PREVALÊNCIA DE SEPSE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Documentos relacionados
Sepse Professor Neto Paixão

Pneumonia Comunitária no Adulto Atualização Terapêutica

Curso de Urgências e Emergências Ginecológicas ABORDAGEM INICIAL DO CHOQUE SÉPTICO

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO


11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

Definição Sepsis 3.0 Sepse: Choque séptico:

Abordagem da sepse na emergência Rodrigo Antonio Brandão Neto

I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS

PROTOCOLO MÉDICO SEPSE E CHOQUE SÉPTICO

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS EM GERMES MULTIRRESISTENTES

DETECÇÃO PRECOCE E EVOLUÇÃO DA SEPSE NO HOSPITAL UNIMED SANTA HELENA

INFECÇÕES RELACIONADAS A CATETERES VASCULARES

PROTOCOLO MULTIDISCIPLINAR INSTITUCIONAL

Curso de Urgências e Emergências Ginecológicas CHOQUE SÉPTICO

PROTOCOLO DE TRATAMENTO ANTIMICROBIANO EMPÍRICO PARA INFECÇÕES COMUNITÁRIAS, HOSPITALARES E SEPSE

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIBIÓTICO)

COORDENAÇÃO DE ESTUDOS CLÍNICOS

A importância da identificação precoce da sepse pela equipe de. enfermagem no serviço de emergência

PROTOCOLO MÉDICO. Assunto: Pneumonia Hospitalar. Especialidade: Infectologia. Autor: Cláudio de Cerqueira Cotrim Neto e Equipe GIPEA

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Sistema de Gestão da Qualidade

Infecções por Gram Positivos multirresistentes em Pediatria

GUIA DE ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA PARA O ANO DE 2010

Choque hipovolêmico: Classificação

PERFIL MICROBIOLÓGICO DOS LAVADOS TRAQUEAIS DE PACIENTES EM VENTILAÇÃO MECÂNICA NA UTI PEDIÁTRICA

TÍTULO: PERFIL DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES ENCONTRADAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ONCOLÓGICA

PAC Pneumonia Adquirida na Comunidade

Exames Complementares:

SEPSE Como reduzir morbimortalidade? Camila Almeida Médica Infectologista Infectologia/Controle de Infecção Hospitalar HMSJ

PROTOCOLO DE GERENCIAMENTO DE SEPSE 11- INSTRUÇÕES MULTIPROFISSINAIS ESPECÍFICAS: TIPO DE INSTRUÇÃO. Primeiras 06 horas

REESTRUTURAÇÃO DO PROTOCOLO E O IMPACTO NO RECONHECIMENTO PRECOCE DA SEPSE X MORTALIDADE

SUPERBACTÉRIAS: UM PROBLEMA EMERGENTE

Infecção em doença estrutural pulmonar: o agente etiológico é sempre Pseudomonas?

SEPSE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Definições importantes

Histórias de Sucesso no Controle da Infecção Hospitalar. Utilização da informática no controle da pneumonia hospitalar

PALAVRAS-CHAVE: Staphylococcus coagulase negativa. Infecção Hospitalar. Recém-nascidos. UTIN.

Prevenção e controlo de infeção e de resistências a antimicrobianos

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIMICROBIANO)

INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA A SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO. Atendimento ao paciente com sepse grave/choque séptico

SPREAD Ped BEM VINDOS!!! Apoio. Sepsis PREvalence Assesment Database in Pediatric population

PREVENÇÃO DE SEPSE EM IDOSOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE ACREDITADA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Antibióticos. O impacto causado pelo mau uso no desenvolvimento de resistência bacteriana. Caio Roberto Salvino

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA, MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA. Antibioticos e resistência bacteriana a drogas

20/08 PRÉ CONGRESSO - MANHÃ

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIMICROBIANO)

RESULTADO TRABALHOS CIENTÍFICOS

Informativo da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar

PERFIL DE SENSIBILIDADE APRESENTADO POR BACTÉRIAS ISOLADAS DE CULTURAS DE SECREÇÃO TRAQUEAL

IDENTIFICAÇÃO E SUSCEPTIBILIDADE BACTERIANA DE UMA UNIDADE HOSPITALAR PÚBLICA

INCIDÊNCIA DE INFECÇÕES HOSPITALARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DURANTE O SEGUNDO SEMESTRE DE 2010.

