Temática 3: Políticas de Informação, Multiculturalidade e Identidade Cultural Indígenas na Universidade apropriação da informação e inclusão digital Ana Carolina Silva Biscalchin anacarolb@usp.br Universidade de São Paulo Luciara Cid Gigante luciaragigante@yahoo.com.br Universidade de São Carlos RESUMO Partindo do entendimento da inclusão digital como inclusão social e considerando as questões indígenas intimamente ligadas à garantias de acesso ao conhecimento técnico e científico, propõe-se o uso da competência informacional, uma contribuição da Ciência da Informação, para viabilizar a inclusão digital de indígenas nas universidades públicas brasileiras, a partir das reflexões sobre o Programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de São Carlos. O desenvolvimento de habilidades no uso das ferramentas e suportes tecnológicos das tecnologias da informação que permitam a eles e consequentemente às suas comunidades dar voz aos seus anseios, considerando-os como interlocutores válidos e respeitados da chamada sociedade da informação. Trabalhos técnico-científicos PALAVRAS-CHAVE: Competência Informacional. Inclusão Digital. Indígenas. Política Pública Social. 1 Introdução As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade (Castells, 1999). A configuração dessa sociedade em rede conduz às necessidades política, social e cultural de inclusão de grande parte da população mundial à era da informação. Esse desafio tem sido chamado de inclusão digital, questão que aparece a
partir de 1990, refletindo uma preocupação com uma nova forma de domínio e controle social causado pela exclusão digital. (WARSCHAUER, 2006). Assim, a inclusão digital passa a ser elencada como um direito e uma condição fundamental para a exercer cidadania no mundo da informação e da comunicação globais. Incluir os cidadãos à era da informação passa a ser uma obrigação para os poderes públicos já que associa-se inclusão digital como uma forma de inclusão social (LEMOS; COSTA, 2005). É papel do sistema de ensino da União cumprir com as demandas sociais em consonância com a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que dentre as atribuições está a do artigo 78: garantir aos índios, suas comunidades e povo, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não índias. (BRASIL, 1996) A demanda pelo ensino superior para as populações indígenas é uma realidade que se justifica enquanto instrumento para defender os direitos constitucionais destes povos. O ingresso no Ensino Superior surge como possibilidade de exercer sua cidadania e de ampliar a participação como interlocutor em diversas esferas da sociedade. Entendendo a inclusão digital como uma inclusão social e as questões indígenas intimamente ligadas à garantias de acesso ao conhecimento técnico e científico, o presente artigo propõe o uso da formação voltada ao desenvolvimento da competência informacional como ponto de partida para a inclusão digital de indígenas como um instrumento que permita a eles e consequentemente às suas comunidades dar voz aos seus anseios, tendo-os como interlocutores válidos e respeitados na chamada sociedade da informação e podendo assim, divulgar as belezas de sua cultura e história através das chamadas zonas de contato, no entender de Santos (2002). A motivação para a confecção deste trabalho surgiu por intermédio da Disciplina de Propriedade Intelectual e Conhecimento Tradicional, lecionada pela Doutora Maria Cristina Comunhan Ferraz, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) cursada durante o segundo semestre de 2010. Dentre as várias reflexões feitas em sala da aula, surgiu o desafio de pensar teorias e práticas pertinentes ao campo da Ciência da Informação que pudessem auxiliar na realização dos propósitos da universidade em consonância com o Programa de Ações Afirmativas que tem sido implantado e começa a coletar seus primeiros resultados.
