ALTERAÇÕES NO SISTEMA NEUROMUSCULAR DECORRENTES DO ENVELHECIMENTO E O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NA MANUTENÇÃO DA FORÇA MUSCULAR EM INDIVÍDUOS IDOSOS



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Transcrição:

Rev. bras. fisioter. Vol. 7, No. 3 (2003), 201-207 Associação Brasileira de Fisioterapia ALTERAÇÕES NO SISTEMA NEUROMUSCULAR DECORRENTES DO ENVELHECIMENTO E O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NA MANUTENÇÃO DA FORÇA MUSCULAR EM INDIVÍDUOS IDOSOS Davini, R 1 e Nunes, C. V? 1 Fisioterapeuta, mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas, professor do curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, USF 2 Fisioterapeuta, mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos, professora do curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, USF Correspondência para: Rafael Davini, Av. Andrade Neves, 2655, apto 92, Campinas, SP, CEP 13070-000, e-mail: rafael.davini@saofrancisco.edu.br Recebido: 3017/02- Aceito: 21/8/03 RESUMO A diminuição da força muscular e subseqüente comprometimento da função motora, associados ao processo de envelhecimento, afetam diretamente a vida de indivíduos idosos, diminuindo suas habilidades em tarefas simples como caminhar e dificultando a realização de atividades de vida diária, comprometendo a qualidade de vida e a saúde mental dessa população. A participação regular em programas de exercícios físicos de força muscular (EFFM) causa respostas favoráveis que contribuem para um envelhecimento saudável. Há evidências de que a reeducação muscular realizada por meio da aplicação de exercícios físicos visando ao aumento da força muscular tem efeito positivo no sistema neuromuscular de indivíduos idosos. Estima-se que no ano de 2.030 o número de indivíduos com 65 anos ou mais poderá chegar a 70 milhões em países desenvolvidos, e no Brasil projeções estatísticas para o ano de 2025 indicam que a população total aumentará 5 vezes em relação à de 1950, ao passo que a população acima de 60 anos terá aumentado cerca de 15 vezes. Dessa forma, quanto mais a expectativa de vida aumenta, mais importante se torna determinar a extensão e os mecanismos com os quais os EFFM podem melhorar as condições de saúde, a capacidade funcional, a qualidade de vida e a independência da população de idosos. Assim, este artigo tem por objetivos revisar os efeitos do processo de envelhecimento sobre o sistema neuromuscular e ainda destacar a importância da reeducação muscular realizada por meio da aplicação dos EFFM com o intuito de amenizar as alterações fisiológicas encontradas no sistema neuromuscular em decorrência do envelhecimento. Palavras-chave: envelhecimento, sistema neuromuscular, exercício físico, hipertrofia muscular. ABSTRACT The decrease in muscular strength and resulting impairment of motor function associated with the a.ging process have a direct effect on the life of the elderly, decreasing their ability to perform simples tasks such as walking, and making it difficult to perform everyday activities thus compromising the mental health and quality of life of this population. Positive re:sults have been achieved through the frequent practice of physical exercises for muscular strength (PEMS), contributing to a healthy old age. There is also evidence that muscle rehabilitation achieved by applying physical exercises for muscular strength has a beneficiai effect on the neuromuscular system of elderly individuais. It has been estimated that by the year 2030, the number of people aged 65 or above could reach 70 million in the developed countries. In Brazil statistical forecasts for the year 2025 project a total population of about five times that present in 1950, while the number of people above 60 will have risen 15 times in the same period. For this reason, the higher the life expectancy the more important it becomes to define to what extent and through which means PEMS can improve the conditions of health and functional ability, thus improving the quality of life and promoting independence for the elderly population. Therefore, this article aims at revising the effects of aging on the neuromuscular system in addition to discussing the important role of muscle rehabilitation with PEMS in reducing the physiological changes found in the neuromuscular system as a result of the aging process. Key words: aging, neuromuscular system, physical exercise, muscular hypertrophy.

