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LEVANTAMENTO RETROSPECTIVO DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS NA CIDADE DE TERESINA-PI RETROSPECTIVE SURVEY OF MAMMARY NEOPLASMS IN BITCHES IN THE CITY OF TERESINA-PI Alinne Rosa de Melo CARVALHO 1 ; Werner Rocha ALBUQUERQUE 1 ; Sílvia de Araújo França BAÊTA 2 ; Thaynara Parente de CARVALHO 3 ; Brenda Lurian do Nascimento MEDEIROS 3 ; Francisco Felipe Ferreira SOARES 3 ; Alexandra de Siqueira Cajado LIARTE 1 1 Residente em Patologia Animal, Universidade Federal do Piauí. 2 Professora do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, Universidade Federal do Piauí. 3 Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Piauí. Resumo As neoplasias mamárias em cadelas ocorrem frequentemente na clínica de pequenos animais, sendo assim, de grande interesse clínico e científico. Essas neoplasias ocorrem como a segunda lesão neoplásica mais comum nos cães, encontrando-se atrás apenas das neoplasias de pele e tecido subcutâneo. Em cadelas, as neoplasias mamárias correspondem a 52% de todas as neoplasias. Cerca de 50% desses tumores são malignos e entre as cadelas com neoplasia mamária benigna, 26% desenvolvem posteriormente tumor em outra glândula. O método diagnóstico de escolha para confirmação e classificação dessas neoplasias é o exame histopatológico. O objetivo desse trabalho foi fazer um levantamento retrospectivo dos exames histopatológicos referentes a neoplasias mamárias de cadelas atendidas no setor de Patologia Animal do Hospital Veterinário Universitário - HVU da Universidade Federal do Piauí UFPI no período de junho de 2015 a dezembro de 2016. Palavras-chave: neoplasia mamária, cadelas, histopatologia, levantamento Keywords: mammary neoplasm, bitches, histopathology, survey. Introdução O tumor de mama representa a segunda lesão neoplásica mais frequente nos cães, encontrando-se em primeiro lugar as neoplasias de pele e tecido subcutâneo (NUNES, 2015). Ocorre comumente em animais em idade mais avançada, com média de 7 a 12 anos de idade, não castrados ou castrados após vários ciclos estrais, acometendo diferentes raças, principalmente poodle, dachshund, pastor Anais do 38º CBA, 2017 - p.1751

alemão, cocker spaniel e cães sem raça definida (CIRILLO, 2008; RIBAS et al., 2012). Em cadelas, as neoplasias mamárias correspondem a 52% de todas as neoplasias. Podem ocorrer tipos histológicos diferentes em uma ou mais glândulas mamárias de forma simultânea, e 60% das cadelas têm tumores em mais de uma mama (ZUCCARI et al., 2005; OLIVEIRA FILHO et al., 2010; FELICIANO et al., 2012a ). Cerca de 50% dos tumores em cadelas são malignos e entre as cadelas com neoplasia mamária benigna, 26% desenvolvem posteriormente tumor em outra glândula (FELICIANO et al., 2012a). As glândulas mamárias abdominais caudais e inguinais são geralmente as mais acometidas, provavelmente pela maior quantidade de parênquima mamário presente (MISDORP, 2002). A dependência hormonal foi observada por Nunes (2015) em 96% dos tumores mamários benignos e em 55% das lesões malignas a partir da detecção de receptores de estrógeno e progesterona, sendo que, 50% a 80% dos tumores mamários malignos epiteliais expressam receptores de estrógeno, e 44% receptores de estrógeno e progesterona (CIRILLO, 2008). Outros fatores relacionados com a incidência de tumores mamários estão ligados à idade avançada, tratamentos anticoncepcionais, pseudociese, obesidade, dieta não balanceada e castração tardia (ZUCCARI et al., 2008). A incidência do tumor é de 0,5 % com a castração antes do primeiro cio, 8% após o primeiro cio e 26% após dois ou mais ciclos (FELICIANO et al., 2012a). Raramente acometem machos, apresentando risco de 1% em relação às fêmeas, estando associado com anormalidades hormonais como hiperestrogenismo decorrente de neoplasia das células de Sertoli (BOCARDO et al., 2008; OLIVEIRA FILHO et al., 2010; RIBAS et al., 2012). Os tumores de mama são as neoplasias mais frequentes da fêmea e representam um grande problema na medicina veterinária, nesse sentido, muitos esforços têm sido empregados para a adoção de critérios para a padronização do diagnóstico, compreensão do comportamento e evolução do tumor e avaliação de fatores prognósticos e preditivos, tais como: morfologia, alterações moleculares e genéticas (CASSALI et al., 2014). O exame histopatológico é o método diagnóstico de eleição para identificar as características de uma neoplasia, pois, além de realizar a classificação do tumor em benigno ou maligno, permite a verificação do grau de malignidade, a presença de Anais do 38º CBA, 2017 - p.1752

