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Transcrição:

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Acerca da anatomia do sistema cardiorrespiratório, julgue os itens subsequentes. 41 Os poros de Kohn são aberturas que fazem conexões de alvéolo a alvéolo nas paredes alveolares. 42 Os canais de Lambert são interconexões bronquíolo-alveolares acessórias representadas por comunicações tubulares revestidas de epitélio pelas quais o ar passa diretamente dos bronquíolos para os alvéolos adjacentes. 43 Os pneumócitos do tipo II secretam surfactante, cuja função é aumentar a tensão superficial dos alvéolos, reduzindo o colapso. 44 A pleura visceral divide-se em cervical, diafragmática, mediastinal e costal. Julgue os itens seguintes, relativos à fisiopatologia da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). 45 Na DPOC, a limitação do fluxo aéreo e o aprisionamento de gás ocorrem em decorrência de extensa inflamação, fibrose e exsudato luminal nas pequenas vias aéreas, o que se correlaciona com a redução na relação VEF 1 e VEF 1 /CVF. 46 A hipertensão pulmonar está diretamente relacionada com a vasodilatação hipóxica das pequenas artérias pulmonares, o que resulta em alterações estruturais que incluem hiperplasia intimal e, posteriormente, hipertrofia e hiperplasia do músculo liso, podendo levar à hipertrofia ventricular esquerda e, eventualmente, à insuficiência cardíaca esquerda. 47 A hiperinsuflação estática reduz a capacidade inspiratória e é comumente associada à hiperinsuflação dinâmica durante o exercício, levando ao aumento da dispneia e à limitação da capacidade de exercício. Esses fatores concorrem para o comprometimento das propriedades contráteis intrínsecas dos músculos respiratórios. 48 Na DPOC, as alterações na troca gasosa resultam em hipoxemia e hipercapnia, e consequentemente alcalemia, sendo essas alterações descritas na seguinte gasometria arterial: ph 7,30, PaCO 2 55 mmhg, PaO 2 50 mmhg, HCO 3 34 meq/l, SaO 2 87%. Julgue os seguintes itens, a respeito da semiologia do sistema cardiorrespiratório. 49 O pectus carinatum caracteriza-se por uma depressão na parte inferior do esterno na região epigástrica, deformidade que pode gerar restrição ventilatória. 50 A tiragem está presente na insuficiência respiratória aguda e consiste na alteração resultante do aumento da pressão negativa na cavidade pleural durante a fase inspiratória. 51 Na escala de Ramsay, que avalia o grau de sedação dos pacientes em UTI, o paciente sedado que responde apenas a comandos é classificado no nível 6. 52 O exame físico de paciente com derrame pleural mostra expansibilidade diminuída, frêmito toracovocal diminuído e hipersonoridade ou som timpânico na percussão torácica. Um homem de sessenta anos de idade, em ventilação mecânica devido a insuficiência respiratória aguda, necessitava de análise da mecânica respiratória. Os parâmetros de ventilação mecânica no momento da análise eram: modo assistido/controlado, volume corrente de 500 ml, fluxo inspiratório de 30 L/min, tipo de onda de fluxo constante, PEEP de 10 cmh 2 O, frequência respiratória de 12 irpm, FiO 2 de 80%, pico de pressão de 50 cmh 2 O. Mantidos esses parâmetros, foi colocada uma pausa inspiratória de 2 segundos. Com isso, observou-se uma pressão de platô de 40 cmh 2 O. Considerando esse caso clínico, julgue os itens a seguir. 53 Para esse paciente, a resistência de vias aéreas apresentava-se normal. 54 Nesse paciente, a complacência estática (Csr) é de 16,66 cmh 2 O/L/s. 55 Um deslocamento da curva pressão-volume do sistema respiratório do paciente para a direita demonstra um declínio da complacência pulmonar. 56 O tempo necessário para que o pulmão exale todo o volume de ar inspirado corresponde à constante de tempo do sistema respiratório, que é determinada pelo produto da resistência pela complacência dinâmica. No que se refere à estimulação precoce do paciente crítico, julgue os itens subsequentes. 