202 Davini. R. e Nunes, C. V Rev. bras..fisiota INTRODUÇÃO Efeitos do Envelhecimento sobre os Sistemas Neuromuscular e o Papel da Reabilitação no Ganho e na Manutenção da Força Muscular O envelhecimento é o responsável por algumas alterações fisiológicas no sistema neuromuscular que levam a um decréscimo da força muscular (FM) e conseqüente decréscimo da função muscular, aumentando, assim, a perda da densidade óssea mineral e o número de quedas e fraturas ósseas.l.2 3 A diminuição da área de secção transversa (AST) e conseqüente atrofia muscular, perda de fibras musculares, alteração na porcentagem de tecido muscular contrátil e déficit na inervação muscular, incluindo recrutamento e disparo de unidades motoras (UM), são as principais causas da redução da FM verificada na população idosa. 3 4 Ao mesmo tempo é evidente a capacidade de adaptação do sistema neuromuscular de indivíduos idosos ao treinamento objetivando ganho de força muscular, o que pode ser verificado principalmente por meio do aumento da AST das fibras musculares de indivíduos idosos após período de treinamento físico. 5 6 Efeitos do Envelhecimento na Força Muscular Há consenso a respeito da redução da força muscular na população idosa,i.5 7 8 sendo que a maneira mais confiável de quantificar essa perda é por meio de estudos longitudinais. 3 Aniansson et al. 9 acompanharam por um período de 11 anos 9 indivíduos do sexo masculino com idade entre 79 e 82 anos. Foi mensurada a força isométrica e isocinética (30 /s e 60 /s) dos músculos extensores do joelho e ainda a força isométrica dos flexores do cotovelo. Ao final do período de investigação, os autores encontraram redução de 35% para a contração isométrica e de 25% para a contração isocinética dos extensores de joelho à velocidade de 30 /s e ainda 35% de redução à velocidade de 60 /s para o mesmo grupo muscular. A força dos flexores de cotovelo também apresentou-se diminuída no final do período de investigação. Seguindo a mesma linha de investigação, Rantanen et al. 8 acompanharam as alterações na força muscular por um período de 27 anos em indivíduos do sexo masculino com idade entre 71 e 96 anos. O aparelho utilizado para as avaliações e reavaliações da FM foi o Hand Grip, o qual proporciona resistência à realização do movimento de preensão palmar. Ao longo do período de acompanhamento, a FM apresentou declínio diretamente proporcional ao aumento da idade cronológica, com perda média da FM de 1,0% ao ano para os músculos flexores do punho, o que atinge de forma direta algumas atividades de vida diária importantes, como, por exemplo, manipular e carregar objetos. Recentemente, Frontera et af.3 acompanharam o comportamento da FM de 9 homens com média de idade de 64,5 ± 4,2 anos por um período de 12 anos. Os autores mensuraram a força isocinética dos músculos flexores e extensores do joelho (60 /s e 240 /s) e dos músculos flexores e extensores do cotovelo (60 /s e 180 /s). Os autores encontraram redução significativa da FM isocinética, que variou de 23,7% a 29,8% para os músculos flexores e extensores do joelho nas duas velocidades angulares testadas. Para o membro superior testado, a perda de FM observada na velocidade de 60 /s foi de 16,4% e 19,4% para os flexores e extensores do cotovelo, respectivamente. A 180 /s a perda de força nos flexores do cotovelo foi de 26,5%, enquanto para os extensores não houve diferença estatisticamente significativa durante o período acompanhado. A perda anual da FM para os extensores e flexores do joelho foi de 2,9% e 2,5%, respectivamente, já para os músculos flexores e extensores do cotovelo a perda anual da FM foi de 1,4% a 2,2% e 1,6%, respectivamente. Alguns outros estudos também relatam a perda gradual de FM ao longo do processo de envelhecimento. 6 10 A contração excêntrica tem grande implicação funcional para a população idosa, já que a ação muscular por meio desse tipo de contração tem papel importante em atividades como a marcha, proporcionando a produção de forças de estabilização e desaceleração durante suas fases. 