Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde Revista CONASEMS Maio - Junho 2012 Ano VIII Nº 44 ISSN 1679-9259



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Transcrição:

Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde Revista CONASEMS Maio - Junho 2012 Ano VIII Nº 44 ISSN 1679-9259 DIRETORIA EXECUTIVA Presidente - Antônio Carlos Figueiredo Nardi Vice-Presidente - Aparecida Linhares Pimenta Vice-Presidente - Pedro Hermann Madeiro Diretor Administrativo - Lucélia Borges de Abreu Ferreira Diretor Administrativo Adjunto - Frederico Marcondes Neto Diretor Financeiro - Mauro Guimarães Junqueira Diretor Financeiro - Adjunto - Marina Sidinéia Martins Diretor de Comunicação Social - Celso Luiz Dellagiustina Diretor de Comunicação Social - Adjunto - Afonso Emerick Diretor de Descentralização e Regionalização - Maria Adriana Moreira Diretor de Descentralização e Regionalização - Adjunto - Leila Maria da Silva Lopes Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares - Raul Moreira Molina Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares - Adjunto - Willames Freire Bezerra 1º Vice-Presidente Regional - Região Norte - José da Silva Monteiro 2º Vice-Presidente Regional - Região Norte - Charles Cesar Tocantins de Souza 1º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste - Murilo Porto de Andrade 2º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste - Solane Maria Costa 1º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste - Rosa Maria Blanco Manzano 2º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste - Josué da Silva Lopes 1º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste - Hans Dohman 2º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste - Silvani Alves Pereira 1º Vice-Presidente Regional - Região Sul - Valdemar Ferreira Fonseca 2º Vice-Presidente Regional - Região Sul - Aristides Feistler Conselho Fiscal - 1º Membro - Roseana Meira Barbosa Conselho Fiscal - 1º Membro / Suplente - Conceição Maria Soares Madeira Conselho Fiscal - 2º Membro - José Carlos Cancigliere Conselho Fiscal - 2º Membro / Suplente - Claudia da Costa Meireles Conselho Fiscal - 3º Membro - Gilmar Gervásio Vedovoto Conselho Fiscal - 4º Membro - Valdemir Scarpari Conselho Fiscal - 5º Membro - Lauther da Silva Serra Conselho Fiscal - 5º Membro / Suplente - Amilton Fernandes Prado SECRETARIAS EXTRAORDINÁRIAS Sec. Extraordinária - Atenção à Saúde/Norte - Ivone Silva dos Santos Sec. Extraordinária - Atenção à Saúde/Nordeste - Iolete Soares de Arruda Sec. Extraordinária - Atenção à Saúde/Centro Oeste - Gercilene Ferreira Sec. Extraordinária - Atenção à Saúde/Sudeste - Célia Cristina Pereira Bortoletto Sec. Extraordinária Desc. Regional. e Regulação/Norte - Antonio de Castro da Silva Neto Sec. Extraordinária Desc. Regional. e Regulação/Nordeste - Porcina dos Remédios G. Trigueiro Sec. Extraordinária Desc. Regional. e Regulação/C. Oeste - Wisley Roni Clemente Sec. Extraordinária Desc. Regional. e Regulação/Sudeste - Magali Rodrigues de Brito Araújo Sec. Extraordinária Desc. Regional. e Regulação/Sul - Eunice Blender Sec. Extraordinária Financiamento/Norte - Nara Maria Reis Carneiro Koide Sec. Extraordinária Financiamento/Nordeste - Saulo Menezes Calasans Eloy dos Santos Filho Sec. Extraordinária Financiamento/Centro Oeste - Luciano Aparecido da Silva Sec. Extraordinária Financiamento/Sudeste - Moacir Teixeira Rosa Soraes Sec. Extraordinária Financiamento/Sul - Angelita Hermann Sec. Extraordinária Gestão Trabalho e Educação/Norte - Juliana Conceição Dias Garcez Sec. Extraordinária Gestão Trabalho e Educação/Nordeste - Stela dos Santos Souza Sec. Extraordinária Gestão Trabalho e Educação/Centro Oeste - Kelia Rosa da Silva Assunção Sec. Extraordinária Gestão Trabalho e Educação/Sudeste - Suely das Graças Alves Pinto Sec. Extraordinária Gestão Trabalho e Educação/Sul - Margarete Menoncin Debértolis Sec. Extraordinária Promoção Vigilância em Saúde/Norte - Sara dos Santos Riça Sec. Extraordinária Promoção Vigilância em Saúde/Nordeste - Maria Neuman de Azevedo Sec. Extraordinária Promoção Vigilância em Saúde/Centro Oeste - Marcos Vinicíus Paixão Sec. Extraordinária Promoção Vigilância em Saúde/Sudeste - Andreia Passamani Barbosa Corteletti Sec. Extraordinária Participação e Controle Social/Norte - José Henrique Marinho de Oliveira Sec. Extraordinária Participação e Contr. Social/Nordeste - Francisco Pedro da Silva Filho Sec. Extraordinária Participação e Contr. Social/Centro Oeste - Aparecida Clestiana da C. Souza Sec. Extraordinária Participação e Contr. Social/Sudeste - Conceição Aparecida Pereira Rezende Sec. Extraordinária Participação e Contr. Social/Sul - Tarcisio Crócomo Sec. Extraordinária Planejamento e Programação/Norte - Armando Marcos dos Santos Sec. Extraordinária Planejamento e Programação/Nordeste - Eduardo Felipe Lima Sec. Extraordinária Planejamento e Programação/C. Oeste - Maria Claudia Gelio M. Martins Batista Sec. Extraordinária Planejamento e Programação/Sudeste - Fábio Volnei Stasiak Sec. Extraordinária Planejamento e Programação/Sul - Haroldo Rodrigues Ferreira Sec. Extraordinária Municipio Pequeno Porte/Norte - Percio Luis Favacho Inajosa Sec. Extraordinária Municipio Pequeno Porte/Nordeste - Saulo Bezerra Xavier Sec. Extraordinária Municipio Pequeno Porte/C. Oeste - Elizeth Lucia de Araujo Sec. Extraordinária Municipio Pequeno Porte/Sudeste - Armando Alberto Hermínio de Nijs Sec. Extraordinária Municipio Pequeno Porte/Sul - Euriwelton Wagner Siqueira Sec. Extraordinária Municipio Médio Porte/Norte - Rosinete Bernardo Passos Sec. Extraordinária Municipio Médio Porte/C. Oeste - Silvia Regina Bosso Souza Sec. Extraordinária Municipio Médio Porte/Sudeste - Tânia Regina Gasparini Botelho Pupo Sec. Extraordinária Municipio Médio Porte/Sul - Jandira Cordeiro Bahia Sec. Extraordinária Saúde indígena/norte - Josianis Aráujo Rodrigues Sec. Extraordinária Saúde indígena /Nordeste - Charles Roberto Nascimento Batista Sec. Extraordinária Saúde indígena /Centro Oeste - Nelson José Fernandes de Souza Sec. Extraordinária Saúde indígena /Sudeste - José Nazareno de Melo Sec. Extraordinária Saúde indígena /Sul - Kelen Carmo dos Santos Sec. Extraordinária Mercosul - Cinthia Jaqueline Ramos Sec. Extraordinária de Fronteiras - Liamara Baldissera Casanova Sec. Extraordinária de Acompanhamento do Pacto - Jacqueline do Bonfim Farias Sec. Extraordinária Saúde Bucal - Eloi Trevisan Sec. Extraordinária Saúde Mental - Luis Fernando Nogueira Tofani Sec. Extraordinária Amazônia Legal - Andréia Fabiana dos Reis Sec. Extraordinária Amazônia Legal - Eduardo Novaes Medrado Sec. Extraordinária Amazônia Legal - Osvaldo Sousa Leal Júnior Sec. Extraordinária Direito Sanitário - Maria da Conceição de Farias Rego Sec. Extraordinária Direito Sanitário - Silvia Elisabeth Forti Storti Sec. Extraordinária Ciência e Tecnologia - Jorge Otávio Maia Barreto Sec. Extraordinária Capitais - Marcelo Gouvea Teixeira Sec. Extraordinária Atenção Urgência e Emergência - Eliane Regina de Veiga Chomatas Sec. Extraordinária Modalidades de Gestão - Maria Heloísa Cella Conter Sec. Extraordinária Assistência Farmacêutica - Lúcia Elisabeth Colombo RELAÇÃO NACIONAL DE COSEMS COSEMS - AC - Tels: (68) 3212-4123 / (68) 9974-2452 Leila Maria da Silva Lopes COSEMS - AL - Tel: (82) 3326-5859 Pedro Hermann Madeiro COSEMS - AM - Tels: (92) 3643-6338 / 6300 Ildnav Mangueira Trajano COSEMS - AP - Tel: (96) 3271-1390 Carlos Sampaio Duarte COSEMS - BA - Tels: (71) 3115-5915 / 3115-5946 Raul Moreira Molina Barrios COSEMS - CE - Tels: (85) 3101-5444 / 3219-9099 Wilames Freire Bezerra COSEMS - ES - Tel: (27) 3026 2287 Luis Carlos Reblin COSEMS - GO - Tel: (62) 3201-3412 Lucélia Borges de Abreu Ferreira COSEMS - MA - Tel: (98) 3256-1543 / 3236-6985 Iolete Soares de Arruda COSEMS - MG - Tels: (31) 3287-3220 / 5815 Mauro Guimarães Junqueira COSEMS - MS - Tels: (67) 3312.1110 / 1108 Frederico Marcondes Neto COSEMS - MT - Tel: (65) 3644-2406 Andréia Fabiana dos Reis COSEMS - PA - Tels: (091) 3223-0271 / 3224-2333 Charles César Tocantins de Souza COSEMS - PB - Tel: (83) 3218-7366 Roseana Maria Barbosa Meira COSEMS - PE - Tels: (81) 3221-5162 / 3181-6256 Ana Claudia Callou Matos COSEMS - PI - Tel: (86) 3211-0511 Ilvanete Tavares Beltrao COSEMS - PR - Tel: (44) 3330.4417 Marina Sidinéia Ricardo Martins COSEMS - RJ - Tel: (21) 2240-3763 Maria Juraci de Andrade Dutra COSEMS - RN - Tel: (84) 3222-8996 Solane Maria Costa COSEMS - RO - Tel: (69) 3216-5371 Afonso Emerick COSEMS - RR - Tel: (95) 3623-0817 Joseilson Câmara Silva ASSEDISA - RS - Tel: (51) 3231-3833 Arilson da Silva Cardoso COSEMS - SC - Tels: (48) 3221-2385 / 3221-2242 Elói Trevisan COSEMS - SE - Tels: (79) 3214-6277 / 3346-1960 Saulo Menezes Calazans Eloy dos Santos Filho COSEMS - SP - Tels: (11) 3066-8259 / 8146 Ademar Arthur Chioro dos Reis COSEMS - TO - Tel: (63) 3218-1782 Sinvaldo dos Santos Moraes CONSELHO HONORÁRIO Raimundo Bezerra (em memória), Paulo Dantas, José Eri Medeiros, Armando Martinho Bardou Raggio, Gilson Cantarino O Dwyer, Edmundo Gallo, Gilberto Tanos Natalini, Neilton Araújo de Oliveira, Silvio Mendes de Oliveira Filho, Luiz Odorico Monteiro de Andrade, Silvio Fernandes da Silva, Edmundo Costa Gomes e Helvécio Miranda Magalhães Júnior. Distribuição: Ministério, Secretarias Estaduais, Secretarias Municipais, Prefeituras, Universidades, Instituições Nacionais e Internacionais, Diretores e Administradores de Entidades Públicas e Privadas ligadas à saúde. Esplanada dos Ministérios - Ministério da Saúde Bloco G, Edifício Anexo, Ala B, sala 144 - Cep: 70.058-900 - Brasília-DF Tel: (61) 3223-0155 Homepage: www.conasems.org.br Email: conasems@conasems.org.br PRODUÇÃO Projeto Gráfico Id arteseventos Edição Geral Giovana de Paula Criação e Direção de arte Helma Kátia Revisão Nilo Brêtas Júnior Reportagens free lancer Aline Matheus Diniz Neto Valéria Feitoza Patrícia Machado Fotos Gisyele S. de Oliveira José Maria Oliveira Karina Zambrana Pablo Valença Patrícia Machado Diagramação Jadson Alves Pablo Valença Ilustrações Jadson Alves Pablo Valença Foto Capa Gisyele S. de Oliveira Karina Zambrana Impressão Gráfica e Editora Positiva Tiragem: 25.000 exemplares Miolo: Papel Couche Fosco - 90 g/m 2

