PRINCÍPIOS DA ANESTESIA CONDUTIVA Laura Mazzali da Costa Fernanda Bonkevitch Jayme da Rocha Heck UNITERMOS ANESTESIA POR CONDUÇÃO/métodos; ANESTESIA POR CONDUÇÃO/contra-indicações; ANESTÉSICOS/administração & dosagem; ANESTÉSICOS/efeitos adversos; REVISÃO. KEYWORDS ANESTHESIA, CONDUCTION/methods; ANESTHESIA, CONDUCTION/contraindications; ANESTHETICS /administration & dosage; ANESTHETICS/adverse effects; REVIEW. SUMÁRIO É apresentado uma revisão sobre anestesia condutiva, abrangendo os tipos, indicações e contra-indicações, esclarecendo os métodos utilizados assim como os anestésicos, suas posologias e parefeitos. SUMMARY It is shown a review of regional anesthesia including types, indications and contraindications, explaining the methods used as well as anesthetics, their dosages and adverse reactions. INTRODUÇÃO A anestesia é uma das especialidades mais recentes, tendo sido o primeiro anestésico administrado em Boston, em 1846 por William Morton.É definida como uma condição de ausência de sensações, sejam elas dolorosas, táteis, degustatórias, olfatórias ou visuais ocorrida através de uma indução farmacológica. 1 É uma tarefa clínica complexa e delicada que exige habilidade e conhecimento da técnica. Aliviar a dor, bloquear a consciência, monitorizar o organismo, manter as funções vitais, diagnosticar problemas e tratá-los durante um procedimento são uma das funções de um anestesista. 1 Há dois tipos de anestesia: geral, em que ocorre hipnose, analgesia, relaxamento e bloqueio de reflexos; e regional em que se bloqueia a condução do estímulo nervoso, não havendo alteração do nível de consciência.ambas podem ser usadas simultaneamente para acrescentar benefícios ao paciente.
Definição:Anestesia condutiva, também denominada regional ou parcial,compreende a produção do estado de insensibilidade localizada, de caráter reversível e sem alteração do nível de consciência. 2 Este tipo de procedimento pode ir desde uma anestesia tópica até o bloqueio da condução de nervos e plexos. Tipos de anestesia condutiva: Local É alcançada por meio da administração de anestésicos locais com o objetivo de bloquear a condução nervosa apenas da área desejada.é empregada em cirurgias de superfície, de porte pequeno ou médio e em procedimentos que envolvem pequenas áreas. 1,2 Deve-se sempre aspirar antes de infiltrar o anestésico para garantir que não se injete anestésico dentro de um vaso.com o movimento da mão deve-se infiltrar até formar um botão anestésico na área desejada. Contra- indicações:alergia confirmada ao anestésico local,infecção do local. Complicações:necrose de tecido,trauma,infarto vascular,alteração motora ou sensitiva. Bloqueio Regional Troncular:um nervo ou um conjunto destes que formam um tronco nervoso é bloqueado. Normalmente é indicado em procedimentos que envolvem extremidades. 3 Plexolares:Um conjunto de nervos formadores de um plexo é bloqueado.muito utilizada em procedimentos envolvendo os membros. 3 É de suma importância que o especialista conheça a anatomia para cada caso e cada técnica usada para cada segmento a ser anestesiado. 2 Em muitos serviços são usados estimuladores de nervo para ajudar na localização destes. Contra-indicações:infecção do local,paciente combativo,distúrbios da coagulação,neuropatias pré-existentes. Complicações:isquemia,dor, dormência persistente, lesão do nervo, toxicidade sistêmica se alcançar vaso,falha do bloqueio,infecções,injeção intra arterial. Bloqueio Espinhal Todo um segmento do sistema nervoso central é bloqueado. Tanto a raquianestesia quanto a peridural podem ser aplicadas quando a cirurgia for nas
pernas, pés, próstata, períneo, útero, ovário, ânus, hérnias, vasos na perna, na virilha e até mesmo em cirurgias torácicas. 4-6 Raquianestesia:Realizada entre L3-L4 ou L4-L5, realizado no espaço subaracnóideo.por segurança deve-se injetar o anestésico após retirar o mandril da agulha e notar a saída de líquor. 2,4,6 Injeta-se normalmente 2-4ml.Os anestésicos mais utilizado são a bupivacaína e a lidocaína. Complicações :Hipotensão arterial, dificuldade respiratória, lombalgia e cefaléia,meningite, lesão nervosa, hemorragia e síndrome da cauda eqüina. Epidural: Realizada no nível correspondente ao dermátomo que se quer bloquear. 2 Deve se passar o ligamento amarelo, para chegar ao espaço peridural. Como este apresenta uma pressão negativa, um sinal para saber se é alcançado o espaço correto é o teste de resistência.este tipo de procedimento, em comparação com a raquianestesia, consegue bloquear mais restritamente cada dermátomo e possui maior facilidade para utilizar técnicas contínuas(cateter). 