Docente: Prof. Marcos Paulo. Curso: Proficiência em Filosofia, licenciatura plena. Discente: Marcos Flávio Couto Ferreira. Matrícula:

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Transcrição:

Docente: Prof. Marcos Paulo. Curso: Proficiência em Filosofia, licenciatura plena. Discente: Marcos Flávio Couto Ferreira. Matrícula: 17-2-03854. 1. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA O surgimento da Filosofia é um caminho de incertezas. As opiniões se dividem entre os historiadores onde poderia ter surgido. Alguns defendem certo orientalismo, outros ocidentalismo. A teoria mais aceita é que tenha surgido no Ocidente, por uma série de fatores históricos e culturais. Seja como termo, seja como conceito, a filosofia é considerada pela quase a totalidade dos estudiosos como uma criação própria dos gênios gregos. 1 Concretamente, sabe-se que a Filosofia surge do fato do homem, enquanto ser racional, questionar a sua existência e o mundo em que o rodeia. Desde uma simples observação da natureza a uma profunda relação dos elementos da ordem natural. Neste aspecto a abstração tem papel primordial. E, isto é muito presente na cultura grega, o que favorece a teoria de que a Filosofia tenha se originado no território cultural dos gregos. Uma prova deste esforço racional está presente na enorme gama de produções literárias e artísticas gregas, como os poemas. Os mais famosos são o de Homero, que de certa maneira influenciaram o modo de pensar e agir, juntamente com a mitologia. O poeta não se limita a narrar uma série de fatos, mas também pesquisa suas causas e suas razões (ainda que ao nível mítico-fantástico). 2 Aqui já encontramos noções, ou até mesmo, conceitos filosóficos caros ao desenvolvimento filosófico posterior. Outro fator consensual entre os historiadores é a Mitologia unida à arte. Como afirma Reale: Com efeito, a grande arte, de modo mítico e fantástico, ou seja, mediante, a intuição e a imaginação, tende a alcançar objetivos que são próprios da 1 REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990, p. 11, v. 1. 2 Ibid. p. 15.

filosofia. 3 Afinal, é uma primeira expressão deste homem que busca respostas às indagações interiores, e que certa de maneira oferece e expressa respostas superficiais, com o uso de imagens e da linguagem amparadas à lógica comum do Homem. Entretanto, os gregos eram muito observadores e perceberam que os mitos, os responsáveis por explicar a realidade, não conseguiam sanar as dúvidas que se apresentavam no cotidiano. Os mitos não eram uma verdade indubitável e eram passíveis da dúvida. Encontra-se aqui um fato nunca visto antes: as noções, a reflexão e o pensamento crítico, que culminaram em um novo modo de pensar. A Filosofia, o amor à sabedoria, ao conhecimento, chegou de maneira quase imperceptível e natural. Por isso, em um primeiro momento há a preponderância dos chamados filósofos da phisis, ou naturalistas 4, como Tales de Mileto, Parmênides e Heráclito, e outros. Estes preocupados com o princípio (arché) ou origens do Universo vão se ancorar nos elementos naturais, ou até, em elementos metafísicos em busca de uma resposta racional à sua problemática. São os precursores, ou a causa imediata do desenvolvimento filosófico posterior, dos chamados filósofos clássicos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Os filosóficos clássicos já apresentam noções metafísicas, e compreendem que esta realidade concreta não basta a si mesma, e que por isso é sustentada por elementos que ultrapassam a existência. 2. DIVISÃO DA FILOSOFIA Pedagogicamente pode-se dividir a filosofia grega em períodos mais ou menos determinados: o pré-socrático que busca concretamente o princípio (o arché) do Universo nos elementos naturais; o antropológico metafísico ou os filósofos metafísicos, como Sócrates, Platão e Aristóteles; e terceiro período ético que vai do fim da filosofia aristotélica até o declínio da sociedade grega VI d. C. Outra forma de compreensão é a divisão clássica por escolas filosóficas: Jônica (Ásia Menor), Pitagórica (Magna Grécia), Eleata (Magna Grécia) e Atomista (Trácia). 3 Ibid. p. 14. 4 Giovanni Reale (1931-2014) prefere classificar estes primeiros filósofos de Filósofos da physis ou naturalistas, devido à problemática aprofundada por eles. Especificamente [...] 1) o seu conteúdo, 2) o seu método e 3) o seu objetivo. (REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990, p. 21, v. 1).

3. O TERMO FILOSOFIA O termo Filosofia surgiu no meio grego com Pitágoras (570-1 496-7 a.c.), segundo uma tradição, oriundo de philia que significa amizade e de sophia - sabedoria, que transliteradas significam amor pela sabedoria. Contudo, Reale considera esta posição verossímil e historicamente insegura, porque: O termo certamente foi cunhado por um espírito religioso, que pressupunha só ser possível aos deuses uma sofia ( sabedoria ), ou seja, uma posse certa e total do verdadeiro, uma contínua aproximação ao verdadeiro, um amor ao saber nunca saciado totalmente, de onde justamente, o nome filo-sofia, ou seja, amor pela sabedoria. 5 O consenso das posições diversas, quanto à origem do termo, se unem na aceitação que de fato ele mostra aquele anseio do homem de conhecer a verdade, de refletir tudo que se apresenta de maneira racional. 4. CONDIÇÕES HISTÓRICAS A filosofia tal como se conhece atualmente só surgiu no século VI a.c, período de grande florescimento cultural na Grécia. Era um período de um desenvolvimento promissor do comércio e das grandes navegações. De um país predominantemente agrícola que era passou, passou a desenvolver de forma sempre crescente a indústria artesanal e o comércio. 6 A Grécia era formada por uma porção numerosa de ilhas e de terras pouco férteis, com extensa zona costeira. Para subsistir teve que se desenvolver por meio do comércio marítimo. Com isso os gregos conheceram as localidades citadas pelos mitos, e perceberam que ali residiam seres humanos como eles. O resultado foi um grande atrito da sociedade tradicional aristocrática, com suas histórias fabulosas, a realidade tal como se apresentava no cotidiano, sem heróis, deuses antropomórficos, monstros, etc. O período Homérico é colocado em xeque pelas navegações, e os poemas de Homero não satisfazem mais como antes aos questionamentos sobre a origem da Grécia. O universo grego entra em desencanto. Neste período, as condições históricas favorecem bastante à aurora do pensamento crítico. O tempo passa a ser medido/contabilizado segundo as estações do ano e pela alternância do dia e da noite. O 5 Ibid. p. 21. 6 Ibid. p. 20.