Ilustração: Wilson Neto As políticas de saúde pública, num contexto que antecede as eleições municipais e de mudanças legislativas do SUS, deram a tônica dos principais debates ocorridos durante o XXVIII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e IX Congresso Brasileiro de Saúde, Cultura de Paz e Não-Violência. Os eventos foram realizados em Maceió, entre os dias 11 e 14 de junho. Embora a tão esperada regulamentação da Emenda Constitucional 29 tenha saído do papel em 2011, os gestores e profissionais reunidos no Congresso expressaram claramente a insatisfação diante do baixo financiamento da saúde por parte dos governos federal e estaduais. A reação ao desfinanciamento público veio em forma de mobilização. Os gestores prometem fortalecer em seus municípios o movimento em torno do projeto de lei de iniciativa popular, que estabelece a aplicação de no mínimo 10% das receitas correntes brutas da União em saúde. Outro ponto que instigou os participantes do congresso foi a discussão em torno dos novos mecanismos criados para formalizar as relações interfederativas entre União, estados e municípios. O Coap (Contrato Organizativo de Ação Pública) gerou muita curiosidade entre os gestores que, sobrecarregados, querem fortalecer a regionalização a partir do compartilhamento de responsabilidades. Obviamente, como nos demais congressos do CONASEMS, as grandes discussões em torno do aprimoramento da qualidade dos serviços de saúde continuam a ocupar a agenda dos gestores. Temas como maior investimento e priorização da Atenção Básica, mecanismos de qualificação e fixação de profissionais, construção de redes que de fato garantam a integralidade e respeito às especificidades regionais também ocuparam destaque na programação do evento. Esta edição da Revista é inteiramente dedicada à repercussão dos principais acontecimentos dos congressos do CONASEMS. Além de um retrospecto para os que estiveram presentes, é uma forma de compartilhar parte da riqueza e da troca de conhecimentos vivenciada em um evento tão significativo para o SUS. Boa leitura! 4 Congresso

