INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ - IAP PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ



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Transcrição:

INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ - IAP PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ CURITIBA / PR DEZEMBRO / 2002

APRESENTAÇÃO

I - METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

II - REQUISITOS LEGAIS

III - INFORMAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

IV - INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO PARQUE ESTADUAL E DE SUA ZONA DE AMORTECIMENTO

V - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

VI - SITUAÇÃO ATUAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

VII - MANEJO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

VIII - IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

IX - BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

ANEXO 1 MAPA PLANIALTIMÉTRICO DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ

ANEXO 2 ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS DA VEGETAÇÃO OCORRENTE NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ

ANEXO 3 LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA OCORRENTES NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ, COMPOSTA A PARTIR DA LITERATURA E DE DADOS OBTIDOS EM CAMPO DURANTE A AVALIAÇÃO ECOLÓGICA RÁPIDA

ANEXO 4 MAMÍFEROS DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ E ENTORNO

ANEXO 5 COLETÂNEA DE REGISTROS DE AVES NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ, TIBAGI, PARANÁ

ANEXO 6 LISTA DAS ESPÉCIES DE RÉPTEIS REGISTRADAS PARA O SEGUNDO PLANALTO PARANAENSE E SUAS POSSIBILIDADES DE OCORRÊNCIA NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ

ANEXO 7 CARACTERÍSTICAS BIOECOLÓGICAS DAS ESPÉCIES DE ANFÍBIOS LISTADAS PARA O PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ, NO MUNICÍPIO DE TIBAGI, PR

ANEXO 8 STATUS DE CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS BRASILEIROS NOS ESTADOS DO PARANÁ (MARGARIDO, 1995), SÃO PAULO (SÃO PAULO, 1998), RIO DE JANEIRO (BERGALLO ET AL., 2000) E MINAS GERAIS (MACHADO ET AL., 1998)

ANEXO 9 CAPACIDADE DE SUPORTE DAS TRILHAS

CONTEÚDO Pág. APRESENTAÇÃO I - METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO...I.1 1 - REFERENCIAL...I.2 2 - MÉTODO DE TRABALHO...I.2 II - REQUISITOS LEGAIS...II.1 1 - CONSTITUIÇÃO...II.1 1.1 - FEDERAL...II.1 1.2 - CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ...II.2 2 - POLÍTICA AMBIENTAL...II.3 2.1 - POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - LEI N 6.938/81...II.3 2.2 - POLÍTICA AMBIENTAL DO ESTADO DO PARANÁ...II.4 3 - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO...II.5 3.1 - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA - SNUC...II.5 3.2 - LEGISLAÇÃO FLORESTAL...II.6 3.3 - DECRETO Nº 84.017/79 APROVA O REGULAMENTO DOS PARQUES NACIONAIS...II.7 3.4 - DECRETO N 2.329 DE 24 DE SETEMBRO DE 1996 - CRIA O PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ....II.8 4 - COMPONENTES AMBIENTAIS NATURAIS...II.9 4.1 - MEIO ABIÓTICO...II.9 4.2 - MEIO BIÓTICO...II.10 4.3 - MEIO SOCIOECONÔMICO...II.11 5 - CONDUTAS LESIVAS AO MEIO AMBIENTE...II.12 5.1 - LEI N 9.605/98 - LEI DE CRIMES AMBIENTAIS...II.12 5.2 - LEI N 7.347/85 - DISCIPLINA AÇÃO CIVIL PÚBLICA...II.12 III - INFORMAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...III.1 1 - FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...III.1 i

2 - LOCALIZAÇÃO E ACESSOS...III.1 3 - MAPEAMENTO...III.4 4 - HISTÓRICO E ANTECEDENTES LEGAIS...III.4 5 - ORIGEM DO NOME...III.6 6 - SITUAÇÃO FUNDIÁRIA...III.7 7 - CONTEXTO ESTADUAL...III.7 7.1 - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO...III.7 7.2 - ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS...III.9 7.3 - ASPECTOS GEOLÓGICOS...III.11 7.4 - ASPECTOS PEDOLÓGICOS...III.11 7.5 - ASPECTOS CLIMÁTICOS...III.12 7.6- HIDROGRAFIA...III.12 7.7- VEGETAÇÃO...III.13 8 - CONTEXTO REGIONAL...III.15 8.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA...III.15 8.1.1 - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL...III.21 IV - INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO PARQUE ESTADUAL E DE SUA ZONA DE AMORTECIMENTO...IV..1 1 - CARACTERIZAÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO...IV.1 1.1 - CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DA ZONA DE AMORTECIMENTO...IV.1 1.2 - DESCRIÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO...IV.2 1.3 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO...IV.5 1.4 - ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS...IV.6 1.5 - PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DA ZONA DE AMORTECIMENTO...IV.7 1.5.1 - AÇÃO DA PREFEITURA NA ÁREA DO ENTORNO DO PARQUE E NO MUNICÍPIO...IV.8 2 - CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS...IV.9 2.1 - HIDROGRAFIA...IV.9 2.2 - GEOLOGIA...IV.14 2.3 - GEOMORFOLOGIA...IV.16 2.4 - SOLOS...IV.18 ii

2.4.1 - DESCRIÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS...IV.18 2.4.1.1 - CAMBISSOLOS...IV.19 2.4.1.2 - GLEISSOLOS...IV.22 2.4.1.3 - ORGANOSSOLOS...IV.23 2.4.1.4 - NEOSSOLOS LITÓLICOS...IV.25 2.4.2 - UNIDADES DE MAPEAMENTO...IV.26 3 - CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES BIÓTICOS...IV.27 3.1 - VEGETAÇÃO...IV.27 3.1.1 - COMPOSIÇÃO DA FLORA LOCAL...IV.39 3.1.2 - ESPÉCIES RARAS, ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO...IV.40 3.1.3 - ESPÉCIES INVASORAS E/OU EXÓTICAS...IV.41 3.2 - FAUNA...IV.43 3.2.1 - MAMÍFEROS...IV.43 3.2.2 - AVES...IV.47 3.2.3 - RÉPTEIS...IV.49 3.2.4 - ANFÍBIOS...IV.51 3.2.5 - ESPÉCIES RARAS, ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO...IV.52 4 - ARQUEOLOGIA...IV.60 4.1 - CONSIDERAÇÕES...IV.60 4.2 - CARACTERIZAÇÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS...IV.61 V - ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...V.1 1 - SIGNIFICÂNCIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...V.1 1.1 - ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ...V.2 1.2 - LOCAIS RELEVANTES PARA CONSERVAÇÃO...V.3 1.3 - FATORES DE RISCO...V.4 1.4 - PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO...V.8 1.5 - ATRATIVOS NATURAIS E POTENCIAL PARA VISITAÇÃO...V.9 1.5.1 - CAMINHADA EM TRILHAS INTERPRETATIVAS...V.12 1.5.2 - OBSERVAÇÃO DE AVES...V.12 iii

1.5.3 - FOTOGRAFIA DA NATUREZA...V.13 1.5.3 - CAMINHADAS NOTURNAS...V.13 1.5.4 - TURISMO DE BEM-ESTAR...V.14 1.5.6 - FATORES LIMITANTES PARA A VISITAÇÃO...V.14 2 - ANÁLISE ESTRATÉGIA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...V.15 VI - SITUAÇÃO ATUAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...VI.1 1 - INFRA-ESTRUTURA...VI.1 1.1 - TRILHAS INTERPRETATIVAS...VI.7 1.1.1 - TRILHA DA PONTE DE PEDRA...VI.8 1.1.2 - TRILHA DA PEDRA UME...VI.10 1.1.3 - TRILHA DA GRUTA DAS ANDORINHAS...VI.11 1.2 - ANÁLISE DA INFRA-ESTRUTURA E PROPOSTAS PARA READEQUAÇÃO...VI.12 2 - ATIVIDADES ATUAIS...VI.16 VII - MANEJO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO...VII.1 1 - OBJETIVOS DE MANEJO...VII.1 1.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS...VII.1 2 - NORMAS GERAIS...VII.1 3 - ZONEAMENTO...VII.2 3.1 - CRITÉRIOS PARA O ZONEAMENTO...VII.2 3.2 - ZONAS PREVISTAS NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ...VII.5 3.2.1 - ZONA PRIMITIVA...VII.5 3.2.2 - ZONA HISTÓRICO-CULTURAL...VII.10 3.2.3 - ZONA DE USO EXTENSIVO...VII.12 3.2.4 - ZONA DE USO INTENSIVO...VII.14 3.2.5 - ZONA DE RECUPERAÇÃO...VII.17 3.2.6 - ZONA DE USO ESPECIAL...VII.19 3.2.7 - ZONA DE USO CONFLITANTE...VII.21 4 - PROGRAMAS DE MANEJO...VII.23 4.1 - PROGRAMA DE CONHECIMENTO...VII.23 iv

4.1.1 - SUBPROGRAMA DE PESQUISA...VII.23 4.1.2 - SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL...VII.25 4.2 - PROGRAMA DE MANEJO DO MEIO AMBIENTE...VII.27 4.2.1 - SUBPROGRAMA DE MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS...VII.27 4.2.2 - SUBPROGRAMA DE PROTEÇÃO...VII.28 4.3 - PROGRAMA DE USO PÚBLICO...VII.29 4.3.1 SUBPROGRAMA DE RECREAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL...VII.29 4.3.2 SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL...VII.31 4.4 - PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO...VII.32 4.4.1 - SUBPROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS...VII.32 4.4.2 - SUBPROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS...VII.33 4.4.3 - SUBPROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO...VII.35 4.5 - PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA...VII.36 4.5.1 - SUBPROGRAMA DE SENSIBILIZAÇÃO DAS COMUNIDADES DO ENTORNO...VII.36 4.5.2 - SUBPROGRAMA DE RELAÇÕES PÚBLICAS...VII.38 4.5.3 - SUBPROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL...VII.39 4.5.4 - SUBPROGRAMAS DE ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO...VII.40 VIII - IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO...VIII.1 1 - ESTRATÉGIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO...VIII.3 1.1 - ATIVIDADES...VIII.3 1.2 - PRIORIDADES...VIII.3 2 - FORMALIZAÇÃO DO CONSELHO CONSULTIVO...VIII.3 3 - ELABORAÇÃO DE PARCERIAS...VIII.4 4 - AMPLIAÇÃO DA ÁREA DO PARQUE...VIII.4 5 - DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA...VIII.5 6- IMPLANTAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE APOIO E PROGRAMAS...VIII.6 6.1 - CURTO PRAZO...VIII.6 6.1.1 - PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO...VIII.6 6.1.1.1 SUBPROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO...VIII.6 v

6.1.1.2 - SUBPROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS...VIII.7 6.1.1.3 - SUBPROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO...VIII.7 6.1.2 - PROGRAMA DE CONHECIMENTO...VIII.9 6.1.2.1 - SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL...VIII.9 6.1.3 - MANEJO DO MEIO AMBIENTE...VIII.10 6.1.3.1 - SUBPROGRAMA DE PROTEÇÃO...VIII.10 6.1.3.2 - SUBPROGRAMA DE MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS...VIII.14 6.1.4 - PROGRAMA DE USO PÚBLICO...VIII.15 6.1.4.1 - SUBPROGRAMA DE RECREAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL...VIII.15 6.1.5 - PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA...VIII.25 6.1.5.1 SUBPROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL...VIII.25 6.1.5.2 - SUBPROGRAMA DE RELAÇÕES PÚBLICAS...VIII.28 6.2 - MÉDIO PRAZO...VIII.31 6.2.1 - PROGRAMA DE CONHECIMENTO...VIII.31 6.2.1.1 - SUBPROGRAMA DE PESQUISA...VIII.31 6.2.1.2 - SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL...VIII.32 6.2.2 PROGRAMA DE MANEJO DO MEIO AMBIENTE...VIII.33 6.2.2.1 SUBPROGRAMA DE MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS...VIII.33 6.2.3 - PROGRAMA DE USO PÚBLICO...VIII.34 6.2.3.1 - SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL...VIII.34 6.2.4 - PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA...VIII.35 6.2.4.1 - SUBPROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL...VIII.35 6.2.4.2 SUBPROGRAMA ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO...VIII.36 6.2.4.3 SUBPROGRAMA RELAÇÕES PÚBLICAS...VIII.38 6.3 - EM LONGO PRAZO...VIII.40 6.3.1 - PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO...VIII.40 6.3.1.1 - SUBPROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS...VIII.40 6.3.2 - PROGRAMA DE CONHECIMENTO...VIII.40 6.3.2.1 - SUBPROGRAMA DE PESQUISA...VIII.40 vi

7 - MONITORIA E AVALIAÇÃO INTEGRADA DO PLANO DE MANEJO...VIII.40 7.1 - SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS...VIII.43 8 - CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO E ORÇAMENTO...VIII.44 8.1 CURTO PRAZO...VIII.45 8.1.1 SUBPROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS...VIII.45 8.1.2 - SUBPROGRAMA DE CONHECIMENTO...VIII.45 8.1.3 - SUBPROGRAMA DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO...VIII.45 8.1.4 - SUBPROGRAMA DE PROTEÇÃO...VIII.46 8.1.5 - PROGRAMA DE MANEJO DO MEIO AMBIENTE...VIII.46 8.1.6 - PROGRAMA DE USO PÚBLICO...VIII.46 8.1.7 - PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA...VIII.46 8.2 MÉDIO PRAZO...VIII.46 8.2.1 - PROGRAMA DE CONHECIMENTO...VIII.46 8.2.2 PROGRAMA DE MANEJO DO MEIO AMBIENTE...VIII.47 8.2.3 - PROGRAMA DE USO PÚBLICO...VIII.47 8.2.4 - PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COM A ÁREA DE INFLUÊNCIA...VIII.47 8.3 - LONGO PRAZO...VIII.47 IX - BIBLIOGRAFIA...IX.1 vii

LISTA DE QUADROS Pág. Quadro III.01 - Ficha Técnica da Unidade de Conservação...III.1 Quadro III.02 - Distâncias Entre os Principais Centros Urbanos e o Parque...III.4 Quadro III.03 - Unidades de Conservação Estaduais no Paraná...III.7 Quadro III.04 - Unidades de Conservação Federais no Paraná...III.9 Quadro III.05 - Evolução da População no Município de Tibagi por Zona (1970/2000)...III.18 Quadro III.06 - Receitas e Despesas Municipais - 2000...III.20 Quadro III.07 - Média Mensal (mm) dos Dias Chuvosos nas Estações Analisadas...III.22 Quadro IV.01 - Classes de Uso e Ocupação do Solo do Parque Estadual e Zona de Amortecimento...IV.5 Quadro IV.02 - Localização dos Pontos de Coleta de Água no Parque...IV.11 Quadro IV.03 - Escala para Classificação da Qualidade da Água (Método de IQA)...IV.13 Quadro IV.04 - Resultados da Análise de Água pelo Método de IQA...IV.14 Quadro IV.05 - Classes de Solos Identificadas e Classificadas no Parque Estadual do Guartelá...IV.19 Quadro IV.06 - Unidades de Mapeamento de Solos Definidas para o Parque Estadual do Guartelá...IV.26 Quadro IV.07 - Composição Mastofaunística Obtida para o Parque Comparada com a do Paraná e Brasil...IV.43 Quadro V.01 - Matriz de Análise Estratégica do Parque Estadual do Guartelá...V.18 Quadro VII.01 - Normas de Conduta Gerais...VII.1 Quadro VII.02 - Síntese do Zoneamento...VII.3 Quadro VII.03 - Distribuição das Áreas no Zoneamento...VII.5 Quadro VIII.01 - Horários de Saída para a Visitação nas Trilhas...VIII.24 Quadro VIII.02 - Formulário de Monitoria e Avaliação Anual...VIII.42 Quadro VIII.03 - Subprogramas a Serem Implantados em Curto Prazo...VIII.48 Quadro VIII.04 - Subprogramas a Serem Implantados em Médio Prazo...VIII.51 Quadro VIII.05 - Subprogramas a Serem Implantados em Longo Prazo...VIII.54 viii

