Espaços Hurewicz e Conceitos Relacionados

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Transcrição:

Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Exatas Pós-Graduação em Matemática Aplicada Espaços Hurewicz e Conceitos Relacionados Por Clarice Aparecida Roika Orientação Prof a. Dr a. Soraya Rosana Torres Kudri e co-orientação Prof o. Tomas Keller Breuckmann Curitiba / PR 2006

Espaços Hurewicz e Conceitos Relacionados Por Clarice Aparecida Roika Orientação Prof a. Dr a. Soraya Rosana Torres Kudri e co-orientação Prof o. Tomas Keller Breuckmann Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Matemática Aplicada, Programa de Pós- Graduação em Matemática Aplicada, Setor de Ciências Exatas, Universidade Federal do Paraná. Curitiba / PR 2006

i S U M Á R I O Lista de Símbolos............................................................... Resumo........................................................................... Abstract.......................................................................... Introdução....................................................................... iii iv v vi Capítulo I Teoria Básica..................................................................... 1 1.1 Conceitos Básicos........................................................ 1 1.2 Compacidade............................................................. 4 Capítulo II Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e!.................................................................. 7 2.1 Espaços Hurewicz........................................................ 8 2.2 Propriedade!.......................................................... 15 Capítulo III Espaços Localmente Hurewicz................................................ 19 3.1 C-espaço................................................................ 19 3.2 Espaços localmente Hurewicz............................................ 22 Capítulo IV

ii Generalizações das Propriedades Hurewicz e!............................ 31 4.1 Espaços Almost Hurewicz............................................... 32 4.2 Propriedade Almost-!................................................. 4:2 4.3 Espaços Nearly Hurewicz................................................ 40 4.4 Propriedade Nearly-!.................................................. 49 Referências.................................................................... 53

L I S T A de S í M B O L O S iii N o conjunto dos números naturais f1; 2; :::g R o conjunto dos números reais ; conjunto vazio hx; T i par ordenado representando um espaço topológico A fecho do conjunto A int(a) interior do conjunto A A c fx 2 X; P (x)g A B A <1 B fa j g j2j S A j j2j T A j j2j nt A j j=1 complementar do conjunto A o conjunto dos elementos x 2 X que satisfazem P A está contido em B A é um subconjunto nito de B família indexada de conjuntos união dos elementos da família fa j g j2j interseção dos elementos da família fa j g j2j interseção dos conjuntos A j para j = 1; :::; n P A j espaço soma, ver de nição 1:1:3 j2j f : X! Y uma função de X em Y f(a) e f 1 (A) imagens direta e inversa do conjunto A 8 e 9 quanti cadores para todo e existe

iv R E S U M O Baseado nos espaços Hurewicz de nidos por W. Hurewicz, propomos de nições de espaços localmente Hurewicz, fracamente localmente Hurewicz e relativamente localmente Hurewicz, propomos a equivalência dessas de nições em espaço topológico de Hausdor que satisfazem uma propriedade que aqui chamaremos de C-espaço. Apresentamos os espaços almost Hurewicz de nidos por Breuckmann e Kudri e propomos de nições de espaços nearly Hurewicz. Obtemos relações entre os espaços nearly Hurewicz e os espaços Hurewicz, almost Hurewicz e nearly Lindelö. Apresentamos também a propriedade! e sua relação com os espaços Hurewicz. Introduzimos a propriedade nearly-! e obtemos um teorema que relaciona esta propriedade com os espaços nearly Hurewicz. Palavras-chave: Espaços topológicos Hurewicz, localmente Hurewicz, almost e nearly Hurewicz, propriedades! e nearly-! :

A B S T R A C T v Based on Hurewicz spaces de ned by Hurewicz, we propose de nitions for locally Hurewicz spaces, weakly locally Hurewicz spaces and relatively locally Hurewicz spaces. We prove the equivalence of these de nitions in Hausdor spaces satisfying a property which is called here C-space. We present the almost Hurewicz spaces, de ned by Breuckmann and Kudri and propose de nition for nearly Hurewicz spaces. We compare nearly Hurewicz spaces to Hurewicz spaces, almost Hurewicz and nearly Lindelöf spaces. We also present the! -property and its relation to Hurewicz spaces. We introduce the nearly-! -property and obtain its relationhip to nearly-hurewicz spaces. Keywords: Hurewicz topological spaces, locally Hurewicz spaces, almost and nearly Hurewicz spaces,! and nearly-! -properties.

vi I N T R O D U Ç Ã O O objetivo desta dissertação é introduzir novas classes de espaços topológicos. Em [7] Hurewicz introduziu os espaços topológicos Hurewicz, esta classe de espaços topológicos é uma generalização dos espaços topológicos compactos e está contida na classe de espaços topológicos Lindelöf, isto é, Compacto ) Hurewicz ) Lindelöf. Na Literatura existem várias generalizações de espaços topológicos compactos, como os espaços topológicos localmente compacto, almost compacto e nearly compacto, entre outros. Em [3] Breuckmann e Kudri introduziram os espaços topológicos almost Hurewicz que são uma generalização para os espaços topológicos Hurewicz e portanto uma generalização para os espaços topológicos compactos. Neste trabalho de niremos os espaços topológicos localmente Hurewicz e os espaços topológicos nearly Hurewicz, que também são generalizações dos espaços Hurewicz e dos espaços compactos. Encontramos na literatura três de nições para espaços topológicos localmente compactos, que aqui serão chamados de espaços topológicos localmente compacto (ver 1.2.5), fracamente localmente compacto (ver 1.2.6), e relativamente localmente compacto (ver 1.2.7). De niremos neste trabalho os espaços topológicos localmente Hurewicz (ver 3.2.1), fracamente localmente Hurewicz (ver 3.2.2) e relativamente localmente Hurewicz (ver 3.2.3). Em espaços de Hausdor as de nições dos espaços topológicos localmente compactos são equivalêntes, porém para obtermos a equivalência das de nições dos espaços topológicos localmente Hurewicz é necessário que além de Hausdor o espaço topológico tenha uma propriedade que aqui chamaremos de C-espaço (ver 3.1.1). Com essa propriedade obtemos um teorema importante que diz que em um C-espaço de Hausdor todo subespaço Hurewicz é fechado, o qual será utilizado para obter a equivalência dos espaços topológicos localmente

vii Hurewicz. Para espaços topológicos quaisquer temos as seguintes relações entre os espaços topológicos localmente Hurewicz 3.2.4 Fracamente Localmente 3.2.6 Localmente Hurewicz! Hurewicz Hurewicz & 3.2.5 " 3.2.7 Relativamente Localmente Hurewicz Serão também apresentados neste trabalho os espaços almost Hurewicz que foram de nidos por Breuckmann e Kudri em [3] e alguns resultados obtidos, como um teorema que trata os espaços almost Hurewicz através de conjuntos regularmente abertos e algumas propriedades que envolvem funções. Em [12] Singal e Mathur introduziram os espaços topológicos nearly compactos (ver 1.2.10) e apresentaram algumas propriedades. Neste trabalho de niremos os espaços topológicos nearly Hurewicz (ver 4.3.1) que é uma generalização dos espaços Hurewicz e como os espaços Hurewicz generalizam espaços compactos temos que nearly Hurewicz também é uma generalização de compacto. Esta classe de espaços topológicos contém os espaços nearly compacto e está contida na classe dos espaços almost Hurewicz e na classe dos espaços nearly Lindelö, a seguir temos um esquema das relações entre esses espaços Compacto 1.2.11 % & Nearly Compacto 4:3:6 & % Nearly Hurewicz 4.3.7 % & Nearly Lindelöf 2.1.5 Hurewicz 4.3.3 4.3.8 Almost Hurewicz Apresentaremos ainda propriedades obtidas através de funções e mostraremos que os espaços nearly Hurewicz podem ser de nidos através de conjuntos regularmente abertos.