02 04 05 08 10 11 17 23 29 31 37 40 42 46 48 Editorial Curtas Plenária Final Artigo - Direito Sanitário Hiper texto Cultura Cursos e Oficinas Mudanças no SUS Artigo - Cooperação Troca de Experiências Artigo - Sustentabilidade Perfil - Grupo Curumim Carta aos Candidatos Carta de Maceió Memória Congresso 5

Ilustração: Wilson Neto Parceria Pelo segundo ano consecutivo, o CONASEMS e o Núcleo de Estudos de Saúde Pública (NESP) da Universidade de Brasília (UnB) estabeleceram uma parceria para a realização, em especial, da relatoria dos congressos do CONASEMS. Este ano, essa rede foi ampliada e também apoiaram o CONASEMS nesse trabalho as Universidades Federais de Alagoas (UFAL), por meio do Núcleo de Saúde Pública (NUSP), e da Bahia (UFBA), pelo Instituto de Saúde Coletiva (ISC). Congresso da Paz O IX Congresso Brasileiro de Saúde, Cultura da Paz e Não-Violência, realizado juntamente com o XXVIII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, voltou a mostrar a necessidade de políticas públicas que incentivem a inclusão, a solidariedade e o respeito, com o apoio a hábitos de cidadania, igualdade e promoção do bem-estar para os brasileiros de todas as regiões do Brasil. Painel Amazônia Legal Durante o Congresso do CONASEMS, um painel entitulado Amazônia Legal: O desafio de garantir o Direito à Saúde nas Regiões Longínquas discutiu as especificidades da região. Ao abrir espaço para esta atividade, o CONASEMS buscou debater de forma tripartite o documento Carta do Norte, elaborado pelos COSEMS da região como produto do I Encontro dos COSEMS do Norte, em fevereiro de 2012 em Manaus (AM). Depois de aprovada em assembleia final, a Cata do Norte integrará um dos eixos das Teses do CONASEMS. CIT A reunião ordinária da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) do mês de junho foi realizada no Palácio do Governo do Estado de Alagoas, como parte da programação do XXVIII Congresso do CONASEMS. A CIT, transmitida via web em tempo real, debateu e aprovou minutas de portarias fundamentais para a concretização de prioridades já definidas. Foram aprovadas as diretrizes para regulação do acesso às ações e serviços de saúde e o incentivo financeiro de custeio para as centrais e complexos reguladores, dentro da política de regulação. 6 Congresso Fonte: Jornal do CONASEMS e alunos da UNB

Ilustração: Jadson Alves Carta de Maceió Sintetiza Reivindicações A Carta de Maceió, documento final com a síntese das resoluções do XXVIII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e IX Congresso Brasileiro de Saúde, Cultura de Paz e Não-Violência enfatizou a necessidade de melhorar o financiamento da saúde, fortalecer a Atenção Básica e aprimorar mecanismos de gestão. A repórter Valéria Feitoza revela os principais temas em discussão na plenária final do evento. Congresso 7

O encerramento da 28ª edição do Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde teve a aprovação da Carta de Maceió. O documento, ao mesmo tempo, é uma síntese política das discussões realizadas nos quatro dias do evento e aponta os temas que serão prioridade na agenda dos gestores municipais de saúde nos próximos meses. Organizada em 20 tópicos, a carta também norteará a atuação do CONASEMS e dos 26 COSEMS. Para a vice-presidente do CONASEMS, Aparecida Linhares Pimenta, além da aprovação da Carta de Maceió, a plenária final do Congresso também atualizou a tese do Conselho relativa ao financiamento do sistema de saúde. Houve algumas importantes mudanças recentes neste tema. A atualização da tese do financiamento é muito importante porque ela serve de base para as discussões que serão feitas ao longo dos próximos meses, avalia Aparecida Linhares. O presidente do CONASEMS, Antônio Carlos Figueiredo Nardi, destaca dentre os pontos da Carta de Maceió que ele considera os mais importantes o fortalecimento da Atenção Básica, o financiamento e a reorganização da gestão. Atenção Básica O segundo tópico da Carta de Maceió determina como compromisso de gestão a necessidade de mobilizar a sociedade brasileira para a sustentabilidade sociopolítica e cultural do SUS, construindo sua sustentabilidade econômica para a construção da gestão pública e do modelo de atenção com base nas necessidades e direitos da população, capazes de garantir a Atenção Básica universal de alta qualidade, resolutiva, porta de entrada preferencial e ordenadora das linhas de cuidado, bem como o investimento em equipamentos diagnósticos e terapêuticos e a incorporação de tecnologias na rede de atenção, e a desprecarização das relações e gestão do trabalho no SUS. Para Antônio Carlos Nardi, este tópico da Carta de Maceió traz o compromisso dos gestores de saúde de todo o país pelo fortalecimento da atenção básica como porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Isso se traduz não apenas em financiamento, mas também na busca de soluções para a fixação de profissionais nas regiões onde há carência de pessoal, explica. Gestão reorganizada A 28ª edição do Congresso do CONASEMS também revelou o panorama da gestão municipal de saúde um ano após a publicação do Decreto 7.508 pela Presidência da República, que regulamenta a Lei Orgânica da Saúde, em vigor desde 1990. O decreto instituiu mecanismos de controle mais eficazes e instrumentos para que a pactuação entre os entes federativos ocorra de forma mais efetiva. Com isso, a perspectiva é que os serviços oferecidos pelo SUS ganhem em qualidade, proporcionando à população atendimento mais rápido e eficiente. Uma das mudanças introduzidas pelo decreto é a criação do Contrato Organizativo de Ação Pública (COAP), que deve definir as atribuições e responsabilidades dos municípios, dos estados e do governo federal na prestação de serviços de saúde, o financiamento e as metas para cada ação. 8 Congresso

