O PROGRAMA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ABASTECIMENTO



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Transcrição:

SECRETARIA NACIONAL DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS SNAI DIRETÓRIO NACIONAL DO PT O PROGRAMA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ABASTECIMENTO FICHA DE IDENTIFICAÇÃO GESTÃO: PREFEITO: 1993-1996 MUNICÍPIO: BELO HORIZONTE U.F.: DF Patrus Ananias ÓRGÃO RESPONSÁVEL: Secretaria Municipal de Abastecimento - SMAB NOME DO RESPONSÁVEL: CARGO: Múcio França Secretário de Abastecimento IMPLEMENTADO EM: Verificar no texto o ano de implementação de cada um dos diversos programas FONTE: Material produzido pela prefeitura N.º DE HABITANTES: 2.000.000 de habitantes ( aprox ) TEL: E MAIL: ( 031 ) 32774781 ORÇAMENTO: FAX: SITE: ( 031 ) 32774783 www.belohorizonte.mg.gov.br EMENTA: O Programa da Secretaria Municipal de Abastecimento integra um conjunto de ações, que se completam mutuamente, de combate a distribuição imperfeita de alimentos, de valorização do mercado interno e de inclusão da parcela da população que não tem acesso ao direito de se alimentar. Página 1 de 8

A Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Abastecimento - SMAB, vem executando uma política integrada de abastecimento que visa romper com a idéia de que abastecimento não é assunto do poder público, principalmente do poder público municipal. O diagnóstico da fome coloca a urgência de ações assistenciais. Porém, indo muito mais longe, as ações da SMAB são dirigidas também para as distorções estruturais da produção e comercialização que engendram mecanismos perversos de exclusão de parte da população ao direito à alimentação. Tomando-se por base os principais problemas relativos ao abastecimento nas cidades médias e grandes no Brasil, quais sejam, a existência de uma expressiva parcela da população marginalizada do direito de se alimentar, a distribuição imperfeita dos produtos alimentares, a não priorização do mercado interno, enquanto alvo de comercialização, e a formação de preços distorcida por um mecanismo de mercado muitas vezes oligopolizado e bem distante da definição técnica de concorrência perfeita, a SMAB adota diretrizes, políticas e planos de ação visando minorar os problemas apontados. A SMAB entende que o direito à alimentação está inserido em um contexto de ampliação da cidadania, sendo, deste modo, dever do setor público assegurar a segurança alimentar e trabalhar no sentido de estender a condição de cidadania alimentar a maior parcela da população. Este último conceito, por sua vez, envolve questões mais amplas e estruturais relativas à produção e distribuição de alimentos. O nosso país e, por extensão, como um reflexo da realidade nacional, o nosso município, apresentam padrões perversos de concentração de renda e um mecanismo de crescimento que conjugam o desenvolvimento de setores modernos e de tecnologia de ponta, com a ampliação da miséria e da mendicância. Portanto, são necessárias ações diretas do setor público no sentido de garantir a segurança alimentar à população de baixa renda. Algumas destas ações consistem na distribuição de cestas básicas à população carente; na distribuição de farinha enriquecida à nutrizes, gestantes, crianças e idosos; na merenda escolar distribuída à rede pública municipal; e na manutenção de um restaurante popular vendendo refeições a preço de custo. Abandonando o plano puramente emergencial, depara-se com a questão da distribuição imperfeita dos produtos alimentares e aí novamente cabem ações do setor público. Dentro do que aqui se chama de distribuição imperfeita, pode-se explicitar o grande número de intermediários entre o produtor e o consumidor final, estruturas de varejo oligopolizadas para alguns gêneros alimentares, o que gera uma margem de comercialização do atacado para o varejo excessivamente elevada. A concepção da Secretaria de Abastecimento, com relação às distorções na distribuição, não se vincula somente às entidades e equipamentos de comercialização e de armazenagem, mas também aos agentes, seu papel na produção de alimentos e na formação e regulação