LISTA DE FIGURAS Pág. Figura III.01 - Localização do Parque Estadual do Guartelá...III.2 Figura III.02 - Acessos ao Parque Estadual do Guartelá por Via Rodoviária e Aérea...III.3 Figura III.03 - Mapa Geomorfológico do Estado do Paraná, Segundo MAACK (1968, Adaptado por TROPPMAIR, 1990)...III.10 Figura III.04 - Inserção do Parque Estadual do Guartelá na Fitogeografia do Estado do Paraná...III.14 Figura IV.01 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Parque Estadual do Guartelá e Entorno...IV.3 Figura IV.02 - Mapa de Hidrografia do Parque Estadual do Guartelá com Indicação dos Pontos de Coleta de Água...IV.12 Figura IV.03 - Mapa de Solos do Parque Estadual do Guartelá...IV.20 Figura IV.04 - Mapa de Vegetação do Parque Estadual do Guartelá...IV.34 Figura VI.01 - Trajeto Projetado para a Construção de Acesso à Gruta das Andorinhas...VI.14 Figura VI.02 - Área do Camping Atual...VI.14 Figura VI.03 - Localização da Infra-Estrutura Projetada para o Parque Estadual do Guartelá...VI.15 Figura VII.01 - Mapa Zoneamento do Parque Estadual do Guartelá...VII.7 Figura VII.02 - Zona Primitiva...VII.9 Figura VII.03 - Zona Histórico-Cultural...VII.11 Figura VII.04 - Zona de Uso Extensivo...VII.13 Figura VII.05 - Zona de Uso Intensivo...VII.16 Figura VII.06 - Zona de Recuperação...VII.18 Figura VII.07 - Zona de Uso Especial...VII.20 Figura VII.08 - Zona de Uso Conflitante...VII.22 Figura VII.09 - Programas de Manejo Propostos para o Parque Estadual do Guartelá...VII.24 Figura VIII.01 - Locais que Necessitam de Instalação de Pontes pela Passagem de Córrego...VIII.16 Figura VIII.02 - Trechos a Serem Recuperados...VIII.16 Figura VIII.03 - Restruturação da Área de Camping...VIII.19 Figura VIII.04 - Áreas Propostas para Turismo de Bem Estar (em lilás)...viii.23 ix

LISTA DE FOTOS Pág. Foto III.01 - Aspectos da Zona Rural do Município de Tibagi, Bairro Guartelá de Cima (Fonte: Laufer Jr, 2002)...III.17 Foto III.02 - Aspectos da Zona Urbana Tibagi (Fonte: PMT)...III.17 Foto IV.01 - Vista Parcial do Rio Iapó (fonte: PMT)...IV.2 Foto IV.02 - Aspecto de Propriedade Voltada ao Turismo Regional (fonte: PMT)...IV.6 Foto IV.03 - Vista Parcial de Propriedade Rural Localizada na Zona de Amortecimento (fonte Laufer, Jr, 2002)...IV.7 Foto IV.04 - Vista do rio Iapó, no Limite do Parque, Formando Corredeiras (fonte G. Gaertner, 2002)...IV.10 Foto IV.05 - Vista do Ponto de Coleta GU 01 - Arroio Pedregulho (fonte: E. Oliveira, 2002)...IV.11 Foto IV.06 - Vista da Gruta do Ume, cuja Litologia é Formada pelas Rochas Vulcânicas (Riolitos) do Grupo Castro (fonte: P. Hoffmman, 2002)...IV.15 Foto IV.07 - Aspecto do Relevo Aplainado na Porção Sul do Parque Estadual do Guartelá (fonte: P. Hoffmman, 2002)...IV.17 Foto IV.08 - Aspecto de Relevo Ruiniforme Presente nos Arenitos da Formação Furnas, no Parque (fonte G. Gaertner, 2002)...IV.18 Foto IV.09 - Vista de Campo Limpo, Onde se Pode Evidenciar a Invasão de Pinus spp. no Parque Estadual (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.35 Foto IV.10 - Vista de Campo com Afloramentos Rochosos e da Floresta Ciliar no Parque. Nota-se Também a Ocorrência de Paredões de Arenito no Vale (fonte: P. Hoffmann, 2002)....IV.35 Foto IV.11 - Campo Úmido Existente no Parque Estadual do Guartelá (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.36 Foto IV.12 - Detalhe Panorâmico da Floresta Ciliar no Parque Estadual (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.36 Foto IV.13 - Vista do Interior da Floresta Ciliar Ocorrente no Parque (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.37 Foto IV.14 - Ocorrência de Araucaria angustifolia em Floresta Ciliar e Capões Existentes no Parque Estadual (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.37 Foto IV.15 - Mancha de Cerrado Ocorrente no Parque Estadual (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.38 Foto IV.16 - Exemplar de Peroba rosa (Aspidosperma polyneuron), Espécie Típica da Floresta Estacional Semidecidual Ocorrente no Parque (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.38 x

Foto IV.17 - Resíduos Deixados Após o Corte do Reflorestamento de Pinus Existente no Parque (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.42 Foto IV.18 - Área com Ocorrência de Brachiaria sp. no Interior do Parque (fonte: P. Hoffmann, 2002)...IV.42 Foto IV.19 - PR.TG.001 - Abrigo Orza & Zens (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.63 Foto IV.20- PR.TG.001 - Abrigo Orza & Zens (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.63 Foto IV.21 - PR.TG.002 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.64 Foto IV.22 - PR.TG.002 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.64 Foto IV.23 - PR.TG. 002 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.65 Foto IV.24 - PR.TG.002 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.65 Foto IV.25 - PR.TG. 002 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.66 Foto IV.26 - PR. TG. 002 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.66 Foto IV.27 - PR.TG. 002 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.67 Foto IV.28 - PR. TG. 003 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.67 Foto IV.29 - PR. TG. 003 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.68 Foto IV.30 - PR. TG. 003 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.68 Foto IV.31 - PR.TG. 004 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.69 Foto IV.32 - PR.TG. 004 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.69 Foto IV.33 - PR.TG. 004 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.70 Foto IV.34 - PR.TG. 005 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.70 Foto IV.35 - PR.TG. 006 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.71 Foto IV.36 - PR.TG.007 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.71 Foto IV.37 - PR.TG.008 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.72 Foto IV.38 - PR.TG.008 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.72 Foto IV.39 - PR.TG.009 (fonte: Zinho de Oliveira, 2002)...IV.73 Foto V.01 - Vista Parcial do Canyon do Rio Iapó (fonte: G. Gaertner, 2002)...V.10 Foto V.02 - Rochas com Feições Ruiniformes (fonte: G. Gaertner, 2002)...V.10 Foto V.03 - Vista Parcial da Cachoeira Ponte de Pedra (fonte: G. Gaertner, 2002)...V.11 Foto VI.01 - Vista do Portal do Parque Estadual do Guartelá (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.1 Foto VI.02 - Vista do Centro de Visitantes (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.2 Foto VI.03 - Vista da Casa da Administração (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.2 Foto VI.04 - Vista Lateral do Alojamento de Pesquisadores (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.3 Foto VI.05 - Vista da Lanchonete (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.3 Foto VI.06 - Vista do Mirante do Parque Estadual do Guartelá (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.4 xi

Foto VI.07 - Vista da Casa de Abastecimento de Água (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.4 Foto VI.08 - Vista da Ponte de Madeira 1 (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.5 Foto VI.09 - Vista da Ponte de Madeira 2 (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.5 Foto VI.10 - Vista da Ponte de Madeira 2 (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.6 Foto VI.11 - Vista de uma das Churrasqueiras do Camping (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.6 Foto VI.12 - Vista do Banheiro Existente ao Lado do Camping (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.7 Foto VI.13 - Vista da Trilha do Mirante, que tem Início na Divisa do Parque com a Propriedade do Sr. Olímpio (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.8 Foto VI.14 - Vista dos Panelões no Arroio Pedregulho (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.9 Foto VI.15 - Trilha em Plataforma Suspensa em Campo Úmido (fonte G. Gaertner, 2002)...VI.9 Foto V.16 - Lapa Contendo Inscrições Rupestres (fonte: G. Gaertner, 2002)...VI.10 Foto VI.17 - Trecho da Trilha 2 com Processos Erosivos (fonte: G. Gaertner, 2002)...VI.11 Foto VI.18 - Ocorrência de Processos Erosivos em Trilhas Alternativas Utilizadas pelos Turistas (fonte: G. Gaertner, 2002)...VI.12 Foto V.19 - Trilha Secundária Erodida pelo Intenso Pisoteio (fonte: G. Gaertner, 2002)...VI.13 xii

LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 - MAPA PLANIALTIMÉTRICO DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ ANEXO 2 - ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS DA VEGETAÇÃO OCORRENTE NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ ANEXO 3 - LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA OCORRENTES NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ, COMPOSTA A PARTIR DA LITERATURA E DE DADOS OBTIDOS EM CAMPO DURANTE A AVALIAÇÃO ECOLÓGICA RÁPIDA ANEXO 4 - MAMÍFEROS DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ E PROXIMIDADES ANEXO 5 - COLETÂNEA DE REGISTROS DE AVES NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ, TIBAGI, PARANÁ ANEXO 6 - LISTA DAS ESPÉCIES DE RÉPTEIS REGISTRADAS PARA O SEGUNDO PLANALTO PARANAENSE E SUAS POSSIBILIDADES DE OCORRÊNCIA NO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ ANEXO 7 - CARACTERÍSTICAS BIOECOLÓGICAS DAS ESPÉCIES DE ANFÍBIOS LISTADAS PARA O PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ, NO MUNICÍPIO DE TIBAGI, PR ANEXO 8 - STATUS DE CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS BRASILEIROS NOS ESTADOS DO PARANÁ (MARGARIDO, 1995), SÃO PAULO (SÃO PAULO, 1998), RIO DE JANEIRO (BERGALLO ET AL., 2000) E MINAS GERAIS (MACHADO ET AL., 1998) ANEXO 9 - CÁLCULO DE CAPACIDADE DE SUPORTE DAS TRILHAS xiii

APRESENTAÇÃO O Parque Estadual do Guartelá é uma Unidade de Conservação classificada na categoria de manejo de Proteção Integral, segundo o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), que tem como objetivo básico preservar a natureza, sendo admitido o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na lei. O instrumento a ser utilizado como referencial para a gestão do Parque Estadual do Guartelá é o seu plano de manejo, que tem como objetivo estabelecer as diretrizes e atividades que serão desenvolvidas para que a Unidade de Conservação possa cumprir com os seus objetivos e ao estabelecido pelo SNUC. O presente Plano de Manejo foi iniciado com os estudos referentes às Informações Gerais da Unidade de Conservação, contemplando sua ficha técnica; localização e acessos; histórico e antecedentes; contextos geográfico e regional, situação fundiária e a origem do nome. Na fase seguinte foi realizado o diagnóstico da Unidade de Conservação (UC) e da sua zona de amortecimento, com a caracterização dos principais fatores ambientais condicionantes do meio abiótico, biótico e uso e ocupação, definindo a fragilidade natural desses ambientes, os quais, integrados, inter-relacionados e submetidos aos mesmos agentes e fenômenos morfodinâmicos, permitiram então, o estabelecimento de zonas, que podem estar associadas a uma ou mais formas de uso, conforme a fragilidade natural existente. Foram definidas sete zonas: Zona Primitiva; Zona Histórico-Cultural; Zona de Uso Extensivo; Zona de Uso Intensivo; Zona de Recuperação; Zona de Uso Especial e Zona de Uso Conflitante aos quais foram atribuídas as normas e propostos os programas de manejo para sua implementação. O Plano de Manejo do Parque Estadual do Guartelá possui a seguinte estrutura: Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo; Requisitos Legais; Informações Gerais da Unidade de Conservação; Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento; Análise da Unidade de Conservação; Situação Atual da Unidade de Conservação; Manejo da Unidade de Conservação; Implementação do Plano de Manejo; e, Bibliografia.

I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo I - METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO O conceito de Plano de Manejo, segundo a definição da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000 (institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza), e referendado no Roteiro Metodológico para o Planejamento de Unidades de Conservação de Proteção Integral (IBAMA, 2002) é assim definido: Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade. Os objetivos de um Plano de Manejo, segundo o Roteiro Metodológico são: Levar a Unidade de Conservação - UC a cumprir com os objetivos estabelecidos na sua criação; Definir objetivos específicos de manejo, orientando a gestão da UC; Dotar a UC de diretrizes para seu desenvolvimento; Definir ações específicas para o manejo da UC; Gerar conhecimento para o manejo da Unidade; Promover o manejo da Unidade, orientado pelo conhecimento disponível; Estabelecer a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento, visando a proteção de seus recursos naturais e culturais; Destacar a representatividade da UC no SNUC frente aos atributos naturais protegidos; Destacar a representatividade da UC frente aos atributos de valorização dos seus recursos como: biomas, convenções e certificações internacionais; Estabelecer, quando couber, normas e ações específicas visando compatibilizar a presença das populações residentes com os objetivos da unidade, até que seja possiível sua indenização ou compensação e sua realocação; Estabelecer normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da Zona de Amortecimento - ZA e dos Corredores Ecológicos - CE, visando a proteção da UC; Promover a integração socioeconômica das comunidades do entorno com a UC; e, Orientar a aplicação dos recursos financeiros destinados à UC. I.1

I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo 1 - REFERENCIAL O Plano de Manejo do Parque Estadual do Guartelá teve como referencial os seguintes documentos: Termo de Referência para Elaboração dos Planos de de Manejo dos Parques Estaduais (IAP, 2002); Plano de Trabalho apresentado pela STCP Engenharia de Projetos Ltda.; Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000 - que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação; e, Roteiro Metodológico para o Planejamento de Unidades de Conservação de Proteção Integral (IBAMA, 1996). Com a aprovação e publicação do novo Roteiro Metodológico do IBAMA, em setembro de 2002, foram realizadas algumas adaptações no plano de manejo, de forma a atender às inovações do citado Roteiro. 2 - MÉTODO DE TRABALHO O Plano de Manejo do Parque Estadual do Guartelá é um documento síntese, que teve como base os estudos do meio abiótico, meio biótico e socioeconômico. A elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual do Guartelá envolveu três grandes eventos: o Diagnóstico da UC e de sua Zona de Amortecimento, o Zoneamento e Programas de Manejo. DIAGNÓSTICO DA UC E DE SUA ZONA DE AMORTECIMENTO O diagnóstico da UC e de sua Zona de Amortecimento foi realizada pela equipe técnica multidisciplinar, contemplando os seguintes fatores ambientais: Meio Abiótico (Clima, Geologia, Geomorfologia e Solos); Meio Biótico (Fauna e Flora); Meio Socioeconômico e Cultural, e, Potencial de Uso Público da Unidade de Conservação. MEIO ABIÓTICO Os estudos do clima visaram definir as influências deste fator na qualidade ambiental do Parque Estadual do Guartelá. Os estudos foram baseados nos dados climatológicos das estações existentes na região de Telêmaco Borba e Ponta Grossa.. A geologia forneceu a base de dados para o conhecimento da natureza e composição das rochas presentes no Parque Estadual do Guartelá. A geomorfologia contribuiu para o entendimento das estruturas que deram origem ao relevo, às formações superficiais e aos solos. Na descrição das classes de solos foi adotada a nomenclatura do Sistema Brasileiro de I.2