O ESTUDO. Pneumonias: monoterapia com β-lactâmico ou terapia combinada a macrolídeo?

PRINCIPAIS INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE

I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS

CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA À SEPSE. Atendimento ao paciente com sepse grave/choque séptico DETECÇÃO PRECOCE + TRATAMENTO CORRETO

10 ANOS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DA INFEÇÃO NOSOCOMIAL DA CORRENTE SANGUÍNEA ADRIANA RIBEIRO LUIS MIRANDA MARTA SILVA

PLANO ESTADUAL DE ELIMINAÇÃO DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES (BMR) USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS

Quimioterápicos Arsenobenzóis Sulfas

Diagnóstico e Manejo da Criança com Sepse

PALAVRAS-CHAVE: Klebsilella. Enzima KPC. Superbactéria KCP.

PERFIL DE SENSIBILIDADE E RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE Pseudomonas aeruginosa E Escherichia coli ISOLADAS DE PACIENTES EM UTI PEDIÁTRICA

Diretrizes Clínicas Sepse grave e choque séptico

PREVALÊNCIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE DE MICROORGANISMOS ISOLADOS DE MATERIAIS BIOLÓGICOS DE PACIENTES SUBMETIDOS A TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA

SUMÁRIO INTRODUÇÃO OBJETIVOS AVALIAÇÃO

Brasil : Um retrato da Pneumonia Comunitária

PROTOCOLO ASSISTENCIAL GERENCIADO DE SEPSE. Atendimento ao paciente com sepse/choque séptico DETECÇÃO PRECOCE + TRATAMENTO CORRETO

O Problema da Doença Pneumocócica na América Latina

rof. Livre-Docente Disciplina de Infectologia residente da CCIH do Hospital São

Infecções causadas por microrganismos multi-resistentes: medidas de prevenção e controle.

Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares do Estado de São Paulo Análise dos dados de 2005

SEPSE NEONATAL: FATORES DE RISCO ASSOCIADOS1

CASO 7 PNEUMONIA COMUNITÁRIA

SEPSE: ATENÇÃO DO ENFERMEIRO INTENSIVISTA

SÉPSIS E CIRURGIA CARLOS MESQUITA. Hospitais da Universidade de Coimbra Cirurgia 3 Novembro, 2006

Critérios Prognósticos do Hepatopata na UTI: Quando o tratamento pode ser útil ou fútil

Uso Racional de Antibióticos

Seminário ME3: Choque. Orientador: Gabriel MN Guimarães

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS INFEÇÕES NOSOCOMIAIS DA CORRENTE SANGUÍNEA

A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE ODONTOLÓGICA NO AMBIENTE HOSPITALAR THE IMPORTANCE OF THE DENTAL TEAM IN THE HOSPITAL ENVIRONMENT

Direcção-Geral da Saúde

SEPSE. Tem 2 desse 3 critérios? Taquipnéia (FR 22) Pressão Sistólica 100 mmhg. Confusão Mental SIM. Coleta do pacote de SEPSIS

SEPSE MATERNA SINAIS PRECOCES DE INFECÇÃO

Antibioterapia no tratamento de feridas crónicas. Autoras / Orientadores: Diana Bernardes / Dra. Eduarda Luzia Soraia Monteiro / Dr.

ESTUDO DE IMPACTO DOS PROTOCOLOS DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR SOBRE AS CAUSAS DE ALTAS DAS INTERNAÇÕES DAS UTI s DO HOSPITAL REGIONAL DE ARAGUAINA TO.

