TÍTULO: APLICAÇÃO DE PROTOCOLO PADRONIZADO PARA AVALIAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO 3º ANO RI

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Transcrição:

16 TÍTULO: APLICAÇÃO DE PROTOCOLO PADRONIZADO PARA AVALIAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO 3º ANO RI CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PEDAGOGIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM AUTOR(ES): LETICIA ALESSANDRA CAVALCANTE ORIENTADOR(ES): FABIANA SAYURI SAMESHIMA

RESUMO O presente artigo buscou compreender e se aprofundar nos conhecimentos acerca das dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita. A pesquisa foi realizada em uma escola estadual de ensino fundamental ciclo I localizada no município de Lins, em uma sala do 3º RI (Recuperação Intensiva), composta por onze alunos na faixa etária de 8 a 9 anos. Essa pesquisa, respeitando o rigor científico, adotou como instrumento principal o Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-linguísticas Livro do Profissional e do Professor. A coleta de dados foi realizada em três etapas: 1ª- uma conversa inicial com a professora da sala para apresentação dos objetivos e métodos da pesquisa, do protocolo que seria utilizado e para conhecer a realidade dos alunos; 2ª- aplicação da versão coletiva do protocolo abordado, que teve a duração de 2 horas, com todo grupo/classe e; 3ª- aplicação da versão individual. O objetivo principal desse estudo foi verificar, por meio de protocolo padronizado, a quantidade de alunos do 3º ano RI, devidamente matriculados em uma escola de ensino fundamental pública, que apresentam dificuldades específicas em leitura e escrita. Após a conclusão do trabalho pode-se confirmar que as dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita são inúmeras e decorrem de fatores diversos que vão desde uma metodologia inadequada das aulas até problemas sócio-econômico-familiares. Por meio de uma pesquisa científica e de um estudo rigoroso, verificou-se que todos os alunos participantes apresentaram alguma dificuldade em leitura e escrita em níveis diferentes. Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem. Leitura e Escrita. Avaliação INTRODUÇÃO As dificuldades de aprendizagem se manifestam no período escolar e podem estar ligadas tanto a fatores intrínsecos, como extrínsecos, resultantes de fatores externos ao aluno (metodologia inadequada, má nutrição, problemas no contexto sóciofamiliar), mas que também englobam e podem apresentar fatores agravantes para os transtornos específicos na aprendizagem (CENTRO..., 2010). De acordo com Ciasca (2003, p.1), as dificuldades de aprendizagem podem ser concebidas como uma forma peculiar e complexa de comportamentos que não se deve necessariamente a fatores orgânicos e que são por isso, mais facilmente removíveis.

Os problemas na aprendizagem podem ocorrer devido à presença de episódios desfavoráveis de interação social, dessa forma, as dificuldades para aprender, que se caracterizam por serem maiores do que as previstas para fase de desenvolvimento e hipóteses de escrita em que o educando se encontra, são, na maioria das vezes, persistentes mediante a qualquer esforço pessoal e profissional ocasionando baixa autoestima e um aproveitamento pedagógico insuficiente. As causas das dificuldades de aprendizagem (DA) são variadas dificultando seu diagnóstico, não há um único fator determinante, mas sim um conjunto de fatores relacionados à família, comunidade, escola, cultura, e questões afetivoemocionais do aluno (CAPELLINI; NAVAS, 2009; MALUF, 2013). As dificuldades de aprendizagem referem-se aos discentes que apresentam problemas de ordem acadêmica na aprendizagem da leitura, escrita, soletração e aritmética. Na definição desses autores, dificuldades de aprendizagem seriam qualquer dificuldade observável vivenciada pelos alunos para acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas da mesma idade, independente do fator determinante da defasagem (MARTIN; MARCHESI, apud SISTO, BORUCHOVITCH e FINI et al, 2001, p. 40). As dificuldades de aprendizagem são percebidas, primeiramente, pelo professor seguido dos pais/responsáveis. Os professores geralmente notam que os alunos de risco levam mais tempo para realizar uma determinada atividade, quando comparados ao restante da turma. Já os pais/responsáveis conseguem perceber que há algo de diferente na formação, desde que convivam muito com seus filhos para observar seu desenvolvimento, e auxiliem nas tarefas para casa; podem detectar problemas se tiverem um olhar voltado pra isso, ou seja, quando alertados, na maioria das vezes, pelos próprios professores, e estando bem próximos aos filhos, os pais/responsáveis se tornam grandes aliados, quando disponíveis, na realização do diagnóstico. A maioria das crianças que apresentam uma dificuldade de aprendizagem sentem-se frustradas e inseguras, pois não conseguem realizar as atividades propostas em sala de aula no tempo hábil e não podem entender aquilo que o professor está ensinando, por consequência esse alunos não aprendem e tendem a desistir de aprender, pensam que não há solução para eles e que são incapazes. Alguns discentes apresentam comportamentos agressivos e furiosos como alternativa para manifestar sua frustração, outros se tornam tímidos e depressivos;

