GRUPOS DE ATIVIDADES EDUCATIVAS PARA OS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA AO HIPERTENSO, DIABÉTICOS E IDOSO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE JATAÍ-GO*. SILVA, Kelvia Donato¹; SILVA, Lorrayne Emanuela Duarte¹; MORAIS, Susigreicy Pires¹; BENITE-RIBEIRO, Sandra Aparecida². Palavras-chave 1ª: Diabetes 2ª: Hipertensão 3ª: exercício físico 4ª: dieta alimentar Introdução A transição demográfica evidenciada no Brasil apresenta-se acompanhada pela mudança no perfil de morbimortalidade da população urbana sendo caracterizada pelo aumento da incidência das doenças crônicas não transmissíveis, dentre estas, a hipertensão arterial sistêmica (MALTA et.al., 2006). A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um dos fatores significantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (MONEGO; JARDIM, 2006), tais como insuficiência cardíaca congestiva, doenças cerebrovasculares, infarto do miocárdio, nefropatia hipertensiva, insuficiência vascular periférica e retinopatia hipertensiva. O Diabetes Mellitus configura-se como uma doença crônica responsável por 9% de óbitos na população mundial, caracterizando uma grande epidemia, este cenário pode ser atribuído a fatores como envelhecimento da população, urbanização acendente e a adesão de hábitos de vida pouco saudáveis (BRASIL, 2006). No Brasil, a região Centro-Oeste é uma das regiões mais acometidas por esta morbidade (MALTA et.al., 2006). A maior parte de óbito por diabete é ocasionada por complicações cardiovasculares o que demonstra a necessidade da intervenção para a prevenção da morbidade e das comorbidades, bem como a identificação dos indivíduos acometidos nos grupos estudados (SCHAAN; HARZHEIM; GUS, 2004). Resumo revisado por: Sandra Aparecida Benite-Ribeiro. Grupos de atividades educativas para os programas de assistência ao hipertenso, diabético e idoso da secretaria municipal de saúde de Jataí- GO. CAJ 480. 1 Universidade federal de Goiás kelviadonato@hotmail.com ² Universidade federal de Goiás - Sandrabenite@gmail.com
As doenças crônicas demandam grandes custos aos cofres públicos, sendo, implementados pelos gestores, métodos de prevenção a doenças, promoção da saúde e controle de agravos nas unidades de saúde que evitem maiores incidências e complicações destes agravos (MALTA et.al., 2006). Orientações realizadas por equipes multiprofissionais demonstram efetividade relativa à diminuição de incidência de faltosos em consultas medicas, restabelecimento dos níveis aceitáveis de pressão e glicemia por meio de educação interativa e troca de experiências (SILVA et.al., 2006). Segundo Paiva et al. (2006), mais de 50% de diabéticos e hipertensos entrevistados em ESF se mostram satisfeitos com o atendimento e avaliam a resolutividade dos problemas como satisfatório. Objetivos Conscientizar a população dos programas de apoio ao diabético, hipertenso e idoso da Secretaria Municipal de Saúde Jataí sobre a importância da adesão ao tratamento não medicamentoso. Informá-los sobre a importância e a forma de manter uma alimentação adequada, da prática regular de exercício físico e sobre a utilização correta dos medicamentos. Conscientizar os pacientes sobre o valor da redução dos fatores de risco das doenças cardiovasculares, e das seqüelas decorrentes do DM, principalmente na terceira idade. Metodologia Os programas realizados na Unidade de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde de Jataí Goiás - James Phillip Minelli de assistência ao hipertenso, diabético e idoso, foram implantados pela Secretaria de Saúde do Município e tiveram início em 1998. Atualmente, atende aproximadamente a 613 hipertensos, 955 diabéticos e 1143 idosos. Conta com uma equipe multidisciplinar composta por um médico específico para cada programa, uma enfermeira, uma psicóloga, uma nutricionista e técnicas em enfermagem. Para participar dos programas, os pacientes devem ter sido atendidos por um posto de saúde de seu bairro e encaminhados para a unidade de referência (James Phillip Mineli). Além disso, dentro do grupo de hipertensos, os pacientes devem ter no mínimo 30 anos de idade e não apresentar seqüelas decorrentes da hipertensão