EMENTAS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FARMÁCIA CLÍNICA EM INFECTOLOGIA EAD

1. Graduanda do curso de Farmácia da Faculdade de Medicina de Campos, FMC. 2. Docente do Curso de Farmácia da Faculdade de Medicina de Campos FMC

TÍTULO: INCIDÊNCIA DE INFECÇÃO URINÁRIA ENTRE HOMENS E MULHERES NO MUNICÍPIO DE AGUAÍ EM PACIENTES QUE UTILIZAM O SUS

Departamento de Pediatria JOURNAL CLUB UCIP

CARACTERIZAÇÃO DA MORBIMORTALIDADE DE IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

(83)

INCIDÊNCIA DE SEPSE NOSOCOMIAL EM ADULTOS DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, TUBARÃO (SC), EM 2013

Carina Leão de Matos - R2 Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF Brasília, 11 de julho de 2011

Saúde Coletiva ISSN: Editorial Bolina Brasil

INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

SEPSE DRA PAULA MENEZES LUCIANO MEDICINA INTENSIVA E CARDIOLOGIA COORDENADORA DA EMERGÊNCIA E UTI SANTA CASA DE SÃO JOAQUIM DA BARRA

CONCEITO FALHA CIRCULATÓRIA HIPOPERFUSÃO HIPÓXIA

Visita Religiosa com Segurança no Ambiente Hospitalar: Considerações e Orientações. Karina Laquini Lima Enfermeira SCIH / SCMCI

AVALIAÇÃO DO USO DE CEFALOSPORINAS EM UM HOSPITAL DA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ

Transcrição:

PREVALÊNCIA DE SEPSE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Laura Barbosa da Silva 1 ; José Pereira dos Santos Júnior 2 ; Maria Heloysa Alves Leal 3 ; Miqueas Oliveira Morais da Silva 4 ; Carolina Maria da Silva 5. 1 Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Caruaru PE. Email: laurabarbosarb71@gmail.com 2 Graduando em Biomedicina pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Caruaru PE. Email: junior.escritorsantos@outlook.com 3 Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Caruaru PE. Email; heloysalves@hotmail.com 4 Graduando em Farmácia pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande PB. Email: miqueas.morais@hotmail.com 5 Professora dos Cursos de Saúde do Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Caruaru PE. Email: carolina.silva@unifavip.edu.br). Resumo: A sepse refere-se à presença de infecção relacionada a manifestações sistêmicas, acarretada por um agente invasor que pode ser bactérias, vírus, fungos ou protozoários, sendo as bactérias dominantes nessas infecções, manifestando uma alta mortalidade. Essa desordem estende o tempo de internação em UTI, além de aumentar os custos hospitalares. Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo foi realizar um levantamento de trabalhos que abordem variáveis epidemiológicas, microbiológicas e farmacológicas e suas correlações com o prognóstico dos pacientes com sepse internados em Unidade de Terapia Intensiva. Para a coleta de dados foram utilizadas as seguintes bases de dados eletrônicas: Scielo, Periódicos capes, PubMed e Repositório Institucional da UFPE. A pesquisa foi realizada a partir de artigos, livros, teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso e anais de congressos. Mediante essa revisão foi identificado os fatores de risco, as manifestações clinicas, os principais agentes etiológicos e a antibioticoterapia utilizada nos casos de sepse. Palavras-chave: Sepse; Fatores de risco; Incidência; Unidade de Terapia Intensiva. INTRODUÇÃO As principais síndromes infecciosas que podem necessitar de admissão e terapia imediata em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são: a sepse, a pneumonia, a endocardite infecciosa, as infecções intra-abdominais, entre outras, entretanto a de maior prevalência e de pior prognóstico é a sepse (BOUGARD e SUE, 2005). A sepse refere-se à presença de infecção relacionada a manifestações sistêmicas, ou seja, é uma progressão da resposta inflamatória sistêmica à infecção. Essa desordem estende o tempo de internação em UTI, além de aumentar os custos hospitalares. Foram estabelecidas três formas de diferenciar os quadros da sepse: sepse, sepse grave e choque séptico (TODESCHINI, 2011). A sepse pode ser decorrente de infecção por bactérias, vírus, fungos ou protozoários, sendo que as bactérias são as mais frequentes. Manifesta uma alta mortalidade e corresponde cerca de 24% a 32% dos custos totais de uma UTI. No Brasil as taxas de mortalidade variam entre 52,2% a