ambos os comportamentos resultam em isolamento social, baixa autoestima e traumas que são carregados por toda a vida (SMITH; STRICK, 2001). Embora as dificuldades de aprendizagem, em sua maioria, não tenham apenas um fator determinante e sejam difíceis de diagnosticar, apontam para algumas melhorias nas rotinas escolares e familiares que, por si só, podem solucionar o problema, ou auxiliar no seu tratamento, estas mudanças são: o oferecimento de um espaço de trabalho organizado, claro e limpo, de acordo com as necessidades dos alunos, tanto em casa como na escola; distribuição adequada do tempo para as atividades atentando para a dificuldade da criança; estruturação da tarefa; uma localização determinada para o material escolar; a reserva de um horário fixo e regular para os deveres de casa e o envolvimento da criança em responsabilidades que estejam ao seu alcance. Nesse contexto, não se pode negar que crianças com dificuldades de aprendizagem precisam esforçar-se mais para terem avanços na escola, além de necessitarem de um tempo maior para realizar as atividades, sendo que, muitas vezes, empenham-se tanto para não obterem aprendizagem alguma, assim, é necessário que recebam o incentivo e apoio da família bem como dos educadores para se sentirem motivadas as continuar. Além de incentivo e apoio os professores precisam buscar métodos e propostas como subsídios que visem auxiliar e potencializar o esforço realizado por essas crianças. Neste sentido o objetivo desta pesquisa foi aplicar um protocolo padronizado de avaliação das habilidades cognitivo-linguísticas para os alunos do 3º ano RI, ensino fundamental ciclo I, com o intuito de levantar o índice de alunos com dificuldades específicas em leitura e escrita. METODOLOGIA A presente pesquisa foi realizada com onze alunos matriculados no 3º ano RI, na faixa etária de 8-9 anos, em uma escola estadual de ensino fundamental ciclo I, localizada no município de Lins, durante o período de maio- junho de 2016. A escola está localizada numa área de periferia e atende a uma população carente, com inúmeros problemas sóciofamiliares (casos de violência, desnutrição, abusos, alcoolismo, drogas), além de problemas quanto a metodologia inadequada de alguns professores que não conseguem trabalhar de acordo com as propostas do Programa

Estadual Ler e Escrever, o que contribui e justifica a quantidade de alunos com baixo rendimento escolar nas habilidades essenciais de leitura e escrita. INSTRUMENTO DE PESQUISA O instrumento utilizado para realização da pesquisa foi o Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-Linguísticas Livro do Profissional e do Professor que avalia os diferentes aspectos do processamento cognitivo-linguístico de crianças em fase de alfabetização, auxiliando na identificação de crianças com desempenho abaixo do esperado em leitura, em relação a seu grupo-classe (CAPELLINE; SMYTHE; SILVA, 2012, p. 13). De acordo com os autores, esse protocolo é composto por duas versões, uma coletiva, que deve ser aplicada primeiro, no contexto de sala de aula com todo grupo-classe, e uma individual que será aplicada de acordo com os resultados da versão anterior. A primeira versão coletiva é composta por cinco subteste: Escrita do alfabeto em sequência; Cópia de formas; Calculo matemático; Escrita sob ditado de palavras e pseudopalavras; e Repetição de números em ordem aleatória. Que avaliam, respectivamente, as habilidades de: leitura (conhecimento do alfabeto); processamento visual; raciocínio lógico; escrita; e processamento auditivo. A segunda parte é versão individual que deve ser aplicada somente com os escolares que apresentarem um desempenho abaixo do esperado em relação ao seu grupo-classe ou com desempenho inferior de acordo com a pontuação descrita no teste coletivo, ela é composta por 13 subtestes: Leitura de palavras; Leitura de não palavras; Aliteração; Rima; Repetição de palavras; Repetição de não palavras; Ritmo; Segmentação silábica; Nomeação rápida de figuras; Nomeação rápida de dígitos; Memória visual para formas; Discriminação de sons; e Repetição de números em ordem inversa. Estes avaliam as habilidades de leitura, processamento auditivo, processamento visual, velocidade de processamento e habilidades metalinguísticas. A versão individual desse protocolo não pode ser aplicada com alunos que não tenham feito antes a versão coletiva. O protocolo apresenta os resultados por séries/ano, classificando a pontuação como sob atenção para valores inferiores e o esperado para cada série, sendo necessária uma investigação mais profunda para os escolares sob atenção. DESENVOLVIMENTO