I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo Classificação de Solos, EMBRAPA (1999), relacionando as unidades ao tipo de horizonte A, à textura e ao relevo com o objetivo de conseguir unidades de mapeamento mais homogêneas para fins de uso e manejo. MEIO BIÓTICO O estudo contemplou a descrição e o mapeamento da vegetação existente na área da UC, por tipologia e distribuição espacial, associados à interpretação de imagem de satélite, onde foram definidas as seguintes formações: Estepe (campo); Floresta Estacional Semidecidual com Influência de Floresta Ombrófila Mista; Savana (Cerrado); e, Pastagem. Os estudos de fauna foram realizados tendo como referencial as formações vegetacionais existentes no Parque, sendo analisada a distribuição espacial da fauna de vertebrados terrestres presente e potencial no Parque Estadual do Guartelá e no seu entorno. MEIO SOCIOECONÔMICO E CULTURAL Os aspectos socioeconômicos e culturais são compostos pelo conjunto das informações a respeito da socioeconomia da população que ocupa o entorno do Parque Estadual do Guartelá, a sua percepção em relação à Unidade de Conservação e a interrelação entre estas comunidades e a UC. Neste capítulo são abordados ainda o uso e ocupação do solo da área de entorno, efetuado com base em tratamento de imagem de satélite (TM LANDSAT 7), do ano de 2001, e aferições de campo, incluindo entrevista com moradores. Os parâmetros utilizados como indicadores da ocupação do solo no interior da UC e no seu entorno foram: Floresta; Savana/Estepe; Reflorestamento; e, Áreas antropizadas (agricultura, pastagem e vegetação secundária). Foram realizados ainda, neste capítulo, estudos relativos ao potencial de uso público da unidade de conservação. ANÁLISE INTEGRADA DO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ A análise integrada das informações relevantes do Parque Estadual do Guartelá foi realizada através de reuniões temáticas com a equipe responsável pela elaboração do Plano de Manejo, mantendo-se em vista a análise da fragilidade dos ambientes em função das suas I.3

I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo características naturais, obtidos na fase de Avaliação Ecológica Rápida da Unidade de Conservação. Nessa fase foram discutidos e definidos os ambientes relevantes para conservação, em função de suas fragilidades morfopedológicas, e de necessidade de manutenção da integridade dos remanescentes de campos e de formações florestais (Floresta Estacional Semidecidual com influência de Ombrófila Mista + elementos da Floresta Ombrófila Densa). Paralelamente, foram definidos os locais potenciais para o uso público, no que se refere às atividades de educação ambiental e recreacionais, mantendo-se porém os fatores limitantes para a sua implementação. ZONEAMENTO O zoneamento foi estabelecido seguindo os seguintes critérios: REQUISITOS LEGAIS Os requisitos legais utilizados como base para a elaboração do zoneamento do Parque Estadual do Guartelá foram: Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC); Decreto nº 84.017 de 21 de setembro de 1979 (Regulamenta os Parques Nacionais); Decreto n 2.329 de 24 de setembro de 1996 (Cria o Parque Estadual do Guartelá); e, Lei n 4.771 de 15 de setembro de 1965 (Institui o Código Florestal). Os requisitos legais foram utilizados como amparo legal ao ordenamento da Unidade de Conservação, no que diz respeito à necessidade de preservação dos seus recursos naturais, condicionando-a algumas limitações de uso, respeitando-se também a necessidade de áreas para destinação à educação ambiental e à recreação. CONCEITO E DEFINIÇÃO DAS ZONAS O conceito de Zoneamento empregado neste trabalho é o mesmo apresentado na Lei que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, assim definido: "Zoneamento é a definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. Para atender aos objetivos gerais das Unidades de Conservação e dos Parques, como um todo, e ao objetivo específico do Parque Estadual do Guartelá, foram definidas as seguintes zonas: Zona Primitiva; Zona Histórico-Cultural; Zona de Uso Extensivo; I.4

I - Metodologia para Elaboração do Plano de Manejo NORMAS Zona de Uso Intensivo; Zona de Recuperação; Zona de Uso Especial; e, Zona de Uso Conflitante. As normas, gerais e específicas contemplam as proibições e restrições a serem adotadas no desenvolvimento das atividades previstas no Plano de Manejo. As normas foram desenvolvidas em dois níveis, sendo que, no primeiro, estão as normas relacionadas ao zoneamento do Parque Estadual, e, no segundo, estão as normas específicas vinculadas a cada um dos projetos a serem implantados no seu manejo. PROGRAMAS DE MANEJO De acordo com a análise estratégica da Unidade de Conservação e ao zoneamento proposto, foram elaborados os respectivos programas de manejo, os quais compreendem um conjunto de atividades que seguem cronogramas variáveis de acordo com as diferentes necessidades de conhecimento e manejo que vierem a se apresentar no decurso da existência do Parque Estadual. Os programas de manejo propostos estão estruturados em cinco linhas básicas, assim definidos: Programa de Conhecimento; Programa de Manejo do Meio Ambiente; Programa de Uso Público; Programa de Operacionalização e Programa de Integração com a Área de Influência, os quais foram subdivididos em subprogramas e projetos específicos, quando possível, aos quais foram atribuídas as responsabilidades e custos de implementação. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS Todas as informações geradas no Plano de Manejo do Parque Estadual foram incorporadas no Sistema de Informações Geográficas (SIG). A tecnologia do SIG traz benefícios ao Plano de Manejo do Parque Estadual do Guartelá através da possibilidade de integração das operações comuns de Banco de Dados como pesquisas e análises, com a facilidade de visualização e análises espaciais oferecidos pelos mapas. As informações foram correlacionadas com as entidades geográficas, inclusive os Programas de Manejo e as Normas, estruturando-se um banco de dados para gerenciá-las. I.5

II - Requisitos Legais II - REQUISITOS LEGAIS O presente capítulo visa detectar os aspectos legais que foram cumpridos e considerados na elaboração do zoneamento do Parque Estadual do Guartelá, criado pelo Decreto n 1.229 de 27 de março de 1992 e alterado pelo Decreto n 2.329 de 24 de setembro de 1996. Os requisitos legais são constituídos por leis, decretos e portarias, estabelecidas em nível Federal e específicos do Estado do Paraná. Esse conjunto de leis, decretos e portarias pode ser agrupado nos seguintes itens: Constituição Federal e Estadual; Política Ambiental; Unidades de Conservação; Componentes Ambientais: Meios abiótico, biótico e socioeconômico; e, Condutas Lesivas ao Meio Ambiente. 1 - CONSTITUIÇÃO 1.1 - FEDERAL CAPÍTULO CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE (ART. 225) O instrumento constitucional que estabelece o conceito de desenvolvimento sustentável é expresso no capítulo 225 da Constituição Federal. Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção; II.1

II - Requisitos Legais VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. A Constituição de 1988 prevê ainda a criação de espaços territoriais especialmente protegidos. A Lei n 6.938/81, já fazia referências às mesmas áreas, tendo o Código Florestal, Lei n 4.771/65 determinado que o Poder Público criasse os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, assim descrito em seu art. 5º: Art. 5º - O Poder Público criará: a) Parque Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas, com a finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos;. Parágrafo Único - ressalvada a cobrança de ingresso à visitantes, cuja receita será destinada em pelo menos 50% (cinqüenta por cento) ao custeio da manutenção e fiscalização, bem como de obras de melhoramento em cada unidade, é proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais nos parques e reservas biológicas criados pelo poder público na forma deste artigo. O Decreto n 84.017, de 21 de setembro de 1979, que regulamentou os Parques Nacionais, destaca que a preservação dos ecossistemas protegidos com a utilização dos benefícios deles advindos deverão ser feitos de acordo com o Plano de Manejo, que conterá estudos das diretrizes visando um manejo ecológico adequado da Unidade. 1.2 - CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ No âmbito constitucional estadual, a questão ambiental é tratada com a mesma ênfase dada à Constituição Federal, em seu artigo 207. Art. 207 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais. 1º - Cabe ao Poder Público, na forma da lei, para assegurar a efetividade deste direito: (...) IV - instituir as áreas a serem abrangidas por zoneamento ecológico, prevendo as formas de utilização dos recursos naturais e a destinação de áreas de preservação ambiental e de proteção de ecossistemas essenciais; II.2

II - Requisitos Legais 2 - POLÍTICA AMBIENTAL XIV - proteger a fauna, em especial as espécies raras e ameaçadas de extinção, vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica ou submetam os animais à crueldade; XV - proteger o patrimônio de reconhecido valor cultural, artístico, histórico, estético, faunístico, paisagístico, arqueológico, turístico, paleontológico, ecológico, espeleológico e científico paranaense, prevendo sua utilização em condições que assegurem a sua conservação (...); XIX - declarar, como área de preservação permanente, os remanescentes das matas ciliares dos mananciais de bacias hidrográficas que abasteçam os centros urbanos; 2º - As condutas e atividades poluidoras ou consideradas lesivas ao meio ambiente, na forma da lei, sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas: I - à obrigação de, além de outras sanções cabíveis, reparar os danos causados; (...) III - a cumprir diretrizes estabelecidas por órgão competente. 3º - A Lei disporá especificamente sobre a reposição das matas ciliares (...). 2.1 - POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - LEI N 6.938/81 A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 que institui a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, foi fundamentada nos incisos VI e VII do artigo 23 e no artigo 225 da Constituição Federal, e em seu artigo 2º dispõe que: Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições de desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses de segurança nacional e à proteção de dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; II.3

II - Requisitos Legais III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V.... VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII. acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII. recuperação de áreas degradadas; IX. proteção de áreas ameaçadas de degradação; X. educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Em seu artigo 9º, a Lei n 6.938/81 apresenta como um de seus instrumentos o zoneamento ambiental, apresentado no presente relatório. 2.2 - POLÍTICA AMBIENTAL DO ESTADO DO PARANÁ A Política Estadual do Meio Ambiente está prevista na Constituição do Estado do Paraná, no seu capítulo V, que trata do meio ambiente, em seu art. 207, já descrito anteriormente. A Lei n 7.978, de 30 de novembro de 1984, institui o Conselho Estadual de Defesa do meio Ambiente, tendo como atribuições: I. participar da formulação da Política Estadual do Meio Ambiente, com caráter global e integrado e de planos e projetos que contemplem o respectivo setor, de modo a assegurar, em cooperação com os órgãos da administração direta e indireta do Estado, a prevenção e controle da poluição, combate às diversas formas de erosão, o uso e a gestão racionais do solo, e dos recursos naturais, bem como sua capacidade de renovação e a estabilidade ecológica; II. incentivar a criação e desenvolvimento de reservas e parques naturais e de recreio; III. participar da elaboração, junto aos poderes públicos de todos os atos legislativos e regulamentares concernentes ao meio ambiente. II.4

II - Requisitos Legais A Política Ambiental do Estado está em fase de elaboração. Entretanto, a legislação em vigor no Estado do Paraná deverá ser observada, com destaque para: Lei Estadual nº 1.211, de 16 de setembro de 1953, que dispõe sobre o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Estado do Paraná; Lei Estadual nº 6.513, de 18 de dezembro de 1973, que dispões sobre a proteção dos recursos hídricos contra agentes poluidores e dá outras providências; Lei Estadual nº 7.109, de 17 de janeiro de 1979, que institui o Sistema de Proteção Ambiental e adota outras providências; e, Lei Estadual nº 11.054, de 14 de janeiro de 1995, dispõe sobre a Lei Florestal do Estado. 3 - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO As Unidades de Conservação são definidas nas seguintes leis: Lei n 9.985/00 - institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e estabelece critérios e normas para criação, implantação e gestão das unidades de conservação; Lei n 4.771/65 - institui o Novo Código Florestal; e, Decreto n 84.017/79 - aprova Regulamento dos Parques Nacionais. As Unidades de conservação são contempladas, no nível estadual, no âmbito do Código Florestal do Estado do Paraná (Lei Estadual nº 11.054, de 14 de janeiro de 1995). 3.1 - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA - SNUC O Parque Estadual do Guartelá é uma Unidade de Conservação inserida no Grupo das Unidades de Proteção Integral, de acordo com a Lei n 9.985 de 18 de julho de 2000, a qual institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC. A referida Lei define, no seu art. 11, o objetivo básico de um Parque Nacional "...a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico". 1º O Parque Nacional é de posse e domínios públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. II.5

II - Requisitos Legais 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. 4º As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. 3.2 - LEGISLAÇÃO FLORESTAL CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO A Lei n 4.771, de 15 de setembro de 1965, institui o Novo Código Florestal, o qual determina em seu art. 2º que as florestas e demais formas de vegetação são consideradas de preservação permanente, quando situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1) de 30 (trinta) metros para cursos d água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d água que tenham entre 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; 3) de 100 (cem) metros para os cursos d água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros de largura. b) ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d água, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura; d) nos topos de morros, montes, montanhas e serras. e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declive; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; II.6

II - Requisitos Legais Estas áreas supra definidas somente poderão ser suprimidas total ou parcialmente, mediante a prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social ( 1º do art. 3º). Ainda no Código Florestal está previsto, no art. 5º, a incumbência do Poder Público para criar, entre outras unidades de conservação, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais. Sobre isto será mais aprofundado no estudo do Decreto n 84.017, de 21 de setembro de 1979. LEI FLORESTAL DO ESTADO DO PARANÁ O art. 5º da Lei Florestal do Estado do Paraná (Lei Estadual nº 11.054/95) classifica as florestas e demais formas de vegetação existentes no território paranaense em: I. preservação permanente; II. reserva legal; III. produtivas; e, IV. unidades de conservação. Conforme a lei florestal estadual, as florestas e demais formas de vegetação consideradas Unidades de Conservação, seus objetivos e classificação são aquelas previstas na Legislação Federal e no Sistema Nacional de Unidades de Conservação, definindo ainda como a autoridade florestal no Estado, o Instituto Ambiental do Paraná - IAP ou seu sucedâneo definido em lei. 3.3 - DECRETO Nº 84.017/79 APROVA O REGULAMENTO DOS PARQUES NACIONAIS Este Decreto estabelece as normas que definem e caracterizam os Parques Nacionais, estando inseridos, neste caso, os Parques Estaduais. O art. 1º deste decreto considera, para efeitos deste Regulamento, que os Parques Nacionais são áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais e excepcionais, objeto de preservação permanente submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade no seu todo, estabelecidos para fins científicos, culturais, educativos e criativos, e tendo como objetivo principal a preservação dos ecossistemas naturais englobados contra quaisquer alterações que os desvirtuem. Segundo o art. 2º do Decreto em análise, somente é considerado Parque (Nacional, Estadual ou Municipal), as áreas que atendam às seguintes exigências: I - possuam um ou mais ecossistemas totalmente inalterados ou parcialmente alterados pela ação do homem, nos quais as espécies vegetais e animais, os sítios geomorfológicos e os habitats, ofereçam interesse especial do ponto de vista científico, cultura, educativo e recreativo, ou onde existam paisagens rurais de grande valor cênico; II.7

II - Requisitos Legais II - tenham sido objeto, por parte da União, de medidas efetivas tomadas para impedir ou eliminar as causas das alterações e para proteger efetivamente os fatores biológicos, geomorfológicos ou cênicos, que determinaram a criação do Parque; III - condicionem a visitação pública a restrições específicas, mesmo para propósitos científicos, culturais, educativos ou recreativos. O art. 5º prevê a obrigatoriedade do Plano de Manejo, que deverá conter diretrizes e metas válidas por um período mínimo de 5 anos, bem como o seu zoneamento e os programas de manejo. Cabe ainda citar o art. 56º do referido Decreto que determina que, para cada Parque Nacional, será baixado, quando da aprovação do seu plano de manejo, um regimento interno que particularizará situações peculiares, tendo como base o presente Decreto. 3.4 - DECRETO N 2.329 DE 24 DE SETEMBRO DE 1996 - CRIA O PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ. O Parque Estadual do Guartelá foi criado inicialmente pelo Decreto Estadual nº 1.229 de 27 de março de 1992, com área de 4.389,8865 ha abrangendo toda a extensão do canyon do rio Iapó. Implantada em 1997, o Parque teve sua área alterada para 798,9748 ha, através do Decreto Estadual de nº 2.329 de 24 de setembro de 1996, privilegiando a proteção das áreas de maior interesse arqueológico, histórico-cultural, cênico e ecológico, constituída por parcelas territoriais desapropriadas e anteriormente pertencentes a Olímpio Mainardes, Bento Aleixo e Urbano Pupo Martins. A implementação das obras de infra-estrutura do Parque iniciou-se em 1996, englobando o mirante, centro de pesquisas e portal de acesso, nova demarcação das trilhas, substituição dos postes de concreto por postes de madeira, estacionamento, pontes sobre os arroios, sinalização turística, centro de recepção de visitantes e definição de área de camping, com a instalação de lanchonete, churrasqueiras, sanitários, chuveiros e pias, infra-estrutura de turismo. A estrada inicialmente traçada pela Prefeitura Municipal de Tibagi foi então readequada a fim de desviar da propriedade do Sr. Urbano Pupo Martins. Há ainda, em litígio fundiário, uma área do Parque integrada pelos lotes n os 13, 14 e 15, de propriedade do Sr. Olímpio Mainardes, face à contestação apresentada contra o Estado, devido à não concordância em relação aos termos indenizatórios estabelecidos. Em 1998, o IAP decidiu reiniciar o processo de negociação com os proprietários do entorno, diante da possibilidade de ampliação da área total do parque, ocasião em que foi identificada nova área de interesse com 973 ha, desmembrada da Fazenda Mocambo, de propriedade do Sr. Nazem Fadel, identificando, igualmente, o interesse de outros proprietários do entorno na cessão de parcelas de suas propriedades para ampliação da unidade de conservação. O Parque Estadual do Guartelá foi criado com os seguintes objetivos: a) Assegurar a preservação dos ecossistemas típicos, local de excepcional beleza cênica como canyons e cachoeiras, além de significativo patrimônio espeleológico, arqueológico e pré-histórico, em especial pinturas rupestres; II.8