Nardi aponta que o fim da Norma Operacional Básica 96 e a vigência do decreto 7.508/2011 marcaram todas as discussões do Congresso do CONASEMS. Debatemos as mudanças resultantes dessa reorganização e discutimos com os gestores os caminhos possíveis para melhorar a gestão com base no contrato de ação pública, diz. O presidente avalia que este é o momento de construir uma gestão compartilhada mais eficiente, respeitando as diferenças regionais e locais e criando redes conforme o perfil de cada região. Nossa meta, agora, é trabalhar para que, ao final do primeiro trimestre de 2013, todos os municípios estejam com seus contratos elaborados e assinados, revela. Para Nardi, o Congresso também evidenciou a necessidade de formação e qualificação dos gestores de saúde para este novo momento da saúde pública no Brasil. Financiamento Antônio Carlos Nardi aponta ainda a necessidade de um grande esforço de todos os que fazem parte do SUS para ajudar na mobilização de apoio à emenda popular Saúde + 10. A iniciativa pretende levar ao Congresso Nacional um projeto de lei determinando que a União destine anualmente pelo menos 10% de sua Receita Corrente Bruta para a saúde. Essa é uma forma de mostrar que a regulamentação da Emenda Constitucional 29 por meio da Lei Complementar 141, após tantos anos de debate no Congresso, foi um avanço, mas ainda mantém um financiamento insuficiente para a saúde, analisa o presidente do CONASEMS. Segundo ele, a maioria dos municípios brasileiros investe mais do que os 15% previstos em lei alguns chegam a comprometer até 30% do orçamento com a saúde, em virtude das necessidades específicas. Precisamos de mais investimentos da União, defende. Durante o Congresso do CONASEMS, fez-se um apelo para que todos os secretários municipais e gestores, profissionais e técnicos participem da mobilização para conseguir assinaturas suficientes para enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei de iniciativa popular ainda este ano. A minuta do projeto propõe uma mudança no artigo 5º da Lei Complementar nº 141, que passaria a vigorar com a seguinte redação: A União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, montante igual ou superior a dez por cento de suas receitas correntes brutas, nos termos do 1º do art. 11 da Lei n 4.320, de 17 de março de 1964, constantes de anexo à lei orçamentária anual referente às receitas dos orçamentos fiscal e da seguridade social, excluídas as restituições tributárias. Para que o projeto de lei de iniciativa popular que rever a Emenda Constitucional 29 chegue ao Congresso, será necessária a adesão mínima de 1% da população eleitoral nacional, mediante assinaturas, distribuídas por pelo menos cinco unidades federativas e no mínimo 0,3% dos eleitores em cada uma dessas unidades. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de eleitores do Brasil em julho de 2010 era de 135,8 milhões. Assim, o número mínimo de assinaturas para um projeto de iniciativa popular seria de 1,36 milhões. Para terem validade, as assinaturas de apoio ao projeto devem ter nome completo e legível do assinante, endereço e dados identificadores do título eleitoral. As listas deverão ser organizadas por município e por Estado, território e Distrito Federal. Eleições municipais A aproximação do período eleitoral também foi tema de discussão na plenária final do Congresso do CONASEMS. Além da Carta de Maceió, os participantes aprovaram uma carta-compromisso, que será entregue a cada um dos candidatos a prefeito antes das eleições de outubro. Esse documento, explica Nardi, traz os pontos prioritários da saúde, na visão do CONASEMS e dos COSEMS. Sabemos o quanto as mudanças de gestão impactam na saúde. Então, independentemente da cor partidária dos candidatos, queremos sensibilizá-los para a importância de priorizar a saúde e de dar continuidade às discussões que estão em curso, diz. Congresso 9

Ilustração: Jadson Alves Oficina de Direito Sanitário Debate Lei Complementar 141 Por Fernanda Vargas Terrazas A Oficina de Direito Sanitário do XXVIII Congresso do CONASEMS teve o propósito de discutir a Lei Complementar nº 141(LC 141), recentemente publicada e considerada de extrema importância para o Sistema Único de Saúde. A Lei Complementar nº 141 veio para concretizar, depois de mais de oito anos de tramitação, a tão aguardada regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, dispondo sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde e trazendo uma definição clara do que são ações e serviços de saúde. Em razão da importância, complexidade e novidade do tema, havia grande expectativa por parte dos gestores municipais de conhecer detalhadamente o conteúdo da lei, bem como de refletir sobre os pontos que geram dúvidas quanta à sua interpretação e aplicação. 10 Congresso

