Stomatos ISSN: 1519-4442 ppgpediatria@ulbra.br Universidade Luterana do Brasil Brasil Stefanello Busato, Adair Luiz; Prates Macedo, Ricardo; Galia Reston, Eduardo; Nunes Barbosa, Alcebíades; do Carmo Sanseverino, Maria; Simoni da Costa, Catharina; Ferras Wolwacz, Vitor; Azambuja Reichert, Leandro; Rangel Valin, Rafael; Anziliero Arossi, Guilherme Redução ou fechamento de espaços interdentários Stomatos, vol. 12, núm. 22, janeiro-junho, 2006, pp. 19-23 Universidade Luterana do Brasil Río Grande do Sul, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=85002204 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
Adair Luiz Stefanello Busato Ricardo Prates Macedo Eduardo Galia Reston Alcebíades Nunes Barbosa Maria do Carmo Sanseverino Catharina Simoni da Costa Vitor Ferras Wolwacz Leandro Azambuja Reichert Rafael Rangel Valin Guilherme Anziliero Arossi Redução ou fechamento de espaços interdentários Diastema closure RESUMO Os autores demonstram por meio de casos clínicos a viabilidade do uso de resina composta no tratamento de espaços interdentários (diastemas) em dentes anteriores, como alternativa para situações onde a ortodontia não possa ser aplicada. Trata-se de uma técnica simples, baseada na retenção adesiva, com um mínimo de remoção da estrutura dentária. Palavras-chave: diastema, estética, proporção áurea. Adair Luiz Stefanello Busato é professor do Curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS Ricardo Prates Macedo é professor do Curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS Eduardo Galia Reston é professor do Curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS Alcebíades Nunes Barbosa é professor do Curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS Maria do Carmo Sanseverino é professora do Curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS Catharina Simoni da Costa é professora do Curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS Vitor Ferras Wolwacz é professor do Curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS Leandro Azambuja Reichert é aluno do Curso de Doutorado em Odontologia da ULBRA Canoas/RS Rafael Rangel Valin é aluno do Curso de Doutorado em Odontologia da ULBRA Canoas/RS Guilherme Anziliero Arossi é aluno do Curso de Doutorado em Genética e Toxicologia Aplicada da ULBRA Canoas/RS Endereço para correspondência: Adair Luiz Stefanello Busato Rua Candido Silveira 75/702, Bairro Auxiliadora. CEP: 90540-010. Porto Alegre/RS. Fone: (51) 3337.8314. E-mail: stefanel@portoweb.com.br Stomatos v.12, n.22, Canoas jan./jun. v.12 2006 n.22 jan./jun. 2006 p.19-23 19
ABSTRACT The authors intend to present clinical cases where restorative adhesive procedures with composite resins were applied to minimize the impact of unpleasant smiles due to the presence of diastemas. In these cases, orthodontics could not be the first choice, either for technical reasons or for the patient s desire. The technique has a basic protocol, anchored in the adhesive retention, wit h none or minimal removal of tooth structure. Key words: diastema, dental esthetics, golden proportion. INTRODUÇÃO A Odontologia já faz algum tempo tem se preocupado com a estética dento-facial, pois de fato, sem os dentes parece ser impossível o ser humano ter harmonia e beleza facial. Na verdade nós somos frutos de uma herança genética em que as características do pai e da mãe se associam para formar, às vezes, com um pouco de cada um, uma nova pessoa. Nem sempre este um pouco de cada um forma um conjunto harmonioso, quer seja em termos de cor, quer seja em termos de forma ou tamanho. São bastante comuns as situações onde, tendo um maxilar grande os dente são pequenos, e por isso ficam espaços entre eles; e por outro lado, em outras tantas situações os dentes são demasiadamente grandes para o tamanho da arcada dentária e faltará espaço (BU- SATO, HERNANDEZ, MACEDO, 2002). No primeiro caso, é chamado de diastema, e no segundo de apinhamento. Em qualquer destas situações a Dentística pode corrigir as formas, e em associação com a Ortodontia, corrigir as discrepâncias. A situação econômica dos pacientes tem sido uma dificuldade para tratamentos complexos, uma vez que encarecem sobremaneira. Assim, de maneira simples e eficaz, é possível se executar estas correções, as quais determinam grande repercussão social pela melhoria do equilíbrio facial e da auto-estima. Parece ser fato concreto que não existe felicidade sem dentes, nem mesmo se eles forem mal posicionados, apresentarem formações anatômicas incompletas, ou estejam escurecidos. Uma dentição harmoniosa e saudável é sinônima de beleza e saúde. A Odontologia tem o importante papel de refazer este equilíbrio caso ele tenha sido perdido (RUFENACHT, 1998). O espaço entre os dentes ocorre por inúmeras razões: herança familiar; inserção do