11 Alguns autores 12 13.1 4 sugerem que a força excêntrica poderia ser menos afetada pelo processo de envelhecimento quando comparada à força isométrica, isotônica concêntrica e isocinética concêntrica, principalmente em altas velocidades. Vandervoort et al. 12 encontraram diferença de 53% no pico de torque concêntrico e de apenas 34% no pico de torque excêntrico para o grupo muscular de extensores do joelho em mulheres com idades variando entre 23 e 72 anos. Os autores concluíram que nas mulheres a força excêntrica é menos afetada pelo processo de envelhecimento do que a concêntrica e isto estaria relacionado ao fato de que mulheres idosas possuem maior ciclo de alongamento-encurtamento muscular e, assim, maior capacidade de armazenar e utilizar a energia elástica no músculo esquelético em relação a homens idosos e mulheres e homens jovens. Influência do Sexo na Massa e na Força Muscular em Indivíduos Idosos Alguns estudos relatam que homens idosos apresentam maior FM quando comparados a mulheres idosas.2.7. 15 Frontera et al. 7 observaram interações entre o sexo e a FM. De acordo com os autores, indivíduos idosos do sexo masculino apresentaram maior FM do que os do sexo feminino. Isto poderia ser explicado pelas diferenças entre a composição e o tamanho corporal existente entre indivíduos do sexo masculino e feminino que se mantêm com o processo de envelhecimento. Por meio de imagem de ressonância nuclear magnética, Janssen et al. 15 inferiram que os homens apresentam

Vol. 7 No. 3, 2003 Envelhecimento, Força Muscular e Exercício Físico 203 maior quantidade de massa de músculo esquelético (MME) do que as mulheres em termos absolutos (33 kg-21 kg) e relativos (38%-30,6%). A MME tem grande influência na densidade óssea mineral, assim, a maior prevalência da osteoporose nas mulheres poderia ser explicada, em parte, por menor quantidade de MME que estas apresentam. Desta forma, na prática fisioterapêutica, o trabalho de fortalecimento muscular deve ser priorizado para indivíduos idosos do sexo feminino, visando a ganhos na área das fibras musculares esqueléticas e prevenindo e/ou reduzindo quadros de perda de tecido ósseo mineral. Mecanismos que Levam à Redução da Força Muscular Durante o Processo de Envelhecimento Possíveis explicações para a redução da FM em indivíduos idosos seriam a ocorrência de diminuição da AST das fibras do músculo esquelético em função de uma atrofia seletiva das fibras musculares do tipo 11 e a perda no número de fibras musculares. 3 16 17 Pmter et al. 18 revelaram que músculos como vasto lateral (VL), tíbia! anterior (TA) e bíceps braquial (BB) apresentam diminuição na AST de suas fibras musculares do tipo li durante o processo de envelhecimento, enquanto as fibras musculares do tipo I dos mesmos músculos não apresentaram alterações importantes em sua AST. Em relação ao número de fibras musculares, Rogers & Evans 19 mencionam que tanto as fibras do tipo I quanto as fibras do tipo 11 diminuem numericamente na mesma proporção ao longo do envelhecimento, porém, outros estudos sugerem haver diminuição principalmente do número de fibras do tipo II. 18 20 Lexell et au 0 realizaram autópsia do músculo VL de 43 homens com idade entre 15 e 83 anos e encontraram que a atrofia muscular foi diretamente proporcional à idade dos voluntários. De acordo com os autores, a atrofia observada deve-se a uma redução no tamanho das fibras musculares, principalmente as do tipo II, e também à perda de fibras musculares sem predominância para nenhum dos dois tipos de fibras, I ou II. Já Coggan et au 1 mencionam não haver diferença significativa na quantidade de fibras tipo I, lia e Ilb com o envelhecimento. Todavia, os autores propõem que as fibras do tipo I ocupam maior porcentagem do total de área muscular nos indivíduos idosos tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino, e isto ocorre em função de as fibras do tipo lia e tipo IIb apresentarem área de secção transversa menor quando comparadas às fibras musculares do tipo L A capacidade que um músculo esquelético apresenta de desenvolver FM não está relacionada apenas a características anatômicas e morfológicas de suas fibras, mas também ao controle neural que esse músculo recebe, assim, alterações neuronais periféricas também podem acarretar diminuição da força muscular. Acredita-se que o envelhecimento seja responsável por perda da quantidade de motoneurônios a, assim, indivíduos idosos apresentariam menor quantidade de unidades motoras (UM,). A perda do número de UM, decorrente do envelhecimento tem sido estimada em aproximadamente 1 o/o do total de UM, ao ano, com início a partir da terceira década de vida, aumentando acentuadamente depois da sexta década. Especula-se que, pelo fato de haver diminuição do número de UM, no músculo esquelético de indivíduos idosos, as UM, remanescentes apresentmiam maior tamanho ou aumentariam sua taxa de inervação, desta maneira, para indivíduos idosos cada neurônio motor inervaria maior número de fibras musculares em comparação a indivíduos jovens. 