II - Requisitos Legais b) Manutenção de remanescentes de floresta de araucária; c) Preservação de fontes e nascentes; d) Preservação de espécies da fauna e flora nativas; e) Regulamentação do uso turístico nas áreas com potencial para visitação; e, f) Preservação de sítios arqueológicos. 4 - COMPONENTES AMBIENTAIS NATURAIS A legislação abordando os Componentes Ambientais apresentada a seguir está estruturada por meio, quais sejam: Abiótico, Biótico e Socioeconômico. 4.1 - MEIO ABIÓTICO Os componentes ambientais do meio físico analisados a seguir são: Água, Ar e Disposição de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos. ÁGUA A legislação específica que trata do componente ambiental Água contempla, dentre outros diplomas legais: Código das Águas - Decreto n 24.643/34; Decreto n 50.877/61 - Dispõe a respeito do lançamento de resíduos tóxicos e oleosos nas águas interiores e litorâneas do país; e, Resolução CONAMA n 020/86 - estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. No nível estadual a legislação que trata sobre o tema refere-se à Lei n 6.513, de 18 de dezembro de 1973, que dispõe sobre a proteção dos recursos hídricos contra agentes poluidores. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n 5.316 de 17 de abril de 1974. AR Os padrões de Qualidade do Ar são estabelecidos por uma Lei e por Resoluções do CONAMA, descritos na seqüência. FONTES MÓVEIS Lei n 8723/93 - dispõe sobre a redução de emissões de poluentes por veículos automotores e dá outras providências; e, Resolução CONAMA n os 18/86; 03/89; 16/93; 09/94; 16/95, as quais tratam do Programa de Controle de Poluição do Ar por veículos automotores - PROCONVE e define os parâmetros de emissão para motores em geral. II.9

II - Requisitos Legais FONTES FIXAS Resolução CONAMA n 005/89 - institui o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar - PRONAR; Resolução CONAMA n 003/90 - estabelece Padrões de Qualidade do Ar; e, Resolução CONAMA n 008/90 - regulamenta a emissão de poluentes do Ar. DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS/EFLUENTES LÍQUIDOS Em nível federal, os regulamentos legais que tratam do tema são: Portaria MINTER n 53/79 - proíbe o lançamento de lixo ou resíduos sólidos em cursos d água, lagos e lagoas; e, Lei n 5.318/67 - institui a Política Nacional de Saneamento e cria o Conselho Nacional de Saneamento. 4.2 - MEIO BIÓTICO Na abordagem do meio biótico, são contemplados os seguintes componentes ambientais: flora e fauna. FLORA As principais normas e leis que trata deste tema em nível federal são: Código Florestal - Lei n 4.771/65 e alterações posteriores Leis n os 5.870/73, 7.571/86, 7.803/89, 7.875/89; Lei n 7.754/89 - estabelece medidas de proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios e dá outras providências; e, Resolução CONAMA n 004/86 - transforma em Reservas Ecológicas as áreas de Preservação Permanente definidas pelo Código Florestal. FAUNA A Legislação de proteção à Fauna é definida principalmente no nível federal, com destaque para: Lei n 5.197/61 - dispõe sobre a proteção da fauna e dá outras providências; Decreto n 97.633 - dispõe sobre o Conselho Nacional de Proteção à Fauna e dá outras providências; e, Portaria n 1.522/89 - Lista Oficial de Espécies brasileiras Ameaçadas de Extinção. II.10

II - Requisitos Legais 4.3 - MEIO SOCIOECONÔMICO O componente ambiental integrante do meio socioeconômico, no contexto do Plano de Manejo do Parque Estadual do Guartelá restringe-se ao Patrimônio Histórico e Arqueológico. PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO A questão do patrimônio histórico e arqueológico é tratada desde a Constituição Federal, em seu art. 216. Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. Os monumentos arqueológicos e pré-históricos são tratados de forma específica pela Lei n 3.924, de 26 de julho de 1961, que estabelece em seu Capítulo I as definições de monumentos arqueológicos e pré-históricos e a proibição do aproveitamento econômico, destruição e mutilação de quaisquer jazidas arqueológicas ou pré-históricas, antes de serem devidamente pesquisados, sob pena de crime contra o Patrimônio Nacional, e como tal, punível de acordo com o disposto nas leis penais. Em nível estadual a legislação que trata sobre o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural é a Lei nº 1.211 de 16 de setembro de 1953, o qual considera como constituinte do Patrimônio conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no Estado e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Paraná, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico, assim como os monumentos naturais, os sítios e paisagens que importa conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana. II.11

II - Requisitos Legais 5 - CONDUTAS LESIVAS AO MEIO AMBIENTE As condutas lesivas ao meio ambiente são definidas basicamente em nível federal através da Lei de Crimes Ambientais e da Lei que trata da Ação Civil Pública. 5.1 - LEI N 9.605/98 - LEI DE CRIMES AMBIENTAIS Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Essa Lei é acrescida de dispositivo, através da Medida Provisória nº 2.073-36, de 19 de abril de 2001 e foi regulamentada pelo Decreto n 3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis a condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n 3.179, de 21 de setembro de 1999. 5.2 - LEI N 7.347/85 - DISCIPLINA AÇÃO CIVIL PÚBLICA Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. II.12

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação III - INFORMAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO 1 - FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A ficha técnica do Parque Estadual do Guartelá pode ser visualizada a seguir no quadro III.01. Quadro III.01 - Ficha Técnica da Unidade de Conservação NOME DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: Unidade Gestora Endereço da Sede Superfície (ha) 798,97 Perímetro (m) 20.234,81 Município Estado PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ Instituto Ambiental do Paraná - IAP Município de Tibagi - PR Tibagi Paraná Coordenadas geográficas do Centro da UC Latitude S: 24 34'; Longitude W: 50 14' Decreto de Criação Decreto nº 2.329 de 24 de setembro de 1996 Limites Bioma e ecossistemas Atividades Desenvolvidas Atividades Conflitantes Atividades de Uso Público Norte e Leste: rio Iapó Noroeste: Propriedades particulares Sudoeste: Arroio Pedregulho Campos Gerais Uso Público, Vigilância e Pesquisa Problema fundiário em área destinada a uso público; presença de gramíneas exóticas no interior do parque, presença de espécies exóticas e domésticas de fauna, acesso ao parque pelo camping da Doralice. Camping, caminhada por trilhas interpretativas, contemplação da paisagem (canyon, cachoeira) acervo pré-históricos. 2 - LOCALIZAÇÃO E ACESSOS O Parque Estadual do Guartelá está localizado no município de Tibagi, situado na região dos Campos Gerais na porção centro-leste do Estado do Paraná e tem como centro as coordenadas geográficas 24 34' Sul do Equador e 50 14' Oeste de Greenwich, na margem esquerda do canyon do rio Iapó (figura III.01). O Parque fica localizado nas imediações da BR-340, no trecho que liga as Cidades de Castro e Tibagi, como indicado na figura III.02. A distância entre os principais centros urbanos e o parque é apresentado no quadro III.02. III.1

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.01 - Localização do Parque Estadual do Guartelá III.2

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.02 - Acessos ao Parque Estadual do Guartelá por Via Rodoviária e Aérea III.3

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Quadro III.02 - Distâncias Entre os Principais Centros Urbanos e o Parque CIDADES DISTÂNCIAS (km) ACESSOS Brasília 1.333,13 BR-060/BR-153/PR-092/PR-340 Cambé 202,70 PR-445/PR-160/PR-340 Cascavel 471,86 BR-277/BR-373/BR-376/BR-153/PR-340 Curitiba 213,94 BR-277/BR-376/PR-151/PR-340 Foz do Iguaçu 616,66 BR-277/BR-373/BR-376/BR-153/PR-340 Guarapuava 226,96 BR-277/BR-373/BR-376/BR-153/PR-340 Irati 156,46 BR-153/BR-373/BR-376/BR-153/PR-340 Londrina 216,69 PR-445/BR-376/PR-340 Maringá 241,87 BR-376/PR-340 Paranaguá 298,04 BR-277/BR-376/PR-151/PR-340 Ponta Grossa 97,50 PR-151/PR-340 Rio de Janeiro 1.065,94 BR-116/BR-277/BR-376/PR-151/PR-340 São Paulo 621,94 BR-116/BR-277/BR-376/PR-151/PR-340 Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná - site: www.pr.gov.br/setr/cdrom/mapas Editora Abril. Guia 4 Rodas - Atlas Rodoviário 2002. Por via aérea o acesso se dá até Curitiba por vôos regulares, e posteriormente por via terrestre. A partir da cidade de Curitiba é possível fazer conexão para todas as cidades atendidas pelo transporte aéreo no Brasil e também fazer conexão para vôos internacionais. 3 - MAPEAMENTO O Parque Estadual do Guartelá foi oficialmente criado pelo Decreto Estadual nº 2.329, de 24 de setembro de 1996, com uma área de 798,97 ha. O mapa planialtimétrico cedido pela SEMA para este trabalho demonstrou que a área de mapeamento possui uma pequena diferença de 0,09%, ou seja, 0,74 ha a mais do que a área oficial do Decreto, apresentando portanto área 799,71 ha, aceitável em termos de mapeamento. No entanto, para fins de Plano de Manejo, foi considerada a área oficial do Decreto. Nos mapas temáticos onde foram necessários cálculos de áreas (como por exemplo, no mapa de vegetação e de uso e ocupação do solo), foram feitos cálculos proporcionais para cada área, considerando como área total os 798,97 ha oficiais, de forma que a soma total das áreas seja sempre exatamente a área definida no Decreto. No Anexo 1 apresenta-se o mapa planialtimétrico do Parque Estadual do Guartelá. 4 - HISTÓRICO E ANTECEDENTES LEGAIS O Parque Estadual do Guartelá está localizado na micro-região geográfica de Telêmaco Borba, no município de Tibagi, Bairro Guartelá de Cima, a 18 km da sede, à margem esquerda do rio Iapó, no Segundo Planalto Paranaense, região dos Campos Gerais, sul do Brasil, coordenadas geográficas 24º 34 Sul do Equador e 50º 14 Oeste de Greenwich, limitado com as propriedades de Olímpio Mainardes, Urbano Pupo Martins, Vicente Aleixo, Bento Aleixo e com as RPPN s de Nazem Fadel e Ivo Arnt. III.4

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação A região do canyon do rio Iapó, atual Parque Estadual do Guartelá, muito antes da chegada dos colonizadores europeus, já era ocupada por grupos indígenas das etnias Tupi- Guarani e, posteriormente, por índios Kaingang, que procuravam resistir à pressão antrópica dos bandeirantes paulistas, desbravadores e colonos oriundos das sesmarias estabelecidas nos Campos Gerais. Para SILVA (1999), diferentemente dos Guarani, que já desenvolviam uma lavoura rudimentar, os Kaingang constituíam-se de grupos nômades de caçadores e coletores, que constantemente percorriam os campos e vales da região em busca de alimento, ou ainda, através do antigo caminho Peabirú. De acordo com relatos de moradores mais antigos do entorno, há décadas atrás, muito antes da criação oficial do Parque Estadual do Guartelá, havia um sistema de uso e ocupação do solo na área do atual parque e imediações, voltado à produção de lavouras de subsistência, criação de gado, aves e suínos em pequena escala. O uso de queimadas nas áreas de campo, evitando que a macega tomasse conta de áreas da propriedade, era uma prática comum no preparo da terra, em virtude da necessidade de implantar novas áreas de cultivo (roças) e de pastagens para o gado, com a utilização de técnicas de aceiro para desbaste do terreno e proteção contra a propagação de incêndios nas propriedades, normalmente em áreas não superiores a 1 ou 2 alqueires de terra. As áreas de lavoura eram então cultivadas e protegidas da invasão de espécies oportunistas da vegetação natural, fazendo uma rotação nas áreas de cultivo, com novas roçadas a cada três anos, destacando-se a produção de feijão, milho e abóbora. Após a colheita, os antigos moradores conduziam o gado até as áreas de lavoura para alimentação, aproveitando a palhada tigüera remanescente, até que, na saída do verão, o gado era então deslocado para áreas de campo, permitindo desta forma a regeneração das áreas de cultivo. Além da presença da população cabocla na região, havia grupos de negros remanescentes das antigas fazendas, residindo em áreas do vale (canyon) e utilizando as mesmas técnicas de preparo e cultivo da terra. Nas áreas mais acima do canyon, em trechos de campo, era costume aproveitar a terra para o cultivo de mandioca e milho, com a produção de farinha, além da criação de suínos para consumo doméstico. A produção era de subsistência e o pequeno excedente, quando havia, era negociado no comércio local. Apesar da extrema simplicidade da população cabocla, havia nos moradores uma certa consciência ambiental, face à necessidade de manter em equilíbrio os ambientes existentes, principalmente devido à necessidade de retirar o sustento da terra, rios e matas exuberantes ainda existentes na época. Como área de atração turística e de extrema beleza cênica, o canyon recebeu, durante um longo período, a visita desordenada de pessoas oriundas da mais diversas regiões do país e até de outros países que, adentrando nas propriedades que anteriormente compunham a atual área do Parque Estadual do Guartelá ou através de propriedades vizinhas, a fim de percorrer outros trechos do canyon, acabaram ocasionando uma série de impactos ambientais, afetando áreas de interesse arqueológico, histórico-cultural e ecológico. Havia, igualmente, grande pressão de caça e pesca predatória na área do parque e propriedades do entorno. III.5