viii Em [8] Scheepers de niu a propriedade! (selectively!-grouping property) e apresentou uma condição necessária e su ciente para que um espaço tenha a propriedade! através da propriedade Hurewicz. Em [2] Breuckmann fez alterações nesta propriedade chamando-a de propriedade! e neste trabalho de nimos a propriedade nearly-! (nearly selectively! - grouping property ) e obteremos um teorema que relaciona esta propriedade com os espaços nearly Hurewicz. A dissertação está dividida em quatro capítulos. O primeiro capítulo contém de nições e propriedades básicas que serão utilizadas nos demais capítulos, entre elas a de nição de compacidade e de compacidade local. O segundo capítulo trata de duas propriedades de recobrimento, os espaços Hurewicz e a propriedade! (selectively! -grouping property). A propriedade de Hurewicz foi introduzida por Hurewicz em [7] e trata de sequencias de coberturas abertas, a propriedade! foi introduzida por Breuckmann em [2] e trata de sequencias de! -coberturas. No terceiro capítulo propomos uma de nição para o que aqui chamamos de C-espaço. E propomos também de nições para espaços localmente Hurewicz, fracamente localmente Hurewicz e relativamente localmente Hurewicz, e obtemos a equivalência em C-espaços de Hausdor. No quarto capítulo trabalhamos com generalizações das propriedades Hurewicz e! ; apresentamos os espaços almost Hurewicz e a propriedade almost-! (Almost selectively! grouping property) introduzidas por Breuckmann e Kudri em [3] e propomos de nições para espaços nearly Hurewicz e para a propriedade nearly-! (nearly selectively! -grouping property ) e obtemos um teorema que relaciona as propriedades nearly Hurewicz e nearly-! : Em todos os capítulos os resultados e de nições sem atribuição de autoria são de nossa contribuição.

C A P Í T U L O I Teoria Básica Este capítulo consiste de de nições e resultados necessários no desenvolvimento deste trabalho. Dividimos este capítulo em duas seções. A primeira seção contém de nições e resultados gerais de espaços topológicos, que serão utilizadas diretamente nos demais capítulos. Podemos destacar as de nições de conjunto regularmente aberto, função contínua, almost contínua, fortemente contínua e fracamente contínua. A segunda seção é dedicada a de nições e resultados que estão relacionados a compacidade, tais como de nição de espaço topológico compacto, localmente compacto e generalizações de espaço compacto. Algumas destas de nições e resultados podem ser encontradas em livros de topologia geral como [6] e [10] e outras em artigos como [12] e [11]. 1.1 Conceitos Básicos O termo vizinhança pode ser entendido de várias formas. Nesta dissertação, diremos que U é uma vizinhança de x quando U é um conjunto aberto contendo x: DEFINIÇÃO 1.1.1 [10](Espaços de Hausdor ) : Um espaço topológico X é chamado espaço de Hausdor se, e somente se, para cada par de pontos distintos x 1 e x 2 de X, existem vizinhanças disjuntas U 1 e U 2 de x 1 e x 2, respectivamente. 1

2 Capítulo I Teoria Básica DEFINIÇÃO 1.1.2 [10] (Topologia do ponto particular p): Em qualquer conjunto não vazio X, podemos de nir uma topológia em X; considerando os conjuntos abertos como sendo ; e qualquer subconjunto que contém um ponto particular p. A essa topologia chamaremos topologia do ponto particular p. DEFINIÇÃO 1.1.3 [2]: Seja fhx k ; T k ig k2n uma família de espaços topológicos disjuntos. Seja X = S X k e de na T onde, U 2 T se e somente se, 8k 2 N U \ X k 2 T k : k2n A proxima proposição mostra que hx; T i é um espaço topológico, chamaremos hx; T i de espaço soma e denotaremos por X = P X k : k2n PROPOSIÇÃO 1.1.4 [2]: Na de nição 1.1.3 temos que T realmente de ne uma topologia em X: DEMONSTRAÇÃO : É imediato da de nição que: (i) ; 2 T e X 2 T; pois para cada k 2 N temos que ; \ X k = ; 2 T k e X \ X k = X k 2 T k : (ii) Para uma família fu j g j2j em T; temos que 8j 2 J e 8k 2 N U j \ X k 2 T k ; com isso U = S U j 2 T, pois 8k 2 N U \ X k = ( S U j ) \ X k = S (U j \ X k ) 2 T k : j2j j2j (iii) Para uma coleção nita fu j g n j=1 em T, temos que 8j = 1; :::; n e 8k 2 N U j \X k 2 T k ; T com isso temos que para cada k 2 N U \ X k = ( n T U j ) \ X k = n (U j \ X k ) 2 T k ; então T U = n U j 2 T: j=1 DEFINIÇÃO 1.1.5 [6]: Seja X um espaço topológico. Um subconjunto B de X é chamado: (a) regularmente aberto se, e somente se, B = int(b): (b) regularmente fechado se, e somente se, B = int(b): PROPOSIÇÃO 1.1.6 [3]: Se F é um conjunto fechado, então int(f ) é regularmente aberto. j=1 j2j j=1 DEMONSTRAÇÃO : Considere B = int(f ); devemos mostrar que B = int(b): int(b) B; pois B = int(f ) F, daí B F = F; pois F é fechado, portanto int(b) int(f ) = B:

Seção 1.1 Conceitos Básicos 3 B int(b); pois int(f ) = B B; daí int(int(f )) int(b); mas como int(f ) é aberto temos que int(int(f )) = int(f ); daí B = int(f ) int(b): Logo int(f ) é regularmente aberto. PROPOSIÇÃO 1.1.7 [3]: Se A é um conjunto aberto então A é regularmente fechado. DEMONSTRAÇÃO : Análoga a da proposição 1.1.6 DEFINIÇÃO 1.1.8 [10] (Função Contínua) : Sejam X e Y espaços topológicos. Uma função f : X! Y é dita ser contínua se, e somente se, para cada V subconjunto aberto em Y temos que f 1 (V ) é aberto em X: PROPOSIÇÃO 1.1.9 [10] : Sejam X e Y espaços topológicos, então f : X! Y é uma função contínua se, e somente se, para cada A X temos que f(a) f(a): DEFINIÇÃO 1.1.10 [3](Função Almost Contínua) : Sejam X e Y espaços topológicos e seja f : X! Y uma função. Dizemos que f é almost contínua se, e somente se, f 1 (B) é aberto em X para cada B Y regularmente aberto. DEFINIÇÃO 1.1.11 [12] (Função Fortemente Contínua) : Sejam X e Y espaços topológicos e seja f : X! Y uma função. Dizemos que f é fortemente contínua se, e somente se, para cada A X temos que f(a) f(a): Obs: temos que se f é uma função fortemente contínua então f é contínua, pois dado A X por f ser fortemente contínua temos que f(a) f(a) f(a), então pela proposição 1.1.9 temos que f é contínua. DEFINIÇÃO 1.1.12 [12](Função Fracamente Contínua) : Sejam X e Y espaços topológicos e seja f : X! Y uma função. Dizemos que f é fracamente contínua se, e somente se, f 1 (B) int(f 1 (B)) para cada B aberto em Y : DEFINIÇÃO 1.1.13 [10] (Função Aberta) : Sejam X e Y espaços topológicos, uma função f : X! Y é dita aberta se, e somente se, para cada U subconjunto aberto em X temos que f(u) é aberto em Y:

4 Capítulo I Teoria Básica DEFINIÇÃO 1.1.14 [11](Função Almost Aberta): Sejam X e Y espaços topológicos e seja f : X! Y uma função. Dizemos que f é almost aberta quando, f(b) é aberto em Y para cada B X regularmente aberto. DEFINIÇÃO 1.1.15 [12] (Espaço Semi-regular) : Um espaço topológico X é dito ser semi-regular se, e somente se, para cada x 2 X e para cada vizinhança U de x; existe V regularmente aberto tal que x 2 V U. DEFINIÇÃO 1.1.16 [11] (Espaço extremally desconexo) : Um espaço topológico X é dito ser extremally desconexo se, e somente se, para cada U aberto em X temos que U é aberto em X: DEFINIÇÃO 1.1.17 [10] (Cobertura) : Uma coleção U de subconjuntos de X é dita uma cobertura aberta de X; quando os elementos de U são abertos e a união dos elementos de U é igual a X: DEFINIÇÃO 1.1.18 [2] (! -coberturas): Uma! -cobertura em X é uma família de abertos U tal que para cada subconjunto nito F de X, existe V 2 U com F V: 1.2 Compacidade DEFINIÇÃO 1.2.1 [10] (Compacto): Um espaço topológico X é dito ser compacto quando, toda cobertura aberta de X contém uma subcobertura nita. PROPOSIÇÃO 1.2.2 [10] : Todo subconjunto fechado de um conjunto compacto é compacto. PROPOSIÇÃO 1.2.3 [10] : Seja X um espaço de Hausdor, então todo subconjunto compacto de X é fechado.

Seção 1.2 Compacidade 5 PROPOSIÇÃO 1.2.4 [10]: Sejam X um espaço topológico e A um compacto em X: Considere X n com a topologia produto. Se W é um aberto em X n tal que A n W então existe V aberto em X tal que A V e A n V n W: Em topologia geral existem 3 modos de se de nir espaços localmente compacto, os quais serão chamadas aqui de espaço topológico localmente compacto, espaço topológico fracamente localmente compacto e espaço topológico relativamente localmente compacto, de nidos a seguir: DEFINIÇÃO 1.2.5 [9] (Espaço Topológico Localmente Compacto): Um espaço topológico hx; T i é localmente compacto se, e somente se, para cada x 2 X e V 2 T tal que x 2 V, existe U 2 T e C X compacto tais que x 2 U C V: DEFINIÇÃO 1.2.6 [9] (Espaço Topológico Fracamente Localmente Compacto): Um espaço topológico hx; T i é fracamente localmente compacto se, e somente se, para cada x 2 X existem U 2 T e C X compacto tais que x 2 U C: DEFINIÇÃO 1.2.7 [9] (Espaço Topológico Relativamente Localmente Compacto): Um espaço topológico hx; T i é relativamente localmente compacto se, e somente se, para cada x 2 X existe U 2 T tal que x 2 U e U é compacto. PROPOSIÇÃO 1.2.8 [9] : Em espaços de Hausdor as de nições anteriores sobre compacidade local são equivalentes. DEFINIÇÃO 1.2.9 [4](Almost Compacto) : Um espaço topológico X é dito almost compacto se, e somente se, para cada cobertura aberta U = fu j g j2j de X; existe I <1 J tal que X S U j : DEFINIÇÃO 1.2.10 [12](Nearly Compacto) : Um espaço topológico X é nearly compacto se, e somente se, para cada cobertura aberta U = fu j g j2j de X, existe I <1 J tal que X S int(u j ): j2i j2i

6 Capítulo I Teoria Básica PROPOSIÇÃO 1.2.11 : Seja X um espaço topológico compacto, então X é nearly compacto. DEMONSTRAÇÃO : Seja U = fu j g j2j uma cobertura aberta de X; como X é compacto existe I <1 J tal que X S U j ; com isso temos que X S int(u j ); pois dado x 2 X; temos j2i que existe j 2 I com x 2 U j U j, mas como U j é aberto temos que x 2 int(u j ): j2i DEFINIÇÃO 1.2.12 [10] (Espaços Lindelöf) : Um espaço topológico X é Lindelöf se, e somente se, cada cobertura aberta de X possui uma subcobertura enumerável. DEFINIÇÃO 1.2.13 [1](Nearly Lindelöf) : Um espaço topológico X é dito ser nearly Lindelöf se, e somente se, para cada cobertura aberta U = fu j g j2j de X existe I subconjunto enumerável de J tal que X = S int(u j ). DEFINIÇÃO 1.2.14 [5](Almost Lindelöf) : Um espaço topológico X é dito ser almost Lindelöf se, e somente se, para toda cobertura aberta U = fu j g j2j de X existe I subconjunto enumerável de J tal que X = S U j : j2i j2i

C A P Í T U L O I I Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e! As propriedades de recobrimento Hurewicz e! que trataremos neste capítulo se enquadram dentro do que Scheepers chama em seus artigos de princípio de seleção. Tal princípio diz o seguinte: dada uma classe de objetos e uma classe de objetos ; mediante um certo procedimento podemos obter para cada objeto A 2 um objeto (A) 2 : Α Γ Π Π(Α) Um exemplo conhecido de propriedade que se enquadra neste princípio é a compacidade. Seja = = f coberturas abertas g = existir subcobertura nita. 7

8 Capítulo II Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e! Dizemos que um espaço topológico X é compacto se, e somente se, satisfaz o princípio de seleção acima, isto é, X 2 ( ; ): Este capítulo está dividido em duas seções. Na primeira seção trataremos de espaços Hurewicz que foram introduzidos em [7]. Nesta seção apresentamos exemplos sobre esse espaço, além de alguns resultados como a invariância por funções contínuas, e a relação com espaços compactos e Lindelö. Na segunda seção trataremos da propriedade! que foi introduzida em [2]. Apresentamos alguns resultados, entre eles uma condição necessária e su ciente para que um espaço possua a propriedade! através da propriedade Hurewicz. 2.1 Espaços Hurewicz DEFINIÇÃO 2.1.1 [7] (Hurewicz) : Um espaço topológico hx; T i é Hurewicz se e somente se, para cada sequência fu n g n2n de coberturas abertas de X, existe uma sequência fv n g n2n tal que: (i) para cada n 2 N, V n <1 U n ; (ii) 8x 2 X; 9n 0 2 N tal que 8n 2 N se n > n 0 ; então existe V 2 V n com x 2 V: Un U2 U1 Π X Vn no V2 x X V1