Desse modo, foram objeto de exposição e debates durante os dois dias de oficina a aplicabilidade da Lei Complementar nº 141; as revogações expressas e tácitas; o que são e o que não são ações e serviços de saúde; os critérios e metodologia para o cálculo do rateio dos recursos da União para estados e municípios e dos estados para seus municípios; a transparência, avaliação, fiscalização e controle da gestão face à LC 141; e as responsabilidades do gestor municipal trazidas pela nova lei. Estiveram presentes nesses dois dias para tratar dos tópicos acima mencionados especialistas no tema, representantes do Ministério da Saúde e das secretarias municipais e estaduais da Saúde, que se ocuparam de tratar das questões mais importantes relacionadas à lei. Entre elas, foi destacada por alguns palestrantes a dificuldade de aplicação imediata de todos os dispositivos da nova lei, embora ela esteja em pleno vigor desde a data de sua publicação, pois não se considerou que muitas das alterações por ela trazidas são sistêmicas e complexas e não conseguem ser realizadas instantaneamente. Segundo Lenir Santos, palestrante em duas mesas da oficina, por tratarem de tema orçamentário-financeiro, por exemplo, algumas das normas da LC 141 não poderão ser cumpridas imediatamente, tendo em vista os prazos para a elaboração e aprovação das leis orçamentárias (LDO e LOA), para a execução orçamentária, entre outros. Além desta, outra questão bastante debatida na Oficina de Direito Sanitário foi os critérios de rateio dos recursos da União para estados e municípios e dos recursos dos estados para seus municípios. Os palestrantes da mesa específica sobre esse tema ressaltaram a dificuldade de se definir os critérios de rateio, uma vez que, segundo a lei, isso deve ser feito a partir da combinação das dimensões epidemiológica, demográfica, socioeconômica, espacial, capacidade de oferta de ações e de serviços de saúde e necessidades de saúde da população, além do disposto no art. 35 da Lei 8.080/90. No entanto, na opinião dos palestrantes, embora a definição dos critérios de rateio seja um grande desafio, a dificuldade em defini-lo não poderá justificar a inação, primeiro por se tratar de imposição legal e, segundo, por ser importante instrumento de promoção da equidade entre as regiões. Assim, o erro cometido com o não cumprimento pela União do art. 35 da Lei 8.080, que desde 1990 já apontava os critérios para o estabelecimento de valores a serem transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, não poderá ser repetido. Também mereceu destaque na oficina o fato de a Lei Complementar, em seu art. 22, ter definido como regra a modalidade regular e automática para a transferência dos recursos destinados ao custeio das ações e serviços públicos de saúde, vedando expressamente a exigência de restrição para entrega dos referidos recursos, com exceção de três condições: instituição e funcionamento do Fundo de Saúde; instituição e funcionamento do Conselho de Saúde, e Elaboração do Plano de Saúde. Desse modo, outras exigências como as previstas no art. 4º da Lei 8.142/90 não foram recepcionadas pela LC 141, ressalvando-se que o Relatório de Gestão permanece obrigatório por força de outros dispositivos da lei complementar. No tocante a este último, os palestrantes apontaram que o 1º, do Art. 36, reforçou a necessidade de elaboração do Relatório Anual de Gestão (RAG), que deverá ser enviado ao Conselho de Saúde até 30 de março do ano seguinte, cabendo ao referido colegiado emitir parecer conclusivo sobre o atendimento das normas estabelecidas na Lei Complementar. Por fim, o tema dos Fundos de Saúde foi abordado na mesa de nome As responsabilidades do gestor municipal face à nova lei, na qual se sublinhou que a LC 141 reafirma o caráter obrigatório das transferências Fundo a Fundo, cujos recursos devem ser movimentados, até a sua destinação final, em contas específicas mantidas em instituição financeira oficial federal. Diante da quantidade de temas abordados durante os dois dias de oficina e da relevância dos pontos destacados pelos palestrantes e participantes, propôs-se ao final, como produto da oficina, a elaboração de uma publicação voltada aos gestores municipais da saúde que trate da Lei Complementar 141, destacando as principais obrigações e responsabilidades do gestor municipal face à nova lei. Fernanda Vargas Terrazas é assessora jurídica do CONASEMS. Congresso 11

Ilustração: Jadson Alves Durante o XXVIII Congresso do CONASEMS, os profissionais de saúde puderam acompanhar em tempo real as atividades do evento por meio da relatoria on-line, realizada pelas universidades federais de Brasília, Alagoas e Bahia. O material foi disponibilizado no site http://nesp.unb.br/forum No Congresso foi lançada a primeira edição do prêmio Cecília Donnangelo de Ouvidorias SUS, que pretende dar visibilidade às iniciativas exitosas desenvolvidas pelas ouvidorias implantadas e em pleno funcionamento no país. Os trabalhos deverão ser enviados entre agosto deste ano e abril de 2013. Detalhes e informações serão disponibilizados no endereço eletrônico www.saude.gov.br/ouvidoria As secretarias estaduais e municipais de Saúde têm até 31 de julho deste ano para enviar o Relatório Anual de Gestão (RAG). O documento deverá ser preenchido diretamente no Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão (SARGSUS), disponível no endereço eletrônico: www.saude.gov.br/sargsus No site do CONASEMS (www.conasems.org.br) estão disponibilizadas as principais notícias e informações sobre o XXVIII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e IX Congresso Brasileiro de Saúde, Cultura de Paz e Não-Violência. No site da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (SGEP), você encontra a íntegra do Decreto nº 7.508, que regulamenta a Lei 8080. Basta acessar o seguinte endereço: portal.saude.gov.br 12 Congresso

Café, Cultura e Rodas de Conversas no Congresso Fotos: Karina Zambrana Discutir políticas de saúde em um ambiente regado a um bom café da manhã, assistir apresentações folclóricas ou visitar os estandes do evento foram algumas das atrações que deram leveza ao XXVIII Congresso do CONASEMS. Como mostra a reportagem de Patrícia Machado, os participantes puderam acompanhar uma vasta e diversificada programação. Congresso 13

Tão relevante quanto as discussões políticas consolidadas na programação oficial do Congresso do CONASEMS são as atividades complementares, que envolvem a participação ativa de gestores e demais profissionais de saúde. No XXVIII Congresso do Conselho, a troca de experiências foi ressaltada por boa parte dos presentes como um dos pontos fortes do evento. Em rodas de conversas informais, discussões abertas, encontros, exposições de estandes e atrações culturais, os participantes trocaram informações sobre suas realidades locais, desafios e boas práticas que acontecem nos diversos municípios brasileiros. Essa interação é vista como uma das ricas oportunidades que só os espaços de mobilização social do Congresso do CONASEMS têm proporcionado nos últimos anos. Conheça alguns desses cenários. Tenda Paulo Freire: Cuidar do outro é cuidar de mim. O educador Paulo Freire ensinava que o diálogo é o elemento chave que aproxima e transforma as pessoas. Para difundir seus pensamentos no campo da saúde pública e abrir portas aos diálogos multiculturais, a Tenda Paulo Freire se instituiu como espaço de articulação que envolve os saberes técnicos, científicos e populares. O objetivo é garantir a participação e o controle social, através da aproximação de realidades de comunidades enraizadas nos princípios da educação popular. Para marcar sua participação no XXVIII Congresso do CONASEMS, representantes da Tenda escolheram como tema de sua abertura oficial O SUS é nosso. Não se vende, não se troca. O pronunciamento que provocou aplausos de centenas de pessoas chamava a atenção para o valor que a política de saúde nacional, considerada a maior do mundo, representa para os milhares de brasileiros. Desde 2007 a Tenda tem se firmado como espaço crítico de debate e abrigo das experiências de educação popular em saúde. Sua relevância e participação social cresce a cada dia, explicou Luiz Odorico Monteiro de Andrade, secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde. Segundo o secretário do Ministério, um dos temas em estudo nesse momento entre os movimentos populares de todos os segmentos sociais, de etnias e de gêneros que frequentam a Tenda refere-se às diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde para Inclusão Social da População em Situação de Rua. O debate tem a pretensão de orientar a construção e execução de políticas públicas voltadas a este segmento da sociedade, historicamente à margem das prioridades dos poderes públicos. Descomplicar diretrizes das políticas de saúde por meio do diálogo aberto e simplificado. Esta é uma estratégia fundamental da Tenda Paulo Freire. De acordo com o coordenador do espaço durante o XXVIII Congresso do CONASEMS em Maceió, Osvaldo Bonetti, as rodas de conversas trataram de todos os avanços e inovações do SUS, como também do fortalecimento da relação 14 Congresso