65,3% para o choque séptico (BOECHAT, 2010; BARROS et al.,2016). A sepse é resultado de uma complexa interação entre o microrganismo infectante e a resposta imune, pró-inflamatória e pró-coagulante do paciente. Por um longo tempo acreditou-se que a sepse era decorrente de uma hiper-estimulação do sistema imune. Entretanto, alguns estudos evidenciaram que a recorrência de uma resposta inflamatória sistêmica exagerada é menor do que se pensava. A resposta do hospedeiro e as características do organismo infectante são as relevantes variáveis fisiopatológicas da sepse, por consequência disso, ocorre progressão da sepse quando o paciente não consegue controlar a infecção primária por meio da resposta imune de seu organismo (como opsonização de microrganismos, fagocitose, atividade de complemento) ou não responde ao tratamento de antibióticos e à presença de superantígenos (SANTOS et al., 2015). Além disso, algumas circunstâncias são capazes de comprometer a resposta imune do hospedeiro e elevar a suscetibilidade às infecções, tais como: envelhecimento da população, procedimentos invasivos, pacientes imunossuprimidos e com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), uso de agentes imunossupressores e citotóxicos, desnutrição, alcoolismo, Diabetes mellitus, procedimentos de transplantes, infecções nosocomiais e comunitárias e maior número de infecções por microorganismos multirresistentes aos antibióticos (BARROS et al., 2016). Em busca de um aprimoramento no tratamento do paciente séptico, compete à equipe multidisciplinar reconhecer o paciente com sepse, assim como aqueles que apresentam riscos para o seu desenvolvimento, desempenhar uma assistência crítica de forma precisa e ágil, fundamentada em conceitos, para que mencione as medidas eficazes e modifique-as, possibilitando o pleno cuidado, contribuindo no tratamento adequado (SANTOS et al., 2015). A temática abordada se apresenta atual e extremamente importante para qualquer a área da saúde, haja vista que a sepse pode acarretar no aumento da mortalidade e tempo de internação em UTI. Nesse sentido o presente estudo teve como finalidade realizar um levantamento de trabalhos que abordem variáveis epidemiológicas, microbiológicas e farmacológicas e suas correlações com o prognóstico dos pacientes com sepse internados em Unidade de Terapia Intensiva. METODOLOGIA Foi realizado um estudo exploratório sobre a prevalência de sepse em Unidade de Terapia Intensiva durante os meses de agosto e setembro de 2017, tratando-se assim de uma revisão de literatura. Para a coleta de dados foram utilizadas as seguintes bases de dados eletrônicas: Scielo, Periódicos capes, PubMed e Repositório Institucional da

UFPE. Os critérios de inclusão selecionados foram os estudos primários que limitassem a temática das infecções hospitalares em UTI, os artigos disponíveis na integra de forma eletrônica e gratuita, os trabalhos publicados no período de 2008 a 2018 e os estudos realizados em UTI s brasileiras. Foram utilizados os seguintes descritores como fonte de busca: sepse ; fatores de risco ; incidência e mortalidade. Como critérios de exclusão, não foram incluídos os artigos publicados em períodos anteriores, os que não estivessem disponíveis de forma completa e os que não apresentaram os descritores selecionados. A pesquisa foi realizada a partir de artigos, livros, teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso e artigos publicados em anais, de modo que dos trinta documentos pesquisados, foram selecionados dezenove para a construção dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em estudo realizado por Barros e colaboradores (2016), foi detectado que infecções hospitalares em UTI estão correlacionadas aos fatores como: estado de saúde dos pacientes, utilização dos dispositivos invasivos como cateter venoso central, sonda vesical de longo prazo e ventilação mecânica, uso de imunossupressores, hospitalização por tempo prolongado, colonização por microrganismos resistentes à terapêutica e prescrição indiscriminada de antibióticos, como também o longo período de permanência na UTI. Os mesmos autores em estudo de associação retrataram que os fatores de risco como idade avançada, raça branca, presença de uma infecção do trato respiratório, falência de órgãos e uso de cateter de artéria pulmonar apresenta de fraca a moderada ligação com o agravamento da sepse. Para Farias et al (2013) o acompanhamento de comorbidades pode incidir uma maior susceptibilidade da população com doenças crônicas há desenvolver um quadro de sepse. Entre as comorbidades mais presentes estão a insuficiência cardíaca, Diabetes mellitus, neoplasia maligna, insuficiência renal crônica, hepatopatia crônica, hipertensão arterial e sequelas de doenças neurológicas. Ratificando os dados apresentados anteriormente Koury e colaboradores (2010) abordam em seu estudo que dentre os fatores de risco tem-se: idade, doença crônica prévia, reanimação inadequada, foco inflamatório e infeccioso persistente. 1. Conceitos importantes: Em 2001 houve nos EUA uma Conferência de Consenso com o intuito de rediscutir os conceitos de sepse, porém conforme Leite (2009), a classificação de 1991 se mantem até os dias atuais:

Bacteremia: existência de bactéria viável no sangue. Infecção: evento microbiológico evidenciado por uma resposta inflamatória à presença de microorganismos ou invasão de tecidos orgânicos onde habitualmente não os tem. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS): resposta inflamatória sistêmica a uma diversidade de insultos clínicos graves, expressados por duas ou mais das seguintes circunstancias: 1) Temperatura maior que 38ºC ou menor que 36º C; 2) Frequência cardíaca maior que 90bpm; 3) Frequência respiratória maior que 20rpm ou PaCO2 menor que 32 mmhg; 4) Contagem de leucócitos superior a 12.000/mm 3 ou inferior a 4.000/mm 3 ou ainda em casos de percentual maior que 10% de células com formas imaturas. Sepse: resposta inflamatória sistêmica à infecção. As manifestações da sepse são as mesmas que as anteriormente estabelecidas para SIRS em relação à infecção. Pode ser estabelecida como sendo um elemento da resposta sistêmica direta a presença de um processo infeccioso e corresponde a uma mudança aguda na inexistência de outras causas conhecidas para as alterações. Sepse grave: sepse agregada à disfunção de órgãos, hipoperfusão ou hipotensão. Mudança de perfusão e hipotensão pode estar presentes, dentre outros, como acidose láctica, oligúria ou uma alteração aguda do estado mental. Choque séptico: é um estado da sepse grave, estabelecida como hipotensão sepse-induzida, quando o paciente recebe agentes inotrópicos e vasopressores a hipotensão pode se manter por mais tempo, assim, manifestando alterações de hipoperfusão ou disfunção orgânica, dessa maneira será considerada como tendo choque séptico. A Surviving sepsis campaing (2017) definiu a sepse como uma disfunção orgânica eminentemente fatal provocada por uma resposta de hospedeiro desregulada à infecção e o choque séptico como um associado de sepse com disfunção circulatória e celular/metabólica que está relacionado a um maior risco de mortalidade. 1.1 Manifestações clinicas Conforme Caribé (2013), mesmo após a implantação dos critérios para sepse e suas variações, as manifestações clínicas ainda são diversas e nem todas às vezes manifestam os sinais clássicos. A desconfiança de um quadro séptico pode ser feita com o aparecimento das seguintes manifestações

