FILOSOFIA. A Filosofia é Grega! A Filosofia na Grécia Antiga TEMA: A ORIGEM DA FILOSOFIA E OS FILÓSOFOS DA NATUREZA 14/06/2016 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO

Transcrição

1 FILOSOFIA 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2016 TEMA: A ORIGEM DA FILOSOFIA E OS FILÓSOFOS DA NATUREZA Texto baseado nos livros: História da Filosofia, volume 4, de Giovanni Reale e Danilo Antiseri e O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. 1 2 A Filosofia na Grécia Antiga A Filosofia é Grega! A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio

2 A Filosofia é Grega! Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. 5 O Mito Antes do surgimento da Filosofia, por volta de 600 a.c., todas as perguntas dos homens haviam sido respondidas pelas diferentes religiões. Essas explicações religiosas tinham sido passadas de geração para geração através dos mitos 6 O Mito O mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa: dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, do bem, do mal, da morte etc. Os gregos acreditavam que o mito era uma revelação divina. Daí ser o mito algo sagrado, incontestável. Passagem do Mito para a Filosofia O gregos tinham, então, uma visão mitológica do mundo. O pensamento mítico relacionava-se com todas as instâncias da sociedade grega arcaica. Ele exerceu grande influência até o nascimento da filosofia

3 Passagem do Mito para a Filosofia O desenvolvimento do comércio e as constantes viagens criaram oportunidades de troca de informações e conhecimentos, a observação e assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção da passagem do Mito ao Logos (pensamento racional). Também é possível afirmar que nascimento da pólis e a invenção da moeda e da escrita colaboraram para a passagem do mito à razão filosófica ENTÃO, COMO SURGIU A FILOSOFIA? A Filosofia surge desde o momento em que o homem começou a refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana. O objetivo dos primeiros filósofos gregos era o de encontrar explicações naturais para os processos da natureza e não mais através do pensamento mítico Assim como os gregos se propuseram a perguntar e a responder sobre tudo a respeito da vida, da natureza e do universo, será que nós temos todas as respostas para nossas dúvidas sobre NÓS, O MUNDO, OS OUTROS, ALIÁS, NÓS SÓ TEMOS DÚVIDAS OU TAMBÉM TEMOS ALGUMAS CERTEZAS? E ESSAS CERTEZAS (OU VERDADES) ESTÃO BASEADAS EM QUE? DEUS?

4 SERÁ QUE AS PERGUNTAS A SEGUIR SÃO TAMBÉM NOSSAS PERGUNTAS? QUE RESPOSTAS TEMOS A ELAS? SERÃO TAIS RESPOSTAS DEFINITIVAS? Quem sou? Por que estou aqui? Como o mundo começou?

5 Existe um Deus? Para onde eu vou depois de morrer? Qual é a origem e o por quê de tudo que existe no universo? MAS, NOS PRIMÓRDIOS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO, UM GRUPO DE PENSADORES RESOLVEU RESPONDER A ESSAS QUESTÕES E MUITAS OUTRAS, NUMA TENTATIVA DE ENCONTRAR UMA EXPLICAÇÃO PARA TUDO

6 Os Pré-Socráticos Algumas perguntas aparentemente sem sentido Existe uma substância básica, a partir da qual tudo é feito? É possível transformar água em vinho? 21 Como é que terra e água podem se transformar em rã? 22 OS PRÉ-SOCRÁTICOS - Introdução Na História da Filosofia, os Pré-Socráticos são conhecidos como um grupo de pensadores que antecedeu historicamente a Sócrates ( a.c.) e à era inaugurada por este. Podemos afirmar que os présocráticos foram a primeira corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.c. Eles são, na maioria, oriundos de cidades da Ásia Menor, tais como Mileto, Clazômenas, Éfeso, Esmirna, Samos e Mionte. Facilmente eram confundidos com os profetas, magos ou adivinhos porque se apresentavam ao povo grego como portadores de uma palavra verdadeira que lhes vêm de um deus, com a missão de transmiti-las aos homens. Entretanto, não é bem assim. O discurso dos pré-socráticos não é mais religioso: a narrativa religiosa cede lugar a uma explicação natural das origens da Natureza. Trata-se dos filósofos da natureza ou da physis (termo grego que significa natureza em sentido muito amplo). 23 OS PRÉ-SOCRÁTICOS - Introdução A preocupação em torno do nascimento da Filosofia é com a origem, a transformação e o desaparecimento de todos os seres. Preocupavam-se com o devir, com o movimento das coisas e do mundo, enfim, preocupavam-se muito com o Universo e com os fenômenos da natureza. Queriam saber se haveria uma substância básica, primordial que estaria por trás de todas essas transformações. Proporcionam a passagem do pensamento mítico (mythos) para o pensamento racional (logos). Eles libertam a verdade do mito, tornando-a objeto de especulação do pensamento, explicando-a à luz de princípios lógicos. 24 6