5 Pode-se injetar de 20-30ml de anestésico. Contraindicações:Infecção do local,coagulopatia,hipovolemia grave,hipertensão Intracraniana,cardiopatias,déficit neurológico,lesões desmielinizantes. Complicações:Toxicidade, injeção subaracnóidea, trauma de raiz nervosa, hematoma,infecção. Anestesia Tópica Aplicação de anestésico local na superfície da pele ou em mucosa impedindo a sensação dolorosa de pequenos procedimentos, normalmente o anestésico utilizado é a Lidocaína. 2 Anestésicos Utilizados A maioria dos anestésicos são classificados como amidas ou ésteres.dentre as amidas estão:lidocaína,bupivacaína,ropivacaina e levobupivacaina.dentre os ésteres estão:procaína, tetracaína e benzocaína, porém devido a sua toxicidade e alergenicidade são usados em casos limitados,principalmente quando há indicação local de infiltração em pacientes alérgicos a amidas. 7,8 Mais utilizados são:lidocaína, bupivacaína, procaína e mepivacaína Lidocaína:É o anestésico mais utilizado na maioria dos procedimentos, em pacientes com taquicardia ventricular, IAM,Fibrilação ventricular, pois tem propriedade antiarrítmicas. 7 Classificado como sendo de média duração começando o efeito em 5 minutos e durando até 2 horas. Posologia:10mg/ml Contra-indicação:Alergia Dose sem epinefrina:4mg/kg não devendo exceder 300mg Dose com epinefrina:7mg/kg não devendo exceder 500mg
Dose máxima para menores de 8 anos:80% do limite para adultos Dose máxima para idosos, hepatopatas ou nefropatas:50% do limite para adultos Reações: São raros os efeitos tóxicos da lidocaína. Em geral só aparecem em decorrência de sobredose ou injeção intravascular inadvertida.hipotensão arterial,zumbido,parestesia,convulsão, prolapso cardiovascular. 8 Bupivacaína:usada para casos em que há contraindicação para lidocaína, em procedimentos mais demorados ou quando se deseja uma maior analgesia pós operatória. Efeito começa em torno de 5-10minutos e pode durar até 6 horas. 7,8 Posologia:2,5-5mg/ml.Contra indicações: hipersensibilidade, anestesia regional intravenosa, uma vez que a passagem acidental de bupivacaína para a circulação pode causar reações de toxicidade sistêmica aguda, 7 peridural em pacientes com hipotensão acentuada,bloqueios obstétricos paracervicais, os quais podem causar bradicardia fetal e morte. 8 Dose sem epinefrina:2mg/kg, não devendo exceder 175mg Dose com epinefrina:3mg/kg, não devendo exceder 225mg Reações:possui maior efeito cardiotóxico, alergias, tontura, vertigem, alteração do trato gastrointestinal,delírio. 8 Mepivacaína: é a menos utilizada, sendo uma alternativa para a lidocaína. Efeito começa em torno de 5 minutos durando até 2 horas. 7 Posologia 5-10mg/ml Dose sem epinefrina:4mg/kg, não devendo exceder 300mg. Dose com epinefrina:7mg/kg, não devendo exceder 500mg. Procaína: usada em pacientes com contraindicação a amidas. Efeito começa em 5 minutos durando até 1 hora. 8 Posologia 5-10mg/ml Dose sem epinefrina:7mg/kg,não devendo exceder 500mg. Dose com epinefrina:9mg/kg,não devendo exceder 600mg. CONCLUSÃO A anestesia condutiva juntamente com a anestesia geral ou com a sedação é uma das técnicas mais utilizadas hoje em dia, não sendo apenas utilizada para procedimentos mas também para o manejo da dor crônica ou para alívio pós operatório de procedimentos dolorosos.apesar de ter menores parefeitos comparando com a anestesia geral, o médico deve ter conhecimento da dosagem correta dos anestésicos locais e das técnicas usadas para a realização de bloqueio de nervos com o objetivo de diminuir reações adversas ao paciente. Hoje em dia, a disponibilidade de diversos tipos de anestesia condutiva oferece ao anestesista opções que podem dispensar o uso de anestesia geral, geralmente diminuindo os riscos dos procedimentos sendo menos prejudicial ao paciente.
REFERÊNCIAS 1. Bagatini A, Alvares AV, Fortis EF, et al. Anestesia: a vitória sobre a dor. Porto Alegre: SARGS, 2001. 2. Costa JO, Carmona MJC, Torres MLA, et al. Anestesiologia básica. São Paulo: Manole, 2011. 3. Guay J. Regional anesthesia for carotid surgery. Curr Opin Anaesthesiol. 2008;21:638-44. 4. Maurer SG, Chen AL, Hiebert R, et al. Comparison of outcomes of using spinal versus general anesthesia in total hip arthroplasty. Am J Orthop (Belle Mead NJ). 2007;36:E101-6. 5. Park WY, Thompson JS, Lee KK. Effect of epidural anesthesia and analgesia on perioperative outcome: a randomized, controlled Veterans Affairs cooperative study. Ann Surg. 2001;234:560-9. 6. Wiegel M, Gottschaldt U, Hennebach R, et al. Anesth Analg. 2007;104:1578-82. 7. Achar S, Kundu S. Principles of office anesthesia: part I. Infiltrative anesthesia. Am Fam Physician. 2002;66:91-4. 8. Tetzlaff JE. The pharmacology of local anesthetics. Anesthesiol Clin North America. 2000;18:217-33.