16 De acordo com Brooks & Faulkner, 22 as UM, passam por um ciclo natural de remodelamento, situação na qual ocorrem algumas modificações nas conexões sinápticas na junção neuromuscular, caracterizadas por perda da inervação, brotamento axonal e reinervação das fibras do músculo esquelético. A diminuição das fibras musculares esqueléticas do tipo 11 verificada em indivíduos idosos pode estar associada à perda da inervação dessas fibras e posterior reinervação dessas mesmas fibras musculares por brotamento colateral de axônios de fibras do tipo L Assim, essas fibras passariam a apresentar características fisiológicas e bioquímicas das fibras de contração lenta (tipo I). Desta forma, parece que o processo de remodelamento das unidades motoras ocorre de modo diferenciado ao longo do processo de envelhecimento, e tal fato poderia justificar a menor diminuição na quantidade das fibras musculares do tipo li durante o envelhecimento verificada em alguns estudos. 20 21 O fenômeno de remodelamento das UM das fibras musculares do tipo li por motoneurônios a de fibras oxidativas poderia ocorrer em decorrência de um aumento da coexpressão dos tipos I e II dm. isoformas de miosina de cadeia pesada observado na musculatura esquelética de indivíduos idosos. 16 23 A miosina de cadeia pesada é a porção da cabeça da molécula de miosina que determina a taxa de reação das pontes cruzadas com o miofilamento de actina e, assim, a velocidade de contração do músculo esquelético. Sabe-se ainda que a freqüência de disparo das UM, remanescentes pode se tornar mais variável ou ainda diminuir com o envelhecimento, fato que levaria à deficiência do controle motor e conseqüentemente ao comprometimento do desenvolvimento de níveis maiores de FM. 4 24 25 Kamen et al. 26 investigaram a relação da FM com a taxa de disparo das UM, do primeiro músculo interósseo dorsal de indivíduos jovens e idosos. A FM encontrada nos indivíduos jovens foi 19% maior que a observada em indivíduos idosos. A descarga máxima de UM, a 100% da contração voluntária máxima no grupo de indivíduos idosos foi 64% menor quando comparada ao grupo de voluntários jovens. Esses resultados sugerem que a redução da força muscular máxima se deve em parte a uma diminuição na capacidade de ativação das unidades motoras remanescentes na musculatura esquelética de indivíduos idosos. s

204 Davini, R. e Nunes, C. V. Rev. bras..fisiora Acredita-se também que a redução da FM observada durante o envelhecimento seja decorrência de um déficit na ativação da musculatura esquelética pelo sistema nervoso central. 27 28 Além dos fatores morfológicos e neurais centrais e periféricos, a redução da força muscular em idosos também tem sido atribuída a alterações em organelas como o retículo sarcoplasmático (RS). 29 De acordo com Delbono et al. 29 a quantidade de Ca+ 2 liberada pelo RS durante a despolarização celular está reduzida na musculatura esquelética de indivíduos idosos, e isto afetaria de forma direta os níveis de força muscular desenvolvidos. Além disso, de acordo com Coggan et al., 21 a capilatização da musculatura esquelética em idosos é cerca de 25% menor quando comparada a jovens, e algumas alterações bioquímicas importantes são verificadas em relação a enzimas mitocondriais, como redução de 25% na succinato desidrogenase, citrato sintase e ~hidroxiacii-coa desidrogenase. Essas mudanças estruturais e bioquímicas contribuem de forma direta para a redução da massa muscular, força e resistência muscular observadas na população de idosos, já que exercem influência direta no metabolismo das células musculares. Assim, podemos notar que as alterações estruturais no músculo esquelético parecem não ser as únicas responsáveis pelo decréscimo da FM observado durante o processo de envelhecimento. Efeito do Treinamento Físico no Músculo Esquelético de Indivíduos Idosos O treinamento da musculatura esquelética é dividido em duas categorias: resistência e força. O primeiro está associado ao aumento da aptidão cardion espiratória e também muscular com provável aumento nos valores de consumo máximo de oxigênio (V0 2 Má), já o segundo está mais associado à melhora da capacidade de gerar força máxima. 