dos preços. A ação municipal tem se orientado por uma atuação direta na promoção de mecanismos através dos quais o produtor (principalmente o pequeno) possa vender os seus produtos diretamente ao consumidor final, e também por uma regulação da margem de lucro dos produtos comercializados nos equipamentos sob sua administração. Outro mecanismo de ação é a criação de um canal institucional por meio do qual o poder público possa garantir um comprometimento do setor privado em relação à política de preços, associada à qualidade dos produtos. Tal idéia se traduziu na criação de um Conselho Municipal de Abastecimento, cujo objetivo é permitir ao município caminhar juntamente com o setor privado, no que tange à criação de mecanismos para a estabilização de preços e para a normatização e regulamentação do abastecimento. Apesar de não caber ao município competência para interferir na distribuição de renda, devendo esta ficar a cargo de políticas macro-econômicas a serem engendradas pelo poder central, pode-se trabalhar no sentido de garantir estabilidade de preços, acessibilidade e qualidade dos alimentos. A SMAB possui aparelhos de comercialização de hortifrutigranjeiros de boa qualidade a baixos custos, através de um sistema padronizado de concessão de serviço. Dessa forma, garante os três requisitos supra citados: a estabilidade de preços é assegurada no sentido de que todos os reajustes são negociados com os permissionários e, em caso de aumentos de preços, estes são amplamente embasados por pesquisas no segmento em questão; procura-se obter uma distribuição geográfica dos aparelhos públicos de modo a atender a demanda da população e garantir a acessibilidade ao benefício de maneira equitativa entre as regiões do município Toda esta ação da SMAB é feita em conjunto com outros órgãos municipais como a Vigilância Sanitária, a BHTrans Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Página 2 de 8

Horizonte, a SLU - Superintendência de Limpeza Urbana e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, visando à segurança, qualidade dos alimentos e salubridade dos pontos de venda, além do respeito ao meio ambiente. Trabalha-se ainda do ponto de vista de educar e disciplinar a demanda, produzindo informação ágil e permanentemente atualizada, através de uma pesquisa de preços para uma cesta básica de quarenta e cinco produtos definidos pela SMAB. Belo Horizonte é a segunda cidade do Brasil a criar uma cesta básica municipal. O ponto de partida para esta ação é o diagnóstico de que a população sofre com a ausência de informação necessária para exercer seu dever de fiscalização e promoção da concorrência, no âmbito do setor privado de comercialização de alimentos. A Secretaria de Abastecimento investe na informação como um projeto educacional amplo, acreditando que este canal de comunicação com o público também contribui para a ampliação da cidadania. Ainda em relação ao projeto educativo, a SMAB incentiva o plantio de hortas e pomares caseiros em escolas, via distribuição de mudas e ensino de plantio e manutenção, como também investe na educação para o consumo através de oficinas de alimentação alternativa e cozinha experimental, além de cartilhas contendo receitas de baixo custo e alto valor nutricional distribuídas à população. A SMAB procura ainda estimular alternativas ao centralismo da distribuição e à prática de monoculturas. A experiência tem mostrado que as safras recordes que se sucedem no país não vêm minorar o problema da carestia de alimentos internamente, uma vez que boa parte da produção é voltada para o mercado externo. Quanto ao centralismo da distribuição, este só tem acrescentar custos de transporte e margem de desperdício, ambos já altos na comercialização agrícola nacional. Não tem sentido o consumidor de uma região produtora de determinado alimento pagar o custo de transporte do produto a um centro de comercialização e depois o retorno a seu município. Portanto, Belo Horizonte já vem agindo no sentido de incentivar a expansão de um cinturão verde ao seu redor e promover entendimentos com prefeitos do entorno e de regiões vizinhas para que