Essa pesquisa foi realizada em três etapas, respeitando as orientações claras e objetivas dos autores. A primeira etapa foi uma conversa inicial com a professora da sala para esclarecer os objetivos da pesquisa e que o protocolo não se trata de um diagnóstico realizado pelo professor, mas sim de um meio para investigar as dificuldades de aprendizagem, levantar hipóteses a respeito das causas do baixo rendimento escolar e, dessa forma, sinalizar o problema para os pais / responsáveis. Essa conversa também teve o proposito de sondar, pela visão da professora de sala, que está diariamente em contato com os alunos, o que os alunos já sabiam em relação à escrita, suas hipóteses, se já eram capazes de escrever palavras com silabas compostas, para adequar a avaliação dos resultados. A segunda etapa foi a aplicação da versão coletiva, obedecendo estritamente todas as orientações estabelecidas pelo protocolo. A terceira etapa foi a aplicação da versão individual do protocolo. Para selecionar os alunos utilizou-se o critério de comparação em relação ao grupo/classe, devido a pontuação baixa que a sala toda apresentou na versão coletiva do protocolo, tendo pouco alunos fora do sob atenção. Para isso, observou-se a pontuação máxima em Ditado (palavras) atingida por um aluno, então essa pontuação foi dividida por dois para encontrar a média, dessa forma, pontuação máxima passou a ser 16 e a média 8, assim todos os alunos que estavam abaixo da média em Ditado (palavras) realizariam a versão individual. Por ser individual, um aluno de cada vez sentou-se junto a aplicadora e recebeu as instruções para a realização do teste, dessa maneira, cada aluno teve uma folha de registro individual para seus resultados. RESULTADOS Na primeira etapa, por meio da conversa inicial com a professora, observouse, que os alunos não conseguiam escrever autonomamente palavras de sílabas complexas, alguns, entretanto, não escreviam nem mesmo palavras simples e também não liam em nível de decodificação. A professora relatou que a turma equipara-se ao nível do 1º ano e que a população da sala em geral, vem de bairros periféricos, baixas condições socioeconômica, bem como, com a falta de estrutura familiar, violência doméstica, abusos e exploração. A professora não apresentou um material adaptado ao currículo para trabalhar as dificuldades dos alunos

individualmente, apresentou somente os materiais enviados pelo programa e que não atendiam as especificidades da turma. Esse primeiro momento de conversa com a professora foi muito importante para identificar o nível dos alunos e perceber alguns dos motivos para o baixo rendimento escolar geral da turma. Na segunda etapa as dificuldades em leitura, escrita e até motoras ficaram mais evidentes nos alunos. A tabela 1 a seguir descreve a pontuação de cada aluno nos subtestes da versão coletiva que foram aplicados. Tabela 1. Resultados da aplicação dos subtestes da versão coletiva. Nome Gênero Idade Alfabeto Cópia de figuras Ditado (palavras) Ditado (pseudopalavras) Memória imediata Aluno 1 M 9 24 1 2 0 6 Aluno 2 F 8 25 3 4 0 6 Aluno 3 M 9 26 1 8 0 6 Aluno 4 M 9 26 1 7 1 6 Aluno 5 F 9 26 2 16 4 10 Aluno 6 M 8 25 2 4 0 6 Aluno 7 F 8 25 1 0 0 6 Aluno 8 M 9 26 2 2 0 10 Aluno 9 M 9 24 2 0 0 3 Aluno 10 M 9 26 2 15 4 8 Aluno 11 M 9 20 2 11 1 6 Fonte: Capellini; Smythe; Silva (2012, p. 71) Os resultados descritos pertencem a autora desse artigo. Pode-se observar, pela tabela, que apenas 5 alunos estão dentro do esperando para idade no subteste do alfabeto, e que, embora os valores não apontem para sob atenção, seis alunos ainda erram as letras do alfabeto por falta de atenção, alteração da sequência alfabética, escrita de letras espelhadas e/ou por omissão de letras. No subteste de cópia de figuras (formas), exceto pela aluna 2, todo restante obteve resultados que devem ser considerados sob atenção, nenhum aluno atingiu o esperado para o terceiro ano, demonstrando um prejuízo na habilidade de processamento visual e/ou na habilidade de coordenação motora fina, que os impede de realiza a cópia aproximada de todas as formas. Com relação ao subteste de ditado de palavras e pseudopalavras, apenas 3 alunos (Alunos 5, 10 e 11) conseguiram pontuação superior ao esperado para o 1º ano, entretanto, nenhum aluno conseguiu a pontuação esperada para o 3º ano, e apenas a aluna 5 obteve pontos para não ser considerada sob atenção, o restante da sala teve pontuação baixa alertando para grande dificuldade na habilidade de escrita, decorrente do fato de que a maioria das palavras que o ditado trouxe não