clínicas: febre ou hipotermia, taquicardia e taquipnéia sem motivo aparente, sinais de vasodilatação periférica, choque sem causa definida e alterações no estado mental. Parâmetros laboratoriais ou hemodinâmicos invasivos também são utilizados para elucidar as questões referentes a um quadro séptico e incluem diminuição da resistência cardiovascular e aumento do débito cardíaco, aumento do consumo de oxigênio, leucocitose e neutropenia, acidose láctica, alterações em testes de função renal e hepática, trombocitopenia. Pereira et al (2016) afirmam que no decorrer da sepse é recomendado considerar pelo menos três processos dissemelhantes, porém relacionados e que ocorre quase concomitantemente, favorecendo o desenvolvimento da sepse. São eles: o foco infeccioso, do modo que age como agente inicial ou causal; a presença de células de defesa envolvidas na resposta imune ou adaptativa do organismo e por último, as alterações hemodinâmicas. 1.2 Agente etiológico Os principais microrganismos associados a quadros de sepse identificados no estudo de Basso (2016) foram Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus coagulase negativa e Acinetobacter baumannii. Resultados similares foram obtidos por Barros et al (2016), eles relatam que as bactérias Gram-negativas foram encontradas com mais frequência, principalmente nos pacientes com maior gravidade da doença. Deste grupo, destacam-se os bacilos não fermentadores e a família Enterobacteriaciae. Todeschini (2011) diverge desses resultados, no seu estudo ele aponta que Staphylococcus coagulase negativa, são os mais presentes no diagnostico de sepse, seguido por Streptococcus spp. e Klebsiella peneumoniae. Santos et al (2015) apresentam como microrganismo mais prevalente o Acinetobacter baumannii seguido de Pseudomonas aeruginosa, Proteu smirabilis e Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Basso (2016) mostra que a Pseudomonas aeruginosa é encontrada especialmente em pacientes imunocomprometidos, com condições mentais alteradas, internação prolongada ou traqueostomizados e com elevada resistência a múltiplos antimicrobianos. Constantemente é reconhecido colonizando objetos cirúrgicos, medicamentos e outros equipamentos. 1.3 Antibióticos Em livro lançado pelo Conselho Federal de Medicina (2015) aborda que o tratamento antimicrobiano indevido ao agente em questão está

relacionado ao aumento da mortalidade, mas existem indícios claros de que a demora no início da antibioticoterapia também amplia o risco de óbito. Sendo assim, não se deve esperar a identificação do agente infeccioso para iniciar a terapêutica. A antibioticoterapia introdutiva deve ser ampla o bastante para alcançar os possíveis agentes infecciosos, inserindo uma ou mais drogas que tenha ação contra todos os patógenos prováveis, bactérias Gram-negativas, Gram-positivas e/ou fungos. Todeschini (2011) observou os antimicrobianos mais utilizados em pacientes com sepse internados em UTI, estes dados estão registrados na tabela 1. Tabela 1 Antimicrobianos utilizados durante a internação dos pacientes com sepse na UTI no período de 2002 a 2009. Antimicrobianos N % Vancomicina 41 49,4 Imipenem 32 38,6 Piperacilina 30 36,1 Ampicilina + sulbactam 20 24,1 Clindamicina 20 24,1 Cefazolina 17 21,7 Ciprofloxacino 14 16,9 Metronidazol 11 13,3 Ceftazidima 10 12 Outros* 5 1,2 *Outros: norfloxacino, sulfametoxazol + trimetoprima, azitromicina, amoxicilina e teicoplamina. Fonte: Todeschini (2011). Por outro lado Sousa et al (2015) apresentaram como resultados em seu estudo realizado na UTI da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza (SCMF) que a ceftriaxona é o fármaco mais prescrito com 31,9%, enquanto que a Vancomicina apresenta apenas 5,2%. Neves e Colet (2015) afirmaram que as penicilinas são os medicamentos de primeira escolha, entretanto não são mais frequentemente aplicadas na prática clínica, mais especificamente em UTI, por consequência do crescimento da resistência bacteriana a esse antibiótico. Os dados apresentado por Zanon et al. (2008) demonstram que os antibióticos de uso mais frequente foram as