façam o mesmo. A SMAB, ao atuar no estímulo à produção de alimentos em outros municípios e no estímulo ao cooperativismo, além de buscar o aumento da oferta de alimentos e a redução de seus preços, está ampliando seus raios de ação e promovendo a integração entre os municípios consorciados. A política municipal de abastecimento consegue, enfim, ser uma política regional, uma vez que Belo Horizonte é uma cidade grande, que se relaciona à RMBH e aos municípios circunvizinhos como uma região e não como cidade, espaço urbano específico, minimizando assim a dualidade cidade campo resultante do rápido processo de industrialização no Brasil. Por fim, ainda no âmbito da produção, a Prefeitura de Belo Horizonte tem estimulado os agrícola nacional. Não tem sentido o consumidor de uma região produtora de determinado alimento pagar o custo de transporte do produto a um centro de comercialização e depois o retorno a seu município. Portanto, Belo Horizonte já vem agindo no sentido de incentivar a expansão de um cinturão verde ao seu redor e promover entendimentos com prefeitos do entorno e de regiões vizinhas para que façam o mesmo. A SMAB, ao atuar no estímulo à produção de alimentos em outros municípios e no estímulo ao cooperativismo, além de buscar o aumento da oferta de alimentos e a redução de seus preços, está ampliando seus raios de ação e promovendo a integração entre os municípios consorciados. A política municipal de abastecimento consegue, enfim, ser uma política regional, uma vez que Belo Horizonte é uma cidade grande, que se relaciona à RMBH e aos municípios circunvizinhos como uma região e não como cidade, espaço urbano específico, minimizando assim a dualidade cidade campo resultante do rápido processo de industrialização no Brasil. Por fim, ainda no âmbito da produção, a Prefeitura de Belo Horizonte tem estimulado os municípios e as microrregiões no seu entorno a promover, através de organismos públicos pesquisas no sentido de elucidar a sua vocação agrícola, incentivando a produção de culturas variadas conforme as potencialidades de cada região. Vale lembrar que um aspecto positivo para a agricultura da região é o mercado de fácil acesso, principalmente para os produtos perecíveis. Dessa forma, através da ação integrada na órbita da produção, comercialização e segurança alimentar, o município se faz presente de maneira efetiva, contribuindo para a sua população. Página 3 de 8

O APOIO À PRODUÇÃO DE ALIMENTOS CENTRAL DE ABASTECIMENTO MUNICIPAL A tradicional Feira Fixa do Bairro São Paulo teve seu apogeu nos Anos Setenta. No início, era formada basicamente por produtores que acabaram incorporando-se ao modelo CEASA surgido neste período. A Feira Fixa exerceu papel fundamental no abastecimento atacadista e varejista de produtos hortifrutigranjeiros em Belo Horizonte. Entretanto, os novos equipamentos varejistas, como sacolões e supermercados, representaram forte concorrência, devido ao preço e à qualidade no padrão destes estabelecimentos. Este contexto gerou o declínio da Feira que, mesmo assim, resistiu, conservando o seu público cativo principalmente nos fins-de-semana. A Feira será substituída pela Central de Abastecimento Municipal (CAM), que ocupará uma área de 10.000 m2 e comercializará cerca de 40 mil toneladas por ano. A CAM será dividida em dois setores: o atacadista, formado basicamente por produtores diretos de hortifrutigranjeiros; e o varejista, incluindo os comerciantes da antiga feira. Desta forma, os permissionários terão melhores condições de trabalho, o produtor terá mais espaço diretamente ligado ao consumidor e este comprará produtos mais qualificados, com preços regulados pela Prefeitura. A Central contará também com um setor de serviços com agência bancária, correio, posto telefônico, posto policial, mas a grande novidade será a Bolsa Verde, um sistema de intermediação pública de hortifrutigranjeiros entre produtores e o mercado atacadista e varejista. Concluída no final de 95, a obra servirá como referencial para a problemática do sistema de abastecimento em nosso país. PRÓ- POMAR Para promover o plantio de mudas frutíferas em Belo