Seção 2.1 Espaços Hurewicz 9 Vamos agora veri car que esta propriedade se enquadra no princípio de seleção. Basta tomarmos = = conjunto de todas as sequencias de coberturas abertas. = existir um elemento de satisfazendo (i) e (ii): Com isso dizemos que X tem a propriedade Hurewicz se, e somente se, X 2 ( ; ): Vamos apresentar um exemplo de espaço Hurewicz EXEMPLO 2.1.2 : O conjunto dos números reais R com a topologia usual é um espaço Hurewicz. Seja fu n g n2n uma sequência de coberturas abertas de R; onde cada U n = fu nj g j2jn : Como cada [ n; n] R é compacto, 9I n <1 J n tal que V n = fu nj g j2in é uma cobertura de [ n; n], daí a sequência fv n g n2n é tal que: (i) 8n 2 N; I n <1 J n e V n = fu nj g j2in ; com isso temos que V n <1 U n : (ii) Seja x 2 R; temos que existe n 0 2 N tal que jxj n 0 : Para n 2 N, se n n 0 ; então jxj n 0 n; isto é, x 2 [ n; n]; mas V n = fu nj g j2in é uma cobertura de [ n; n], então existe j 2 I n tal que x 2 U nj 2 V n : PROPOSIÇÃO 2.1.3 : Seja X = S K i ; onde 8n 2 N K i é compacto e K i K i+1 ; então X é Hurewicz. i2n DEMONSTRAÇÃO : Considere fu n g n2n uma sequência de coberturas abertas de X, onde cada U n = fu nj g j2jn : Como 8n 2 N K n X temos que U n é uma cobertura de K n ; como K n é compacto existe I n <1 J n tal que K n S j2i n U nj : Considere então 8n 2 N V n = fu nj g j2in ; daí a sequência fv n g n2n é tal que: (i) 8n 2 N V n <1 U n : (ii) Seja x 2 X; como X = S i2n K i existe n 0 2 N tal que x 2 K n0 S j2i n0 U n0 j; daí x 2 U n0 j 0 para algum j 0 2 I n0 ; mas como j 0 2 I n0 temos que U n0 j 0 2 V n0 : De K i K i+1 temos que 8n 2 N n n 0 x 2 K n0 K n S j2i n U nj, portanto existe j 2 I n tal que x 2 U nj 2 V n : Portanto X é Hurewicz.

10 Capítulo II Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e! PROPOSIÇÃO 2.1.4 : Se X = S K i onde cada K i é compacto, então X é Hurewicz. i2n DEMONSTRAÇÃO : Seja X = S S K i, considere 8i 2 N Ki 0 = i K j temos que Ki 0 é compacto, i2n j=1 Ki 0 Ki+1 0 e X = S Ki 0 então pela proposição anterior X é Hurewicz. i2n COROLÁRIO 2.1.5 : Se um espaço topológico hx; T i é compacto, então hx; T i é Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Considerando 8i 2 N X i = X; temos que X = [ i2n X i ; então pela proposição anterior temos que X é Hurewicz. PROPOSIÇÃO 2.1.6 :Se um espaço topológico hx; T i é Hurewicz, então hx; T i é Lindelöf. DEMONSTRAÇÃO : Seja U = fu j g j2j uma cobertura aberta de X, considere então a sequência fu n g n2n, onde cada U n = U. Como X é Hurewicz, existe uma sequência fv n g n2n, tal que: (i) 8n 2 N, V n <1 U n = U; isto é, 9I n <1 J tal que, V n = fu j g j2in : (ii) 8x 2 X, 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então existe V 2 V n com x 2 V: Considere V = fu j ; j 2 I n ; n 2 Ng, então, V é uma subcobertura enumerável de X, pois 8n 2 N; I n é nito, e dado x 2 X, por (ii) existe n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 ; então existe V 2 V n com x 2 V; logo existe V 2 V n0 ; com x 2 V; mas de V 2 V n0 ; temos que, V = U j ; para algum j 2 I n0 ; logo V 2 V: Logo X é um espaço Lindelöf. Apresentamos agora um exemplo de espaço que não é Hurewicz EXEMPLO 2.1.7 : O conjunto dos números reais R com a topologia do ponto particular p (ver def 1.1.2) não é Lindelö, pois ffx; pg R; x 2 Rg é uma cobertura aberta de X que não possui subcobertura enumerável. Logo, pela proposição anterior, R com essa topologia não é Hurewicz. DEFINIÇÃO 2.1.8 : Seja X um espaço topológico e Y um subconjunto de X: Diremos que Y é Hurewicz se, e somente se, Y é um espaço Hurewicz como subespaço de X:

Seção 2.1 Espaços Hurewicz 11 PROPOSIÇÃO 2.1.9 : Seja Y subespaço de X. Y é Hurewicz se, e somente se, para cada sequência fu n g n2n de coberturas de Y por abertos em X, existe uma sequência fv n g n2n tal que: (i) 8n 2 N, V n <1 U n : (ii) 8y 2 Y; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 ; então existe V 2 V n com y 2 V: DEMONSTRAÇÃO : )) Suponha Y Hurewicz. Seja fu n g n2n sequência de coberturas de Y, por abertos em X, onde 8n 2 N; U n = fu nj g j2jn : Considere a sequência fw n g n2n onde cada W n = fw nj g j2jn com W nj = U nj \ Y; então W n é uma cobertura de Y; pois dado y 2 Y como U n é uma cobertura de Y temos que existe j 2 J n com y 2 U nj ; mas y 2 Y então y 2 U nj \ Y = W nj ; e W n é formado por conjuntos abertos em Y; como Y é Hurewicz existe uma sequência fh n g n2n ; tal que: (1) 8n 2 N, H n <1 W n, isto é, 9I n <1 J n tal que H n = fw nj g j2in : (2) 8y 2 Y; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 ; então existe V 2 H n com y 2 V: Considere 8n 2 N; V n = fu nj g j2in ; daí a sequência fv n g n2n ; é tal que: (i) 8n 2 N; V n <1 U n : (ii) Seja y 2 Y, por (2) 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então, existe V 2 H n com y 2 V, mas de V 2 H n temos que existe j 2 I n com V = W nj = U nj \ Y: Então como j 2 I n temos que U nj 2 V n e y 2 U nj : () Vamos mostrar que Y é Hurewicz. Seja fu n g n2n sequência de coberturas de Y por abertos em Y; onde cada U n = fu nj g j2jn : Por Y ser subespaço de X, para cada n 2 N; e para cada j 2 J n ; existe V nj aberto em X tal que, U nj = V nj \ Y: Considere 8n 2 N, W n = fv nj g j2jn ; então W n é uma cobertura de Y pois, se y 2 Y; 9j 2 J n tal que y 2 U nj ; daí y 2 V nj ; e daí a sequência fw n g n2n é uma sequência de coberturas de Y por abertos em X; então por hipótese, existe uma sequência fh n g n2n ; tal que: (1) 8n 2 N, H n <1 W n, isto é, 9I n <1 J n tal que, H n = fv nj g j2in : (2) 8y 2 Y; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então existe V 2 H n com y 2 V: Considere 8n 2 N; V n = fu nj g j2in ; daí a sequência fv n g n2n ; é tal que: (i) 8n 2 N; V n <1 U n :