entre os entes, garantindo equidade e a participação popular das comunidades negras, do campo e floresta, LGBT, em situação de rua e ciganos, ressaltou. O saber inspirado no diálogo social proposto por Paulo Freire apresenta um SUS onde as terapias não se limitam a consultas com o profissional médico ou tratamento com medicamentos alopáticos. A assistência leva em conta a peculiaridade das crenças e valores perpetuados por comunidades que praticam medicina natural há milênios. Para oportunizar a vivência cultural entre gestores, técnicos e demais participantes, tratamentos foram oferecidos durante a programação da Tenda no Congresso de Maceió. No documento final do Congresso, a Carta de Maceió, consta oito propostas apresentadas pelos participantes da Tenda. Um dos trechos destaca a importância das terapias alternativas: Massagem corporal, reike, auriculoterapia e reza não são apenas alternativas de relaxamento, elas trazem em sua essência filosofias de vida. São saberes milenares que estão demonstrados aqui com o objetivo político de afinar-se e comprometerse com o projeto de desenvolvimento popular para o Brasil. A liberdade expressa nos pensamentos e diálogos tem fortalecido a relevância da Tenda Paulo Freire em todos os espaços de debates políticos do SUS. Que o diga Ana Paula Dória, que saiu de Salvador obstinada a armar a Tenda no Forum NE de Gestão em Saúde, que acontecerá entre os dias 12 a 14 de setembro na capital baiana. Nós do Nordeste temos uma carência enorme de debates que envolvam gestores e a população usuária do SUS. A Tenda é o grito, é a liberdade de expressão, de colocar o pensamento sem medos ou amarras. É a possibilidade de envolver todos os movimentos populares, o que para nós tem grande importância porque nossas culturas tradicionais nordestinas são muito fortes e atuantes, definiu. Para Célia Regina, da Reserva Extrativista (RESEX) Marinha do Soure, no Pará, a Tenda consolida a presença de comunidades de todo o país durante eventos que têm como finalidade discutir ações e estratégias de atuação do SUS. Com essa aproximação temos a oportunidade de expor dificuldades enfrentadas para receber assistência em saúde pública. Atravessamos problemas como a prevalência de quase todos os tipos de hepatites em 80% da nossa população, devido ao contato com o Rio Purus, uma das maiores e mais importantes fontes de água doce da Amazônia Legal. Esse espaço político é fundamental para denunciar situações como essa, bem como ouvir se gestores estão trabalhando na reversão dos desafios, que se repetem em várias comunidades em todo o país, afirmou Regina. Congresso 15

Café com Ideias Espaço instituído pelo Ministério da Saúde e organizado pelo CONASEMS durante os Congressos da entidade, o Café com Ideias conta com a participação de facilitadores especialistas que coordenam uma conversa informal sobre diferentes temas ligados à saúde pública. Em Maceió, o generoso café, regado a frutas, pães e um bom bate papo, aconteceu no mezanino de entrada do Teatro Gustavo Leite, no Centro de Convenções Ruth Cardoso, local que concentrou a maioria das atividades do Congresso. O tema O Monitoramento da Qualidade na Atenção Básica dominou o debate sobre os vários desafios em ofertar uma assistência adequada aos usuários do Sistema Único de Saúde, tendo em vista as dificuldades dos municípios em estruturar a atenção básica com a qualidade desejada. Na oportunidade, foi ressaltada a importância do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), projeto do Ministério da Saúde que está em diferentes estágios de andamento em alguns estados da federação e pretende repassar incentivos financeiros para a atenção básica. Os recursos já começaram a ser repassados da seguinte maneira: 20% na adesão da equipe e o restante mediante avaliação externa. O coordenador estadual da atenção básica do Espírito Santo, Wallace Cazelli, acredita que uma das maiores dificuldades dos gestores em receber as equipes de avaliação do PMAQ é o receio de que o grupo esteja verificando irregularidades e deficiências com o objetivo de punir os municípios. É necessário que fique claro que a avaliação externa, assim como o Censo para cidades que não aderiram ao PMAQ, na verdade ajudará o governo a destinar recursos que vão estruturar essas unidades, o que vai melhorar substancialmente o serviço à população, ressaltou o gestor, afirmando que seu estado atualmente se encontra na fase de desenvolvimento e autoavaliação. Estamos aqui para colher informações e levá-las de forma mais simplificada possível aos colegas do Espírito Santo. Graças a esse espaço temos a oportunidade de conhecer como um mesmo programa vem se desenvolvendo em outras regiões, o que vai nos ajudar quando for nosso momento de atravessar a referida etapa, completou Cazelli, um dos participantes do Café com Ideias. de Pernambuco, para receber a medalha Dom Helder Câmara de Direitos Humanos, entregue na solenidade de abertura do XXVIII Congresso do CONASEMS. A escolha de Maria dos Prazeres teve como objetivo a valorização do trabalho desenvolvido por parteiras tradicionais e o incentivo para que essas profissionais sejam reconhecidas na promoção e na atenção integral à saúde da mulher no Brasil. A trajetória de Prazeres, que é também presidente da Associação de Parteiras de Jaboatão dos Guararapes (PE), é marcada por três gerações de mulheres que tinham a nobre tarefa de trazer crianças ao mundo. Somos mais de seis mil parteiras em todo o país, por isso é necessário que existam políticas que nos fortaleçam profissionalmente diante do SUS. Desejo o reconhecimento das parteiras tradicionais, que não têm dia nem hora para sair de casa e cumprir sua missão que é a de trazer vidas ao mundo, disse em seu agradecimento, sob aplausos da plateia. Criado em 1989, o Grupo Curumim é uma ONG que desenvolve a formação e permanência das parteiras tradicionais, indígenas e quilombolas, nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e em algumas localidades do Sudeste e da região Sul. A entidade desenvolve projetos de fortalecimento da cidadania das mulheres em todas as fases de suas vidas, atuando principalmente nas áreas de direitos humanos, saúde integral, direitos sexuais e reprodutivos, luta pela igualdade étnico-racial e de gênero, por justiça social e democracia. Medalha Dom Helder Câmara A aparência frágil de Maria dos Prazeres de Souza em nada indica sua força e obstinação a favor da vida. A pequena senhora de 74 anos já realizou nada menos que seis mil partos normais, sem qualquer óbito, e por isso foi escolhida como representante do grupo Curumim, 16 Congresso