5.1 7 O treinamento de força prescrito para a população idosa vem recebendo atenção considerável nas últimas décadas, e isto ocorre em função do grande potencial que esse tipo de recurso tem em diminuir a perda de massa muscular relacionada ao processo de envelhecimento, bem como aumentat o controle neuromuscular de indivíduos idosos e desta forma amenizar quadros de redução da FM e de comprometimento da função do sistema neuromuscular, ambos associados ao processo de envelhecimento. 5 6 30 31 32 Apesar disso, a aplicação do treinamento de FM para a população idosa depende de alguns fatores a serem analisados, como o grau de comprometimento dos sistemas neuromuscular e a presença de patologias associadas ao sistema cardiovascular. Quadros de cardiopatia isquêmica, cardiomiopatia e hipertensão arterial sistêmica, ainda que controlados, podem eventualmente contra-indicar a prescrição de exercícios de força muscular pelo fato de que porcentagens maiores que 20% da contração isométrica voluntária máxima (CIVM) podem causar elevação súbita da PA sistólica com aumento da pós-carga, podendo desencadear quadros como angina pectóris, arritmias cardíacas ou até mesmo disfunção ventricular esquerda. 33 34 Para essa população, ainda que os exercícios de força muscular sejam os mais indicados no combate à sarcopenia, os exercícios de resistência muscular devem ser aplicados como recurso de primeira eleição, já que proporcionam menores riscos de complicações a outros sistemas orgânicos 18 33 e ainda alguns benefícios ao sistema muscular de indivíduos idosos. 35 Coogan et al. 35 estudaram as adaptações da musculatura esquelética ao treinamento de resistência em homens e mulheres com idade entre 60 e 70 anos. O estudo relatou a capacidade de adaptação da musculatura esquelética desses indivíduos ao treinamento de resistência por meio da diminuição na porcentagem de fibras Ilb e aumento na porcentagem de fibras lia e ainda aumento de 10% e 12% na área das fibras musculares do tipo I e lia, respectivamente. A área das fibras Ilb não sofreu alterações. Em razão das alterações na estrutura e tipos de fibras musculares, foi verificado aumento de 21 o/o no número de capilares por milímetro quadrado de fibra muscular pré e pós-treinamento, e este aumento da densidade capilar estaria relacionado ao aumento da razão capilar-fibra bem como ao aumento no número de capilares em contato com cada fibra muscular. A atividade de enzimas como a succinato desidrogenase, citrato sintase e ~-hidroxiacil-coa desidrogenase, todas relacionadas à atividade mitocondrial, aumentou pré e pós-período de treinamento físico de 24% a 55%. Podemos observar então que exercícios de resistência com intensidades adequadas têm a capacidade de proporcionar adaptações benéficas à musculatura esquelética de indivíduos idosos e, assim, devem ser empregados em casos especiais em que os exercícios de força tenham restrições de aplicação para essa população. Quanto aos exercícios de força muscular, estes parecem ser mais efetivos no combate à redução da quantidade e área de fibras musculares esqueléticas. 31 36 Em estudo clássico, Frontera et al. 32 encontraram que o treinamento de FM em indivíduos idosos com idade entre 60 e 72 anos leva à hipertrofia muscular e conseqüente melhora da função motora. A porcentagem de aumento encontrada foi de 117% para os extensores do joelho direito, 107,4% para os extensores do joelho esquerdo e 226,7% para os flexores do joelho direito e esquerdo. Os autores 32 atribuem o aumento verificado na FM ao aumento na AST determinada por meio da biopsia muscular e tomografia computadorizada das fibras musculares. Após período de treinamento, a área das fibras musculares do tipo I apresentou aumento de 33,5% e a área

Vol. 7 No. 3, 2003 Envelhecimento, Força Muscular e Exercício Físico 205 das fibras do tipo II, 27,6%. Não foram verificados aumentos na proporção das fibras do tipo II após o treinamento. Brown et af.3 1 investigaram a capacidade de adaptação do músculo bíceps braquial de indivíduos com idade entre 60 e 70 anos ao treinamento de força. Os resultados obtidos foram semelhantes aos do estudo de Frontera et al. 32 em relação ao aumento na AST, porém. o aumento encontrado na área média das fibras tipo 11 foi maior quando comparado ao das fibras do tipo I, aumentando desta forma a razão fibra tipo li/i. Assim, podemos notar capacidade semelhante de adaptação ao treinamento de força muscular para grupos musculares tanto dos membros inferiores quanto dos membros