fora ensinadas no quesito de estrutura, ou seja, os alunos do 3º ano não foram expostos a aprendizagem de palavras de estrutura complexas. No subteste de memória imediata, apenas o aluno 9 não alcançou a pontuação esperada, devido a problemas de falta de atenção. Na terceira etapa, os alunos que realizaram o teste individual foram apenas três (alunos 1, 6 e 8), sendo que, pela pontuação abaixo da média, mais quatro alunos deveriam ter realizado, no entanto, foram transferidos de sala e/ou escola. Segue abaixo a tabela com os resultados individuais dos alunos 1, 6 e 8. Tabela 2. Registro dos resultados dos alunos Subtestes Resultado Leitura: a) Palavras corretas em 1 minuto: b) Tempo Total: 6 46 - uma palavra lida Leitura de não palavras Aluno 1 Aluno 6 Aluno 8 Idade: 9 anos Idade: 8 anos Idade: 9 anos 0 7 0 2 53 uma palavra lida 12 36-30 palavras lidas 53 3 palavras lidas 11 08 - duas palavras lidas 50 duas palavras lidas Aliteração 8 7 9 Rima 18 17 14 Repetição de palavras 3 2 4 Repetição de não palavras 3 3 3 Ritmo 2 3 3 Segmentação silábica 15 18 19 Nomeação rápida de figuras 35 59 48 Nomeação rápida de dígitos 1º vez 41 / 2º vez 48 / Total: 1 29 1º vez 1 13 / 2º vez 1 22 / Total: 2 35 1º vez 47 / 2º vez 45 / Total: 1 32 Memória visual: a) Sequências com 2 cartões 6 6 6 b) Sequências 4 8 8 com 3 cartões c) Sequências 0 5 10 com 4 cartões d) Sequências 0 0 6 com 5 cartões e) 10 - inferior 19 - médio 30 dentro do Posicionamento esperado Discriminação de sons 20 17 19 Repetição de números em ordem inversa 3 4 4

O aluno 1 apresentou um resultado preocupante no subteste de leitura, pois em 6 minutos e 46 segundos, ele conseguiu ler apenas a palavra PAPAI, sendo uma leitura decodificada, ou seja, ele não atribuiu significado a palavra que leu, apenas juntou as letras e fez uma leitura silabada. No restante das 70 palavras que o teste trás ele não conseguiu nem decodificar. Na leitura de não palavras ele também leu apenas uma, DALU, entre 10 não palavras. Nos testes de Aliteração e Rima, conseguiu uma boa pontuação, embora não esteja dentro do esperado, considerando que a escola não costuma enfatizar o ensino desses conceitos. Nos subtestes de repetição de palavras e não palavras, bem como, o de ritmo, o aluno obteve pontuação inferior demonstrando prejuízos nas habilidades analisadas. Nos subteste de segmentação silábica, nomeação rápida de figuras e números o aluno conseguiu uma pontuação média. Nos subtestes de memória visual e repetição de números em ordem inversa, não obteve um bom desempenho, apresentando prejuízo na memória visual e imediata e esse poderia ser um dos motivos para a dificuldade em leitura. No subteste de discriminação de sons o aluno conseguiu a pontuação esperada. O aluno 6 apresenta apresentou como resultado sob atenção, pois o esperado para seu ano era a leitura das 70 palavras do teste, no entanto ele leu apenas 30 e levou muito tempo para conseguir ler, demonstrando não ter fluência, mas todas as palavras lidas, atribuiu sentido, dessa forma, sua dificuldade ficou centrada no não aprendizado da estrutura de palavras complexas, em um vocabulário pobre e na falta de fluência leitora. A leitura de não palavras foi inferior ao esperado, o que demonstrou uma dificuldade na decodificação das palavras. Nos subteste de aliteração, rima, segmentação silábica, memória visual e discriminação de sons, o aluno obteve pontuação acima do considerado sob atenção, porém abaixo do esperado para sua serie, apresentando, portanto, um desempenho médio e não preocupante nas habilidades avaliadas nesses subtestes. Nos subtestes de repetição de palavras e não palavras, repetição de números em ordem inversa e nomeação rápida de dígitos e figuras o aluno apresentou uma pontuação bem abaixo do esperado, considerado sob atenção, o que indica uma dificuldade no processamento auditivo acarretando em dificuldades na velocidade de processamento, sendo esta ultima uma habilidade fundamental para o desenvolvimento da fluência leitora que, consequentemente, foi uma defasagem observada na habilidade de leitura deste aluno.

