INFLUÊNCIAS DAS CONCEPÇÕES DOCENTES NA CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS PEDAGÓGICAS COM TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE MATEMÁTICA Fabio Caires de Oliveira

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Transcrição:

INFLUÊNCIAS DAS CONCEPÇÕES DOCENTES NA CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS PEDAGÓGICAS COM TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE MATEMÁTICA Fabio Caires de Oliveira Mestrando do Programa Pós-Graduação de Ensino de Ciências e Matemática/UNEMAT E-mail: fabiocaires10@hotmail.com Jaime Marques Ferreira Junior Mestrando do Programa Pós-Graduação de Ensino de Ciências e Matemática/UNEMAT RESUMO E-mail: jaimemarques20@gmail.com O presente artigo buscou identificar as possíveis relações entre as concepções de ensino, aprendizagem e tecnologias digitais (TD). Ambos presente nas propostas de pesquisa encaminhadas ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECM) da Universidade Estadual de Mato Grosso-UNEMAT e suas possíveis influências e implicações na prática docente. Visto que o desenho metodológico das propostas oferecem evidências das concepções do docente, o que permite confrontar o discurso teórico e a prática metodológica com a utilização das tecnologias digitais voltadas ao ensino e aprendizagem de Matemática no Ensino Fundamental. O objeto de estudo deste trabalho é fruto da análise de oito propostas apresentadas no processo seletivo 2015/2 referente à linha de pesquisa Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências e Matemática. Adotamos a Pesquisa Documental e a análise de conteúdo de Bardin (2006) como suporte metodológico, sendo que os principais teóricos que deram apoio a este estudo foram: Borba e Penteado (2010), Borba et al (2014) e Kenski (2012). Os resultados demonstraram que as propostas de trabalho com TD não se sustentavam no referencial teórico apresentado, o que evidencia o quanto os docentes se sentem limitados frente aos desafios educacionais propostos pelas TD. Ainda identificam-se concepções e conceitos que contribuem para uma visão de tecnologias digitais apenas como ferramentas auxiliarem ao processo de ensino. O que não favorece a construção de novas propostas de ensino, capazes de provocar mudanças na prática pedagógica docente, de modo que possam construir conhecimentos com as tecnologias digitais no ensino de Matemática. Palavras-chave: Ensino de Matemática, Concepções Docentes, Tecnologias Digitais. INTRODUÇÃO O avanço das Pesquisas em Ensino de Ciências e Matemática está diretamente ligado à expansão e à criação de novos cursos de pós-graduação nesta área no Brasil (NARDI; GONÇALVES, 2014). Nesse cenário, surge, em 2015, o PPGECM, modalidade acadêmico, oferecido pela Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT - Campus Dep. Est. Renê Barbour - Barra do Bugres - MT. 5002

2 O PPGECM oferece duas linhas de pesquisa: Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores em Ensino de Ciências e Matemática (Linha 01) e Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências e Matemática (Linha 02). Assim temos como objetivos, nesse artigo verificar as influências das concepções de ensino, aprendizagem e tecnologias digitais no desenvolvimento de propostas didáticas metodológicas de ensino aprendizagem de Matemática com TD encaminhadas ao PPGECM/2015 referentes à linha 02. Ao propor o uso das TD, busca-se contribuir para a integração de diferentes mídias em prol do desenvolvimento da aprendizagem e da construção do conhecimento cientifico, assim como repensar os diferentes papéis e práticas que se estabelecem no contexto educacional. Nesse sentido, não basta inserir a tecnologia digital no ambiente formal de ensino e aprendizagem, mas é de fundamental importância que os docentes repensem suas práxis (VANINI et al., 2013). Dessa forma, partimos do pressuposto de que as abordagens pedagógicas com TD são orientadas por concepções de ensino e aprendizagem, essas constituem o sujeito e orientam suas ações enquanto docente. O uso das tecnologias digitais é analisado e discutido por Borba e Penteado (2010), e ambos apontam algumas dificuldades encontradas pelos professores de Matemática em exercício para o uso das tecnologias em situações de ensino e aprendizagem escolar. Enfatizam que tal uso requer a adoção de abordagens de ensino que coloquem o aluno na condição de sujeito ativo que constrói conhecimento em um processo no qual interage com TD. Assim não se limitam a executar operações mecânicas, típicas de processos de aprendizagem, que têm por finalidade a reprodução e a memorização de conteúdo. (MIZUKAMI, 1986). Ainda com esse enfoque, Kenski (2012) destaca que a TD rompe com as formas narrativas circulares e repetidas da oralidade e com o encaminhamento contínuo e sequencial da escrita e se apresenta como um fenômeno descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, dinâmico, aberto e veloz (KENSKI, 2012, p. 32). Ao discutir a questão das tecnologias digitais, Vaniniet al (2013) destacam que [...] as TD como meios que participam ou devem participar efetivamente da produção do conhecimento matemático (VANINI et al., 2013, p. 8).Todavia, incorporar essa ideia de tecnologia digital à prática pedagógica requer do professor uma reflexão, visto que o uso das TD não deve ser algo mecânico, técnico e se limitar ao papel de 5003