2 Comunidades Indígenas e as Universidades Baseado em Melatti (2007) é realizada uma revisão bibliográfica os seguintes critérios que definem quais povos podem ser considerados indígenas ou não: o racial, o legal, o cultural, o de desenvolvimento econômico e o de auto-identificação étnica. Em seguida, trata-se da reconhecida demanda de indígenas pelo Ensino Superior. 2.1 Definições para Indígenas no Brasil No que diz respeito ao critério racial, Melatti (2007, p. 33) define o índio como uma entidade racial evidenciada por caracteres físicos distintos daqueles dos conquistadores europeus, porém ressalta que os índios não são morfologicamente homogêneos, mas constituem populações com notáveis diferenças entre si. Além disso, nos lembra que desde o início da colonização da América houve a oportunidade de cruzamento de índios com brancos e com negros, tornando a classificação sob esse critério difícil devido ao fruto dessas uniões. Sob o ponto de vista do critério legal, na época do Brasil Colônia, índio era toda pessoa que satisfizesse às características definidas por lei como peculiares aos índios e seria classificada como indígena (MELATTI, 2007, p. 33). Segundo Aldred (1993 apud MELATTI, 2007), exemplo disso é a definição legal do governo norte-americano na qual requer de um grupo indígena a demonstração histórico-documental que satisfaça a definição legal de tribo ou nação doméstica dependente. O critério cultural, para definir o índio, baseia-se num estudo proposto por Manuel Gamio no qual todos os elementos culturais de alguns povos indígenas representativos foram reunidos e inventariados de modo a classificá-los em três conjuntos: a) os elementos correspondentes à cultura pré-hispânica, isto é, àqueles costumes indígenas propriamente ditos; b) os elementos correspondentes à cultura pós-hispânica, isto é, às tradições de origem não indígena, mas sim européia ou africana; e, c) os elementos mistos, produtos da combinação das duas culturas. Dessa maneira, um determinado povo, fossem quais fossem seus caracteres biológicos, seria classificado como indígena, branco ou mestiço, conforme a porcentagem que mantivesse dos elementos culturais, de cada conjunto acima descrito. (LEWIS, MAES, 1945 apud MELATTI, 2007).
O critério do desenvolvimento econômico leva em consideração as deficiências concretas das populações, tanto qualitativas quanto quantitativas. Para avaliar essas deficiências, deveriam ser recolhidos dados como, por exemplo, informações sobre renda, produção agrícola, taxa de mortalidade, número e localização geográfica de povos que possuem idioma distinto do oficial, que vivem em isolamento geográfico e administrativo que impeça sua participação nos benefícios dos programas sanitários, agrícolas, etc. Este critério, porém, confunde dois problemas distintos: a situação de índio com a situação de exclusão social, pois, embora quase todas as sociedades indígenas habitem regiões carentes, elas não são ocupadas apenas por índios. E, o critério da identificação étnica, que prevê que índio é aquele que assim se auto-considera e é considerado também pela população que os cerca, critério este abordado pelo antropólogo Darcy Ribeiro (1957 apud MELATTI, 2007, p. 37) que define indígena como [...] todo indivíduo reconhecido como membro de uma comunidade pré-colombiana que se identifica como etnicamente diversa da nacional e é considerada indígena pela população brasileira com que está em contato. 2.2 Indígenas e as Universidades Entre as disputas e conflitos referentes aos direitos indígenas, a demanda pelo ensino superior se configura como uma combinação de acesso e garantia de permanência para que se formem indígenas nas universidades, viabilizando novas formas de garantir-lhes a defesa de seus interesses e seus direitos constitucionais. A FUNAI estimou em 2005, que 2,5 mil índios estavam cursando o ensino superior, porém 70% deles em instituições privadas. (PROPOSTA..., 2006) Demonstra-se assim, a significativa demanda entre as populações indígenas pela educação superior, como a necessidade de se criar condições de acesso às instituições públicas superiores. Recentemente a Lei número 12.416/2011 alterou a conhecida Lei de diretrizes e bases da educação brasileira, acrescentando um terceiro parágrafo ao Artigo 79 que garante atendimento aos povos indígenas nas universidades públicas: 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de ensino e de assistência estudantil, assim como