Os testes de leitura de palavras e não palavras para o aluno 8, apresentaram um resultado muito abaixo do esperado até para série do 1º ano, além de não conseguir decodificar as palavras, decifrando apenas duas palavras CASA e SEDA, ambas de silabas simples, ele não consegue atribuir significado a leitura, realiza trocas consonantais, tem uma leitura silabada, e lê adivinhando as palavras, o que não adiantou muito perante as palavras trazidas pelo teste que não pertenciam ao seu vocabulário. Nos subtestes de aliteração, rima, segmentação silábica, repetição de palavras, ritmo, nomeação rápida de figuras, discriminação de sons e repetição de números invertidos a pontuação obtida redeu um desempenho médio, com resultados que ficaram entre sob atenção e o esperado. No subteste de repetição de não palavras e nomeação de dígitos o aluno obteve um resultado considerado sob atenção, pois sua pontuação foi baixa, o que pode indicar defasagens no processamento auditivo e na velocidade de processamento, acarretando em prejuízos em outras habilidades inter-relacionadas. No subteste de memória visual o aluno obteve pontuação dentro do esperado, demonstrando ter habilidades de atenção, observação, concentração, memória e um bom processamento visual, o que indica que sua dificuldade em leitura pode ser superada com a intervenção correta. CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa pesquisa alcançou os objetivos previstos, e, por meio dessa experiência, observa-se que as dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita na sala do 3º ano RI são inúmeras, e que, embora decorram de fatores diversos que vão desde uma metodologia inadequada das aulas até problemas sócio-econômico-familiares, não há culpados. A tentativa da escola de criar uma sala de Recuperação Intensiva acabou não sendo o mais adequado, pois criou uma sala onde todos apresentam alguma dificuldade de aprendizagem, porém dificuldades diferentes umas das outras e em níveis diversos, assim sendo, a professora da sala não consegue encontrar uma metodologia adequada e não consegue trabalhar de forma individualizada cada dificuldade, contribuindo para baixa autoestima e altos níveis de analfabetismo em uma série em que os alunos já deveriam estar alfabetizados, de acordo com o que aponta o sistema.

Frente aos dados coletados, essa pesquisa abre portas para realização de uma nova etapa. Esta seria a intervenção direta nas dificuldades apresentadas, por meio de aplicação de atividades personalizadas de acordo com as necessidades dos alunos e direcionadas especificamente para cada um. Uma intervenção realizada dessa maneira possibilitaria a comprovação de que essas dificuldades em leitura e escrita são temporárias e podem ser sanada se abordadas em uma perspectiva diferente. As vivências realizadas durante a aplicação dos testes possibilitou notar que embora as dificuldades sejam muitas, é possível conseguir saná-las, analisando cada caso e cada situação individualmente e procurando atender da melhor forma as necessidades educacionais de cada aluno. FONTES CONSULTADAS CAPELLINI, S. A.; SMYTHE, I.; SILVA, C. Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo Linguísticas. 2. ed. Marília: Fundepe, 2012.116 p. CAPELLINI, S. A; NAVAS, A. L. G. P. Questões e desafios atuais na área de aprendizagem e dos distúrbios de leitura e escrita. In ZORZI, J.; CAPELLINI, S. A. (Eds), Dislexia e outros distúrbios da leitura e escrita: letras desafiando a aprendizagem, p. 13-24. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2009. CENTRO Integrado de Saúde. Diferença entre Dificuldade de Aprendizagem e Transtorno de Aprendizagem. Disponível em <http://cissaude.blogspot.com.br/201 0/08/diferenca-entre-dificuldade-de.html> Acesso em: 17 jul. 2016. CIASCA, S. M. (org). Distúrbios de Aprendizagem: Proposta de Avaliação Interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 225 p. MALUF, M. I. Crianças com Dificuldade de Aprendizagem. Direcional Escolas. São Paulo, nov./dez. 2013. Disponível em: <http://direcionalescolas.com.br/2013/12/ 10/criancas-com-dificuldade-de-aprendizagem/ > Acesso em: 12 mar. 2016. SISTO, F. F.; BORUCHOVITCH, E.; FINI, L. D. T. (orgs). et al. Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Psicopedagógico. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 234 p. SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z: um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed, 2001. 332 p.