte da escola e da família o jovem pode, sim, ter uma visão positiva da sexualidade, além dos conhecimentos relativos ao funcionamento do corpo, ao processo reprodutivo e aos riscos de contrair e transmitir doenças. Desta forma, para a existência de um trabalho significativo na escola em torno da sexualidade, é necessária a preparação dos educadores, não somente dos professores de áreas específicas, mas sim de todos os que estão envolvidos no processo ensino-aprendizagem dos educandos. É de extrema relevância que os indivíduos se conheçam sexualmente, que compreendam as transformações que estão ocorrendo com seu corpo. Sabendo disto, certamente, irá respeitar a si e ao outro. É então, papel dos educadores e da escola um repensar contínuo dos seus conceitos e atitudes, bem como uma quebra dos tabus presentes na nossa sociedade. Louro (2008) ressalta que a sexualidade está presente na escola, bem como na vida e no desenvolvimento dos sujeitos que nela estão inseridos, não podendo, assim, ser deixada de lado ou mesmo fecharem os olhos para as discussões que dela surgem. Visão sócio-familiar sobre sexualidade A sexualidade da criança se desenvolve desde os primeiros dias de sua vida, e na medida em que esta realidade é constante, vê-se a necessidade de um acompanhamento contínuo da família no desenvolvimento da sexualidade dos seus filhos, sabendo disso, compreende-se que a família é a instância base de qualquer sociedade. A família necessita está atenta e ver a educação dos filhos como um projeto de vida, com a missão de preparar tais sujeitos para a convivência social pautada numa postura responsável, independente, ética e em busca de sua autonomia, que o fará um cidadão consciente de seus direitos e deveres na sociedade em que vive. A família precisa compreender que, [...] Toda família realiza a educação sexual de suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca falam abertamente sobre isso. O comportamento dos pais entre si, na relação com os filhos, no tipo de cuidados recomendados, nas expressões, gestos e proibições que estabelecem são carregados de determinados valores associados à sexualidade que a criança apreende (BRASIL, 1997, p.77). Sabe-se que esta é uma tarefa um tanto difícil para a comunidade escolar e para

a família, na medida em que cada vez mais as crianças tem se desenvolvido de forma precoce nos dias de hoje. Imersos em uma sociedade globalizada e com informações que os cercam por todos os lados e a todo o momento, as crianças se vêem em uma posição de buscar uma independência aligeirada se comparada as de um passado não muito remoto. Para a maioria das pessoas, falar de sexualidade é sinônimo de ato sexual ou de referirse aos órgãos genitais do homem e da mulher. Porém, o que estes não compreendem, é que a sexualidade perpassa essa discussão, indo muito além desses termos e sendo levada conosco por toda a vida. Esta ausência de uma compreensão mais certa acerca da sexualidade é o que causa muitos problemas e dificuldades no desenvolvimento sexual dos sujeitos, na medida em que este desenvolvimento acarreta em grandes influências da educação dada pela família, e pela falta de informações que por encontra-se carente. Os Parâmetros Curriculares Nacionais nos mostram que [...] É no espaço privado, portanto, que a criança recebe com maior intensidade as noções a partir das quais construirá sua sexualidade na infância (BRASIL, 1997, p.78). Portanto, a existência de uma sociedade com pessoas informadas, saudáveis, seguras, e cientes da sua sexualidade, requer uma relação de diálogo constante entre família e escola, na qual ambos se complementam na sua totalidade. Para isso, é preciso um repensar dessa discussão nas escolas, bem como no nosso contexto sócio-familiar, na medida em que se compreende ser fulcral o conhecimento de que esse modelo de educação sexual deve vim pautado num tipo de educação que respeite o indivíduo, no que diz respeito as suas etapas de desenvolvimento, as quais deverão ser seguidas de forma correta e bem equilibrada para que ao final possam ser visíveis a qualidade dos resultados esperados para o seu pleno desenvolvimento. Conclusões Se levarmos em conta a atual realidade que estamos vivenciando, ou seja, as nossas vivências no século XXI, percebemos que ainda há muito a ser estudado, pesquisado e discutido no que diz respeito a temática da sexualidade na escola, pois, ainda hoje a mesma é vista como um tabu seja entre professores, comunidade escolar em geral e, principalmente, pela família, que tende a reproduzir comportamentos de uma sociedade calcada em muitas informações sobre o sexo em geral, porém, com poucas orientações a seu respeito.