de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. (BRASIL, 2011) Em um levantamento para o Projeto Trilhas do Conhecimento: Ensino Superior de Indígenas no Brasil i, o pesquisador Rodrigo Cajueiro (2007) descreve que em um total de 43 Instituições de Ensino Superior Públicas (IESPs), verificou-se a seguinte distribuição: 7 pertencem à Região Nordeste (o que corresponde a 16 % do total de IES públicas estaduais e federais da região); 3 à Região Norte (18 %); 17 à Região Sudeste (20%); 4 à Região Centro-Oeste (29%); 12 à Região Sul (34%). (CAJUEIRO, 2007) Destacando que não existe uma relação positiva direta entre a distribuição da população indígena pelo território nacional e as iniciativas de ações diferenciadas de acesso ao ensino superior, ou seja, as regiões com maior presença indígena nem sempre é a de maior oferta de vagas, como é o caso da Região Norte. Um destaque positivo são as iniciativas de Licenciatura Intercultural para a formação de professores indígenas em nível superior que foram implementadas em 11 IESPs (UFAM; UEA; UFAC; UFRR; UNIFAP; UFT; UFG; UNEMAT; UFGD; UFMG e USP). Diante dessa demanda, a população indígena foi considerada no recorte étnico-racial do Programa de Ações Afirmativas da UFSCar que foi debatido desde 2005, e finalmente implantado o sistema de reserva de vagas em 2008, no qual 1% são destinadas à indígenas, sendo respeitado o número da participação de índios na população brasileira. Esse plano deve se estender até 2017, quando ao completar o primeiro decênio, a instituição se compromete em avaliar a necessidade da continuidade, extensão ou extinção das Ações Afirmativas. Para a UFSCar, é importante tanto acompanhar o desempenho dos alunos indígenas, quanto desenvolver mecanismos de melhoria institucional, prevendo a capacitação técnica de funcionários e docentes para acolher necessidades diferenciadas trazidas pelo contato com as diversas culturas que passam a circular pelo campus. Esse trabalho de disponibilidade para a tradução no entendimento de Santos (2002), permite que haja o diálogo na zona de contato que a universidade se transforma ao inserir em seus quadros discentes alunos em sua maioria provenientes de aldeias como nos moldes do vestibular indígena da UFSCar.
3 Inclusão Digital como Inclusão Social: a Questão Indígena Uma política pública de inclusão social deve ser entendida a partir de uma análise do processo cumulativo de exclusão que se agrava com o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação. A exclusão digital não se dá somente por impossibilidade de acesso físico a computadores, acessórios e conexão, mas também por demais fatores que irão permitir o uso das tecnologias. (WARSCHAUER, 2006). Mas também não é somente alfabetizar digitalmente determinado público-alvo, mas melhorar quadros sociais a partir do manuseio das tecnologias A cidadania, apesar de sua relação com a ideologia individualista moderna, deve ser abordada como uma experiência histórica, que teve surgimento na Antigüidade Grega e que desde o seu início, caracteriza uma relação entre iguais, e destes com o poder. Por isso, ao compreender o processo de inclusão digital como parte de uma construção da cidadania, remete-se ao campo do direito à informação, ao conhecimento e à comunicação. Coelho (2010) coloca essa afirmação nos seguintes termos: O acesso à informação é um direito fundamental de qualquer sociedade democrática baseada no pluralismo, na tolerância, na justiça e no respeito mútuo. Sem informação não temos conhecimento dos nossos direitos e não temos como assegurá-los. Ao falarmos de inclusão digital estamos nos referindo a uma nova cultura de direito, não apenas o direito genérico à internet, mas ao acesso à informação enquanto um bem público (COELHO, 2010, p. 187). Ainda sobre a inclusão digital como possibilidade e desafio para a construção da cidadania, Massensini (2011 p.5) indica que ela é capaz de promover a participação do indivíduo no ciberespaço, que se torna a cada dia a esfera dos debates públicos e que se apresenta como espaço de decisões do Estado. Para isso, estão disponíveis aproximadamente 5.700 telecentros como ponto de apoio ao cidadão brasileiro e, portanto, promoção dos direitos e construção da cidadania e da inclusão. Para além das preocupações de garantia de acesso físico às tecnologias informacionais, há a preocupação com o uso que as pessoas fazem desse acesso à informação, ou seja, a capacidade de transformar a inclusão digital em uma aplicação prática em benefício próprio ou de uma comunidade.