12 Capítulo II Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e! (ii) Seja y 2 Y; por (2) 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então existe V 2 H n com y 2 V; de V 2 H n temos que existe j 2 I n com y 2 V nj ; mas como y 2 Y, então y 2 V nj \Y = U nj 2 V n ; pois j 2 I n : Logo Y é um espaço Hurewicz. PROPOSIÇÃO 2.1.10 : Todo subespaço fechado F de um espaço Hurewicz X; é Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Seja fu n g n2n uma sequência de coberturas de F; por abertos em X; onde cada U n = fu nj g j2jn : Como F é fechado, F c é aberto. Considere W n = fu nj g j2jn [F c, então W n é uma cobertura aberta de X; pois dado x 2 X; se x 2 F como U n é uma cobertura de F; então existe j 2 J n tal que x 2 U nj, se x =2 F então x 2 F c : daí fw n g n2n é uma sequência de coberturas abertas de X. Como X é Hurewicz, existe uma sequência fh n g n2n ; tal que: (1) 8n 2 N; H n <1 W n ; isto é, existe I n conjunto nito tal que H n = fv nj g j2in onde V nj = U ni para algum i 2 J n ou V nj = F c : (2) 8x 2 X; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então, existe V 2 H n com x 2 V: Considere V n = fu nj 2 U n ; U nj 2 H n g, então a sequência fv n g n2n ; é tal que: (i) 8n 2 N; temos que V n <1 U n ; pois H n é formado por nitos elementos. (ii) Seja y 2 F; como F X temos y 2 X; daí por (2) 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0, existe V 2 H n ; com y 2 V: Como V 2 H n ; temos que V = U ni 2 U n ou V = F c ; mas como y 2 F temos que y =2 F c, então V = U ni 2 U n ; daí V 2 V n ; com isso temos y 2 V 2 V n : Por 2.1.9 F é um espaço Hurewicz. PROPOSIÇÃO 2.1.11 : Sejam X e Y espaços topológicos com X Hurewicz. Se f : X! Y é uma função contínua e sobrejetora, então Y é Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Seja fu n g n2n uma sequência de coberturas abertas de Y, onde cada U n = fu nj g j2jn : Considere 8n 2 N W n = ff 1 (U nj )g j2jn ; como f é contínua, f 1 (U nj ) é aberto em X, e ainda W n é uma cobertura de X, pois se x 2 X,temos que f(x) 2 Y, daí 9j 2 J n tal que f(x) 2 U nj ; então x 2 f 1 (U nj ); com isso fw n g n2n é uma sequência de coberturas abertas de X: Como X é Hurewicz, existe uma sequência fh n g n2n ; tal que:

Seção 2.1 Espaços Hurewicz 13 (1) 8n 2 N; H n <1 W n ; isto é, existe I n <1 J n ; tal que, H n = ff 1 (U nj )g j2in : (2) 8x 2 X, 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0, então existe V 2 H n com x 2 V; isto é, existe j 2 I n com x 2 f 1 (U nj ): Considere 8n 2 N, V n = fu nj g j2in ; daí a sequência fv n g n2n é tal que: (i) 8n 2 N, V n <1 U n : (ii) Seja y 2 Y, como f é sobrejetora 9x 2 X tal que f(x) = y; mas de x 2 X, por (2) existe n 0 2 N, tal que, 8n 2 N se n n 0, então existe j 2 I n com x 2 f 1 (U nj ); com isso temos que y = f(x) 2 f(f 1 (U nj )) U nj 2 V n ; pois j 2 I n : Logo Y é um espaço Hurewicz. Sabemos que dada uma função contínua f : A! R, se A é compacto então f assume máximo e mínimo. Esse resultado não é valido para espaços Hurewicz, veja o exemplo a seguir: EXEMPLO 2.1.12 : Já vimos que R munido da topologia usual é um espaço Hurewicz, e f : R! R dada por f(x) = x é contínua e não assume máximo nem mínimo. PROPOSIÇÃO 2.1.13 : Seja fhx k ; T k ig k2n ; uma família de espaços topológicos disjuntos. Se 8k 2 N X k é Hurewicz, então o espaço soma X = P k2n X k (ver 1.1.3) é um espaço Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Seja fu n g n2n uma sequência de coberturas abertas de X; onde cada U n = fu nj g j2jn : Seja k 2 N xo, e considere 8n 2 N, U k n = fu nj \ X k g j2jn ; então a sequência fu k ng n2n, é uma sequência de coberturas abertas de X k ; pois dado x 2 X k X como U n é uma cobertura de X, temos que existe j 2 J n tal que x 2 U nj, mas como x 2 X k ; temos que x 2 U nj \ X k. Como X k é Hurewicz, então existe uma sequência fv k ng n2n ; tal que: (1) 8n 2 N, V k n <1 U k n; isto é, existe In k <1 J n ; tal que, V k n = fu nj \ X k g j2i k n : (2) 8x 2 X k, 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0, existe V 2 V k n com x 2 V:

14 Capítulo II Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e! Considere então, V n = fu nj ; j 2 I k n; k = 1; :::; ng, então a sequência fv n g n2n, é tal que: (i) 8n 2 N, fazendo I n = fj 2 J n ; j 2 I k n para k = 1; :::; ng; temos que I n <1 J n e V n = fu nj g j2in ; com isso V n <1 U n : (ii) Seja x 2 X, como X = S X k então, existe k 0 2 N, tal que x 2 X k0 ; daí por (2) 9n 0 2 N, k2n que podemos escolher maior que k 0, onde 8n 2 N se n n 0, existe V 2 V k 0 n com x 2 V, de V 2 V k 0 n temos que existe j 2 I k 0 n com V = U nj \ X k0 ; como k 0 n 0 n temos que j 2 I n ; como x 2 U nj \ X k U nj, temos x 2 U nj 2 V n : Portanto, X é um espaço Hurewicz. PROPOSIÇÃO 2.1.14 : Seja X um espaço topológico e sejam H e Y subespaços de X; com H Hurewicz e Y fechado, então H \ Y é Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Seja fu n g n2n sequência de coberturas de H \ Y por abertos em X; onde cada U n = fu nj g j2jn. Considere 8n 2 N H n = fu nj g j2jn [ Y c ; então H n é uma cobertura de H por abertos em X; pois como Y é fechado temos que Y c é aberto em X; e dado x 2 H se x 2 Y então x 2 H \ Y daí existe j 2 J n tal que x 2 U nj ; se x =2 Y então x 2 Y c : Portanto temos que a sequência fh n g n2n é uma sequência de coberturas abertas de H por abertos em X; como H é Hurewicz em X por 2.1.9; existe uma sequência fw n g n2n tal que: (1) 8n 2 N, W n <1 H n ; isto é, existe I n subconjunto nito tal que W n = fv nj g j2in onde V nj = U ni para algum i 2 J n ou V nj = Y c : (2) 8x 2 H; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então existe V 2 W n com x 2 V: Considere V n = fu nj 2 H n ; U nj 2 U n g; então a sequência fv n g n2n é tal que: (i) 8n 2 N, V n <1 U n, pois H n é formado por nitos elementos: (ii) Seja x 2 H \ Y; temos que x 2 H e x 2 Y; de x 2 H; por (2) 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então existe V 2 W n com x 2 V; como V 2 H n ; temos que V = U ni 2 U n ou V = Y c ; mas como y 2 Y temos que y =2 Y c, então V = U ni 2 U n ; daí V 2 V n ; com isso temos y 2 V 2 V n : Logo por 2.1.9 H \ Y é um espaço Hurewicz.

Seção 2.2 Propriedade! 15 2.2 Propriedade! DEFINIÇÃO 2.2.1 [2] (! -coberturas): Uma! -cobertura em X é uma família de abertos U tal que para cada subconjunto nito F de X, existe V 2 U com F V: DEFINIÇÃO 2.2.2 [2] (Propriedade! ) : Um espaço topológico hx; T i tem a propriedade! se, e somente se, para cada sequência fu n g n2n de! -coberturas de X; existe uma sequência fv n g n2n, tal que: (i) 8n 2 N, temos V n <1 U n : (ii) 8F <1 X; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n > n 0 então, existe V 2 V n com F V: Un U2 U1 Π X Vn no V2 F X V1 Vamos veri car que a propriedade! também se enquadra no princípio de seleção, tomando = conjunto de sequencias de! -coberturas. = conjunto de sequencias de coberturas.