Horizonte, a Secretária Municipal de Abastecimento criou o Projeto Pró-Pomar. São distribuídas mudas de pequeno e médio porte e composto orgânico, fornecido pela Superintendência de Limpeza Urbana - SLU, com o objetivo de fomentar o auto abastecimento, principalmente da população carente, gerando alternativas complementares nutricionais. A doação é feita em atividades programadas pela Secretaria, nos CAC's - Centro de Apoio Comunitário, em creches e em eventos realizados na cidade dos quais a SMAB participa. HORTAS ESCOLARES E COMUNITÁRIAS O projeto visa à implantação de hortas nas Escolas da Rede Municipal de Ensino, e outros espaços comunitários: Centros de Saúde, Associações Comunitárias, Creches e CAC's garantindo o aproveitamento da produção para o autoabastecimento. A Secretaria Municipal de Abastecimento pretende, com isto, enriquecer a merenda e valorizar o trabalho associativo, além de ocupar áreas ociosas. Através da difusão de técnicas agroecológicas (cursos, palestras e monitoramento técnico) e das atividades práticas, desperta-se o senso crítico da comunidade em relação à questão ambiental. CAMPANHA DA SAFRA A Campanha da Safra é um projeto que apoia a negociação de produtos na época de colheita, geralmente difíceis de serem comercializados, devido ao excesso de oferta. Vende produtos direto do produtor ao consumidor, eliminando as intermediações. Funciona em pontos estratégicos da cidade, otimizando o acesso da população, reduzindo o preço para o consumidor enquanto amplia o ganho do produtor direto. Página 4 de 8

DIRETO DA ROÇA O Direto da Roça oferece à população belohorizontina hortifrutigranjeiros colhidos durante todo o ano. O produtor assume um ponto fixo e vende diretamente ao consumidor. Desta forma, lucram os dois. O produtor consegue melhores preços por suas mercadorias e o consumidor compra alimentos saudáveis com custo abaixo do mercado. CENTRO DE VIVÊNCIA AGROECOLÓGICA O Centro de Vivência Agroecológica está sendo viabilizado e sua implantação criará espaços comunitários para a produção, reprodução e distribuição de mudas e sementes. Esse projeto dará sustentação às hortas escolares e comunitárias, além de ser um local de aprendizagem, troca de opiniões e conhecimentos. É agroecológico, porque vai difundir tecnologias agrícolas que preservem o meio-ambiente e utilizem de forma racional os recursos disponíveis. Este projeto é desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. REGULANDO,PREÇO SE CONTROLANDO QUALIDADE NA ÓRBITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS COMBOIO DO TRABALHADOR A centralização dos super e hipermercados na cidade cria uma forte carência comercial nos bairros periféricos. O pequeno comerciante muitas vezes adquire seus produtos em supermercados e os revende à população da periferia, repassando o lucro dos grandes comerciantes juntamente com seu próprio lucro. Visando não apenas ao abastecimento das regiões periféricas, mas também à otimização do acesso da população carente - que recebe de 1 a 3 salários mínimos - é uma alimentação saudável, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte criou o Comboio do Trabalhador. O Comboio possui pontos móveis de venda, que nos fins de semana saem do centro para atender à periferia. Comercializa produtos da cesta básica de ótima qualidade a baixos preços supervisionados pela Secretaria Municipal de Abastecimento, funcionando também como regulador do mercado de alimentos. ABASTECER Este projeto funciona como um "mercadinho", com sacolão, açougue, venda de biscoito, café e folhosas. Os preços e a qualidade são controlados pela Prefeitura e os produtos vendidos até 50% mais baratos que nos sacolões convencionais da rede privada. Somado ao Comboio, o Abastecer atende a cerca de 13% da população da cidade. FEIRA COBERTA DO PADRE EUSTÁQUIO A administração de equipamentos é uma das preocupações da Secretaria Municipal de Abastecimento. Em junho de 1994 foi feita a transferência da administração da Feira Coberta do Padre Eustáquio, da CEASA para esta Secretaria. O objetivo agora é revitalizar a Feira, que constitui um dos canais de comercialização varejista com maior potencial de atendimento à população que circula naquela região. Além de modificações no espaço interno, como a substituição das bancas por boxes padronizados, prestação de serviços (agência bancária, Correio), a Secretaria de Abastecimento vai criar também espaços culturais nos locais hoje ociosos. Página 5 de 8