A necessidade de dar voz aos conhecimentos tradicionais indígenas é levantada na entrevista de Álvaro Tukano (2006), na qual ressalta que a quantidade de intermediações que possui a voz indígena, tanto na resolução nas questões de interesse particular, como nas questões pertinentes a toda a sociedade, como as políticas acerca da biodiversidade brasileira, que mesmo tendo sido preservada pelos conhecimentos tradicionais nesses 511 anos, no momento da tomada de decisões, o conhecimento tradicional ainda não é convidado a sentarse à mesa para o debate. Assim como as ações afirmativas educacionais que já se constituem junto às universidades e possibilitam a formação e treinamento de profissionais indígenas de acordo com as recomendações da Carta de São Luís do Maranhão (2001), Tukano considera em sua entrevista, que o computador será uma importante ferramenta comunicacional para diminuir as intermediações, conectando diretamente a voz da população indígena aos meios de defender seus interesses, assim como, poderem se comunicar com outros povos que mesmo tendo distinções culturas, possuem interesses semelhantes em se fazer ouvir. Quando tivermos acesso às informações detalhadas de cada aldeia, evidenciando as nossas diferenças, os povos indígenas se tornarão mais resistentes para preservar a sua identidade das invasões. Estaremos conversando, por meio de sistemas de comunicação mais atualizados, sobre os nossos negócios, nossas cerimônias, nossos cânticos, nosso povo e sempre realizando estudos comparativos, para que não sejamos confundidos ou direcionados pelos sistemas externos. Esta é a importância de ter as tecnologias nas comunidades indígenas. (TUKANO, 2006). Possibilitar o uso das ferramentas tecnológicas a favor da expansão do diálogo entre comunidades e das comunidades indígenas consiste em mais que adquirir computadores, é preciso apropriar as tecnologias, tirando proveito para a solução de problemas, para isso, a capacitação para o uso dessas ferramentas passa a ser uma proposta de interesse para essas populações. 4 Competência Informacional: uma Proposta de Abordagem para Inclusão Digital de Indígenas Competência informacional é o termo utilizado em língua portuguesa, para designar a expressão Information Literacy, ideia surgida na década de 1970, nos Estados Unidos e ligada
à concepção de sociedade da informação, ganhou destaque na década 1980 com a publicação da American Library Association (ALA) do documento Libraries and the Learning Society: Papers in Response to A Nation at Risk, ressaltando a importância da biblioteca no processo de aprendizagem de habilidades que permitam reconhecer quando a informação é realmente necessária, bem como sua capacidade de avaliar, localizar e utilizar eficazmente estas informações. (DUDZIAK, 2003; VITORINO; PIANTOLA, 2009) A biblioteca longe de perder território nesse processo, precisa rever sua posição na colaboração para os processos de apropriação da informação. Neste sentido a fala de Dudziak ressalta: A desterritorialização e conseqüente perda da segurança profissional antes proporcionada pelo superado espaço informacional limitado à Biblioteca, ainda assusta muitos bibliotecários, que não compreendem a real ruptura paradigmática envolvida. Mas é fato que a busca pela informação atualmente vai (e muito) além do uso da biblioteca e seus recursos. (DUDZIAK, 2010) Na literatura brasileira, Vitorino e Piantola (2009) apontam seu uso recente nos grupos de pesquisa, tendo espaço somente a partir dos anos 2000, e que diante da crescente necessidade e da importância da informação evidenciada pelos diversos segmentos da sociedade nos dias atuais, vem sendo amplamente empregada mediante os mais variados enfoques (VITORINO; PIANTOLA, 2009, p.133), que o caráter das pesquisas brasileiras ainda estão ligadas ao significado e as implicações da competência informacional para os programas educacionais, baseando seus trabalhos a partir da aplicação de modelos experimentais para o desenvolvimento da competência informacional. Mas que essa fase é parte da exploração em busca de significados que nos auxiliem na construção de uma base teórico-conceitual sólida para a noção de competência informacional (VITORINO; PIANTOLA, 2009, p.139) A proposta de uma abordagem voltada para o desenvolvimento da competência informacional para os alunos participantes do Programa de Ações Afirmativas da UFSCar se enquadraria no que Vitorino e Piantola (2009) relatam como fase dos estudos de modelos experimentais adaptados à realidade local, visando mensurar e compreender as alternativas para que haja o desenvolvimento das habilidades condizentes com as perspectivas dos demais estudos da área. Melo e Araújo (2007), abordam a competência informacional enfatizando três aspectos: a) na tecnologia da informação, ressaltando o desenvolvimento das habilidades no uso de ferramentas e suportes tecnológicos; b) na cognição, no uso e interpretação de significados; e