Dom Hélder Câmara foi um dos maiores defensores dos direitos humanos, da liberdade do homem e da elevação dos valores que dão fundamento a uma sociedade justa e igualitária no Brasil. A medalha foi instituída em 2005 pelo CONASEMS com a intenção de homenagear organizações ou personagens que tenham desenvolvido trabalhos reconhecidos em prol da Cultura de Paz e Não-Violência. Estandes Mais de 100 estandes foram montados durante o Congresso do CONASEMS para exibir experiências e ampliar o espaço de convivência entre os participantes. Foram instalados estendes das mais variadas áreas, incluindo os conselhos de saúde, secretarias municipais, setores do Ministério da Saúde, laboratórios farmacêuticos, dentre outros. Vários desses espaços atraíram participantes do Congresso, como o estande de Porto Velho, em Rondônia, que exibiu a parceria realizada com o Ministério da Saúde e a secretaria estadual para equipar os laboratórios das unidades básicas de saúde com máquinas de última geração. Os equipamentos permitem a realização de exames patológicos, cujos resultados são entregues em até 72 horas aos usuários. Os resultados dos exames também podem ser acessados pela internet, completa o chefe de Divisão de Apoio ao Diagnóstico, Gleense Cartonilho. O secretário de Saúde de Porto Velho, Willians Pimentel, explicou que com os equipamentos, os custos caíram mais de 60%, recurso antes repassado às instituições privadas. Ter a oportunidade de mostrar nosso trabalho aqui neste Congresso nos revigora porque a resposta está sendo positiva em vários aspectos. Estamos ensinando e ao mesmo tempo aprendendo, ressaltou. O estande do Ministério da Saúde ofereceu a elaboração do cartão SUS aos congressistas. As filas em torno do local demonstraram a importância do instrumento que permitirá criar um cadastro único de usuários atendidos no SUS. O MS também apresentou as ações e serviços organizados pelas secretarias estratégicas do governo federal. O secretário adjunto de estado da saúde do Ceará, Haroldo Pontes, que circulava entre os estandes, afirmou que o Congresso do CONASEMS alcançou um patamar superior a qualquer reunião de secretários. Aqui estão centralizados os temas mais importantes da saúde pública que são debatidos de forma aberta, permitindo a contribuição de todos nós. O gestor destacou que grandes eventos da agenda de pactuação do SUS, como as reuniões da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), aconteceram durante o evento. Rosane Maerschner, coordenadora de saúde de Fortaleza, complementa. Este é um grande fórum de aprofundamento do Sistema Único de Saúde. Aqui são compartilhadas experiências valiosas para qualquer gestor ou técnico que tem a saúde pública como norte de ações, ressaltou. Representando a fachada dos casarões coloniais que embelezam suas cidades históricas, o Cosems de Minas Gerais promoveu no seu estande, dentre diversas atividades, o lançamento da revista do Conselho. O Cosems de Alagoas também lançou sua segunda publicação durante o evento, atraindo participantes de outros estados. Profissionais fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais também demonstraram seu trabalho, realizando avaliações respiratórias, osteopatia, quiropraxia, acupuntura com sementes e exercícios de reabilitação virtual. Estamos aqui porque desempenhamos um trabalho importante e queremos ser incluídos nas políticas municipais de saúde, explica Luiziana Maranhão, vice-presidente regional do Crefito (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional). O médico sanitarista Nelson Rodrigues dos Santos, que esteve no estande do CONASEMS, enfatizou a importância do Congresso. Este é o encontro de milhares de militantes por um bom SUS. Trocar experiências, constatar os duros limites existentes ao desenvolvimento desse sistema, com vistas à Congresso 17

contemplar os direitos humanos de saúde de toda a população, choca e deprime. Mas, por outro lado, revela um grande potencial de esperanças e lutas coletivas para vencer os obstáculos, resume um dos maiores especialistas em saúde pública do país. Atrações culturais Segundo os estudiosos do folclore brasileiro, Alagoas é um dos Estados que possui a maior diversificação em folguedos do país. São ao todo quatorze folguedos natalinos, dois de festas religiosas, oito carnavalescos, totalizando vinte e nove folguedos e danças alagoanas. A riqueza da cultura secular construída pelas influencias multirraciais conta a história das tradições que ajudaram a constituir não só o estado, mas todo o Nordeste brasileiro. Algumas dessas atrações puderam ser conferidas pelos participantes do Congresso do CONASEMS. Grupos de coco de roda, pastoril e guerreiro animaram o Centro de Convenções nos quatro dias do evento. A sutileza dos ritmos e a beleza das fantasias ajudam a traduzir a criatividade e a cultura do povo alagoano. Como o período junino é considerado uma das datas mais importantes para o Nordeste, quadrilhas juninas e trios de forró colocaram muita gente para dançar. A enfermeira de São José do Rio Preto, Danielle Marques, aprovou e entrou na brincadeira. Além de trocar experiências com diversos municípios, nós temos a oportunidade de nos divertir conhecendo um pouquinho das tradições do estado, avaliou, com a aprovação da colega, a dentista Maria Célia Chueire. As secretárias de Quatiguá e Jundiaí do Sul, no estado do Paraná, Ana Luiza e Gislaine Galvão, elogiaram a qualidade do evento. Participar do Congresso do CONASEMS nos ajuda no fortalecimento das ações municipais. Nós gostamos especialmente da programação científica, que foi muito bem elaborada e qualificada. As atrações culturais ajudam a quebrar a seriedade e a densidade dos debates, mas, claro, sem perder a qualidade e o foco, ressaltaram as gestoras. 18 Congresso