arterial. No grupo de idosos, os pacientes devem ter a idade mínima de 60 anos e no grupo dos diabéticos do tipo I ou do tipo II devem ser insulinodependentes. Na presente ação, foram ministradas palestras sobre o uso, aplicação e armazenamento da Insulina, nas quais foram abordados os temas pertinentes ao assunto utilizando-se uma linguagem simples, de forma a esclarecer as duvidas dos participantes. Foram também ministradas palestras dos temas: Importância da alimentação adequada para o paciente com diabetes e hipertensão; utilização de medicamentos não receitados pelo médico e a importância do exercício físico regular. Além das palestras, com o auxílio da nutricionista do programa, foram realizadas 3 oficinas de cozinha experimental, nas quais foram preparadas receitas para pessoas com diabetes. Foram preparados pratos doces substituindo-se o açúcar por Tal & Qual e adoçante líquido e pratos salgados com pouco ou sem sal de cozinha. Todos os pratos priorizaram o uso de ingredientes de baixo custo financeiro, com exceção do adoçante Tal & Qual. Durante os eventos (palestras ou atividades de entretenimento) foram distribuídos materiais educativos e realizados alguns procedimentos básicos como verificação da pressão arterial, da circunferência abdominal e da glicemia de cada paciente (pela equipe de saúde). Resultados e discussão Durante a realização das palestras os pacientes demonstraram interesse e participavam ativamente das discussões realizadas durante e após a explanação dos temas. Alguns pacientes relataram ter dificuldades em relação à administração de insulina assim como no seu transporte e armazenamento. Pudemos perceber também a dificuldade dos pacientes com hipertensão na dosagem do sal na alimentação, assim como o entendimento dos alimentos ricos em sódio. Quando realizadas as oficinas de pratica alimentar, notamos a falta de conhecimento dos pacientes diabéticos a respeito de adoçantes como o Tal & Qual, pois alguns relataram que já tinha ouvido falar, mas devido seu alto custo não faziam uso. Apesar do preço relativamente elevado, os pacientes se conscientizaram que, eventualmente, é melhor preparar uma receita com o adoçante do que correr o risco de ter a glicemia descompensada pela ingestão de alimentos industrializados ou preparados com açúcar normal. Os pacientes também não tinham conhecimento sobre a forma de preparar os alimentos sem sal, substituindo-
o por ervas aromáticas. Apesar de não apreciarem muito o alimento preparado sem sal, entenderam que colocando as ervas pode-se diminuir a quantidade de sal utilizada na comida. De acordo com os relatos da equipe multiprofissional de saúde, as ações efetuadas por esta equipe de extensão têm surtido efeitos no cuidado à saúde dos pacientes. Durante as ações, os pacientes têm demonstrado satisfação e interesse, participando de forma ativa do processo. Assim, supomos que as palestras e atividades têm sido de grande valor no processo de educação dos pacientes para a prevenção das comorbidades e das seqüelas decorrentes da hipertensão arterial e do diabetes. Conclusão A equipe de extensão do presente projeto em conjunto com os profissionais de saúde realizou atividades que possibilitaram o cuidado mais individualizado e humanizado, envolvendo os pacientes em atividades coordenadas e voltadas às suas necessidades. A partir disso, foi observada a importância das ações educativas na promoção da saúde e na prevenção das comorbidades. A partir da interação paciente-acadêmico foi possível constatar a importância das práticas em educação a saúde durante a graduação, prática que coloca os estudantes junto à realidade e favorece a vivência de ações mais humanizadas, de acordo com a realidade do paciente. A prática permite ainda que o acadêmico aproxime-se dos pacientes e de seus familiares, nos níveis de atenção primaria, possibilitando o melhor entendimento da realidade e melhor integração entre teoria e prática. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes. Cadernos de Atenção Básica; n. 16. 1.ª edição, 58p, 2006. SCHAAN, B. D.; HARZHEIM, E.; GUS, I. Perfil de risco cardíaco no diabetes mellitus e na glicemia de jejum alterada. Revista Saúde Pública, v. 38, n. 4, p. 529-536, mar. 2004.
MALTA et. al. A construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis no contexto do Sistema Único de Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.15 n. 3, p. 47-65, set. 2006. MONEGO, E. T.; JARDIM, P. C. B. V. Determinantes de Risco para Doenças Cardiovasculares em Escolares. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 87, n. 1, jul. 2006. PAIVA, D. C. P.; BERSUSA, A. A. S.; ESCUDER, M. M. L. Avaliação da assistência ao paciente com diabetes e/ou hipertensão pelo Programa Saúde da Família do Município de Francisco Morato, São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 22, n. 2, p. 377-385, fev. 2006. RABETTI, A. C.; FREITAS, S. F. T. Avaliação das ações em hipertensão arterial sistêmica na atenção básica. Revista Saúde Pública, v. 45, n. 2, p. 258-268, ago. 2011. SILVA et. al. Controle de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial com Grupos de Intervenção Educacional e Terapêutica em Seguimento Ambulatorial de uma Unidade Básica de Saúde. Saúde e Sociedade, v.15, n.3, p.180-189, jul. 2006.