O gerenciamento será feito em conjunto com a Associação dos Feirantes e propiciará um diálogo aberto entre órgão público e permissionários. MERCADOS DISTRITAIS A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte está revitalizando os Mercados Distritais da cidade, através da criação de espaços múltiplos, unindo abastecimento e atividades culturais. Os Mercados Distritais - Cruzeiro, Barroca e Santa Tereza - são hoje locais freqüentados habitualmente pelos belo horizontinos, em busca de melhores preços e alta qualidade. O lançamento do projeto "Ofertas do Dia" possibilitou a colocação de um "mix" de produtos à disposição dos consumidores. Os preços, mais acessíveis, são negociados entre a Prefeitura e os comerciantes. MERCADO POPULAR DA LAGOINHA O bairro da Lagoinha é um dos mais tradicionais de Belo Horizonte. Desde a instalação da Nova Capital, se constituiu como marginal, fora do contorno da Serra do Curral lugar escolhido para abrigar as funções da moderna capital. Recuperar parte fundamental do patrimônio histórico-cultural belorizontino, como a Lagoinha, implica a revitalização do "Mercadinho". Além de restaurar seu interior ao estilo da década de 40, o espaço criará novas experiências de cidadania alimentar e cultural. A reforma arquitetônica preservará a fachada original. O interior do "Mercadinho" será reformado e abrigará um cinema com 115 lugares, além de restaurante e bar. Uma retomada da tradição festeira da Lagoinha. Por outro lado, a implantação no mercado de uma incubadora de microempresas modernizará o antigo cenário do bairro, estimulando a transformação do comércio caseiro em pequenas empresas. Esse é um projeto da Secretaria Municipal de Abastecimento que pretende democratizar o acesso da população belo horizontina à cultura e à alimentação saudável. CESTA BÁSICA A Cesta Básica SMAB define 45 produtos (alimentícios, de limpeza e higiênicos) representativos das necessidades básicas de uma família de 4 pessoas. Com a Cesta Básica SMAB, a Secretaria Municipal de Abastecimento criou a segunda cesta ampla oficial do país, que é um instrumento referencial para priorizar a ação pública na área de abastecimento urbano. A divulgação, duas vezes por semana, permite à população não só o conhecimento dos itens indispensáveis para o consumo mínimo de uma família (que devem ser cobertos pelo salário mínimo), mas também identificar na cidade o estabelecimento em que esta cesta é mais barata. O acesso da população é feito via telefone: Disque Economia - 156, além de divulgação na Imprensa e no Jornal do Ônibus. DEFESA DO CONSUMO ALIMENTAR RESTAURANTE POPULAR A fome atinge cerca de 300 mil belo horizontinos. Vários destes são trabalhadores formais ou informais, que permanecem à margem de uma alimentação mínima diária, devido ao alto custo das refeições no centro da cidade. Tendo em vista a impossibilidade de empresas da iniciativa privada oferecerem alimentação saudável por um custo acessível ao trabalhador mínimos, a Prefeitura reabriu em julho/94 o Restaurante Popular. O Restaurante Popular é um equipamento público bastante moderno, em ótimas condições de atender à política de abastecimento proposta pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Página 6 de 8