necrose e invasão linfática e vascular. Portanto, é importante que todas as neoplasias mamárias sejam submetidas a esse exame, sendo fundamental para a determinação do prognóstico e tratamento (DYCE, 1997). Tendo em vista a importância das neoplasias mamárias em cadelas, o objetivo desse trabalho foi fazer um levantamento retrospectivo dos exames histopatológicos de mama em cadelas acometidas por neoplasias mamárias que foram atendidas no hospital veterinário da Universidade federal do Piauí no período de junho de 2015 a dezembro de 2016. MATERIAIS E MÉTODOS Foram coletadas as informações dos exames histopatológicos enviados ao setor de Patologia Animal do Hospital Veterinário Universitário - HVU da Universidade Federal do Piauí UFPI referentes a neoplasias mamárias de cadelas, do período de junho de 2015 a dezembro de 2016. Os dados obtidos foram idade, raça, localização do tumor e diagnóstico histopatológico. As neoplasias foram agrupadas utilizando a classificação proposta por Cassali et al. (2014), utilizou-se também informações sobre a raça, localização do tumor e idade dos animais, sendo consideradas três faixas etárias, de acordo com Oliveira Filho et al. (2010): animais jovens (até 01 ano de idade), adultos (de 02 a 09 anos) e idosos (com 10 anos ou mais anos). Foi calculada a porcentagem e realizada a distribuição de frequência dos dados. Resultados e Discussão No período de junho de 2015 a dezembro de 2016, foram realizados 40 exames histopatológicos de neoplasias mamárias em cadelas, dos quais 2,5% foram neoplasias benignas e 97,5% neoplasias malignas, estando os diagnósticos histopatológicos distribuídos conforme o Quadro 01. Esse resultado confirma os dados de Feliciano et al. (2012a), que afirmam que cerca de 50% dos tumores mamários são malignos. Igualmente Andrade et al. (2012), que obtiveram 78% de tumores malignos e 22% benignos; e Oliveira Filho et al. (2010), que apresentaram resultados de 71,9% de malignidade e 26,09% de tumores benignos. A frequência das diferentes formas histológicas foi de 17,5% carcinoma tubular e carcinoma misto; 15% carcinoma sólido; 10% carcinoma túbulo-papilar; 7,5% carcinoma anaplásico; 5,0% carcinoma complexo, carcinoma papilar e carcinossarcoma; e 2,5% carcinoma de células escamosas, carcinoma em tumor sólido, carcinoma in situ, carcinoma micropapilar, carcinoma tubular em tumor misto, Anais do 38º CBA, 2017 - p.1753