3 ferramenta auxiliar ao ensino e à aprendizagem, uma vez que é possível pensar e construir conhecimentos com TD (VANINI et al., 2013; BORBA et al., 2014). PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia utilizada no estudo empreendido consistiu de uma pesquisa documental, tendo aporte de análise a Análise de Conteúdo, descrita como conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens (BARDIN, 2006, p. 38). Calado e Ferreira (2005) descrevem que o primeiro passo de uma pesquisa documental consiste na seleção dos dados. Posteriormente, ocorre a apresentação dos mesmos e as possíveis conclusões oriundas das análises, considerando que a análise dos dados [...] implica um conjunto de transformações, operações e verificações realizadas a partir dos mesmos, com a finalidade de lhes ser atribuído um significado relevante em relação a um problema de investigação (CALADO; FERREIRA, 2005, p. 3) Tendo como referencial analítico a Análise de Conteúdo, buscou-se encontrar nas propostas de pesquisa subsídios que fosse permitido discutir a influência das concepções de ensino, aprendizagem e TD, bem como suas implicações em abordagens de ensino de Matemática apresentadas pelos candidatos na seleção 2015/2 do PPGECM. Assim, os projetos foram selecionados de acordo com a linha de pesquisa, dentre os quais se escolheu e copilou os projetos voltados ao ensino de Matemática que tinham como foco o Ensino Fundamental, os quais são objeto de estudo deste artigo. RESULTADOS E DISCUSSÕES Dentre as propostas analisadas, sete apresentavam concepções de ensino e aprendizagem que remetem ao construtivismo, em especial às ideias descritas por David Ausubel, totalizando quatro propostas; a Teoria Sócio-Histórica de Vygotsky é evidenciada em três propostas; em uma proposta não foi possível evidenciar a presença de uma concepção teórica de ensino e aprendizagem. Tais concepções se estabelecem no discurso teórico proposto, mas na construção da prática metodológica com TD a maioria das propostas parece não seguir esse mesmo viés teórico. O fragmento a seguir expõe que [...] trabalhar matemática com recursos tecnológicos na Educação Básica é algo bastante difícil (Candidato 01). Logo, se o candidato não se sente seguro em utilizar as TD ou mesmo repensar sua prática com o 5004