tempo, agora, não é algo divino e superior. Pelo contrário, é algo natural e repetitivo. Outra modificação é o pensamento abstrato. O uso da moeda para trocas comerciais, que dão um valor quantitativo e qualitativo aos produtos comercializados. Contudo, a novidade para este povo é a escrita. O povo grego era muito adepto da oralidade, dos poemas e das imagens. Com este rompimento, a palavra não é mais restrita aos círculos mistéricos, com seus rituais esotéricos, mas usada na praça pública na Ágora. A Política merece peculiar atenção. É ela a grande promotora da Filosofia no século VI a.c. A Política, no sentido grego da palavra, apresenta três aspectos importantes para o surgimento da Filosofia. O primeiro, com a noção de Lei, como uma demonstração da coletividade da Polis, que delibera o que é melhor para si. Ou seja, legisla de maneira coletiva o bem comum. Em segundo, há as praças públicas (Ágora), espaço onde cada cidadão pode manifestar a sua opinião de maneira democrática, e propor mudanças na sociedade. E, por último, o novo modo de pensar pode ser ensinado e comunicado a todos os cidadãos. Este aspecto fundamental é para o desenvolvimento do ato de filosofar. O pensamento não é limitado às religiões mistéricas, e muito menos, aos cultos secretos. 5. OS FILÓSOFOS DA NATUREZA Tales de Mileto (624-5 556-8 a.c.). é considerado o primeiro filosofo. Nasceu em Mileto, na Jônia, por volta de 624 a. C. A pergunta principal de sua filosofia pode ser a seguinte: Qual é o principio supremo e a causa primeira de todas as coisas? Para chegar a uma resposta livre do miticismo, observa a natureza e percebe que um elemento natural muito presente e necessário à vida é a água. Por isso, conclui que ela seja a arché (o princípio) de tudo. Anaximandro de Mileto, nasceu em Mileto, na Jônia por volta de 611 a.c. Ao contrário de Tales, Anaximandro considera a água derivada de algo e não pode ser o princípio. Para ele, o princípio de tudo é o apeíron, ligado ao divino só pode ser o infinito. Pois as coisas são corruptíveis e dado o tempo de sua existência se extinguem, são passiveis de sofrimento e culpa da injustiça. Neste sentido, o discípulo de Anaximandro, Anaxímenes (588 a. C 524 d. C) defendeu que o princípio deveria ser algo físico o ar. Como nossa alma, ou seja, o princípio que dá a vida é o ar, uma vez que sustenta e governa todas as coisas.

Pitágoras de Samos (571 a. C 532 a. C.) é o mais enigmático dos filósofos no que concerne às ciências exatas. Era matemático, geométrico, astrônomo, filósofo, místico e asceta. Em Pitágoras encontra-se a noção de mônada como princípio do Universo. Esta doutrina filosófica será posteriormente aprimorada pelo filósofo moderno Leibnitz. A mônada para Pitagoras é donde procede o princípio de todas as coisas. Aqui, há uma grande diferença entre Pitágoras e os outros naturalistas, o princípio não é um elemento da natureza, mas são os números. Dentre os principais filósofos da phisis, ou talvez os mais eminentes, estão Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia. Diametralmente opostos possuem uma forte tendência metafísica, ainda que não se possa considerar a metafísica em sentido estrito da palavra. Para Heráclito de Éfeso (504 a.c.), o principio (agente) que move todas as coisas é o fogo. O fogo evidencia que tudo flui, e que tudo está em um constante devir. É famosa a afirmação de Heráclito que não podemos nos banhar no mesmo rio por duas vezes, que sintetiza todo seu pensamento sobre o devir. Por outro lado, o principio regente é o Logos. A guerra é a mãe de todas as coisas, afirma Heráclito. Deste atrito (guerra) das coisas opostas nasce a harmonia. Para Parmênides de Eléia (530 a. C 470 a.c), a realidade é o ser. Aqui, se encontra a posição totalmente oposta a Heráclito, pois para o pai do Eleátas, o Ser é único, absoluto, imutável e imóvel. Parmênides nega a possibilidade da natureza se transformar, por isso as coisas que existem, sempre existiram. Esta doutrina será bem trabalhada por Platão com o Mundo das Ideias, e, por conseguinte, por Aristóteles em sua síntese. Em Parmênides já encontramos o primeiro filósofo metafísico. Afinal, ele busca o fundamento e a finalidade das coisas, e ao mesmo tempo se opõe ao vir-a-ser de Heráclito de Éfeso.