Desativado desde agosto/92, agora é totalmente administrado pela Prefeitura, atendendo um público com instrução média de 1 grau e remuneração que varia entre 01 e 03 salários mínimos. O Restaurante Popular serve diariamente cerca de 2.500 refeições e os cardápios variados são controlados nutricional e qualitativamente pela Secretaria Municipal de Abastecimento. É uma nova referência para Belo Horizonte, unindo a localização central a um cardápio atraente e com preço justo. PROGRAMA PÉ- DE- MOLEQUE ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Para combater à desnutrição que ataca milhões de pessoas e compromete com mais gravidade as crianças, a Prefeitura de Belo Horizonte implantou o Programa Pé- de- Moleque - Alimentação de Crianças e Adolescentes. Esse programa é dividido em três projetos: Prevenção e Combate à Desnutrição, Alimentação Escolar e Assistência Alimentar às Creches. PREVENÇÃO E COMBATE À DESNUTRIÇÃO Através deste projeto, crianças, gestantes e nutrizes com algum grau de desnutrição, em 93 centros de saúde municipais, estão recebendo a farinha enriquecida, uma mistura de farinha de trigo, fubá, farelo de trigo, pó de casca de ovo e pó da folha de mandioca. Rica em vitaminas e sais minerais, a farinha complementa as necessidades nutricionais de crianças, jovens e adultos; previne e trata doenças como desnutrição, anemia e cárie dentária. Esse projeto atende a mais de 10.000 pessoas a cada mês, junto com um trabalho educativo, envolvendo os profissionais de saúde e a comunidade. Os resultados são visíveis: muitas crianças já saíram da desnutrição ou diminuíram o grau da doença ASSISTÊNCIA ALIMENTAR ÀS CRECHES Gêneros alimentícios diversos e a farinha enriquecida são fornecidos às 147 creches comunitárias conveniadas com a Prefeitura. As creches, que atendem a quase 20.000 crianças, recebem também orientação nutricional da Secretaria Municipal de Abastecimento. ALIMENTAÇÃO ESCOLAR A Prefeitura assumiu a responsabilidade pela Alimentação Escolar em janeiro/1994, quando o Governo Federal repassou essa verba aos municípios. Em Belo Horizonte, os ganhos foram significativos; os alimentos antes industrializados foram substituídos por alimentos básicos como frutas, cereais, ovos, carnes. Isso significou, em menos de um ano, um aumento de 65% no valor nutricional da merenda. Esse projeto atende, atualmente, a 164.000 crianças, num total de 180.000 matriculados nas 168 escolas municipais. A aquisição dos produtos passou a ser feita diretamente de pequenos produtores e comerciantes locais, garantindo alimentos saudáveis e mais baratos e estimulando novas formas de comercialização. Outra inovação do projeto de Alimentação Escolar é a distribuição de merenda também durante as férias, beneficiando as crianças mais carentes. AÇÃO DA CIDADANIA A Prefeitura também promove várias ações em parceria com a sociedade civil com arrecadação de alimentos distribuídos a creches e famílias carentes. Mais de 1.200 toneladas de alimentos foram doados através de diversas campanhas, especialmente a BH - Solidária - Natal Sem Fome (1993). Página 7 de 8

Outro passo importante foi a criação, através de Projeto de Lei, do Conselho Municipal de Abastecimento e Segurança Alimentar - COMASA. É uma instância representada por consumidores, agentes da cadeia agroalimentar e do poder público, que prestará consultoria à Política Municipal de Abastecimento e Segurança Alimentar. Mais que garantir o abastecimento, é a união de esforços e a abertura de parcerias com todos os setores da sociedade civil que podem criar as condições para afastar o flagelo da fome, comum a toda a América Latina. A fome e a miséria são incompatíveis com o projeto de democracia e participação popular que a Administração Municipal de Belo Horizonte vem oferecendo à população. COMPRAS COMUNITÁRIAS O objetivo desse projeto é aumentar o poder de compra do belo horizontino, formando grupos de consumidores que, adquirindo maiores quantidades de alimentos, terão acesso a preços mais baixos. O projeto é dirigido a todas as comunidades organizadas, ou em fase de organização, e sua implantação é acompanhada por técnicos da Secretaria Municipal de Abastecimento. A SMAB fornece informações sobre produtos de safra e pesquisas de preços em vários estabelecimentos da cidade. EDUCAÇÃO ALIMENTAR Com o objetivo de levar à população informações e orientações sobre preços, qualidade, valor nutricional dos alimentos e formas alternativas de consumo, esse programa promove cursos, treinamentos e assessoria técnica a agentes sociais, de educação e de saúde. Confecciona cartilhas, informativos e programas de rádio de caráter educativo, que contribuem para a formação do consumidor. Página 8 de 8