cefalosporinas (48,4%) agentes antianaeróbicos (36,3%) e antibióticos beta-lactâmicos (26,4%). CONCLUSÕES Diante do exposto é possível notar a importância da temática abordada, principalmente no sentido de se tratar de uma enfermidade de alta morbimortalidade, envolvendo significativo dispêndio, além de exigir uma excelência em atendimento nas unidades de emergência e terapia intensiva. Também é importante ressaltar a valia da aceitação de novas estratégias que tenham a finalidade de proporcionar o rápido diagnóstico e tratamento da sepse, uma vez que um reconhecimento e/ou tratamento tardio da mesma pode corroborar com maiores danos e até mesmo o óbito do paciente. REFERÊNCIAS ARAUJO, Michelly Queren; POLETTO, Karine Queiroz; BESSA, Nelita Gonçalves. PERFIL DE RESISTÊNCIA BACTERIANA EM FÔMITES DE UTI EM HOSPITAL PÚBLICO DO ESTADO DO TOCANTINS. REVISTA CEREUS, v. 9, n. 2, p. 126-141, 2017. BARROS, Lea Lima dos Santos; MAIA, Cristiane do Socorro Ferraz; MONTEIRO, Marta Chagas. Fatores de risco associados ao agravamento de sepse em pacientes em Unidade de Terapia Intensiva. Cad. saúde colet.,(rio J.), v. 24, n. 4, p. 388-396, 2016 BASSO, Maria Emilha. Prevalência de infecções bacterianas em pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI). RBAC, v. 48, n. 4, p. 383-8, 2016. BOECHAT, Antônio Luiz; BOECHAT, Narjara de Oliveira. Sepse: diagnóstico e tratamento. Rev Bras Clin Med, v. 8, n. 5, p. 420-7, 2010. CARIBÉ, R. A. SEPSE E CHOQUE SÉPTICO EM ADULTOS DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, FARMACOLÓGICOS E PROGNÓSTICOS. 2013. 169 f. Monografia (Pós-graduação) - Curso de Programa de Pós-graduação de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2013. DE AZEVEDO, J. R. A. et al. Procalcitonina como biomarcador de prognóstico da sepse grave e choque séptico. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 39, n. 6, p. 456-461, 2018. DE MEDEIROS, L. M.; VALENÇA, A. M. G.; DOS ANJOS, U. U. Modelo preditivo para diagnóstico da SEPSE em unidades de terapia intensiva. Tempus Actas de Saúde Coletiva, v. 10, n. 2, p. 143-165, 2016. DE SOUSA, Daniele Martins et al. Infecção por staphylococcus aureus resistente em unidades de terapia intensiva: revisão integrativa. Revista de enfermagem UFPE on line-issn: 1981-8963, v. 10, n. 4, p. 1315-1323, 2016. DE SOUSA, Paulo César Pereira et al. Utilização de antibacterianos em Unidade de Terapia Intensiva. InterSciencePlace, v. 1, n. 18, 2015.

Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse. Sepse: um problema de saúde pública / Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse. Brasília: CFM, 2015. 90 p. Disponível em : <http://www.ilas.org.br/assets/arquivos/upload/livro-ilas(sepse-cfm- ILAS).pdf>. Acesso em: 30 de Agosto de 2017. JÚNIOR, João Andrade L. et al. Sepse Brasil: estudo epidemiológico da sepse em Unidades de Terapia Intensiva brasileiras. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 18, n. 1, p. 9-17, 2010. KOURY, Joana Corrêa de A.; LACERDA, Heloísa Ramos; NETO, Alberto José de Barros. Fatores de risco associados à mortalidade em pacientes com sepse em unidade de terapia intensiva de hospital privado de Pernambuco. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 19, n. 1, p. 23. NEVES, Carla; COLET, Christiane. Perfil de uso de antimicrobianos e suas interações medicamentosas em uma UTI adulto do Rio Grande do Sul. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, v. 5, n. 2, p. 65-71, 2015. PEREIRA, Kelly Rocha et al. Sepse: Epidemiologia, Fisiopatologia e Tratamento. Multitemas, n. 35, 2016. RHODES, Andrew et al. Surviving Sepsis Campaign. Critical Care Medicine, [s.l.], v. 45, n. 3, p.486-552, mar. 2017. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). SANTOS, Alice Veras et al. Perfil epidemiológico da sepse em um hospital de urgência. Revista Prevenção de Infecção e Saúde, v. 1, n. 1, p. 19-30, 2015. TODESCHINI, Alexandre Baggio; TREVISOL, F. S. Sepse associada ao cateter venoso central em pacientes adultos internados em unidade de terapia intensiva. Rev Bras Clin Med. São Paulo, v. 9, n. 5, p. 334-7, 2011. VIANA, Márcia Cardinalle Correia et al. Perfil clínico e laboratorial de pacientes com sepse, sepse grave e choque séptico admitidos em uma unidade de terapia intensiva. 2013. ZANON, Fernando et al. Sepse na Unidade de Terapia Intensiva: Etiologias, Fatores Prognósticos e Mortalidade. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, [s. I.], v. 20, n. 2, p.128-134, abr.-jun. 2008.