16 Capítulo II Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e! = existir um elemento de satisfazendo as propriedades (i) e (ii). Então dizemos que um espaço X possui a propriedade! se, e somente se, X 2 ( ; ): PROPOSIÇÃO 2.2.3 : Sejam hx; T X i e hy; T Y i espaços topológicos, onde X tem a propriedade! ; e seja f : X! Y uma função contínua e sobrejetora, então Y tem a propriedade! : DEMONSTRAÇÃO : Seja fu n g n2n uma sequência de! -coberturas, onde cada U n = fu nj g j2jn : Considere 8n 2 N; W n = ff 1 (U nj )g j2jn, então W n é uma! -cobertura de X, pois como f é contínua, W n é uma família de abertos, e para cada G <1 X; temos que f(g) <1 Y; daí por U n ser uma! -cobertura 9j 2 J n com f(g) U nj ; então G f 1 f(g) f 1 (U nj ): Então fw n g n2n é uma sequência de! -coberturas de X, como X tem a propriedade! ; existe uma sequência fh n g n2n ; tal que: (1) 8n 2 N; H n <1 W n ; isto é, existe I n <1 J n ; tal que, H n = ff 1 (U nj )g j2in : (2) 8G <1 X; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n > n 0 então existe V 2 H n com G V: Considere agora 8n 2 N; V n = fu nj g j2in ; então a sequência fv n g n2n é tal que: (i) 8n 2 N; temos I n <1 J n ;e V n = fu nj g j2in ; daí V n <1 U n : (ii) Seja F <1 Y; podemos considerar F = fy 1 ; y 2 ; :::; y k g, como f é sobrejetora existem x 1 ; x 2 ; :::; x k 2 X tais que 8i = 1; :::; k temos f(x i ) = y i, e considerando G = fx 1 ; x 2 ; :::; x k g temos que G <1 X; daí por (2) 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n > n 0 ; então existe V 2 H n com G V, mas de V 2 H n temos que existe j 2 I n com V = f 1 (U nj ); então F = f(g) f(f 1 (U nj )) U nj 2 V n : Portanto Y tem a propriedade!. PROPOSIÇÃO 2.2.4 : Um espaço topológico hx; T i tem a propriedade! se, e somente se, 8n 2 N X n é Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : )) Suponha que X tem a propriedade!, e seja k 2 N, vamos mostrar que X k é Hurewicz. Seja fu n g n2n uma sequência de coberturas abertas de X k, onde cada U n = fu nj g j2jn :

Seção 2.2 Propriedade! 17 Seja F <1 X; então F k <1 X k ; portanto F k é compacto. Como U n é uma cobertura aberta de X k ; U n é uma cobertura aberta de F k ; portanto existem Jn F <1 J n tais que F k S U nj ; então pelo teorema 1.2.4, existe um subconjuto V F aberto em X tal que j2jn F F V F e VF k S U (4) nj : j2j F n Considere W n = fv F é aberto e se F <1 X existe V F 2 T ; F <1 Xg, então W n é! -cobertura de X, pois cada V F 2 W n tal que F V F : Então a sequência fw n g n2n é uma sequência de! -coberturas de X: Como X tem a propriedade!, existe uma sequência fh n g n2n ; tal que: (1) 8n 2 N; H n <1 W n ; isto é, existe K n nito tal que H n = fv Fi g i2kn : (2) 8F <1 X; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n > n 0 ; então existe V 2 H n com F V: Considere 8n 2 N; V n = fu nj ; j 2 J F i n ; i 2 K n g, então a sequência fv n g n2n é tal que: (i) 8n 2 N; fazendo I n = fj 2 J n ; j 2 J F i n ; i 2 K n g; temos que I n <1 J n e V n = fu nj g j2in ; daí V n <1 U n : (ii) Seja x 2 X k ; temos x = (x 1 ; x 2 ; :::; x k ) com x 1 ; x 2 ; :::; x k 2 X. Então considerando o conjunto F = fx 1 ; x 2 ; :::; x k g, temos que F <1 X, daí por (2) 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então existe V 2 H n com F V; mas de V 2 H n existe i 2 K n com F V Fi, mas de F V Fi, temos que F k VF k i, mas por (M); temos que VF k i S U nj, portanto x 2 F k S j2j F i n logo x 2 U nj 2 V n : U nj ; logo 9j 2 J F i n j2j F i n tal que x 2 U nj, mas como i 2 K n e j 2 J F i n então j 2 I n ; Portanto, X k é um espaço Hurewicz, e como k 2 N era qualquer, temos que 8n 2 N X n é um espaço Hurewicz. () Suponha que 8n 2 N X n é Hurewicz, vamos mostrar que X tem a propriedade! : Seja fu n g n2n uma sequência de! -coberturas de X, onde cada U n = fu nj g j2jn : Seja X = X [ X 2 [ ::: [ X n [ ::: o espaço soma, e vamos considerar para cada n 2 N W n = fu k nj; j 2 J n ; k 2 Ng, então W n é uma cobertura aberta de X, pois cada U k nj é aberto em X e dado x 2 X temos que x = (x 1 ; x 2 ; :::; x m ), mas daí considerando F = fx 1 ; x 2 ; :::; x m g temos que F <1 X, por U n ser uma! -cobertura de X; então existe V 2 U n com F V;

18 Capítulo II Algumas Propriedades de Recobrimento: Hurewicz e! isto é, 9j 2 J n com F U nj, portanto x 2 F m Unj m 2 W n : daí fw n g n2n é uma sequência de coberturas abertas de X, mas como 8n 2 N X n é Hurewicz por 2.1.13 temos que X é Hurewicz, então existe uma sequência fh n g n2n ; tal que: (1) 8n 2 N; H n <1 W n ; isto é, existem I n <1 J n e K n <1 N, de forma que podemos escrever H n = funj; k j 2 I n ; k 2 K n g: (2) 8x 2 X; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 então existe V 2 H n com x 2 V: Considere V n = fu nj g j2in, então a sequência fv n g n2n é tal que: (i) 8n 2 N; I n <1 J n e V n = fu nj g j2in ; daí V n <1 U n : (ii) Seja F <1 X, digamos F = fx 1 ; x 2 ; :::; x p g; considerando x = (x 1 ; x 2 ; :::; x p ) temos que x 2 X p X, daí por (2) temos que 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 ; então existe V 2 H n com x 2 V, de V 2 H n temos que 9j 2 I n e p 2 k n tais que V = U p nj, logo x 2 U p nj e portanto 8i = 1; :::; p; x i 2 U nj, então F U nj 2 V n, pois j 2 I n. Logo X tem a propriedade!.