Fotos: Karina Zambrana e Gisyele S. de Oliveira Oficinas e Seminários Intensificam Troca de Experiências As oficinas e seminários realizados durante o Congresso do CONASEMS cumpriram o papel de aprofundar as discussões sobre diferentes temas de interesse da saúde pública, como gestão do trabalho, Cartão SUS, direito sanitário, dentre outros. Como mostra a reportagem de Diniz Neto, nesses espaços pôde-se observar a presença significativa de gestores municipais e estaduais de saúde, técnicos do Ministério da Saúde e representantes do controle social. Congresso 19

O XXVIII Congresso do CONSEMS foi o centro dos debates sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) que os municípios brasileiros precisam e desejam. Nas mesas, oficinas e painéis, foram debatidos os principais temas da saúde com a diversidade necessária para se descobrir e compreender um pouco mais as muitas realidades brasileiras, nos 5.564 municípios espalhados por todas as regiões do país. Não é difícil imaginar que um município médio da região Sul ou Sudoeste do Brasil tem necessidades e problemas no SUS bastante diferentes de um pequeno município do Norte ou Nordeste. O que é previsível se torna quase dramático nos relatos dos gestores e profissionais da saúde. Por este motivo os congressos do CONASEMS têm assumido, a cada ano, uma importância ainda maior, pela representatividade e número de participantes de milhares de municípios, do Ministério da Saúde, das secretárias de Estado e do Conselho Nacional de Saúde. As mesas, seminários, oficinas e painéis contribuíram, uma vez mais, com o planejamento dos debates, propondo as discussões na amplitude e prioridade necessária ao momento nacional. Seminários Os seminários foram um sucesso de participação e abrangeram temas de importância estratégica para a saúde pública brasileira. Nesta vigésima oitava edição do Congresso do CONASEMS, o Seminário do Observatório Internacional de Políticas e Sistemas de Saúde reuniu convidados de países íberoamericanos. A iniciativa foi do Núcleo de Relações Internacionais do CONASEMS e do Observatório Iberoamericano de Políticas e Sistemas de Saúde. Este seminário estendeu a troca de experiências sobre políticas e sistemas de saúde pública para o âmbito internacional, permintindo comparar o estágio de desenvolvimento do SUS em relação a outros países, suas dificuldades e potencialidades. Foi possível perceber que o SUS avança nas suas normativas e sistemas, com investimentos em TI e Internet, com um novo conjunto de normativas, com a ampliação da participação das diversas regiões do país, com a criação das comissões intergestoras regionais. O médico Henrique Botelho, do Agrupamento de Centros de Saúde da Administração Regional Norte, do Ministério da Saúde de Portugal, participou da oficina de trabalho sobre a decisão informada por evidências nas políticas de saúde: promovendo o uso do conhecimento para a tomada de decisão. Ao final do evento, ele pôde concluir que enquanto o SUS ganha espaço e investimentos, outros sistemas públicos de saúde, em outros países desenvolvidos, enfrentam perdas importantes. Contribuem para o risco de retrocesso, segundo Botelho, a falta de uma mobilização para a sua defesa e dos usuários, ao contrário do que está ocorrendo no Brasil, onde os municípios estão mobilizados através dos Cosems e do CONASEMS, liderando e impulsionando o debate sobre a saúde pública, sendo o congresso um exemplo da união e vitalidade deste movimento nacional no Brasil. O seminário A sustentabilidade do SUS pela adesão da população no município a uma atenção regional integral e qualificada debateu as condições para o estabelecimento da sustentabilidade sociopolítica com base na adesão da população. Foi feita uma retrospectiva histórica, constatando-se que as conquistas de políticas públicas nos anos 80 foram alcançadas graças a uma ampla e consciente mobilização da sociedade. Nos anos 90, os gestores descentralizados do SUS e os Conselhos de Saúde conseguiram incluir no SUS grande parte da população antes excluída. Infelizmente esse avanço ocorreu com a renúncia da possibilidade de reestruturação do modelo de atenção. As dificuldades diárias da inclusão impediram o debate mais claro do real sentido da equidade, integralidade e regionalização. 20 Congresso

O debate teve consenso ao admitir o marcante subfinanciamento federal, encontrado também em vários estados, situação que leva ao desvio da atenção básica em relação à universalidade, à alta qualidade/resolutiva, à porta de entrada preferencial ordenadora das linhas de cuidado e na incorporação de tecnologias. O quadro resultante foi o desinvestimento em equipamentos diagnósticos e terapêuticos e na incorporação de tecnologias na assistência de média e alta complexidade. A precariedade de recursos levou a uma drástica precarização das relações e gestão do trabalho no SUS, o que ficou ainda pior com os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, a partir de 2001. Ao lado desse cenário, contribuem para as dificuldades do sistema as enormes diferenças entre os municípios, nas diversas regiões brasileiras. A sustentabilidade do SUS exige mais recursos da União para a saúde e políticas públicas diferenciadas para as diversas realidades regionais brasileiras. Na opinião do presidente do CONASEMS, Antonio Carlos Nardi, não será possível alcançar essa sustentabilidade sem intensa mobilização dos gestores municipais e da população, em todas as regiões do país. Oficinas Foi expressiva a participação dos congressistas nas atividades das oficinas. Em todas elas foi possível observar os diversos olhares sobre o SUS, a partir dos diferentes municípios nas regiões do Brasil. Segundo Fernanda Vargas Terrazas, assessora Jurídica do CONASEMS, a Oficina de Direito Sanitário teve o objetivo de discutir a Lei Complementar nº 141(LC 141), publicada no começo de 2012. Depois de oito anos, a LC 141 trouxe a tão aguardada regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 (EC 29), dispondo sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde e a definição clara do que são ações e serviços de saúde. Participaram da oficina representantes do Ministério da Saúde e de secretarias estaduais e municipais de Saúde. Segundo Fernanda, ficou claro que não será possível atender imediatamente todos os dispositivos da nova lei, embora ela tenha entrado em vigor na data de sua publicação sem prever período de vacância. Muitas das alterações previstas são sistêmicas e complexas e não podem ser realizadas instantaneamente. Outra grande dúvida está relacionada aos critérios de rateio dos recursos da União para estados e municípios e dos recursos dos estados para seus municípios. A definição dos critérios de rateio, segundo a lei, deve ser feita a partir da combinação das dimensões epidemiológica, demográfica, socioeconômica, espacial, capacidade de oferta de ações e de serviços de saúde e necessidades de saúde da população, além do disposto no art. 35 da Lei 8.080/90. Congresso 21