Vemos diariamente esta realidade nas mídias em gerais, seja na TV, jornal ou Internet, quando transmitem diversas informações a respeito de casos como gravidez indesejada em crianças e adolescentes, atos de violência sexual, ou mesmo as chamadas DSTs (Doenças sexualmente transmissíveis), e acabam por deixar a sociedade a mercer de informações insuficientes acerca desse tema tão importante a ser estudado, e que é inerente a qualquer ser humano. Neste contexto, é necessário uma discussão significativa por todos os sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, bem como a sociedade em geral. Um ponto de grande relevância que necessita ser levado em consideração no estudo da sexualidade, é a necessidade de uma parceria entre escola e família, sendo que a família, nem a escola por si só, conseguem dar conta de realizarem uma formação integral dos sujeitos, bem como o cumprimento de um papel de educar e cuidar das crianças, de virem a repassar, assim, informações acerca do comportamento e da sexualidade na nossa sociedade. Em meio a essa discussão, o papel do professor é imprescindível e insubstituível para o desenvolvimento cognitivo dos educandos diante a temática da sexualidade e suas implicações na vida dos sujeitos. Ele tem o papel de mediar o processo de ensinoaprendizagem, na medida em que dispõe de diversas informações para os seus alunos, auxiliando na sua compreensão e abrindo novos caminhos a serem trilhados, descobertos e debatidos pelos educandos em meio a diferentes discussões. Porém, o que se sabe, na sua maioria, é que as escolas, ainda, não detém de profissionais com formação específica para lidar com a demanda de discussões que a atual sociedade globalizada requer de tais profissionais. Ao ponto que ainda há um caminho grande a ser percorrido em busca de educação que abarque os diferentes tipos de debates acerca de inúmeras possibilidades de efetivar um processo de ensino-aprendizagem rico e satisfatório diante do atual quadro que temos conhecimento. Desta forma, ressaltando a sexualidade como um processo de construção cultural e histórica, é fulcral a necessidade de um ensino que considere a relevância dessa discussão nas diferentes modalidades de ensino. Não podendo negar, assim, que a maioria das instituições, ainda necessitam reformular suas crenças e percepções culturais acerca da criança e o desenvolvimento da sua sexualidade. Na medida que encontramos cada vez mais, no que diz respeito a essa discussão, profissionais com dificuldade de lidar com determinados temas dentro da sala de aula, seja pela existência de preconceitos ou mesmo por falta de informação e interesse sobre o tema.

Portanto, para que haja uma mudança desse quadro, é preciso que os professores reflitam a sua prática de forma contínua, na medida em que se faz necessário reverem os seus conceitos sobre a sexualidade, bem como as possibilidades de seu trabalho dentro da sala de aula, no qual as contribuições tendem a ser tanto para o desenvolvimento profissional do professor quanto para uma aprendizagem significativa por parte dos educandos. Referências BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Pluralidade cultural e orientação sexual. 3 ed. A secretaria, Brasília, 2001. CORTEZ, Samuel. A sexualidade na escola. Disponível em http://profecortez.blogspot.com.br/2008/01/sexualidade-na-escola.html. Acesso em 29 de março de 2014. GONÇALVES, Elisa Pereira. Conversa sobre iniciação a pesquisa científica. ed. Alínea: Campinas, 2001. LOURO, Guacira. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, v. 19, n. 2 (56) - maio/ago, 2008. MALHEIROS, Márcia Rita Trindade Leite. Pesquisa na graduação. Disponível em:www.profwillian.com/_diversos/diversos/download/prof/marciarita/pesquisa_na_graduaç ao.pdf. Acesso em 28 de março de 2014. SOUZA, Hália Pauliv de. Convivendo com seu sexo: pais e professores. São Paulo. Ed. Paulinas,1991.