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Em 1991, por iniciativa do poder público municipal, foi aberta uma estrada fazendo a ligação entre a PR-340 e o canyon, sem, no entanto, considerar e/ou dimensionar os possíveis impactos causados ao solo, já bastante afetado pela intensa visitação, intensificando os processos erosivos. O canyon do Guartelá, mais adequadamente denominado Canyon do rio Iapó, localiza-se na porção centro-leste do Estado do Paraná, num trecho aproximado de 30 km entre os municípios de Castro e Tibagi. Em sua porção central insere-se o Parque Estadual do Guartelá, cerca de 203 km à noroeste de Curitiba, inserido na APA - Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana. Criado inicialmente através do Decreto Estadual nº 1.229 de 27 de março de 1992, com área de 4.389,8865 ha abrangendo toda a extensão do canyon do rio Iapó. Posteriormente, a área do Parque Estadual do Guartelá foi modificada para 798,9748 ha, através do Decreto Estadual nº 2.329 de 24 de setembro de 1996, oficialmente implantada em 1997, privilegiando a proteção das áreas de maior interesse arqueológico, histórico-cultural, cênico e ecológico, constituída por parcelas territoriais desapropriadas e anteriormente pertencentes a Olímpio Mainardes, Bento Aleixo e Urbano Pupo Martins. Como unidade de conservação, o Parque Estadual do Guartelá foi criado com o objetivo de: a) Assegurar a preservação dos ecossistemas típicos, local de excepcional beleza cênica como canyons e cachoeiras, além de significativo patrimônio espeleológico, arqueológico e pré-histórico, em especial pinturas rupestres; b) Manutenção de remanescentes de floresta de araucária; c) Preservação de fontes e nascentes; d) Preservação de espécies da fauna e flora nativas; e) Regulamentação do uso turístico nas áreas com potencial para visitação; e, f) Preservação de sítios arqueológicos. 5 - ORIGEM DO NOME O Parque tem este nome por situar-se no bairro Guartelá, no município de Tibagi. Existem diferentes versões sobre a origem do nome Guartelá. Na mais aceitável, conta-se que um morador da região de Tibagi, tendo conhecimento de um ataque de índios Kaingangues, mandou prevenir seu vizinho e compadre, dando pormenores sobre as manobras dos bugres e terminando com a advertência: Guarda-te lá, que eu aqui bem fico. A região, onde morava o vizinho e compadre, tomou o nome de Guartelá. Um capão de mato, que ficava junto ao sítio onde morava o compadre que deu o aviso, passou a chamar-se Benfica. Na Fazenda Sto. Antonio, atualmente com o nome de Fazenda Diamantina, à margem direita do Tibagi, existe ainda uma mata com o nome de Capão da Benfica. Na língua portuguesa de então, usava-se o termo guárte ou guarte, abreviação de guarda-te; foge, desvia-te, põe-te em salvo, ou a salvo, o que vem a reforçar a versão acima. III.6

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Antigos moradores da região contam que havia ouro na região. Então diziam: Guardem lá ; ou os jesuítas teriam escondido ouro e era comum, entre os tropeiros, falar: Guarda-te-lá. Poderia ser em função da existência das guardas no porto de São Bento, no Rio Tibagi: a guarda está lá, guarda tá lá, guarte-lá... Isso é simples especulação. Dada a existência de algumas dificuldades em se caminhar em certos trechos, principalmente no canyon ou próximo a ele, a região tem também o nome de Amansa Louco. 6 - SITUAÇÃO FUNDIÁRIA A situação fundiária do Parque Estadual do Guartelá não está definida. Há ainda, em litígio fundiário, uma área do parque integrada pelos lotes de n os 13 A, 14 e 15, de propriedade do Sr. Olímpio Mainardes, face à contestação apresentada contra o Estado, devido à não concordância em relação aos termos indenizatórios estabelecidos. Em 1998, o IAP decidiu reiniciar o processo de negociação com os proprietários do entorno, diante da possibilidade de ampliação da área total do parque, ocasião em que foi identificada nova área de interesse com 973 ha, desmembrada da Fazenda Mocambo, de propriedade do Sr. Nazem Fadel, identificando, igualmente, o interesse de outros proprietários do entorno na cessão de parcelas de suas propriedades para ampliação da unidade de conservação. 7 - CONTEXTO ESTADUAL 7.1 - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO No Estado do Paraná existem 73 Unidades de Conservação com área total de 2.600.914,20 ha de áreas protegidas, dos quais 10 são UC's federais e 63 são estaduais. As 63 Unidades de Conservação estaduais perfazem uma área total de 977.813,20 ha distribuídos entre Áreas de Proteção Ambiental, Parques Estaduais, Florestas Estaduais, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Reservas Biológicas, Hortos Florestais, Reservas Florestais e Estações Ecológicas (quadro III.03). As Unidades de Conservação federais existentes no Estado perfazem um total de 1.623.101,00 ha e são apresentadas a seguir no quadro III.04. Quadro III.03 - Unidades de Conservação Estaduais no Paraná UNIDADE DE CONSERVAÇÃO* ÁREA (ha) MUNICÍPIO APA do Passaúna 16.020,40 Araucária, Campo Largo, Campo Magro, Curitiba APA da Serra da Esperança 206.555,82 Guarapuava, Inácio Martins, Cruz Machado, Mallet, União da Vitória, Prudentópolis, Irati, Rio Azul, Paula Freitas, Paulo Frontin APA de Guaratuba 199.586,51 Guaratuba, São José dos Pinhais, Tijucas do Sul, Morretes, Paranaguá, Matinhos APA da Escarpa Devoniana 392.363,38 Jaguariaíva, Lapa, P. Amazonas, Ponta Grossa, Castro, Tibagi, Sengés, Piraí do Sul, Palmeiras, Balsa Nova APA do Rio Pequeno 6.200,00 São José dos Pinhais APA do Piraquara 8.881,00 Piraquara APA do Iraí 11.536,00 Piraquara, Colombo, Quatro Barras, Pinhais SUBTOTAL ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 841.143,11 III.7

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação UNIDADE DE CONSERVAÇÃO* ÁREA (ha) MUNICÍPIO Área Especial de Interesse Turístico do Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Piraquara, 66.732,99 Marumbi** Quatro Barras, Campina Grande do Sul ARIE de São Domingos 163,9 Roncador ARIE da Serra do Tigre 32,9 Mallet ARIE do Buriti 81,52 Pato Branco ARIE da Cabeça do Cachorro** 60,98 São Pedro do Iguaçu SUBTOTAL ÁREAS DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO 67.072,29 Estação Ecológica do Caiuá 1.427,30 Diamante do Norte Estação Ecológica do Guaraguaçu 1.152,00 Paranaguá Estação Ecológica Ilha do Mel** 2.240,69 Paranaguá SUBTOTAL ESTAÇÕES ECOLÓGICAS 4.819,99 Floresta Estadual Córrego da Biquinha 23,22 Tibagi Floresta Estadual do Passa Dois 275,61 Lapa Floresta Estadual de Santana 60,5 Paulo Frontin Floresta Estadual Metropolitana 455,29 Piraquara Floresta Estadual do Palmito** 530,00 Paranaguá SUBTOTAL FLORETAS ESTADUAIS 1.344,62 Horto Florestal Geraldo Russi 130,8 Tibagi Horto Florestal de Jacarezinho 102,85 Jacarezinho Horto Florestal de Mandaguari 21,53 Mandaguari SUBTOTAL HORTOS FLORESTAIS 255,18 Parque Estadual Rio Guarani 2.235,00 Três Barras do Paraná Parque Estadual da Graciosa 1.189,58 Morretes Parque Estadual Mata São Francisco** 832,58 Cornélio Procópio, Santa Mariana Parque Estadual das Lauráceas 27.524,33 Adrianópolis, Tunas do Paraná, Bocaiúva do Sul Parque Estadual de Campinhos** 208,12 Cerro Azul, Tunas do Paraná Parque Estadual de Vila Velha** 3.122,00 Ponta Grossa Parque Estadual do Caxambu 968,00 Castro Parque Estadual do Cerrado** 420,40 Jaguariaíva Parque Estadual do Guartelá** 798,97 Tibagi Parque Estadual do Monge** 297,83 Lapa Parque Estadual do Pau-Oco 905,58 Morretes Parque Estadual do Penhasco Verde 302,57 São Jerônimo da Serra Parque Estadual João Paulo II** 4,63 Curitiba Parque Estadual Mata dos Godoy** 690,17 Londrina Parque Estadual Pico do Marumbi** 2.342,41 Morretes Parque Estadual Roberto R. Langue 2.698,69 Antonina, Morretes Parque Est. de V Rica do Esp. Santo** 353,86 Fênix Parque Estadual de Palmas 180,12 Palmas Parque Estadual do Lago Azul** 1.749,01 Campo Mourão, Luiziana Parque Estadual do Boguaçu 6.052,00 Guaratuba Parque Estadual das Araucárias 1.052,13 Palmas e Bituruna Parque Est. Bosque das Araucárias 236,31 União da Vitória Parque Estadual do Pico do Paraná 4.300,00 Campina Grande do Sul, Antonina Parque Estadual Ilha do Mel 338,00 Ilha do Mel Parque Estadual José Wachowicz 119,00 Araucária Parque Estadual Serra da Baitaca 3.053,21 Piraquara, Quatro Barras Parque Florestal de Ibicatu** 57,01 Centenário do Sul Parque Florestal de Ibiporã** 74,06 Ibiporã III.8

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação UNIDADE DE CONSERVAÇÃO* ÁREA (ha) MUNICÍPIO Parque Florestal Rio da Onça** 118,51 Matinhos SUBTOTAL PARQUES ESTADUAIS 62.224,08 Reserva Biológica São Camilo 385,34 Palotina SUBTOTAL RESERVAS BIOLÓGICAS 385,34 Reserva Florestal de Figueira** 100,00 Engenheiro Beltrão Reserva Florestal de Jurema** 204,00 Amaporã Reserva Florestal Córrego Maria Flora 48,68 Cândido de Abreu Reserva Florestal do Pinhão 196,81 Pinhão Reserva Florestal de Saltinho 9,10 Telêmaco Borba Reserva Florestal Figueira e Saltinho 10,00 Engenheiro Beltrão SUBTOTAL RESERVAS FLORESTAIS 568,59 TOTAL 977.813,20 *Área Sob a Responsabilidade do IAP **Unidades com Infra-Estrutura para Visitação Quadro III.04 - Unidades de Conservação Federais no Paraná UNIDADE DE CONSERVAÇÃO* ÁREA (ha) MUNICÍPIO APA de Guaraqueçaba 291.500,00 Guaraqueçaba e Antonina APA das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná 1.003.059,00 Querência do Norte, Porto Rico, São Pedro do Paraná, Marilena, Nova Londrina, Diamante do Norte e Mato Grosso do Sul (Mundo Novo, Eldorado, Naviraí, Itaquirai). ARIE do Pinheiro e Pinheirinho 109 Guaraqueçaba Estação Ecológica de Guaraqueçaba 13.683,00 Guaraqueçaba e Paranaguá Floresta Nacional de Irati 3.495,00 Teixeira Soares Floresta Nacional de Açungui 718 Campo Largo Parque Nacional do Iguaçu 185.262,00 Céu Azul, Foz do Iguaçu, Matelândia, Medianeira e São Miguel do Iguaçu Parque Nacional de Ilha Grande 78.875,00 Antonia, São Jorge do Patrocínio, Vila Alta e Mato Grosso do Sul (Mundo Novo, Eldorado). Parque Nacional do Superagui 21.400,00 Guaraqueçaba Parque Nacional Sain t Hilaire 25.000,00 Caiobá, Matinhos TOTAL 1.623.101,00 7.2 - ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS MAACK (1968, in TROPPMAIR, 1990) classificou o relevo paranaense em cinco grandes unidades geomorfológicas, denominado por ele como grandes paisagens e subzonas naturais, resultantes da alternância de épocas de estabilidade e instabilidade tectônica (figura III.03). As unidades geomorfológicas foram assim classificadas: 1. Zona Litorânea: (a) orla marítima e (b) orla da serra; 2. Serra do Mar; 3. Primeiro Planalto, subdividido em: (a) Planalto de Curitiba; (b) Região Montanhosa do Açungui; e (c) Planalto de Maracanã; 4. Segundo Planalto ou Planalto de Ponta Grossa: (a) Região Ondulada do Paleozóico e (b) Região das Mesetas Mesozóicas; III.9

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.03 - Mapa Geomorfológico do Estado do Paraná, Segundo MAACK (1968, Adaptado por TROPPMAIR, 1990) 5. Terceiro Planalto ou Planalto do Trapp do Paraná, com cinco subzonas: (a) Blocos Planálticos de Cambará e São Jerônimo; (b) Bloco do Planalto de Apucarana; (c) Bloco do Planalto de Campo Mourão; (d) Bloco do Planalto de Guarapuava e (e) Bloco do Planalto de Palmas. O Parque Estadual do Guartelá está localizado no 2º Planalto Paranaense, o qual limitase a leste pela Escarpa Devoniana, em altitudes de 800 a 1200 m acima do nível do mar, exibe relevo suave ondulado a ondulado, sendo constituído por sedimentos paleozóicos da Bacia III.10

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Sedimentar do Paraná. A oeste limita-se com o Terceiro Planalto, através da Serra da Esperança, ou da Serra Geral (MAACK, 1968). 7.3 - ASPECTOS GEOLÓGICOS No Estado do Paraná, afloram, predominantemente, rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia Sedimentar do Paraná, caracterizada por um substrato rochoso sedimentar-vulcânico de idade Siluriana-Cretácica (MILANI, et al 1994). A Bacia Sedimentar do Paraná é uma extensa bacia intracratônica classificada por KINGSTON et al (1983, in FRANÇA & POTTER, 1988) como do tipo Continental Interior Fracture (IF) em seu estágio inicial de deposição (Siluro-Permiano inferior), e como do tipo Interior Sag (IS) em seu estágio final de deposição (Permiano inferior - Cretácio). Está situada na parte centro-leste do continente sulamericano, cobrindo cerca de 1.600.000 km 2. Destes, 1.000.000 de km 2 localizam-se no território brasileiro (SCHNEIDER et al., 1978), abrangendo parte dos Estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Essa Bacia é preenchida por sedimentos do Paleozóico, Mesozóico, lavas basálticas e sedimentos cenozóicos, os quais recobrem principalmente as planícies aluviais dos grandes cursos d água existentes na Bacia. 7.4 - ASPECTOS PEDOLÓGICOS A ocupação dos campos do primeiro planalto, no Paraná, deu lugar a atual capital paranaense. O segundo e terceiro Planaltos também tiveram sua povoação ligada à ocupação de áreas de campos - os campos gerais no segundo e os campos de Palmas e Guarapuava no terceiro. A pecuária extensiva seria a primeira atividade a se instalar nas propriedades com campos, inicialmente estabelecidas pelas concessões na forma de sesmarias, sendo substituída aos poucos pela agricultura e pela exploração madeireira nas áreas limítrofes (OLIVEIRA, 2001). Segundo o mesmo autor, os campos gerais do Paraná, onde está inserido o Parque Estadual do Guartelá, inicialmente, escaparam desta transformação econômica em função de três fatores principais: Sua colonização inicial através de extensas propriedades de posse de poucas famílias (latifúndios); Seus solos, de um modo geral, naturalmente rasos e pobres devido à sua origem arenítica; e, Sua constituição fitofisionômica de extensas superfícies campestres sem grandes áreas de florestas naturais. A soja, o milho, o feijão, a batata, o trigo e outros cereais ocuparam as áreas onde originalmente ocorriam as estepes (campos limpos) e, mais ao norte dos campos gerais, as savanas (campo cerrado). Para abastecer as indústrias de celulose e papel que se instalaram na região, também foram implantadas extensas áreas de florestamento com Pinus spp. e III.11

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Eucalyptus spp., em toda a região dos campos gerais (MAZUCHOWSKI & ALVES FILHO, 1983). 7.5 - ASPECTOS CLIMÁTICOS O Estado do Paraná apresenta diversos microclimas com regimes térmicos e pluviométricos distintos, que podem ser observados ao longo do território, associados a variações de latitude e altitude. O Estado está situado em uma região de transição climática, passando por clima subtropical com invernos mais amenos ao norte para uma condição que se aproxima dos climas temperados ao sul, onde os invernos são mais severos. De acordo com a Carta climática do Estado do Paraná (GODOY e CORREIA, 1976 in EMBRAPA/IAPAR, 1984) e com a Divisão Climática do Estado do Paraná (MAACK, 1968), ambas baseadas em Köeppen, verifica-se que o território paranaense está sob influência de três tipos climáticos, a saber: Cfa - é um clima mesotérmico, sem estação seca, com verões quentes e com média do mês mais quente superior a 22 ºC, sendo as geadas freqüentes. É o clima predominante de todo o norte, oeste e sudoeste paranaense, em altitudes normalmente inferiores a 850-900 metros. Convém ressaltar que a zona limítrofe com o Estado de São Paulo, em certos anos verifica-se um período mais seco no inverno, caracterizando o tipo climático Cwa, que se diferencia do Cfa pelo fato de apresentar estiagem no inverno. Cfb - é igualmente um clima mesotérmico, úmido e superúmido, sem estação seca com verões frescos e com média do mês mais quente inferior a 22 ºC. As geadas são severas e mais freqüentes em relação ao clima Cfa. Ocorre principalmente nas regiões central, sul, centro-leste, em altitudes superiores a 850-900 metros. Af - é um clima tropical, superúmido, sem estação seca e isento de geadas, com a temperatura média do mês mais frio nunca inferior a 18 ºC. Esse tipo climático não apresenta inverno e a precipitação anual excede a evaporação anual. A região onde se insere o Parque Estadual do Guartelá situa-se no contexto climático do tipo Cfa de Köeppen, com influência indireta do clima Cfb. 7.6- HIDROGRAFIA O Estado do Paraná abrange duas bacias hidrográficas: do rio Paraná e do Atlântico, sendo a bacia hidrográfica do rio Paraná a mais importante, abrangendo cerca de 80% do território paranaense. Os cursos d água sob sua influência correm em sentido oeste, muitos se aproveitando das grandes fraturas geológicas de direção geral NW-SE. Deste sistema hidrográfico fazem parte: Bacia Hidrográfica do rio Itararé; Bacia Hidrográfica dos rios das Cinzas e Laranjinha; Bacia Hidrográfica do rio Tibagi; III.12