carcinoma tubular simples e tumor misto benigno. Sendo o carcinoma de células escamosas primário em mama e carcinossarcoma os mais raros. Misdorp (2002) encontrou uma incidência de: 45,5% fibroadenomas, 5,0% adenomas simples e 0,5% tumores mistos benignos; carcinomas sólidos 16,9%, carcinomas tubulares 15,4%, carcinomas papilares 8,6% e carcinomas anaplásicos 4,0%; sarcomas e carcinossarcoma 3,5%. Em relação à idade, os cães acometidos tinham entre 04 e 16 anos, sendo 21 animais adultos, com faixa etária entre 02 e 09 anos, correspondendo a 52,5% do total; 19 animais idosos, com idade igual ou superior a 10 anos, representando 47,5% e não houve nenhum animal jovem, com menos de 01 ano (Quadro 02), sendo a média de idade 09 anos, mostrando uma maior prevalência em animais adultos, porém com alta incidência em idosos, apresentando valores muito próximos entre si. Esses dados concordam com Oliveira Filho et al. (2010), que obtiveram uma média de idade de 9,2 anos, não atingindo também animais jovens; da mesma forma, os resultados obtidos referentes à idade dos animais afetados foram semelhantes: 53,7% eram animais adultos e 46,3% idosos. Andrade et al. (2012) encontrou uma faixa etária entre 04 meses e 17 anos de idade, sendo a média de 7,3 anos. Isso mostra como a idade tem grande influência sobre a ocorrência de neoplasias, sendo que animais acima de 10 anos estão mais predispostos (TANAKA, 2003), com uma média de idade entre 7 a 12 anos (RIBAS et al., 2012). Quanto à raça dos animais afetados, a maior incidência foi de animais sem raça definida (SRD) representando 42,5% do total (17 animais); 07 animais da raça pastor alemão (17,5%); 05 poodles, representando 12,5%; 7,5% pinscher; 5,0% da raça pitbull e 2,5% das raças yorkshire, rottweiler, pequinês, maltês, dachshund e akita. Ferreira et al. (2003) e Cirillo (2008) mostraram que algumas raças podem ser mais predispostas que outras, como poodle, dachshund, pastor alemão e cães sem raça definida. Em um estudo feito por Oliveira Filho et al. (2010), as cinco raças mais prevalentes foram poodle, cocker spaniel, dachshund, pastor alemão e pinscher, das quais todas exceto pinscher, foram apontadas por Sorenmo (2003) como tendo maior risco de desenvolvimento de tumores mamários. Em relação à localização da neoplasia, dos 40 exames realizados, 31 não informaram qual mama tinha sido acometida, o que mostra uma grande deficiência Anais do 38º CBA, 2017 - p.1754

por parte dos solicitantes no momento da requisição do exame a ser realizado, visto que a localização precisa do tumor é de grande importância para a conclusão do diagnóstico histopatológico. Dentre os exames em que a localização foi informada, 66,67% estavam na mama inguinal, 22,22% na mama abdominal e 11,11% na mama torácica. Esses dados concordam com Feliciano et al. (2012b), que afirmam que 70% das neoplasias mamárias atingem as glândulas abdominais caudais e inguinais e com Oliveira Filho et al. (2010), que encontraram 61,1% de incidência nessas mamas. Isso ocorre, provavelmente, pela maior quantidade de parênquima mamário (QUEIROGA e LOPES, 2002) e maior concentração de receptores hormonais presentes nessas glândulas, favorecendo a ocorrência de neoplasias (STEPHEN, 1998; MISDORP, 2002; FELICIANO et al., 2012b). Conclusão Os resultados deste estudo permitiram concluir que houve mais neoplasias mamárias malignas do que benignas, sendo os tipos mais frequentes o carcinoma tubular e carcinoma em tumor misto. Os animais adultos foram mais acometidos, sendo a média de idade nove anos; animais sem raça definida apresentaram maior incidência de neoplasias mamárias e a glândula mais acometida foi a mama inguinal. Referências Bibliográficas CASSALI et al. Consensus for the Diagnosis, Prognosis and Treatment of Canine Mammary Tumors - 2013. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, 7(2), p. 38 69, 2014. CIRILLO, J.V. Tratamento quimioterápico das neoplasias mamárias em cadelas e gatas. Rev Inst Ciênc Saúde; 26(3):325-7. 2008. DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C. J. G. Tratado de Anatomia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1997. cap. 10, p. 289 291. 1997. MISDORP, W. Tumors of the mammary gland. In D.J. Meuten (Ed.), Tumors in domestic animals (4rd ed.). (pp. 575-606). Iowa: Iowa State Press. 2002. NUNES, F.C. Diagnóstico, prognóstico e tratamento dos carcinomas de glândulas mamárias de cadelas atendidas no hospital veterinário da UFMG estudo retrospectivo. 2015. 77f. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2015. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1755

OLIVEIRA FILHO J.C., KOMMERS G.D., MASUDA E.K., MARQUES B.M.F.P.P., FIGHERA R.A. IRIGOYEN L.F. & BARROS C.S.L. Estudo retrospectivo de 1.647 tumores mamários em cães. Pesq. Vet. Bras. 30(2):117-185. 2010. RIBAS, C. R.; DORNBUSCH, P. T.; FARIA, M. R. de; WOUK, A. F. P. de F.; CIRIO, S. M. Alterações clínicas relevantes em cadelas com neoplasias mamárias estadiadas. Archives of Veterinary Science, v.17, n.1, p.60-68, 2012. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1756