C A P Í T U L O I I I Espaços Localmente Hurewicz Neste capítulo propomos três de nições de espaços localmente Hurewicz e provaremos a equivalência dessas de nições em espaços de Hausdor que satisfazem uma propriedade que aqui chamaremos C-espaço. A primeira seção é dedicada ao estudo dos C-espaços. O resultado principal desta seção é que todo subespaço Hurewicz em um C-espaço de Hausdor é fechado, este é o resultado que será utilizado para mostrar a equivalência dos espaços localmente Hurewicz em C-espaços de Hausdor. A segunda seção é dedicada aos espaços localmente Hurewicz, que serão aqui chamados de espaços topológicos localmente Hurewicz, fracamente localmente Hurewicz e relativamente localmente Hurewicz e obtemos alguns resultados como a equivalência em C-espaços de Hausdor. 3.1 C-espaço DEFINIÇÃO 3.1.1 (C-espaço) : Seja hx; T i um espaço topológico, X é um C-espaço se, e somente se, para cada x 2 X, T e para cada sequência fa n g n2n, onde cada A n = fa nj 2 T ; 1 j k n g com x 2 kn A nj, T existe V 2 T tal que, 8n 2 N x 2 V kn A nj : j=1 19 j=1

20 Capítulo III Espaços Localmente Hurewicz Temos a seguir um exemplo de um C-espaço EXEMPLO 3.1.2 : Considere X um espaço qualquer, com a topologia discreta. X é um C- espaço, pois dado x 2 X e uma sequência fa n g n2n onde, para cada n 2 N, A n = fa nj g kn j=1 T com A jn aberto, e, x 2 kn T A nj, então, fxg é um aberto tal que, 8n 2 N x 2 fxg kn A nj. j=1 A seguir temos um exemplo de um espaço topológico que não é um C-espaço j=1 EXEMPLO 3.1.3 : R com a topologia usual não é um C-espaço, pois 0 2 R e considerando 1 a sequência fa n g n2n ; onde cada A n = f( ; 1 ); 8k 2 N; 1 k ng, temos que para cada k k T n 2 N 0 2 n 1 ( ; 1); mas não existe U aberto em R, tal que, 8n 2 N 0 2 U T n 1 ( ; 1). k k k k k=1 LEMA 3.1.4 : Seja X um C-espaço de Hausdor, A um subespaço Hurewicz de X e x 0 =2 A; então existem conjuntos abertos disjuntos V e U em X contendo x 0 e A; respectivamente: k=1 DEMONSTRAÇÃO : Considere a 2 A, como x 0 =2 A temos que x 0 6= a; como X é um espaço de Hausdor existem V a e U a abertos disjuntos em X contendo x 0 e a: Considere então 8n 2 N U n = fu a g a2a ; temos então que fu n g n2n é uma sequência de coberturas de A por abertos em X: Como A é Hurewicz por 2.1.9 existe uma sequência fw n g n2n tal que: (i) 8n 2 N, W n <1 U n ; isto é, 9I n <1 A tal que W n = fu a g a2in : (ii) 8y 2 A; 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 ; existe a 2 I n com y 2 U a : Considere agora, 8n 2 N V n = fv a g a2in ; como para cada a 2 A; x 0 2 V a então 8n 2 N x 0 2 T V a, mas como X é um C-espaço temos que existe V aberto em X tal que 8n 2 N a2i n x 0 2 V T V a : a2i n Vamos considerar U = S ( S U a ) temos que U é aberto em X e que A U; pois dado n2n a2i n y 2 A por (ii) 9n 0 2 N tal que, 8n 2 N se n n 0 existe a 2 I n tal que y 2 U a ; logo y 2 S U a S ( S U a ) = U: a2i n0 n2n a2i n Vamos veri car agora que V e U são disjuntos. Suponha por absurdo que 9y 2 V \ U então y 2 U = S ( S U a ) logo 9n 0 2 N tal que y 2 S U a e daí 9a 0 2 I n0 tal que y 2 U a0 ; a2i n a2i n0 n2n

Seção 3.1 C-espaço 21 mas como y 2 V e 8n 2 N V T V a então temos que V T V a ; logo y 2 V a2i n a2i n0 portanto 8a 2 I n0 y 2 V a logo y 2 V a0, mas daí V a0 \ U a0 6= ;, contradição. T a2i n0 V a PROPOSIÇÃO 3.1.5 : Sejam hx; T i um C-espaço topológico de Hausdor e A um subespaço Hurewicz de X, então A é fechado. DEMONSTRAÇÃO : Vamos mostrar que A c é aberto, ou seja, se x 2 A c existe U 2 T tal que x 2 U A c. Como x =2 A, A é Hurewicz e X é um C-espaço de Hausdor pelo lema 3.1.4, existem V e U abertos disjuntos contendo x e A; respec. Com isso temos que x 2 V A c ; pois como A U e U \ V = ; então A \ V = ;: Portanto A c é aberto logo A é fechado. PROPOSIÇÃO 3.1.6 : Sejam hx; T X i um C-espaço topológico, e hy; T Y i um subespaço de X, então Y é um C-espaço topológico. DEMONSTRAÇÃO : Seja x 2 Y, e seja fa n g n2n uma sequência tal que, para cada n 2 N, T A n = fa nj 2 T Y ; j = 1; :::; K n g, e x 2 kn A nj, então, como Y é subespaço de X, 8n 2 N e j=1 8j = 1; :::; k n, existe U nj 2 T X tal que A nj = U nj \ Y. Com isso A nj U nj, logo 8n 2 N T x 2 kn U nj, como X é um C-espaço, existe U 2 T X tal que, para cada n 2 N temos j=1 T que x 2 U kn U nj, logo V = U \ Y é tal que, V 2 T Y ; x 2 V e para cada n 2 N j=1 T V = U \ Y ( kn T U nj ) \ Y = kn T (U nj \ Y ) = kn A nj. j=1 j=1 Portanto Y é um C-espaço topológico. PROPOSIÇÃO 3.1.7 : Sejam hx; T X ium C-espaço topológico, hy; T Y i um espaço topológico e seja f : X! Y trasformação aberta, contínua e sobrejetora, então Y é um C-espaço topológico. j=1 DEMONSTRAÇÃO : Sejam y 2 Y e fa n g n2n uma sequência tal que, para cada n 2 N T A n = fa nj 2 T Y ; j = 1; :::; k n g e y 2 kn A nj. Como f é sobrejetora, 9x 2 X tal que, j=1

22 Capítulo III Espaços Localmente Hurewicz f(x) = y. Para cada n 2 N e para cada j = 1; :::; k n como f é contínua e A nj 2 T Y, então T f 1 (A nj ) 2 T X. Logo para cada n 2 N temos x 2 f 1 (y) f 1 ( kn T A nj ) = kn f 1 (A nj ), T daí como X é um C-espaço, existe U 2 T X tal que, para cada n 2 N x 2 U kn f 1 (A nj ), T então para cada n 2 N y = f(x) 2 f(u) f( kn T f 1 (A nj )) kn (A nj ), como f é aberta, T temos f(u) é aberto. Logo 8n 2 N, y 2 f(u) kn (A nj ), com f(u) aberto. Portanto Y é um C-espaço. j=1 j=1 j=1 j=1 j=1 j=1 3.2 Espaços Localmente Hurewicz DEFINIÇÃO 3.2.1 (Espaço Topológico Localmente Hurewicz): Um espaço topológico hx; T i é localmente Hurewicz se, e somente se, para cada x 2 X e para cada V 2 T tal que x 2 V, existe U 2 T e H Hurewicz, onde x 2 U H V: V H U x

Seção 3.2 Espaços Localmente Hurewicz 23 DEFINIÇÃO 3.2.2 (Espaço Topológico Fracamente Localmente Hurewicz): Um espaço topológico hx; T i é fracamente localmente Hurewicz se, e somente se, para cada x 2 X, existe U 2 T e H Hurewicz, tal que, x 2 U H: U x H DEFINIÇÃO 3.2.3 (Espaço Topológico Relativamente Localmente Hurewicz): Um espaço topológico hx; T i é relativamente localmente Hurewicz se, e somente se, para cada x 2 X existe U 2 T com U Hurewicz, tal que x 2 U: U x

24 Capítulo III Espaços Localmente Hurewicz A gura abaixo apresenta as relações entre os espaços localmente Hurewicz que serão demonstradas a seguir 3.2.6 3.2.4 Fracamente Localmente Localmente Hurewicz! Hurewicz Hurewicz 3:2:8 & 3.2.9#" 3.2.7 3.2.5 Relativamente Localmente Hurewicz PROPOSIÇÃO 3.2.4 : Hurewicz. Todo espaço topológico hx; T i Hurewicz é fracamente localmente DEMONSTRAÇÃO : Dado x 2 X; tome U = X e H = X; então U 2 T; H é Hurewicz e x 2 U H: Portanto X é um espaço fracamente localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.5 : Um espaço topológico Hurewicz é relativamente localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Dado x 2 X; escolha U = X então x 2 U e como X é fechado U = X, logo U é Hurewicz. Portanto X é um espaço relativamente localmente Hurewicz PROPOSIÇÃO 3.2.6 : Um espaço topológico hx; T i localmente Hurewicz é fracamente localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Dado x 2 X, como X é localmente Hurewicz, para V = X existem U aberto em X e H Hurewicz tais que, x 2 U H X: Portanto X é um espaço fracamente localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.7 : Um espaço topológico hx; T i relativamente localmente Hurewicz é fracamente localmente Hurewicz.