7 OS PRÉ-SOCRÁTICOS OS PRÉ-SOCRÁTICOS - Introdução Qual seria a causa oculta por trás dessas transformações? Será que existiriam algumas leis naturais que fossem eternas? Buscavam explicar tudo através do uso da razão e do conhecimento científico, e não mais recorrendo à religião. Dentre os diversos filósofos da natureza, podemos citar, neste contexto, alguns dos mais importantes: Tales de Mileto, Heráclito, Pitágoras, Parmênides e Demócrito Qual é o princípio? Como dele derivam as coisas? TALES DE MILETO

8 TALES DE MILETO TALES DE MILETO Primeiro pensador grego, considerado o Pai da Filosofia ; Buscou construir pensamento racional em diversos campos do conhecimento humano, tais como: a Astronomia e a Geometria, que hoje não são consideradas como fazendo parte da Filosofia. 29 Pretendia elaborar uma COSMOLOGIA (que é uma explicação racional e sistemática das características do universo) e que substituísse a antiga COSMOGONIA (que é uma explicação sobre a origem do universo baseada nos mitos); 30 TALES DE MILETO Tentou descobrir na base da RAZÃO e não da MITOLOGIA qual é o princípio fundamental, ou primordial ou a substância primeira (a arché, em grego) existente em todos os seres materiais. Isto é, queria descobrir a matéria-prima única de que são feitas todas as coisas. 31 TALES DE MILETO Pretendia fugir das antigas explicações mitológicas sobre a criação do mundo. Buscava, portanto, um elemento físico que fosse constante em todas as coisas. Concluiu que a água era essa substância primordial (primeira), isto é, a origem de tudo, a partir da qual são compostas todas as outras coisas. a água era aquele princípio de tudo que é material existente no mundo que nos cerca. 32 8

9 TALES DE MILETO Somente a água permanece a mesma, em todas as transformações dos corpos, apesar de assumir diferentes estados - sólido, líquido e gasoso. Ao dizer tudo é água, Tales acaba propondo que tudo é um, ou seja, que há uma unidade que pode ser compreendida pela razão por meio da diversidade da Natureza Séc. VI-V a.c. Esta é uma afirmação fundamental em sua filosofia: TUDO SE MOVE, TUDO ESCORRE, FLUI, TUDO SE TRANSFORMA Ele dizia, também: Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas se renovam a cada instante. Não tocamos duas vezes o mesmo ser (isto é, aquilo que existe), pois este modifica continuamente sua condição. 35 Mais uma afirmação importante desse filósofo: Nós próprios somos e não somos, porque, para ser o que somos em dado momento, devemos não ser mais aquilo que éramos no momento precedente, assim como, para continuar a ser, deveremos logo não ser mais aquilo que somos neste momento. 36 9