c) no aprendizado por toda vida, onde conflui toda a aprendizagem formal e informal englobando uma séries de habilidades e conhecimentos ligados à dimensão social. Assim, para alunos indígenas inseridos em um novo contexto social a universidade a informação torna-se um elemento fundamental para que, a partir de sua apropriação, eles possam solucionar problemas e tomar decisões, gerar novos conhecimentos e a partir disso, aplicar seus conhecimentos novos em outras circunstâncias. Entendendo a partir das reflexões de Canclini (2007), que a definição operacional de cultura seria o conjunto de processos sociais de produção, a circulação e o consumo da significação na vida social, fica clara a importância de estudos sobre recepção e apropriação de bens e mensagens nas sociedades contemporâneas, exatamente pela cultura se manifestar como processo social. Englobar nas atividades cotidianas dos alunos indígenas o desenvolvimento das habilidades utilizando as contribuições formuladas pela Ciência da Informação no campo da competência informacional contribui para que se abra mão de um conceito de multicuturalidade, que supõe a aceitação do heterogêneo, tratando a justaposição de etnias ou grupos dentro dos muros da universidade, reforçando a segregação, para abraçar o conceito de interculturalidade que remete à confrontação e ao entrelaçamento, que é a situação dos alunos que estão expostos a uma situação de relações de troca com o que a universidade proporciona. Isso implica que os diferentes são interlocutores em uma relação de negociação, conflito e empréstimo recíprocos. Torna-se então, necessário não apenas saber buscar informação, mas também selecionar, avaliar, apropriar e comunicar a informação. Esse conjunto de ações é denominado competência informacional. 5 Considerações Finais Constituir uma zona de contato, no entender de Santos (2002), um espaço de conversação entre a comunidade indígena e a não-indígena no que diz respeito à difusão do conhecimento tradicional e do conhecimento científico nas aldeias, passa então pela apropriação de ferramentas que coloquem os diferentes como interlocutores respeitados, que possam negociar e estabelecer suas trocas a partir de um nível de igualdade. Neste sentido, propõe-se trabalhar a competência informacional enfatizando a inclusão social através das habilidades no uso das ferramentas e suportes tecnológicos das tecnologias da informação, assim como, relacionar os padrões de cognição, ou seja, do uso e interpretação dos significados, como o aprendizado do cotidiano que esses alunos indígenas trazem para negociar dentro da zona de contato.
A partir dessas reflexões desenvolvidas pela real demanda das populações indígenas pela universidade é preciso olhar para o processo de inclusão digital como parte de uma construção da cidadania, no campo do direito à informação, ao conhecimento e à comunicação, possibilitar através dos conhecimentos da Ciência da Informação dar voz e autonomia aos alunos. Indigenous in the University appropriation of information and digital inclusion ABSTRACT: Based on the understanding of social inclusion and digital inclusion and consideringindigenous issues closely linked to guarantees of access to scientific and technical knowledge, we propose the use of information literacy, a contribution of information science, to enable the digital inclusion of indigenous groups in the Brazilian public universities, from the reflections on the Affirmative Action Program of the Federal University of São Carlos. The development of skills in the use of various technological tools and information technologies that enable them and consequently to their communities to give voice to their concerns, regarding them as valid interlocutorsrespected of called information society. KEYWORDS: Digital Inclusion. Indigenous. Information Literacy. Public Social Politics. Agradecimento As autoras agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP pelo apoio financeiro. Referências BRASIL. Lei nº 9.394, 20 de dezembro de 1996.Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez.1996. BRASIL, Lei nº 12.416, de 9 de junho de 2011. Altera a Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a oferta de educação superior para os povos indígenas. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 jun. 2011. CAJUEIRO, R. Os povos indígenas em instituições de ensino superior públicas federais e estaduais do Brasil: levantamento provisório de ações afirmativas e de licenciaturas interculturais. Documento eletrônico. 2007. Disponível em <http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.br/educacao_superior_indigena/arquivos/levantame nto%20de%20a%e7%f5es%20afirmativas.pdf> Acesso em 13 abr 2011. CANCLINI, N. G. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2007. CARTA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO, 6 de dezembro de 2001. Disponível em: <http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=127>. Acesso em: 30 out. 2010.
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