57 O medical research council sum score (MRC SS) é um teste utilizado para o diagnóstico de fraqueza muscular adquirida na UTI. Esse teste, de fácil aplicabilidade e de característica volitiva, avalia a força de três grupos musculares de membros superiores e inferiores bilateralmente. 58 A eletroestimulação, o cicloergômetro e a prancha ortostática são utilizados como terapias em substituição às mobilizações e aos exercícios ativos. 59 A physical function intensive test (PFIT) é uma escala que avalia o aspecto funcional do paciente; ela auxilia na prescrição da intensidade da atividade física adequada para cada paciente. 60 Situação hipotética: Uma mulher de quarenta e cinco anos de idade passou pela avaliação do fisioterapeuta da UTI, que detectou estabilidade hemodinâmica e respiratória. Na avaliação do estado de alerta, a mulher foi responsiva aos comandos: abra e feche os olhos!, olhe para mim e abra a boca!, coloque a língua para fora!. O MRC total foi de 30 pontos. Assertiva: Nessa situação, a conduta correta para essa paciente é o treino de deambulação na UTI.

Um homem de quarenta anos de idade, 90 kg, 1,60 m de altura, foi admitido na UTI com quadro de insuficiência respiratória aguda (IRpA). A radiografia de tórax evidenciou consolidação alveolar bilateral. Houve necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica invasiva (VMI). Os parâmetros de ventilação mecânica no momento eram: modo assistido/controlado, volume corrente de 540 ml, PEEP de 5 cmh 2 O, frequência respiratória de 12 irpm, FiO 2 de 50%, pico de pressão de 45 cmh 2 O e pressão de platô de 35 cmh 2 O. A gasometria arterial mostrou ph = 7,25; PaCO 2 = 65 mmhg; PaO 2 = 50 mmhg; HCO 3 = 35 meq/l e SaO 2 = 85%. Considerando esse caso clínico, julgue os próximos itens. 61 O paciente apresenta quadro clínico específico de síndrome do desconforto respiratório grave (SDRA). 62 O volume corrente estabelecido está adequado à finalidade de não gerar grandes pressões transpulmonares, evitando-se, assim, a hiperdistensão. 63 A pressão de distensão inspiratória (driving-pressure DP) adotada no caso clínico está adequada, portanto, relativamente à DP, não há risco de morte para o paciente. 64 O paciente pode ser colocado em posição de pronação, a fim de melhorar a sua oxigenação, otimizar o fluxo sanguíneo para o pulmão dependente, reduzir a atelectasia, facilitar a drenagem de secreções, aumentar a capacidade residual funcional e reduzir a pressão de platô. Julgue os itens subsecutivos, referentes à ventilação mecânica. 65 No modo assistido/controlado, se o paciente exercer esforço respiratório reconhecido pelo ventilador, será iniciado um ciclo assistido e, ao mesmo tempo, reiniciada a contagem de tempo da janela. 66 O modo ventilatório de pressão controlada é ciclado a tempo, limitado à pressão, com onda de pressão constante e fluxo livre desacelerado. 67 Durante o esforço inspiratório no modo ventilatório volume controlado, o fluxo e o volume permanecem fixos, suprindo a demanda ventilatória do paciente. 68 A assincronia de disparo pode ser evitada com o disparo mais sensível, tomando-se a precaução de impedir o autodisparo e, se possível, de modificar o tipo de disparo de pressão para fluxo. 69 A ciclagem tardia é feita no modo volume controlado quando se prolonga o tempo inspiratório pelo ajuste de volume corrente baixo, fluxo inspiratório alto e desuso de pausa inspiratória de forma inadequada. 