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Bacia Hidrográfica do rio Pirapó; Bacia Hidrográfica do rio Ivaí; Bacia Hidrográfica do rio Piquiri; Bacia Hidrográfica do rio Iguaçu; e, Bacia Hidrográfica do rio Paranapanema. O Parque Estadual do Guartelá é abrangido pela bacia hidrográfica do rio Iapó sendo esta, integrante da bacia hidrográfica do rio Tibagi. 7.7- VEGETAÇÃO Geograficamente, o Estado do Paraná é caracterizado por uma grande diversidade de microambientes, os quais se diferenciam pelos fatores climáticos, edáficos, geomorfológicos e altimétricos. A vegetação natural que é observada nos diferentes locais retrata, de certa forma, a interação destes fatores ambientais, podendo até mesmo ser considerada como um indicador para os mesmos. Na figura III.04 apresenta-se a inserção do Parque Estadual do Guartelá na fitogeografia do Estado do Paraná. Esta situação é responsável pela grande variação dos tipos naturais de vegetação ocorrentes na região. No Estado do Paraná, segundo o sistema de classificação do IBGE, os principais tipos de vegetação são: Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), cobrindo a porção litorânea do Estado, desde a orla marítima até as encostas na face leste da Serra do Mar; Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), ocupando a região do Planalto meridional, em altitudes acima de 500 a 600 m s.n.m. (primeiro, segundo e terceiro planaltos paranaenses); Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Tropical Subcaducifolia), ocupando as regiões norte e oeste do Estado, em altitudes mais baixas e marcadas por um clima de caráter tropical-subtropical; e, Estepes (Campos), localizadas sobre o Planalto Meridional, entremeadas com a Floresta Ombrófila Mista com araucária. III.13

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Figura III.04 - Inserção do Parque Estadual do Guartelá na Fitogeografia do Estado do Paraná III.14

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Segundo suas características climáticas, o Paraná apresenta condições favoráveis para o desenvolvimento de vegetação do tipo floresta, o que é determinado principalmente pela uniformidade na distribuição pluviométrica no decorrer do ano (ausência de uma estação seca claramente definida). As formações campestres naturais, como os Campos de Guarapuava, de Palmas e do segundo planalto paranaense, são vistas pela maioria dos autores (HUECK, 1966; MAACK, 1968; KLEIN & LEITE, 1990) como relitos de um clima de caráter temperado, semi-árido até semi-úmido, com períodos acentuados de seca. A expansão das florestas sobre os campos seria uma conseqüência do processo denominado tropicalização do clima, ou seja, a mudança de clima mais frio e seco para o mais quente e úmido. 8 - CONTEXTO REGIONAL 8.1 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA Tibagi, por abrigar o Parque Estadual do Guartelá, apresenta-se como unidade territorial de influência direta e indireta do parque, analisada no contexto municipal e na área do entorno, em sua dinâmica de influência na avaliação socioeconômica e cultural. Para a caracterização dos elementos socioeconômicos e culturais dessa unidade territorial, são apresentados os aspectos históricos, a distribuição e organização populacional, os sistemas de atendimento público de saúde, educação, abastecimento de água, rede de esgoto, rede elétrica e demais infra-estruturas que permitam a percepção da qualidade de vida e nível de integração da ação antrópica com o meio ambiente. Tibagi está localizada na micro-região geográfica de Telêmaco Borba, no Segundo planalto paranaense, região dos Campos Gerais, sul do Brasil, coordenadas geográficas 24º 30 34 ao Sul do Equador e 50º 24 49 a Oeste de Greenwich, limitado ao Norte com os municípios de Telêmaco Borba e Ventania, a Leste com Piraí do Sul, Castro e Carambeí, ao Sul com Ponta Grossa e Ipiranga e a Oeste com Ivaí, Reserva e Imbaú, a uma altitude de 732 m acima do nível do mar e área de 3.105,08 km². As terras do antigo território de Tibagi estiveram, até o século XVII, sob domínio dos índios Kaingang, ocupando vastas áreas do Primeiro e Segundo planaltos paranaenses e vales dos rios Tibagi, Ivaí, Paranapanema e Paraná. O território do Tibagi ficaria, então, à mercê dos índios Kaingang oriundos do planalto Piratininga, passando a viver nos Campos Gerais até a chegada dos primeiros povoadores paulistas na época das sesmarias. Segundo o mapa histórico e geográfico da Província de Missiones (1585-1896), os padres jesuítas implantaram diversas reduções na então Província de Guaíra, atual Estado do Paraná, e que pertencia à Espanha por força do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 por Espanha e Portugual. Algumas dessas reduções foram implantadas às margens do Rio Tibagi, e o objetivo dos padres era aldear os povos indígenas e doutriná-los. A obra de catequização dos índios pelos Jesuítas, empreendida por mais de duas décadas, acabaria por criar condições para a fundação de reduções também na região dos Campos Gerais. III.15

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação A região do Tibagi era conhecida desde o século XVIII como Eldorado Paranaense, face às descobertas de pedras preciosas e de ouro na Pedra Branca, em incursões que foram igualmente efetuadas por Fernão Dias Paes Lemes, bandeirante paulista conhecido como caçador de esmeraldas. Embora não tenha descoberto as pedras preciosas que almejava, acabou criando no imaginário do povo de Piratininga a idéia de que havia muito ouro e pedras preciosas a serem descobertas na região do Tibagi. Os registros históricos testemunham a presença de José Felix da Silva na região da Serra de Furnas e, Antônio Machado Ribeiro, que resolve estabelecer-se junto à margem esquerda do rio Tibagi, onde já havia alguns ranchos de mineiros, legalizando imediatamente sua posse das terras desde o rio Pinheiro Seco até a barra do rio Santa Rosa, tornando-se, a partir de então, o primeiro proprietário de terras no local onde se encontra atualmente a cidade de Tibagi. Mais tarde, em 1836, seus herdeiros e outros moradores da região viriam a edificar a Capela Nossa Senhora dos Remédios, permitindo que Tibagi fosse elevada à categoria de Freguesia pela Lei Provincial nº 15 de 06 de março de 1846; vila e município, pela Lei nº 302 de 18 de março de 1872 e a categoria de cidade pela Lei nº 259 de 27 de dezembro de 1897, tendo como primeiro prefeito o Cel. Telêmaco Borba em 1892. Já com a configuração de cidade planejada, Tibagi seria dividida em 1852 em quadras de 110 x 110 m², com lotes de 22 x 55 m², através de projeto desenvolvido pelo americano John Henri Eliot. Foi, igualmente, uma das primeiras cidades a possuir água encanada e energia elétrica, com a inauguração de uma usina hidrelétrica em 1924, idealizada por Ernesto Kugler Sobrinho. Fundada por portugueses, foi aos poucos recebendo a contribuição de mestiços, negros, russos, japoneses, italianos e finalmente, de holandeses a partir da década de 1960. Etimologicamente a palavra Tibagi é denominação de origem Tupi, 'Tibagy'... o rio do pouso, o rio da parada. Na interpretação de Auguste Saint-Hilaire, Tiba, teria seu significado ligado à feitoria ou abundância. Já a expressão gi representaria machado, muito provavelmente devido a instalação de uma espécie de posto comercial junto ao rio Tibagi, onde seria executada uma forma de escambo com os índios da região. Em outra versão, Edmundo Alberto Mercer descrevia a expressão como Tiba representando muito e gy designando cachoeira, rio de muita cachoeira. DINÂMICA DEMOGRÁFICA Tibagi apresenta o núcleo urbano, sede do município, e os distritos administrativos de Alto do Amparo e Caetano Mendes. As vilas rurais são esparsas (foto III.01) e de pequena população, sendo que muitos dos proprietários de áreas rurais, e também parte dos trabalhadores destas áreas, residem na zona urbana e em municípios próximos. III.16

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação De acordo com os dados apresentados na Contagem da População de 2000, do IBGE, Tibagi apresenta 56% de sua população concentrada no meio urbano (foto III.02), com uma taxa de crescimento anual de 1,63%. O processo de evolução da população do município de Tibagi, com a mudança do perfil da população rural para urbana, a partir da década de 1980 e influenciada pela dinamização das atividades econômicas desenvolvidas na sede do município, é descrito no quadro III.05. Foto III.01 - Aspectos da Zona Rural do Município de Tibagi, Bairro Guartelá de Cima (Fonte: Laufer Jr, 2002) Foto III.02 - Aspectos da Zona Urbana Tibagi (Fonte: PMT) III.17

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação Quadro III.05 - Evolução da População no Município de Tibagi por Zona (1970/2000) EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - 1970/2000 ANO URBANA RURAL TOTAL % URBANA % RURAL 1970 3.448 16.938 20.386 17% 83% 1980 5.646 14.954 20.600 27% 73% 1996 8.600 8.713 17.313 49% 51% 2000 10.279 8.155 18.434 56% 44% Fonte: IBGE Com relação à densidade demográfica verificada no município, ou seja, a relação entre o número de habitantes residentes e a área ocupada, os dados apresentados na Contagem da População de 2000 do IBGE apontam que Tibagi possuía 18.434 habitantes, distribuídos em uma área de 3.105,08 km² (1º município em extensão territorial no Paraná), perfazendo uma densidade demográfica de apenas 5,94 hab/km², extremamente baixa se comparada à média estadual, a saber (47,96 hab/km²). É importante apresentar também o número de habitantes por unidade domiciliar constituída no município, uma vez que esta informação permite inferir sobre a organização dos núcleos familiares. A média paranaense em 2000 foi de 3,53 habitantes por unidade domiciliar, enquanto que, em Tibagi, este índice foi de 3,75 habitantes por unidade domiciliar, num total de 4.919 domicílios diagnosticados no município, 6,5% acima dos índices verificados em 1996. CONDIÇÕES DE VIDA Em relação à infra-estrutura básica disponível de saúde, o município de Tibagi dispõe: 1 hospital público (disponibilizando 48 leitos integrados ao SUS, numa relação de 2,6 leitos/1.000 habitantes); 8 postos de saúde (6 para atendimento da população urbana e 2 rurais); e, 2 centros de saúde (1 para atendimento urbano e 1 rural). O sistema de educação em Tibagi é composto pelos seguintes estabelecimentos de ensino público: 03 estabelecimentos de ensino pré-escolar (educação infantil); 05 escolas municipais urbanas e 13 rurais para o ensino fundamental (1ª a 4ª séries); e, 04 estabelecimentos estaduais para o ensino fundamental e médio. O sistema de tratamento de água atende a 100% da demanda no perímetro urbano, num total aproximado de 30,2 km de rede instalada. No meio rural a água utilizada geralmente pela população provém de fontes naturais ou nascentes. Quanto à rede de esgoto em Tibagi, o sistema de tratamento de efluentes do esgoto doméstico abrangia 1.634 economias, sendo 1.489 residenciais, 87 comerciais, 5 industriais e 40 do poder público (IPARDES, 2001) com destaque para a classe residencial, o que III.18

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação representa aproximadamente 16% da demanda do perímetro urbano, com uma rede instalada de 27 km. Nas vilas rurais do município não há sistemas de tratamento de efluentes do esgoto doméstico, sendo utilizadas fossas sépticas, sumidouros ou valas a céu aberto. Em relação à coleta, transporte e disposição final dos resíduos sólidos urbanos (lixo), em Tibagi há um serviço diário de coleta seletiva para atender o centro urbano e bairros próximos. Não há coleta nas vilas rurais afastadas, onde normalmente o lixo é acondicionado em valas ou ainda separado para incineração. Todo material coletado no perímetro urbano é depositado em um lixão existente na periferia da cidade. Há um projeto para implantação de um aterro sanitário em outro local dentro das normas técnicas. Não foi diagnosticado o tratamento dado ao lixo hospitalar ou industrial. Na maioria dos municípios paranaenses o lixo industrial é de responsabilidade do produtor, sendo o lixo hospitalar depositado em local adequado, em vala séptica normalmente instalada em aterros sanitários. ASPECTOS ECONÔMICOS De acordo com os dados divulgados pelo Governo do Estado, o Paraná fechou o ano de 2001 com uma taxa de expansão do Produto Interno Bruto - PIB (valor total de produção de bens e serviços num país, em determinado período, geralmente 1 ano) de 6,7%, contra 1,7% da média nacional, graças a performance do setor industrial (7,7%) e ao desempenho da agropecuária (19,5%). O maior destaque é para a produção estadual de grãos, totalizando 24,3 milhões de toneladas na última safra, correspondendo a um aumento de 47,6% em relação ao período anterior, particularmente pela produção de soja e milho, com expansão da área plantada e dos ganhos de produtividade. Tibagi possui maior representatividade econômica no setor primário (agropecuária), com destaque para as grandes áreas agrícolas voltadas à produção de soja, milho e trigo, sendo considerado um dos maiores produtores de grãos do Paraná. O valor adicionado do setor primário representou 86% do total do valor adicionado municipal, resultado do desempenho da agroindústria na região, o setor secundário representa 3,8% do valor adicionado total e o setor terciário (comércio e serviços) é responsável por 10,2% do valor adicionado total. Vale ressaltar que o setor primário (agricultura e pecuária) embora seja significativo em Tibagi, resultado da existência de grandes produtores e cooperativas, não reflete a realidade das pequenas vilas rurais, extremamente carentes em seus processos produtivos. A agricultura como processo produtivo não se constitui em garantia para permanência da população no campo, notadamente dos produtores de baixa renda, pressionados pelos grandes produtores. O emprego de tecnologias avançadas na produção agrícola tem acelerado o êxodo rural em diversos municípios paranaenses, acabando com postos de serviço e com a mão-de-obra rural volante. As culturas ainda não mecanizáveis, ou com baixo índice de mecanização, são exercidas quase que exclusivamente pelas unidades familiares. III.19