10 Tudo flui. Nada persiste nem permanece o mesmo. O ser é a constante transformação ou o vir-a-ser ou o devir. DEVIR ou VIR-A-SER: É o que caracteriza, fundamentalmente toda a realidade, isto é, o tornar-se a ser ou o transformar-se constantemente A transformação ou a mudança é que é a realidade verdadeira; é a única coisa que existe e permanece. O mundo é visto como algo dinâmico, em permanente transformação. A permanência e eternidade em repouso não passam de ilusões. A mudança contínua é que rege o cosmo. 37 A OPOSIÇÃO OU A HARMONIA DOS CONTRÁRIOS Heráclito desenvolveu um raciocínio extremamente original: o da unidade entre os opostos, isto é, aquilo que é comum entre os opostos. Heráclito percebeu que o caminho para subir uma montanha é o mesmo para descer. Ou seja, tratase de um mesmo caminho, embora ela conduza a direções opostas. Com isto, ele nos chama a atenção para o fato de que o mundo está impregnado por constantes opostos: Se nunca ficássemos doentes, não saberíamos o que significa a saúde. Se nunca tivéssemos fome, não experimentaríamos a agradável sensação de saciá-la depois de uma refeição. Se nunca houvesse guerras, não saberíamos o valor da paz, e se nunca houvesse inverno, não poderíamos assistir à chegada da primavera. 38 A OPOSIÇÃO OU A HARMONIA DOS CONTRÁRIOS (continuação) Tanto aquilo que é bom como aquilo que é mal são necessários. Sem a constante interação dos opostos, o mundo deixaria de existir. Somente estando em contenda entre si é que os contrários dão sentido específico um ao outro. A partir daí, o filósofo concluiu que a realidade surge justamente da contradição. A realidade surge dessa constante contenda, guerra ou harmonia entre os contrários. 39 Para ele, o fogo é que é o princípio ou elemento fundamental, ou seja, aquilo que deu origem às coisas. As coisas que existem são simples transformações do fogo. O fogo é perenemente móvel, é vida que vive da morte do combustível, é a transformação que não cessa. É a transformação do combustível em fumaça, depois cinzas e vapores (gases)

11 Parmênides pensava que do nada, nada pode nascer. E qualquer coisa que existe não pode tornar-se nada. Ele foi mais longe que a maior parte dos outros filósofos. Para ele, não era possível nenhuma verdadeira transformação. Uma coisa só se pode transformar naquilo que já é, isto é, ela sempre deve permanecer a mesma, sem mudança, diferentemente como afirmava Heráclito Mas, independentemente disto, Parmênides percebia que, na natureza, há transformações constantes e os seus sentidos percebiam essas transformações. Entretanto, ele percebia que o que os seus sentidos registravam não coincidia com aquilo que a sua razão lhe dizia. Havia discordância entre um e outro. Sempre que tinha de decidir se devia confiar nos sentidos ou na razão, sua decisão era sempre pela razão. 43 Parmênides não era adepto da frase: "Só acredito naquilo que vejo." Porque nem sequer acreditava no que via. Pensava que os sentidos nos forneciam uma imagem falsa do mundo. Ele queria dizer que se tratava de uma imagem que não coincidia com o que a razão lhe dizia. Enquanto filósofo, entendia que era sua a tarefa de desmascarar todos os homens de todas as formas de "ilusões sensoriais, isto é, das ilusões dos sentidos

12 Esta forte confiança na razão humana é designada racionalismo. Um racionalista é uma pessoa que tem uma grande confiança na razão humana, como fonte do nosso conhecimento sobre o mundo. Com tal concepção, a Cosmologia, que tinha sido a principal preocupação dos filósofos naturalistas, sofre um grande abalo conceitual. A preocupação já não era mais com a busca de uma substância primordial. A preocupação agora era com o SER que, para Parmênides, era o grande princípio da verdade. O SER tinha as seguintes características: 45 O ser é (isto é, aquilo que existe) e não pode não ser (isto é, não existir). Como tudo que existe para ele é eterno, isto é, sempre existiu, não é possível dizer que algo que existe possa vir um dia a não mais existir. O não-ser não é (não existe) e não pode ser de modo nenhum. Alguma coisa que nunca existiu nunca poderá vir a existir. 46 De que modo Parmênides justifica esse seu grande principio? A argumentação é muito simples Parmênides narra em um poema seu encontro com a deusa Verdade, que o instrui a se afastar do caminho sensível, que é uma via de confusão, que leva as massas indecisas a acreditarem que ser e não-ser são iguais. Ora, apenas o ser pode ser pensado, já que o não-ser não é. Se eu não consigo ter uma ideia do que a coisa é, não posso pensá-la - e o que não pode ser pensado não é ser. Daí Parmênides conclui que só o ser é - e que o não-ser não é. 47 Esse princípio de Parmênides foi a primeira grande formulação do princípio da não contradição, isto é, aquele princípio que afirma que duas coisas contraditórias não podem existir ao mesmo tempo. E os dois contraditórios supremos são precisamente o "ser" e o "não-ser. Assim, se o ser existe, obrigatoriamente não existe o não-ser