70 No modo ventilatório pressão de suporte, o tempo inspiratório depende do esforço e da mecânica respiratória do paciente, assim o término do ciclo ocorrerá por um valor fixo ou pela porcentagem da pressão inicial. Um paciente de sessenta e cinco anos de idade foi internado na UTI com diagnóstico de exacerbação de DPOC. Na admissão o paciente encontrava-se em respiração espontânea com suporte de oxigênio sob sistema de Venturi (válvula laranja, fluxo a 15 L/min) e, após meia hora usando o sistema, a frequência respiratória registrada foi de 30 incursões por minuto, SaO 2 de 81%. O paciente apresentou, uma hora após a admissão, os seguintes parâmetros relativos à gasometria: ph = 7,31; PaCO 2 = 72 mmhg; PaO 2 = 50 mmhg; HCO 3 = 30 mmol/l; BE = 5 mmol/l. A análise prévia da força dos músculos respiratórios mostrou valor de PI máx = +80 cmh 2 O e PE máx = 120 cmh 2 O. Considerando esse quadro clínico, julgue os itens a seguir. 71 O quadro sugere insuficiência respiratória mista. 72 A oxigenoterapia adotada na admissão do paciente consiste de um sistema de alto fluxo no qual a concentração de oxigênio oferecida foi de 50%. 73 Com os parâmetros apresentados pelo paciente na admissão, a terapêutica inicial de abordagem deveria ter sido suporte ventilatório invasivo com dois níveis de pressão, iniciando com Vt de 6 ml/kg a 8 ml/kg de peso ideal e PEEP em torno de 6 cmh 2 O. 74 O treino dos músculos inspiratórios, que pode ser feito, por exemplo, com uso do threshold ou pelo eventual ajuste da sensibilidade do disparo no ventilador, está perfeitamente justificado nesse caso, tendo em vista o valor de PI máx apresentado. 75 Caso tenha sido utilizado suporte ventilatório não invasivo e, ao final de duas horas deste suporte, o paciente tenha apresentado frequência respiratória de 28 incursões por minuto, e os seguintes parâmetros relativos à gasometria arterial: ph = 7,3; PaCO 2 = 68 mmhg; PaO 2 = 55 mmhg; HCO 3 = 29 mmol/l e BE = 3 mmol/l, justifica-se a necessidade de manutenção do suporte ventilatório não invasivo, sendo essa a terapia referendada para resolução desses quadros de exacerbação da DPOC.

Uma paciente de cinquenta e oito anos de idade foi internada em UTI com quadro de infecção respiratória pós-aspiração.a paciente já apresentava diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA), estabelecido havia 4 anos, e vem utilizando, nos últimos 2 anos, suporte ventilatório não invasivo (dispositivo de suporte à vida, Bilevel, em modo S/T, sendo IPAP = 14 cmh 2 O e EPAP = 6 cmh 2 O) apenas durante o sono. Exame de imagem pós-admissão em UTI evidenciou aspiração maciça comprometendo a base e a porção média do pulmão direito, o que motivou a intubação oro-traqueal com suporte ventilatório invasivo e sedação da paciente. Após 72 h de intubação e redução da sedação, a equipe achou por bem evoluir a paciente para modo ventilatório mandatório intermitente sincronizado, associado à pressão de suporte. A partir dessa nova modalidade ventilatória, a paciente passou a apresentar o seguinte gráfico do suporte ventilatório. Com referência a essas informações, julgue os itens que se seguem. 76 Os eventos apontados por setas no gráfico são sugestivos de assincronia entre o esforço do paciente e a oferta do ventilador, que pode ser definida como a realização de esforços inspiratórios ineficientes, ou disparo ineficaz. A ocorrência desse fenômeno pode ser, em parte, justificada pela patologia de base que cursa com fraqueza progressiva dos músculos esqueléticos, inclusive os respiratórios. 77 Considerando que a paciente tenha apresentado, no quinto dia de internação na UTI, valores de pico de fluxo de tosse de 160 L/min, então, nesse caso, deve-se indicar terapia de higiene brônquica por meio de máquina da tosse. 78 Uma possível resolução das assincronias apontadas no gráfico pode ser obtida ajustando-se a sensibilidade de disparo do suporte ventilatório, de forma que o ventilador fique o mais sensível possível, tendo apenas o cuidado de se evitar o autodisparo. 