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação FINANÇAS MUNICIPAIS Em 2000, a receita total de Tibagi foi de R$ 9,9 milhões, apenas 2% superior à de 1999, com maior participação das receitas correntes (oriundas da agropecuária, de contribuições, serviços, receita patrimonial, tributária), apresentando no período um superávit fiscal (saldo positivo) de 6% da receita municipal total. O peso das despesas correntes alcançou 85% em relação à receita total do município de Tibagi (quadro III.06). No que se refere às despesas correntes, índices elevados representam capacidade reduzida de investimentos. No caso em análise, o município de Tibagi compromete grande parte de sua receita com despesas correntes que englobam gastos com custeio de pessoal, material de consumo e serviços de terceiros. Quadro III.06 - Receitas e Despesas Municipais - 2000 RECEITA / DESPESA TIBAGI Receitas Municipais 9.941.452,49 Despesas Municipais 9.368.428,58 Receita - Despesa +573.023,91 Fonte: IPARDES - Prefeitura Municipal Em 2000, Tibagi apresentou despesas de custeio de 77% em relação ao total de despesas, sendo as despesas com pessoal as mais expressivas. Dentro das despesas de capital, os investimentos constituem parte importante para a economia municipal e para a qualidade de vida da população. Em 2000, as despesas de investimentos em Tibagi foram de apenas R$ 1,1 milhões, 11,7% do total de despesas municipais, o que representa pouco, se forem consideradas as necessidades de saúde, educação e infra-estruturas diversas. INFRA-ESTRUTURA REGIONAL Com relação ao sistema viário e de transporte, o município de Tibagi apresenta-se razoavelmente bem servido de rodovias e estradas municipais que garantem o acesso à capital e ao restante do Estado. Através da BR-376, no sentido de Ponta Grossa, a PR-151 faz a ligação entre as cidades de Castro, Piraí do Sul e Sengés. No entroncamento com a PR-340, o acesso permite a ligação com as cidades de Castro, Tibagi,Telêmaco Borba e Imbaú. Tibagi está distante 33 km de Telêmaco Borba, cidade mais próxima do município; 97 km de Ponta Grossa; 216 km de Londrina; 214 km de Curitiba; 298 km do Porto de Paranaguá e aproximadamente 622 km de São Paulo. A área de abrangência do município em análise apresenta, como eixos básicos, as rodovias estaduais PR-151 (Ponta Grossa - Sengés) no sentido sul-sudeste, integrando o anel viário estadual, e a rodovia estadual PR-340, que faz a interligação com a região Norte do Paraná através da BR-376. III.20

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação As BR-376 e BR-277 constituem-se nas vias de tráfego mais intenso e de maior importância econômica para o Paraná, ligando cidades como Ponta Grossa, Londrina e Maringá com a zona portuária de Paranaguá, criando uma rede de integração com os principais municípios paranaenses e com outros estados da região sul/sudeste e países do Mercosul. Apresenta-se, assim, a configuração primária de tráfego intrar-regional. Desta configuração básica de vias primárias de tráfego originam-se vias secundárias com papel de integração intramunicipal. São vias normalmente sem pavimentação e que ocupam função no escoamento da produção e na comunicação da sede do município com os distritos e vilas rurais. Com relação ao transporte de passageiros e de carga, o município é servido por linhas regulares de ônibus, fazendo a interligação com as principais cidades da região e com a capital. O aeroporto mais próximo de Tibagi está localizado em Ponta Grossa (97 km). Em 2000, o consumo de energia elétrica do município de Tibagi foi de 11.191 MW, com destaque para a classe de consumo rural, atingindo 30% do total, em um universo de 3.608 consumidores. Quanto ao sistema público de comunicação, os serviços de telefonia são operados pela empresa TELEPAR - BrasilTelecom, porém não foi diagnosticado o número de terminais telefônicos em serviço. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECBT mantém 1 agência de operação e 2 postos de correio comunitários em Tibagi. Possui, ainda, 1 emissora de radiodifusão. 8.1.1 - CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL A região onde está inserido o Parque Estadual do Guartelá é parte integrante da Bacia Sedimentar do Paraná, caracterizada por um substrato rochoso sedimentar-vulcânico de idade Siluriana-Cretácica (MILANI, et al 1994). O embasamento da Bacia do Paraná na região do Parque é composto pelas rochas vulcânicas e sedimentares do Grupo Castro, de idade ordoviciana, não pertencentes à Bacia do Paraná. Geomorfologicamente, é abrangido pela Escarpa Devoniana, situada no 2º Planalto Paranaense, constituído predominantemente pelo arenito Furnas. A Escarpa Devoniana é uma escarpa de relevo de cuesta que marca o início da ocorrência das unidades da borda leste da Bacia do Paraná sobre seu embasamento mais antigo. É assim denominada por ser sustentada pelo Arenito Furnas, de idade devoniana, pelo que seria mais apropriado denominá-la "Escarpa do Arenito Devoniano", visto que a escarpa é uma feição muito mais jovem, posterior à reativação do Arco de Ponta Grossa no Mesozóico (MELO, 2000). O termo Escarpa Devoniana foi denominada por MAACK (1947, in SOUZA et al, 2000), associando o relevo da borda da Bacia Sedimentar do Paraná sustentada pelos arenitos Furnas, porém SOUZA, et al (2000) consideram inadequada a denominação Escarpa Devoniana, considerando que a idade Devoniana corresponde à época de deposição da Formação Furnas e não à idade do Escarpamento, que é bem mais recente. Por outro lado, o termo "Escarpa" define apenas uma feição geomorfológica e não engloba todo o conjunto que constitui a paisagem do Sítio, motivo pelo qual os autores propuseram a denominação de Escarpamento. III.21

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação A região onde se insere o Parque Estadual do Guartelá situa-se no contexto climático do tipo Cfa de Köeppen, com influência indireta do clima Cfb. Os meses mais quentes observados são janeiro e fevereiro média de 27,5 ºC e os meses mais frios são junho e julho com temperatura média de 9,1 ºC. Os meses de maior pluviosidade são dezembro, janeiro e fevereiro, decrescendo nos meses seguintes até os meses de julho e agosto, época em que são observados os menores índices pluviométricos na região. Existe uma grande variação na precipitação anual que depende principalmente da intensidade de chuvas durante a estação chuvosa, quando há maior variabilidade das médias mensais. A sazonalidade da precipitação na região é refletida também na quantidade de dias chuvosos em cada mês do ano (quadro III.07). Quadro III.07 - Média Mensal (mm) dos Dias Chuvosos nas Estações Analisadas ESTAÇÃO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Tibagi 13,3 12,9 10,9 7,1 7,2 7,5 6,5 6,1 8,8 10,1 9,2 11,6 Fazenda Manzanilha 12,3 12,4 10,7 7,6 8,2 8,0 6,4 6,7 8,9 9,6 9,4 11,5 Fazenda São Carlos 11,8 11,0 9,6 6,4 7,1 6,9 5,3 5,9 8,0 8,9 8,8 10,3 Fazenda Fortaleza 10,6 10,4 9,4 6,2 9,1 7,1 5,5 6,3 8,4 8,6 9,0 10,5 Fonte: SUDERHSA, 2002. Na estação chuvosa a umidade relativa do ar é de cerca de 81%, sendo mantida essa média até julho. Em agosto é observada a média mínima, quando a umidade oscila em torno de 76%, mantendo a média nos meses seguintes até janeiro.os ventos são predominantemente de direção E (leste), e velocidade média de 2,4 m/s. Quanto à hidrografia, o Parque Estadual do Guartelá está inserido na Bacia Hidrográfica do rio Tibagi, sendo o rio Iapó a principal entidade hidrográfica presente na região. O Parque Estadual do Guartelá, localizado no 2º Planalto Paranaense, possui encostas caracteristicamente cobertas por vegetação herbáceo-arbustiva em meio a afloramentos de rochas, com eventuais arvoretas e árvores de aspecto xerofítico. Vegetação mais exuberante é encontrada apenas em grotas, formando corredores ao longo de ribeirões e riachos e nas margens do rio Iapó, formando florestas de porte médio, com até 18 ou 20 metros de altura, além de eventuais capões. A flora enquadra-se no âmbito da Floresta Ombrófila Mista Montana e Aluvial, com araucária, em mistura com a Floresta Estacional Semidecídua do norte do Estado, com diversas espécies características; com a Floresta Ombrófila Densa, ou Atlântica, com poucas espécies; com a Estepe, que cobre a maior extensão do Parque, variando entre Campo com afloramento de rocha e Campo limpo, e uma mancha de Savana Parque (Cerrado) com algumas espécies típicas. O Parque está inserido na unidade de Relevo Patamares da Bacia do Paraná (IBGE, 1990), onde compreende áreas de paisagem melhor preservada em função dos solos pouco III.22

III - Informações Gerais da Unidade de Conservação aptos à agricultura, na maior parte Litólicos e com freqüentes afloramentos de arenito. Por outro lado, a facilidade de ocupação das áreas de campos, por serem abertas, implica em alterações florísticas pouco perceptíveis que resultaram na gradual redução da biodiversidade da formação da Estepe. A maior parte dessa região tem como vegetação dominante os campos limpos e secos conhecidos como campos gerais planálticos, intensamente ocupados para fins agrícolas e pastoris apesar das restrições edáficas características. Com relação à fauna, o Parque Estadual do Guartelá encontra-se nos domínios do distrito zoogeográfico Tupí, que compreende o sudeste brasileiro (CABREIRA & YEPES, 1960) e corresponde à Província Guarani de MELLO-LEITÃO (1947). Os primeiros relatos sobre a região de Campos Gerais paranaenses encontram-se no diário de Auguste de Saint- Hilaire, datados de 1820. No início do século XIX, a região já se encontrava intensamente modificada com plantações, pastagens e criações que se apresentavam incrustadas entre os campos naturais e os capões de araucária. Nesta época viviam na região escravos negros e nativos da tribo Coroados, que certamente utilizavam-se da fauna local como fonte alimentar e de utensílios os mais diversos. (SAINT-HILAIRE, 1995). III.23

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento 3 - CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES BIÓTICOS 3.1 - VEGETAÇÃO A flora do Parque Estadual do Guartelá enquadra-se no âmbito da Floresta Ombrófila Mista Montana e Aluvial, com araucária, em mistura com a Floresta Estacional Semidecídua do norte do Estado, com diversas espécies características; com a Floresta Ombrófila Densa, ou Atlântica, com poucas espécies; com a Estepe, que cobre a maior extensão do Parque, variando entre Campo com afloramento de rocha e Campo limpo, e uma mancha de Savana Parque (Cerrado) com algumas espécies típicas. Segundo ZILLER & HATSCHBACH (1996), as unidades fitofisionômicas ocorrentes no Parque Estadual do Guartelá são as seguintes: CAMPOS Também denominados Estepe, pela terminologia técnica, constituem a fisionomia predominante no Parque, sendo interrompidos por manchas de vegetação arbórea. Todas as encostas da Unidade estão cobertas por vegetação herbáceo-arbustiva entremeadas de afloramentos rochosos, por vezes extensos, e árvores e arvoretas ocasionais de aspecto predominantemente xérico. A quantidade de afloramentos rochosos varia conforme a posição do relevo, constituindo-se áreas de campos com afloramentos de rocha, dominantes no Parque; campos limpos, especialmente em topos de encostas; e campos úmidos, onde há acúmulo de água de chuvas em função do solo litólico raso, todos no domínio de formação de Estepe. Dentro das subdivisões definidas para esta formação pelo projeto RADAMBRASIL, o melhor enquadramento seria de Estepe Arborizada, embora o termo não seja muito apropriado para a fisionomia essencialmente campestre da região. Na fisionomia Estepe existente no Parque, pode-se subclassificar as seguintes unidades: campos com afloramento de rocha, campos limpos, campos úmidos, formações rochosas e pastagens, cuja descrição é dada abaixo: CAMPOS COM AFLORAMENTO DE ROCHA A planta de maior abundância, caracterizadora fisionômica desse ambiente é Aristida jubata, uma gramínea de coloração verde-pálida que forma tufos arredondados com 20 a 30 centímetros de altura e diâmetro, por entre os quais cresce uma diversidade muito grande de outras gramíneas e plantas herbáceas, subarbustivas e arbustivas. Os campos com afloramentos rochosos dominam a fisionomia do Parque, cortados por grotas cobertas de florestas com araucárias, formações rochosas altas e árvore esparsas distribuídas na paisagem. A diversidade florística desses ambientes é superior à existente em outros, especialmente em locais onde não há visitação regular nem atividade de postoreio. No Parque podem ser observadas manchas de campo original, com mínimas alterações, caracterizadas por espécies IV.27

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento não encontradas no restante do parque, tais como Eriosema glabrum, Galactia boavista, Declieuxia dusenii, Buchnera sp. e Petunia rupestris. CAMPOS LIMPOS Apresentam muitas espécies que compõem igualmente os campos com afloramentos rochosos, com exceção de plantas rupículas. Não é grande sua área de ocorrência no Parque, afetada pela conformação do relevo e caracterizada por declives suaves e topos planos de encosta. Algumas espécies encontradas são os arbustos Vernomia crassa, de flores roxas, bastante freqüentes, Trembleya parviflora, de flores brancas, Eupatorium sp., Mikania sp. e Baccharis sp., (carqueja); os subarbustos Tibouchina gracilis, de flores roxas, Lippia hirta, Croton sp., a comuníssima Periandra dulcis e as herbáceas Ericaulon ligulatum e Paepalanthus albo-vaginatus, Eriocaulaceae de folhas levemente pilosas, parecendo orvalhadas. CAMPOS ÚMIDOS Cobrem pequenas extensões onde se acumula água, por vezes próximas a córregos, outras vezes em manchas no campo com afloramentos rochosos, normalmente quando os mesmos são extensos. Em função de solos litólicos muito rasos, acumulam água de chuvas, sendo basicamente cobertos por Aristida jubata e outras gramíneas (Poaceae) e algumas plantas especializadas, como Syngonanthus, pequena Ericaulaceae de flores brancas em forma de pompom muito comum nessas áreas. Em aglomerações ao redor de nascentes desenvolvem-se Juncus sp. (junco), de pequeno porte, e Eriocaulon ligulatum, de flores brancas e porte maior, além de Polygala lycopodioides, Polygala longicaulis, Syphocampylus lycioides, Eryngium elegans, Xyris savanensis e Xyris jupicai, menos comuns, ocupando as margens ao longo de cursos de d água. FORMAÇÕES ROCHOSAS São constituídas por blocos de arenito trabalhados pela chuva e pelo vento e formam platôs com 3 a 5 metros de altura que se destacam na paisagem campestre, onde grande parte dos afloramentos está limitada ao nível do solo. Apresentam fendilhamentos e linhas de rupturas onde crescem plantas por vezes bastante especializadas, além de superfície bastante irregular, havendo buracos e reentrâncias onde se acumula água, areia do desgaste da própria rocha, matéria vegetal em decomposição e outros materiais carreados ocasionalmente. Líquens crustáceos verde-pálidos crescem de maneira generalizada por quase toda a superfície irregular da rocha. Algumas plantas ocorrem preferencialmente nesses ambientes, como e caso das bromélias Aechmea distichantha, de espata rosada e flores roxas, Dykia tuberosa, com roseta dura e flores alaranjadas e Tillandsia sp., uma bromélia de pequeno porte e flores roxas com brácteas rosadas, muito comum. Entre as orquídeas, foram registradas Epidendrum ellipticum, sempre presente, de pequenas flores liláses, e Bifrenaria harrisoniae, de flores grandes, liláses com branco. Ainda aparecem eventualmente Amaryllis illustris, lírio de grandes flores vermelhas com branco, Calea hispida, Petunia rupestris e Eupatorium multifilum. A trepadeira Solanum inodorum também ocorre nestes ambientes. IV.28