freio labial baixa; papila incisiva fibrosa; hábitos de colocar a língua entre os dentes; hábito de colocar objetos entre os dentes; sucção do lábio; perda precoce de dentes; ausência congênita de dentes vizinhos; anomalias de número, forma e tamanho, acidentes e traumatismos; entre outros. Esteticamente, quando for necessário fechar um espaço entre dois dentes, é provável que tenhamos que aumentar os dentes próximos, pois estes guardam uma relação de total harmonia de forma, tamanho e cor, fatores relevantes para a sensação de naturalidade. O sorriso perfeito tem hoje dentes brancos e bem alinhados. É totalmente possível que tenhamos estas características, pois mesmo que pequenas perdas tenham ocorrido, ou se formem espaços maiores, o acréscimo de material e a reorganização anatômica a partir da evolução e revolução ocasionada pelos sistemas adesivos e resinas compostas propiciam estas mudanças, respeitando as características individuais do paciente. A Estética é hoje uma finalidade da Odontologia. A principal atividade do cirurgião-dentista sempre foi o tratamento das lesões cariosas. Hoje, com menos cárie, mais cuidados de higienização e conhecimentos de como a doença cárie se instala, os pacientes voltaram sua atenção para a possibilidade de terem um sorriso mais bonito, mais harmônico, e a beleza que é um fator fundamental de conquista e disputa no cotidiano, transformou a Odontologia. Os consultórios e clínicas são visitados em busca de soluções estéticas e não mais para tratamento de dor, ou tratamento endodôntico. Agora se busca melhorar a relação do sorriso com a face, e para isto a Odontologia dispõem de regramentos e princípios para harmonizar essa relação (MORLEY, 2000). Desde a Grécia antiga, berço da beleza, os estudiosos traçaram parâmetros para construir a beleza facial, relacionada com a corporal. Assim, a criação da divina proporção, tornou possível esta leitura, uma vez que neste postulado estão todos os fatores importantes para que os profissionais que trabalham com beleza e harmonia possam se guiar. Se trabalharmos com a divina pro- 20 Stomatos v.12, n.22, jan./jun. 2006
porção de Pitágoras que determina a harmonia existente entre duas partes desiguais (o tamanho do incisivo central em relação ao lateral), por exemplo, obtemos visualmente uma aparência agradável, simétrica e harmônica (MONDELLI, 2003). Desta forma, as restaurações devem contemplar os seguintes princípios de estética: - SEXO ou seja, se homem ou mulher, pois os dentes masculinos e femininos não são iguais, normalmente o primeiro apresenta uma forma mais quadrada e o segundo um formato mais arredondado. - IDADE os dentes jovens apresentam o bordo incisal transparente, o que vai se desgastando com o passar do tempo, bem como apresenta também uma curvatura vestibular maior a qual vai dar suporte para o lábio superior. - FORMA a forma da face é igual à forma dos dentes. Faces triangulares, por exemplo, normalmente apresentam rebordos e dentes triangulares. Quando do aumento dos dentes em função dos espaços existentes, haverá sempre a tendência de estes ficarem na forma triangular. Isto se deve a adaptação cervical da resina composta onde haverá um sobre contorno, liso, polido e de fácil higienização. Portanto, este aumento não deverá ser um fator gerador de inflamação gengival nesta área, sendo necessária perícia para evitar que haja uma descontinuidade de forma. - PROPORÇÃO os dentes guardam uma relação perfeita de tamanho. Assim, os incisivos centrais superiores são os determinadores de que tamanho terão os demais dentes. Os incisivos laterais devem ter 88% do comprimento e 75% da largura do incisivo, assim estará garantida a harmonia da proporção (GONZÁLES, 1992). - ALINHAMENTO os dentes devem se alinhar de anterior para posterior, de maneira que apareçam cada vez menores em uma vista frontal. O primeiro é totalmente visto, o segundo menos, o terceiro menos ainda, e... isso se continua até o segundo molar. O espaço existente entre os dentes e a mucosa jugal é fundamental para que o fundo escuro enalteça o branco dos dentes. Este espaço chamado corredor bucal não pode ser invadido. - POSIÇÃO cada dente tem uma posição na cavidade bucal. A ausência ou a perda de um, acarreta a modificação da posição de outro. Caso um elemento dental esteja na posição de outro, este deverá ser transformado para a anatomia do local onde ele estiver. Assim, no caso de paciente portador de ausência congênita de laterais, os caninos que avançarão em direção a linha média deverão ser transformados em laterais, assumindo as características físicas de quem deveria estar naquele local. - TEXTURA o dente nasce com características muito próprias na face vestibular. Parecem impressões digitais. Com o passar do tempo em elas vão desaparecendo em função do