superiores. Recentemente, Hakkinen et al. 36 estudaram a produção de força e as características das fibras musculares do músculo quadríceps femoral de indivíduos do sexo masculino e feminino com média de idade de 72 ± 3 e 67 ± 3 anos, respectivamente, que foram submetidos a um programa de treinamento de força e explosão muscular no aparelho leg press e mesa extensora. Em seus resultados os autores relataram que após 6 meses de treinamento a produção de força pelo músculo quadríceps femoral aumentou de 30% para 60% para ambos os sexos, porém a AST das fibras analisadas não aumentou na mesma proporção que a força muscular. Harridge et al. 37 submeteram indivíduos idosos com idade entre 85 e 97 anos a um programa de treinamento de força do músculo quadríceps femoral três vezes por semana durante doze semanas. Ao final do treinamento, a produção de FM do grupo quadríceps femoral aumentou 134%, enquanto a AST desse mesmo grupo muscular aumentou de 15%al7%. Estudos prévios 36 37 indicam que o aumento observado na FM do grupo treinado foi maior que o aumento verificado na AST desses músculos, o que nos sugere que o ganho de FM após período de treinamento não estaria associado somente a mudanças na morfologia das fibras musculares, mas também a ganhos neurais (mudanças no recrutamento e disparo das UM, decorrentes do aprendizado motor adquirido durante o treinamento 36 38 ). As adaptações neurais têm sido reportadas como sendo responsáveis pelo ganho de força inicial observado durante as oito primeiras semanas de treinamento de força muscular. 17 39 A capacidade de adaptação da musculatura esquelética de indivíduos idosos ao treinamento de FM é clara, porém é importante mencionar que alguns estudos relatam maior facilidade de ocorrência de lesões musculares em indivíduos idosos durante e após período de treinamento de FM. 40.4' As mulheres idosas parecem ser mais susceptíveis a ocorrência de lesões musculares decorrentes do treinamento de força de que os a homem. idosos quando ambos são com- parados a grupos de jovens, desta forma, seria indicado um petiodo maior de adaptação para idosos do sexo feminino antes do início dos protocolos que objetivam força máxima. 42 Roth et al. 41 não encontraram diferença significativa nos níveis de lesão muscular do músculo VL, após período de treinamento de força, entre indivíduos adultos jovens e idosos do sexo masculino. Importante ressaltar que a FM apresentou aumento de 27% após período de treinamento para ambos os grupos. Porém, esses mesr.1os pesquisadores encontraram diferença significativa nos níveis de lesão muscular entre mulheres com idade entre 20 e 30 anos e 65 e 75 anos submetidas a treinamento de FM, sendo que após período de treinamento foi observado aumento de 38% e 25% na FM para o grupo de mulheres jovens e idosas, respectivamente. Porém, os níveis encontrados de lesão muscular após período de treinamento de força apresentaram diferenças significativas, sendo 5% para as mulheres jovens e 17% para as idosas. Os estudos relatados ratificam que boa parte da população de idosos tem condição de receber com segurança cargas de treinamento a valores próximos de suas resistências máximas para uma repetição, e, mais do que isto, todos os estudos abordados reforçam a capacidade de adaptação ao treinamento por intermédio principalmente do aumento da FM pré e pós-período de treinamento. CONCLUSÕES Algumas mudanças ocorrem no músculo esquelético em função do processo de envelhecimento. A mudança mais marcante verificada é a diminuição na AST e a conseqüente diminuição da quantidade de tecido contrátil. Mudanças também são verificadas nas características de funcionamento das UM, de indivíduos idosos. Os resultados dessas mudanças são a diminuição na capacidade de produção da FM e conseqüente decréscimo da função motora. Ao mesmo tempo há evidências de que o treinamento de força muscular por meio do exercício físico pode influenciar de forma positiva a área, a força e a resistência do músculo esquelético de indivíduos idosos. Os estudos relatados nesta revisão sugerem que o treinamento de força, quando aplicado regularmente e levando-se em conta intensidade, duração e freqüência, pode reduzir alguns efeitos fisiológicos que ocorrem em função do processo de envelhecimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS J. LIDLE, R. S., METTER, E. J., LYNCH, N. A., FLEG, J. L., FOZARD, J. 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