79 Uma das explicações para este fenômeno reside no valor da pressão de suporte. Assim, quanto maior o nível de pressão de suporte oferecido, menor o tempo inspiratório, fazendo com que o tempo inspiratório ajustado será mais curto que o tempo da inspiração apresentado pelo paciente. 80 Assincronias paciente-ventilador são benignas, não impactam em tempo de permanência em UTI nem mesmo em utilização de suporte ventilatório. 81 Um dos problemas que pode acontecer ao se ajustar um tempo inspiratório mais curto que a duração do esforço inspiratório realizado pelo paciente é a ocorrência de um ciclo prematuro, podendo ser este fenômeno corrigido ao se reduzir a pressão de suporte, ou reduzir o percentual do critério de ciclagem. Acerca da atuação do fisioterapeuta em ambiente de terapia intensiva, julgue os seguintes itens. 82 Como a tosse manualmente assistida e a aspiração endotraqueal não proporcionam aumentos significativos na pressão intracraniana, essas técnicas podem ser utilizadas em pacientes admitidos por trauma craniencefálico, sem quaisquer danos. 83 Em se tratando de trocas gasosas em paciente com episódio recente de acidente vascular cerebral hemorrágico, permite-se a técnica ventilatória conhecida como hipercapnia permissiva. Nesses casos, a estratégia principal é evitar a hipoxemia na lesão neurológica aguda, tendo em vista que esta condição está associada a aumento da mortalidade, tolerando-se, portanto, níveis mais elevados da PaCO 2. 84 A utilização de óxido nítrico inalatório em paciente com síndrome do desconforto respiratório agudo grave que curse com hipertensão pulmonar tem o mesmo mecanismo de ação que o uso profilático de tadalafila (genérico: cialis) nos pacientes com hipertensão pulmonar. Portanto, o cuidado no ajuste da dose deve ser considerado a partir da monitorização da resposta diante da dose. 85 Nos pacientes obesos, graças a fatores como aumento da pressão intra-abdominal, redução da capacidade residual funcional, da capacidade pulmonar total e aumento do trabalho respiratório, pode ser necessária a ventilação em posição prona. Para esta técnica ser considerada eficaz, um dos índices de sucesso consiste na observação do aumento da relação PaO 2 /FiO 2 em 20, ou aumento isolado mínimo da PaO 2 em 10 mmhg. Espaço livre

Figura 1: curva de dissociação da oxihemoglobina (eixo Ox: pressão parcial de oxigênio; eixo Oy: saturação da oxihemoglobina). *1 torr = 1 mmhg. Figura 2: relação entre capacidade vital e força dos músculos inspiratórios na análise de fraqueza muscular respiratória (eixo Ox: força dos músculos inspiratórios, em % do previsto; eixo Oy: capacidade vital, em % do previsto). *linha contínua: fisiológica teórica esperada; *linha pontilhada: alteração patológica; *r: correlação encontrada entre as variáveis; *p: nível de significância da correlação. Considerando as figuras 1 e 2 anteriores, julgue os itens a seguir, acerca de provas de função pulmonar nas doenças neuromusculares e outros mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos do sistema pulmonar. 86 Em se tratando de caso de hipoxemia de grau leve (até 60 mmhg), a saturação arterial da hemoglobina ao oxigênio é mais sensível que a avaliação da pressão parcial do oxigênio no sangue arterial. 87 A análise da linha contínua na figura 2 permite inferir que para a avaliação da fraqueza dos músculos respiratórios, a redução da força dos músculos inspiratórios precede a redução na capacidade vital. 88 A extubação em paciente ventilado por mais de 72 h e identificado como de difícil desmame, não precisa contar com o suporte preventivo da ventilação não invasiva pós-extubação, desde que ele tenha apresentado na última avaliação bom desempenho no teste de respiração espontânea. 