Seção 3.2 Espaços Localmente Hurewicz 25 DEMONSTRAÇÃO : Dado x 2 X, como X é relativamente localmente Hurewicz, existe U aberto em X; com U Hurewicz tal que x 2 U, logo x 2 U U com U Hurewicz. Portanto X é um espaço fracamente localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.8 : Um C-espaço topológico hx; T i de Hausdor é localmente Hurewicz se, e somente se, é fracamente localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : )) ver 3.2.6 () Dado x 2 X; e V uma vizinhança de x; como X é fracamente localmente Hurewicz, existe um subespaço H Hurewicz contendo uma vizinhança de x: Considere A = H \ V c, como x 2 V temos que x =2 A; e ainda A é Hurewicz pois, como H é Hurewicz e X é um C-espaço de Hausdor por 3.1.5 H é fechado, daí A = H \ V c é fechado, e como A H por 2.1.10 A é Hurewicz,daí pelo lema 3.1.4 existem W x e W A abertos disjuntos contendo x e A; respc. De na U = W x \ int(h), então U é um aberto contendo x; e U int(h) H, daí U H, mas como H é fechado U H, logo U é um subespaço fechado de um espaço Hurewicz daí por 2.1.10 U é Hurewicz. Vamos veri car que U V: Note primeiro que U \A = ; pois, caso contrário, 9y 2 U \A, daí y 2 U logo qualquer vizinhança de y intersecta U, e y 2 A W A logo W A \ U 6= ;, mas U W x temos que W A \ W x 6= ;; contradição. Então temos que U H; e U \ A = ;; logo U V; com isso temos que x 2 U U V. Portanto X é um espaço localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.9 : Um C-espaço topológico hx; T i de Hausdor é relativamente localmente Hurewicz se, e somente se, é fracamente localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : )) ver 3.2.7 () Dado x 2 X; como X é fracamente localmente Hurewicz, existem U aberto em X e H Hurewicz tais que x 2 U H; então temos que U H, como H é um subespaço Hurewicz de um C-espaço de Hausdor por 3.1.5 H é fechado, logo U H, mas U é fechado então por 2.1.10 U é Hurewicz, daí x 2 U, com U Hurewicz.

26 Capítulo III Espaços Localmente Hurewicz Portanto X é um espaço relativamente localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.10 : Todo espaço topológico hx; T i localmente compacto é localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Dado x 2 X e V uma vizinhança de x; como X é localmente compacto existem U aberto em X e C compacto tais que x 2 U C V; mas por 2.1.5 C é Hurewicz logo X é localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.11 : Todo espaço topológico hx; T i fracamente localmente compacto é fracamente localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Dado x 2 X, como X é fracamente localmente compacto existem U aberto em X e C compacto tais que x 2 U C; mas por 2.1.5 C é Hurewicz, logo X é fracamente localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.12 : Todo espaço topológico hx; T i relativamente localmente compacto é relativamente localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Dado x 2 X, como X é relativamente localmente compacto existe U aberto em X com U compacto tal que x 2 U; mas por 2.1.5 U é Hurewicz, logo X é relativamente localmente Hurewicz. A seguir apresentamos exemplos e contra-exemplos de espaços localmente Hurewicz. No próximo exemplo temos um espaço topológico localmente Hurewicz, fracamente localmente Hurewicz e relativamente localmente Hurewicz EXEMPLO 3.2.13 : Considere R com a topologia usual, já vimos que neste caso R é Hurewicz, daí por 3.2.4 e por 3.2.5 temos que R é fracamente localmente Hurewicz e relativamente localmente Hurewicz. Apesar de R não ser um C-espaço, temos ainda que R é localmente Hurewicz, pois dado x 2 R e V aberto em R, existe um " > 0 tal que x 2 (x "; x + ") V; " mas daí (x ; x + ") é tal que x 2 (x " ; x + ") [x " ; x + " ] (x "; x + ") V, 2 2 2 2 2 2 " onde (x ; x + ") é aberto e [x " ; x + " ] é compacto, logo 2.1.5 é Hurewicz. 2 2 2 2

Seção 3.2 Espaços Localmente Hurewicz 27 O próximo exemplo mostra um espaço topológico que não é Hurewicz, mas é localmente Hurewicz, fracamente localmente Hurewicz e relativamente localmente Hurewicz EXEMPLO 3.2.14 : Considere R com a topologia discreta, temos então que R não é Lindelöf, pois ffxg=x 2 Rg é uma cobertura aberta de R que não possui subcobertura enumerável, logo por 2.1.6 R com a topologia discreta não é Hurewicz, mas para cada x 2 R; fxg é compacto logo é Hurewicz, com isso temos que R com a topologia discreta é localmente Hurewicz, pois dado x 2 R e V uma vizinhança de x, temos que x 2 fxg V; com fxg aberto e fxg Hurewicz, como R com a topologia discreta é um C-espaço de Hausdor, temos que neste caso R é também fracamente localmente Hurewicz e relativamente localmente Hurewicz. O próximo exemplo trata de um espaço topológico fracamente localmente Hurewicz que não é relativamente localmente Hurewicz EXEMPLO 3.2.15 : Seja R com a topologia do ponto particular p (ver def 1.1.2), já vimos no exemplo 2.1.7 que neste caso R não é Hurewicz. Dado A aberto em R e não vazio, temos que A = R, pois para qualquer y 2 R, temos que qualquer vizinhança de y é não vazio, então contem p; daí intersecta A: Logo R não é relativamente localmente Hurewicz, pois dado x 2 R qualquer vizinhança V de x é um aberto não vazio, então V = R, mas já vimos que neste caso R não é Hurewicz, então não podemos encontrar uma vizinhança de x onde o fecho é Hurewicz. Mas R é fracamente localmente compacto, pois dado x 2 R temos que x 2 fx; pg e fx; pg é aberto e compacto (todo conjunto nito é compacto), logo por 3.2.11 R é fracamente localmente Hurewicz. PROPOSIÇÃO 3.2.16 : Sejam hx; T X i e hy; T Y i espaços topológicos, onde X é localmente Hurewicz, e seja f : X! Y uma função contínua, sobrejetora e aberta, então Y é localmente Hurewicz. DEMONSTRAÇÃO : Sejam y 2 Y e V uma vizinhança de y; como f é sobrejetora 9x 2 X tal que f(x) = y; como f é contínua e V é um aberto em Y; temos que f 1 (V ) é aberto em X; e ainda x 2 f 1 (V ); como X é localmente Hurewicz, existem U aberto em X e H Hurewicz