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento PASTAGENS A área mais significativa de pastagem verificada está localizada na propriedade do Sr. Urbano Martins, numa encosta abaixo de um pequeno povoamento de Pinus sp. localizada num topo mais ou menos central do Parque. Desse topo até o primeiro desnível rochoso a cobertura é de grama introduzida, e daí para baixo a cobertura graminóide no campo com afloramentos rochosos encontra-se totalmente descaracterizada e alterada principalmente pela compactação do solo. Praticamente não ocorrem espécies herbáceas típicas dos campos originais, sendo a diversidade muito baixa e a ocorrência de Senecio brasiliensis e Eragrostis bahienses indicadora da degradação. Caracteriza ainda esta paisagem degradada a existência de inúmeros cupinzeiros, que não se vêem em campos naturais. Observou-se, no meio da pastagem, uma reboleira de Austroplenckia populnea (marmeleiro-do-campo), árvore típica de Cerrado, ocorrendo isolada como também acontece comumente com Capaifera langsdorffii e Qualea cordata. A atividade pastoril afeta também outras áreas próximas aos caminhos que o gado segue para chegar às fontes d água, porém em menor proporção, já que se formam faixas lineares e estreitas que sofrem compactação. Mais abaixo, sempre em direção ao rio, o campo melhora um pouco, porém é visível a degradação em função do pastoreio e da prática de queimadas periódicas. PAREDÕES DE ARENITO São rupturas originadas de deslizamentos existentes nas encostas que por vezes expõem a rocha de origem, formando paredões úmidos, lisos e escuros colonizados por poucas plantas, em geral herbáceas ou subarbustivas, além de líquens e musgos. Rupícolas especializadas, essas plantas tendem a ocorrer em aglomerados puros, constituindo manchas uniformes que revestem a pedra. FORMAÇÕES FLORESTAIS As áreas de Floresta Ombrófila Mista, ou florestas com araucária, estão limitadas a capões ocorrentes no campo, a corredores que acompanham riachos estreitos descendo as encostas e desembocando no rio Iapó e à floresta ciliar existente ao longo do mesmo, no fundo do canyon. A composição dessas florestas é bastante peculiar, pois sofre influência das outras formações vegetais ocorrentes no Estado, ou seja, da Floresta Estacional Semidecídua do Norte e da Floresta Ombrófila Densa, ou Atlântica, da faixa litorânea. Segundo os autores, a predominância florística, porém é sempre de espécies características das formações com araucária. Por essa razão é que essas associações vegetais podem ser enquadradas no âmbito da Floresta Ombrófila Mista Montana, nas encostas, e Aluvial, sobre Solos Aluviais às margens de curso d água, em faixas bastante restritas ao longo dos mesmos. Dentre as fisionomias descritas, destacam-se as seguintes subclasses tipológicas: CERRADO Segundo ZILLER & HATSCHBACH, existe apenas uma mancha de Cerrado, restrita, em toda a área de estudo, embora se saiba da existência de outra fora de seus limites. As árvores, distribuídas de maneira esparsa, apresentam, caracteristicamente, casca grossa e IV.29

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento baixa estatura, muitas vezes com troncos tortuosos, atingindo 3 a 5 metros de altura. Apesar de haverem muitas árvores com esse formato, muitas são moldadas pelo vento no campo aberto, não pertencendo necessariamente à composição florística da Savana. Segundo a terminologia do Projeto RADAMBRASIL, essas pequenas manchas se enquadram fisionomicamente na categoria de Savana Parque, constituindo formações muito abertas, com árvores esparsas, em meio de vegetação herbácea. CAPÕES Ocorrem normalmente em situação de topo de encosta, onde os solos tendem a ser mais profundos, propiciando melhor desenvolvimento de vegetação florestal, caracterizando a Floresta Ombrófila Mista Montana. Na quase totalidade das vezes esses capões encontram-se ligados a, ou envolvendo florestas ciliares que acompanham pequenos afluentes do rio Iapó, constituindo, nas partes altas das encostas, seus términos. Geralmente apresentam formas arredondadas em função do hábito de se irradiarem a partir de um centro, que normalmente é uma cabeceira de riacho ou nascente, ou alongadas no caso de constituírem prolongamentos de florestas ciliares. A lista de espécies mais comuns nesses capões inclui a própria Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná), Casearia sylvestris (cafezeiro-bravo), Myrcia rostrata (guamirim-branco), Sapium glandulatum (leiteiro), Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Cupania vernalis (camboatá) e Tabebuia alba (ipê-amarelo), além de muitas Myrtaceae como Eugenia uniflora (pitanga), Eugenia pyriformes (uvaia), Myrcia obtecta, Myrcia breviramis e Myrcia multiflora (cambuís e guamirins). Funcionam como indicadoras de abertura de antigas clareiras Vernonia discolor (vassourão-preto), muito comum, e Piptocarpha angustifolia (vassourão-branco). Menos abundantes, mas também características, são Ocotea porosa (imbuia), Nectandra grandiflora (canela), Cinnamomum sellowianum (canela), Prunus sp. (pessegueiro-bravo), Casearia decandra (guaçatuga), Symplocos tenuifolia (maria-mole), Jacaranda puberula (caroba), Lithraea brasiliensis (bugreiro), Ilex theezans (caúna), Rapanea umbellata (capororocão), Luehea divaricata (açoita-cavalo), Roupala brasiliensis (carvalho), Laplacea fruticosa (santa-rita), Ocotea sp. (canela), Maytenus robusta (guarapoca), Guatteria australis, Ilex dumosa (congona), Ilex paraguariensis (erva-mate), Zanthoxylum rhoifolium (mamica-de-cadela), Solanum inaequale (canema), Coussarea contracta e Myrceugenia sp., arvoreta de sub-bosque, entre outras. Da Floresta Estadual Semidecídua são típicas Anadenanthera colubrina (angico-branco), Lithraea molleoides (aroeira) e Tabebuia heptaphylla (ipê-roxo), só observada num capão próximo à pedra da sentinela, na parte central do Parque, cujas flores de cor viva contrastam com a floração mais opaca de Jacaranda puberula (caroba) no período do inverno. No sub-bosque do capão com ipê-roxo observou-se também a presença de Trichilia catigua (catiguá) e, na orla desses capões, Alchornea triplinervia (tapiá) em quantidade, espécie típica das Florestas Estacional e Ombrófila Densa. Arbustos, como Daphnopsis sp. (imbira), e herbáceas, como as gramíneas Homolepis glutinosa e Paspalum plicatulum, Polygata longifolia e representantes de Araceae e Piperaceae, compõe o sub-bosque, normalmente bastante aberto em função de declividades acentuadas e também de pastoreio, com solo bastante exposto e pequeno acúmulo de folhas e matéria orgânica. É freqüente a ocorrência de taquaras finas (Poaceae) fechando partes extensas dos capões. Ocorrem ainda epífitas como bromélias (Aechmea recurvata) e a barba- IV.30

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento de-velho, (Tillandsia usneoides), eventuais aráceas (Philodendron sp.), orquídeas (Maxillaria picta, Pleurothalis luteola), Sinningia douglasii, cactáceas como Lepismium houlletiana e Rhipsalis sp., plantas prostradas como Acanthospermum austrole e Lantana sp., de flores liláses, e, entre as trepadeiras, Anemopaegma prostratum, Cayaponia espelina e Mikania sp., de flores creme. Na orla dos capões são comuns Rhamnus sphaerosperma, Solanum hirtellum, Paramyrciaria delicatula, as trepadeiras Condylocarpon isthmicum, Strychnos brasiliensis e Calea pinnatifida, além de herbáceas e arbustivas como Senecio oleosus, Althernanthera brasiliana, Acaena eupatoria e Centella asiatica, também comum em barrancos. Mais próximo ao rio, em altitudes de 800 a 900 metros, a composição dessas florestas é enriquecida pela influência da Floresta Estacional Semidecídua, onde passa ocorrer em abundância o angico-branco Anadenanthera colubrina, alterando a fisionomia da floresta, juntamente a Lithraea molleoides (aroeira), de folhas compostas, que também se torna comum. Ocorrem ainda Clethra scabra (carne-de-vaca), Luehea divaricata (açoita-cavalo), Bauhinia sp. (patade-vaca), Schinus therebinthifolius (aroeira), Dalbergia frutescens (rabo-de-bugio), Picramnia sp., (pau-amargo) e as madeireiras Cedrela fissilis (cedro), Apidosperma sp. (peroba), e Peltophorum dubium (canafísula). FLORESTAS CILIARES DOS RIACHOS A composição destas formações praticamente não difere daquela descrita para os capões, pois a maior parte da faixa florestada que acompanha os pequenos cursos d água existentes em grotas das encostas está situada fora da estreita faixa de solo aluvial que margeia a água. Desta forma, pode-se considerar a maior parte dessas florestas dentro do âmbito da Floresta Ombrófila Mista Montana, como capões de forma alongada, desenvolvidos ao longo de solos mais úmidos próximos a cursos d água, com exceção das estreitas faixas aluviais que sofrem influência direta dos mesmos, que caracterizam a Floresta Ombrófila Mista Aluvial. São características dessas faixas, exclusivamente, Calliandra sp. (caliandra), de flores rosa com branco, Cecropia sp. (embaúba), de flores prateadas, Oreoponax sp. (embauvarana), Cyathea sp. (xaxim-com-espinhos), em quantidade e, raramente, Dicksonia sellowiana (xaxim-de-vaso). Marcantes são, mais uma vez, Anadenanthera colubrina (angico-branco), Lithraea molleoides (aroeira), Campomanesia xanthocarpa (guabirova), Cupania vernalis (camboatá) e Sebastiania commersoniana (branquilho), típica de florestas de galeria de formação de araucária, abundante sobre solos aluviais. Quando há ocorrência de rocha exposta desenvolvem-se plantas herbáceas rupícolas como Begonia setosa (begônia), Commelina sp., Peperomia sp., bromélias como as epífitas Tillandsia usneoides (barba-develho) e Tillandsia sp., Araceae, musgos e líquens. Uma camarinha prostrada, de flores liláses, Lantana sp., é também comum. Observou-se a presença de uma palmeira de pequeno porte, do gênero Genoma, entre 2 e 3 metros de altura, característica da Floresta Atlântica. Outras plantas encontradas nesse ambiente são Cyperus consaguineus, Rhynchospora emaciata e Utricularia flaccida, dependentes da umidade dessas depressões. Ao longo do córrego Pedregulho, que forma a ponte-de-pedra ocorrem, na floresta ciliar, Copaifera langsdorffii (óleo), Miconia sellowiana e Myrcia sp. (cambuí), além das espécies já descritas para os capões. No trecho acima da cachoeira onde não há floresta ciliar, e sim vegetação arbustiva, observou-se Galactia speciosa, de flores vermelhas muito chamativas, Leucothoe IV.31

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento pulchella, uma camarinha de flores rosa-vivo, Calyptranthes concinna (guamirim) e Daphnopsis beta (imbira). Compondo a vegetação herbácea foram observadas Syphocampylus lycioides e Commelina sp., de flores azuis. Além dos arbustos, existem algumas arvoretas baixas como Sebastiania schottiana, um branquilho baixo, de folhas pequenas e estreitas, Eriope macrostachya, de flores liláses, e Symplocos lanceolata (maria-mole), de flores alvas. Da cachoeira para baixo, o ambiente favorece plantas que preferem ambientes mais úmidos. Provavelmente em função do acentuado declive ocorrem muitas espécies pioneiras, já que é difícil o estabelecimento de vegetação permanente. Tanto pelas margens íngremes como pelos paredões que emolduram a queda d água, pode-se observar Cecropia sp. (embaúba), Alchornea triplinervia (tapiá), Rapanea umbellata (capororocão), Vernonia discolor (vassourão-preto) e, no sub-bosque sombreado, Geonoma sp., a palmeirinha do litoral. Além dessas, ocorre Copaifera langsdorffii (copaíba) em quantidade e eventuais exemplares de Leucochloron incuriale (angico-cascudo) e Tabebuia alba (ipê-amarelo). FLORESTA CILIAR DO RIO IAPÓ A floresta de galeria do rio Iapó forma uma faixa larga em ambas as margens, que se estende durante a maior parte do curso do rio pelo Parque até o início da escarpa, acima do qual começa o campo com afloramentos rochosos. A composição não difere muito daquela dos capões e florestas encontradas nas grotas que acabam no Iapó, com concentração de Sebastiania commersoniana (branquilho) sobre faixa de solo aluvial. Aparentemente, a árvore mais freqüente, próximo ao ponto onde o córrego Pedregulho deságua no Iapó, é o ingágraúdo, Inga sp., junto com Copaifera langsdorffii (copaíba). Nessa área, a floresta é bastante estreita e encontra-se degradada, diferente da maior porção do Parque, onde a galeria é de mais difícil acesso e está em bom estado de conservação. Por isso, Vernonia discolor (vassourão-preto), pioneira típica das formações com araucária, é uma das espécies mais abundantes, além de Arecastrum rommanzoffianum (jerivá), Myrcia sp., Myrceugenea sp. (cambuís), arbustos como Miconia sp. e taquara (Poaceae), que se desenvolve largamente, aproveitando a descontinuidade do estrato arbóreo. Nas áreas mais conservadas, que são maior no parque, são dominantes Sebastiania comersoniana (branquilho), Matayba eleagnoides (miguel-pintado), Luehea divaricata (açoita-cavalo), Cupania vernalis (cuvatã), Myrcia sp., (cambuí), Casearia sylvestris (cafezeiro-bravo) e Anadenathera calubrina, o angico-branco da Floresta Estacional. Quando se olha a floresta de galeria do topo da escarpa, no inverno, pode-se perceber facilmente a influência do angico-branco pela sua deciduidade. Em menor densidade, observou-se Lithraea molleoides (aroeira), Weinmania paulliniaefolia (gramimunha), Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Cedrela fissilis (cedro), Schinus therebinthifolius (aroeira), Casearia decandra (guaçatunga), Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná) e Roupala brasiliensis (carvalho), entre outras. A presença da taquara no sub-bosque é marcante, especialmente onde há maior alteração por pastoreio ou antigas atividades agrícolas. Também no sub-bosque registrou-se Sisyrinchium sp., planta herbácea, Smilax sp., cipó lenhoso com espinhos, Lantana sp., trepadeira comum, de flores liláses, e arbusto de Daphnopsis sp. (imbira). Comum em áreas degradadas é uma arvoreta semelhante ao pau-sangue da Floresta Estacional, sempre com algumas folhas amareladas, do gênero Croton. IV.32

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento ÁREAS ANTROPIZADAS Ocorrem em aberturas da floresta ciliar do rio Iapó, em dois pontos na propriedade do Sr. Bento Aleixo onde foram construídos, há muitos anos, algumas edificações rurais. Nessas clareiras foram plantadas algumas árvores frutíferas, principalmente laranjas e limas, espécies exóticas introduzidas no Parque que não constituem qualquer problema, já que não se regeneram de maneira agressiva para alterar fisionomicamente a paisagem. Trata-se de áreas reclusas e escondidas pela floresta ciliar que as envolve. Algumas espécies características dessas clareiras são Acyirocline satureoides, Buddleja brasiliensis, Baccharis dracunculifolia, Senecio brasiliensis, indicador de campos degradados, Plantago guilleminiana e Clematis dioica, trepadeira. Na figura IV.04 é apresentado o mapa de vegetação do Parque Estadual do Guartelá, com as respectivas áreas de cada tipo vegetacional encontrado. No mapa vê-se a junção das formações florestais típicas numa única unidade fisionômica. No trabalho de ZILLER & HATSCHBACH (1996) há uma discriminação e uma separação de tipologias no espaço geográfico, considerando áreas com predominância de Floresta Estacional Semidecidual e de Floresta Ombrófila Mista. Entretanto, tal distinção não pareceu perceptível após intensos percursos em campo, o que levou a equipe responsável pela descrição da flora a fundí-las em uma única categoria. Em síntese, julgou-se que a discriminação induziria a mais erros do que acertos, principalmente porque a predominância de espécies da Floresta Ombrófila Mista em detrimento daquelas da Floresta Estacional Semidecidual não foi efetivamente constatada. Ao contrário, percebeu-se mais ocorrência de elementos da Floresta Estacional Semidecidual na maior parte da Unidade. IV.33

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Figura IV.04 - Mapa de Vegetação do Parque Estadual do Guartelá IV.34

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Nas fotos IV.09 a IV.16, exibidas a seguir, são ilustradas algumas cenas da vegetação do Parque Estadual do Guartelá. Foto IV.09 - Vista de Campo Limpo, Onde se Pode Evidenciar a Invasão de Pinus spp. no Parque Estadual (fonte: P. Hoffmann, 2002) Foto IV.10 - Vista de Campo com Afloramentos Rochosos e da Floresta Ciliar no Parque. Nota-se Também a Ocorrência de Paredões de Arenito no Vale (fonte: P. Hoffmann, 2002). IV.35

IV - Informações Específicas do Parque Estadual e de sua Zona de Amortecimento Foto IV.11 - Campo Úmido Existente no Parque Estadual do Guartelá (fonte: P. Hoffmann, 2002) Foto IV.12 - Detalhe Panorâmico da Floresta Ciliar no Parque Estadual (fonte: P. Hoffmann, 2002) IV.36