89 Os pulmões têm, entre outras funções, o papel de manter a homeostase ao influenciar diretamente a quantidade de dióxido de carbono presente no sangue por meio de alterações na ventilação minuto e na ventilação alveolar. Dessa forma, aumentos nos níveis de ventilação alveolar apresentarão aumentos proporcionais nos níveis da pressão alveolar de gás carbônico. 90 Em pacientes com doenças neuromusculares ventilados invasivamente, eventual decanulação, desde que as condições sejam satisfatórias, só será possível para aqueles pacientes capazes de proteger minimamente as vias aéreas e de gerar pico de força de tosse em valores maiores que 160 L/min. A respeito da atuação do fisioterapeuta em ambiente de terapia intensiva, julgue os seguintes itens. 91 A relação custo-benefício do sistema de aspiração fechada em relação ao sistema de aspiração convencional (ou aberto) permite indicar o primeiro em qualquer circunstância, já que previne a despressurização e a hipoxemia. 92 A visualização, no monitor do dispositivo de ventilação mecânica, de um padrão em dente de serra na curva fluxo-volume, associado à piora na saturação da hemoglobina ao oxigênio, são sinais indicativos de acúmulo de secreção nas vias aéreas, devendo, portanto, o fisioterapeuta intervir imediatamente. 93 Situação hipotética: A análise do gráfico de ventilação mecânica invasiva em paciente portador de asma permitiu a observação dos seguintes parâmetros: pressão de pico = 50 cmh 2 O; pressão de platô = 20 cmh 2 O; fluxo = 1 L/s. Assertiva: Nesse caso, os dados permitem inferir a necessidade imediata de aspiração das vias aéreas desse paciente. 94 A aspiração utilizando sistema fechado só está indicada mediante ventilação em pacientes graves que necessitem de altas concentrações de oxigênio e estejam ventilados sob alto regime pressórico. 95 Em paciente ventilado em UTI por quadro de pneumotórax por trauma torácico importante, a ventilação do pulmão com fístula, a ser realizada de modo independente do pulmão/hemitórax sadio, é preconizada em modo assisto-controlado ciclado a tempo e controlado a pressão, já que esse modo compensará o vazamento possível. Acerca de avaliação do fisioterapeuta em ambiente de terapia intensiva, julgue os itens subsequentes. 96 A realização de manobra para mensuração da força dos músculos inspiratórios em pacientes ventilados invasivamente pressupõe um esforço a ser realizado com o auxílio de válvula unidirecional, permitindo-se a expiração e bloqueando a inspiração. Dessa forma, induzir-se-á o paciente a realizar esforço inspiratório máximo a partir do volume residual, que será tanto maior quanto maior for o tempo de oclusão do ramo inspiratório. 97 A medida da pressão transdiafragmática uma medida não invasiva e não volitiva (independe da cooperação do paciente) é o único método com essas características para diagnosticar fraqueza diafragmática em pacientes sedados e sob ventilação mecânica. 98 Na avaliação muscular do paciente crítico, a identificação de valores na escala MRC < 48, associada a valores menores que 6 kgf na avaliação da preensão palmar pelo dinamômetro, indicam fraqueza muscular desse paciente e estão associadas a prolongamento de estadia em UTI, de utilização de ventilação mecânica e de maior mortalidade hospitalar.

99 A P0.1, uma medida não invasiva e não volitiva, é usada como índice do drive ventilatório. Sua avaliação é mais precisa quando feita a partir da capacidade residual funcional em virtude da melhor relação comprimento/tensão dos músculos respiratórios encontrados nesse ponto. 100 A medida da PI máx a partir da oclusão do ramo inspiratório no ventilador e pela utilização de válvula unidirecional pode ser considerada medida não invasiva e não volitiva, podendo, portanto, ser aplicada mesmo em paciente que apresente quadro de confusão mental durante sua internação na UTI, pós-sedação com midazolam, sendo o delirium um quadro esperado diante desse tipo de sedação. Espaço livre