desgaste gerado por escovação e uso de bebidas ácidas e carbonatadas. É preciso prestar atenção a estes detalhes, pois sua reprodução é bastante complexa, podendo ser reproduzida sobre resinas compostas com o uso de pontas diamantadas ou multilaminadas. - PERSONALIDADE é usual definir características masculinas como mais agressivas, e que o canino superior representaria esta característica sendo um dente agudo e volumoso. - SIMETRIA característica em que os segmentos devem estar simétricos, ou seja, os tamanhos, as formas e a cor devem ser iguais. - OPACIDADE os dentes apresentam aspecto vitrificado, com cor marfim. Quem possibilita esta cor é o amarelo da dentina e o transparente do esmalte. Na construção de uma restauração estes detalhes são fundamentais para que sejam as restaurações imperceptíveis. - TRANSLUCIDEZ o dente apresenta áreas com passagens de luz diferenciadas. O bordo incisal, com uma quantidade maior de esmalte apresenta-se mais claro que o restante do dente. - COR a cor é soma do matiz e do croma (temos 4 cores na Odontologia: A,B,C e D), um grande números de cromas A1, A2, B1, B2, e sucessivamente, seria o mesmo que dizer que o matiz é a cor azul, e o croma os diferentes tons de azul. Dispomos da participação do cinza que dá brilho ao dente e é definido como sendo o valor. Hoje em dia, dispomos ainda de cores mais translúcidas de efeito, tais como: laranja, amarelo, azul; e cores mais brancas para dentes clareados. Poderíamos citar ainda a Opalescência e a Fluorescência. A Opalescência é a capacidade do elemento dental em transmitir e refletir as ondas longas e curtas do espectro de luz. Podendo, portanto, ser observado uma coloração mais azulada ou mais alaranjada. E Fluorescência é a propriedade em Stomatos v.12, n.22, jan./jun. 2006 21
absorver luz com um comprimento de onda específico entre 350 e 400 nm, excitar pigmentos orgânicos presentes principalmente na dentina, e emitir luz branco-azulada. Diante de tantos aspectos, a importância da estética está em conjugá-los de maneira harmoniosa, visando melhorar o equilíbrio dento facial dos pacientes. Existem portando, parâmetros que devem ser utilizados para que a natureza possa ser criada ou recriada. Vale-se de subjetividade como sentimentos e sensações e objetividade como proporções numéricas e matemá- ticas. Do mesmo modo, a beleza tem padrões estéticos gerais, comuns a uma população, por outro, há fatores específicos e individuais que devem ser levados em conta. RELATO DOS CASOS CLÍNICOS O diagnóstico do caso clínico apresentado nas figuras de 1 a 7 é de diastema entre os incisivos centrais superiores, tendo como tratamento proposto o fechamento dos espaços interdentários. Figura 1 Diastema na linha média. Observação da textura, harmonia e cor dentária. Figura 4 Aplicação do sistema adesivo sobre o substrato preparado. Figura 2 Medição prévia do comprimento e largura dos incisivos, utilizando compasso de ponta seca. Figura 5 Logo após a inserção de 1mm de resina em cada uma das faces proximais. Figura 3 Remoção da camada aprismática do esmalte da face proximal. Figura 6 Após 7 dias, verificação da cor e polimento. 22 Stomatos v.12, n.22, jan./jun. 2006
Figura 7 Caso clínico final, após 2 anos. O exemplo a seguir demonstra a presença de espaços interdentários ocasionado pela discrepância de forma entre os incisivos e desarmonia no sorriso (Figuras 8 e 9). Uma transformação não somente dentária, mas também de comportamento da paciente com o aumento da auto-estima. Figura 8 Paciente insatisfeita com o sorriso, presença de diastemas e má formação dentária. Figura 9 Redução e fechamento dos espaços. Recuperação da auto-estima. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, os sistemas adesivos, aliados ao avanço das resinas compostas, possibilitam restabelecer a harmonia, a forma e o equilíbrio dos elementos dentários. Desta forma, há uma evidente melhora não somente da relação dental, mas também da relação dento-gengival e dento-facial. Com um mínimo desgaste das estruturas, é possível a execução de restaurações que satisfaçam as necessidades estéticas dos pacientes, resgatando sua auto-estima e devolvendo seu bemestar. REFERÊNCIAS BUSATO, A. L. S.; HERNANDEZ, P. A. G.; MACEDO, R. P. Dentística: Restaurações estéticas. São Paulo: Artes Médicas, 2002. GONZALES, R. M. Cierre los diastemas. Rev Assoc Odontol Argentina, v.80, p.183-186, 1992. MONDELLI, J. Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora. São Paulo: Quintessence Int., 2003. MORLEY, J. O papel da odontologia cosmética na obtenção de uma aparência mais jovem. J Amer Dent Assoc (Brasil), v.2, p.37-42, 2000. RUFENACHT, C. R. Fundamentos de Estética. São Paulo: Quintessence Int., 1998. Recebido em: 08/05/2006 Aprovado em: 25/06/2006 Stomatos v.12, n.22, jan./jun. 2006 23