4 intuito de integrá-la, é provável que o mesmo faça uso das tradicionais formas de ensino baseadas na transmissão e recepção de conteúdos. Quanto às tecnologias digitais, verifica-se a falta de uma definição clara de conceito e concepções, o que contribui para a adoção de diferentes terminologias, tais como: tecnologias, tecnologias de comunicação e informação, TD, novas tecnologias, as quais são tratadas como se fossem sinônimos. A esse respeito o candidato 02 ressalta: Sendo considerado um diferencial para o aprendizado, o uso de tecnologias como ferramenta de auxilio no processo educativo. Se considerarmos que o lápis, o quadro e o giz também são tecnologias (KENSKI, 2012), logo o diferencial não está no uso, visto que ele não garante uma aprendizagem melhor, mas na forma como se integra, planeja e se constrói o conhecimento com TD nesse processo (BORBA et al., 2014). Ao analisar as concepções apresentadas sobre TD, observa-se que a maioria das propostas associa a ideia de tecnologias digitais a simples função de ferramenta, desta maneira: [...] é possível perceber que as tecnologias digitais são ferramentas de grande potencial e muito valorizada pela sociedade (candidato 3). Contudo, reconhecer seu potencial não garante sua utilização, se o candidato não visualiza a possibilidade de construir conhecimento científico com as TD, dificilmente irá utiliza-la em uma perspectiva que apresenta o conhecimento científico como o resultado de uma construção coletiva de seres-humanos-com-mídia (VILLAREAL; BORBA, 2010). Todavia, pensar em tecnologias apenas como ferramenta tem seus riscos, o maior deles reside na possibilidade de domesticá-la em decorrência da prática pedagógica que desenvolvem (BORBA et al., 2014), assim como o fazem com o lápis, o quadro, que também são tecnologias. Logo, a simples utilização das TD sem modificações no processo de ensino, mantendo-se inalterados os conteúdos, as metodologias e práticas didático-pedagógicas, levará à sua domesticação. Considerando que a construção da prática pedagógica com TD é influenciada pela concepção de ensino e aprendizagem que os docentes possuem, é possível observar que a maioria das propostas não deixou claro em seus aspectos didáticos metodológicos o modo como iriam desenvolver o ensino de Matemática com TD. Assim, observa-se que as teorias de ensino e aprendizagem expostas no referencial teórico dos projetos analisados, parece não subsidiar a construção das propostas com tecnologias digitais, que se pretende desenvolver enquanto pesquisa. 5005

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As diversas concepções de ensino, aprendizagem e tecnologias digitais apresentadas ao longo do referencial teórico dos projetos de pesquisa parecem não provocar mudanças na prática pedagógica ao se ensinar Matemática com TD. Visto que, o desenvolvimento de novas propostas de ensino e aprendizagem com tecnologias digitais requer uma série de mudanças, a começar pela redefinição dos papéis do professor, aluno e demais aspectos didáticos e metodológicos que possibilitem a construção coletiva do conhecimento matemático. Contudo, é preciso afastar-se da velha concepção de ensino tradicional e do risco de domesticação das TD, pautadas na oralidade e na transmissão de conhecimentos. Nesse cenário, ressalta-se a necessidade de romper com essa lógica, com esse modo de pensar e construir novas formas de ensinar e aprender com tecnologias digitais. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. (Rego, L.A. Trad.). Lisboa: Edições 70, 2006. BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. BORBA, M. C; SCUCUGLIA, R. R. S.; GADANIDIS, G. Fases das tecnologias digitais em Educação Matemática: sala de aula e internet em movimento. 1 a ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. CALADO, S. S.; FERREIRA, S.C.R. Análise de Documentos: Método de Recolha e Análise de dados. DEFCUL, 2005. <.http://docplayer.com.br/12123665-analise-dedocumentos-metodo-de-recolha-e-analise-de-dados.html>. Acessado em: 14/02/2016. KENSKI, V. M.. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. São Paulo: Papiros, 7ed, 2012. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. NARDI, R.; GONÇALVES, T. V. O. A pós-graduação em ensino de ciências e matemática no Brasil. São Paulo: Livraria da Física, 2014. VANINI, L.; ROSA, M.; JUSTO, J. C. R.; PAZUCH, V. Cyberformação de Professores de Matemática: olhares para a dimensão tecnológica. Acta Scientiae, Canoas, v. 15, n. 1, p. 153-171, jan./abr. 2013. VILLARREAL, M. & BORBA, M.. Collectives of humans-with-media in mathematics education: notebooks throughout 100 years of ICMI. ZentralblattfürDidaktik der Mathematik, 42(1-2), pp. 49-62, 2010. 5006